Banda vai manter o compromisso da apresentação em Manaus na noite deste sábado.
Cantor do Charlie Brown Jr. discute com comissários ao se recusar a sair do avião
(Foto: Glauco Araújo/G1)
O cantor Chorão, do grupo Charlie Brown Jr., rebateu as acusações de que teria agredido verbalmente uma funcionária da Gol em um desentendimento neste sábado (8) e disse ter sido injustiçado e maltratado pela companhia área.
O vocalista foi convidado a se retirar de um avião da Gol com destino a Manaus por volta das 11h40 deste sábado, depois de uma discussão com uma comissária de bordo. A Gol alega que o cantor se recusou a desligar um aparelho eletrônico antes da decolagem. Chorão nega que tenha desobedecido às normas de segurança. A reportagem do G1 estava no avião no momento do incidente e testemunhou o ocorrido.
"A gente estava a uma hora e meia esperando dentro do avião, sem receber comida, sem receber água, sem receber satisfação. Eu estava cansado e abalado, porque um amigo meu faleceu num acidente ontem, e passei esse tempo todo dormindo e ouvindo música no iPod. Quando a comissária pediu, eu desliguei o aparelho e fiquei com o fone, para continuar dormindo, mas ela não entendeu", declarou Chorão ao G1.
"Logo em seguida, ela voltou e foi completamente grossa. Totalmente louca, estressada. Daí foi para a cabine e o comandante falou no áudio que o 'passageiro inconveniente' da poltrona tal estava colocando a vida dos passageiros em risco, um completo absurdo. Eu estava com o fone, o iPod estava guardado no porta-volumes da poltrona da frente. Mostrei para ela, falei 'isso aqui tá plugado onde, no ar?'", conta o músico.
Ao ouvir a transmissão do piloto, Chorão se levantou e foi até a cabine. Ali, discutiu com a comissária. "Eu disse que já tinha falado mais de dez vezes que tinha desligado o aparelho. Ela achou isso uma grande ofensa. Eu juro pela alma da minha mãe que eu não agredi ninguém verbalmente", diz o vocalista.
O comandante apareceu para intervir e acabou pedindo para Chorão e a banda se retirarem do vôo. O cantor se recusou. "Eu não estou brincando aqui, eu tenho um trabalho a fazer em Manaus. Me prontifiquei a voltar para a minha poltrona e ficar dormindo, ninguém nem ia ouvir a minha voz, mas não deixaram", conta.
Tratamento
Chorão disse que não acredita ter sido prejudicado por ser uma pessoa famosa. "O que aconteceu comigo acontece todos os dias com todas as pessoas que pegam avião neste país. Somos tratados como lixo, estamos a mercê das companhias aéreas, que tomam decisões arbitrárias e não cuidam de seus clientes. Estou transtornado não por ser famoso, mas por ser um cidadão, um cliente desrespeitado", diz ele.
O músico reclama, no entanto, de ser colocado como "vilão" da história. "Eu sou sempre a vidraça, mesmo quando estou dormindo. Me sinto um bicho que fugiu do zoológico nesse aeroporto, tá todo mundo me olhando porque todas as TVs estão mostrando essa história. Eu sou famoso, mas nem tanto", critica.
Na hora que foi abordado, Chorão ouvia músicas da banda norueguesa "Kings of Convenience". "É um som tranqüilo, eu estava dormindo", conta.
"Tentei resolver tudo da forma mais amigável possível, mas para variar todo mundo diz logo de cara que eu sou o culpado. Tenho testemunhas de dentro do vôo que afirmaram que eu não fiz nada de errado, mas a Gol se recusa a me dizer o nome do comandante, o nome da comissária para eu tomar as providências. Mas eu vou, vou até o fim com essa história", afirma. "Porque não sou só eu, o Charlie Brown é uma banda grande e tem um monte de gente que saiu prejudicada com isso tudo", diz ele.
Show mantido
Apesar da confusão, Chorão garante que o show da banda em Manaus está mantido. "Vamos chegar atrasados, mas vamos. Faz 12 horas que eu estou nesse aeroporto. Estou triste, cansado, abalado, então não vai ser uma das melhores apresentações da banda, mas eu vou. Porque sou profissional e pela galera que está lá me esperando. Não vou deixar essa molecada na mão", afirmou o vocalista.
Fonte: G1