terça-feira, 6 de setembro de 2011

Indústria de aviões russa enfrenta problemas de imagem no mercado

Analista acredita que a estatal russa Sukhoi terá dificuldades em convencer companhias aéreas ocidentais a comprar seus superjatos



As companhias aéreas em Moscou são muito cautelosas e demoram para confiar a um novo fabricante de aviões os seus bilhões de dólares e a vida de seus passageiros. A Embraer, fabricante brasileira de jatos regionais, precisou de duas décadas para se tornar uma grande fornecedora da indústria.

Então a Sukhoi, uma empresa russa mais conhecida por fazer caças supersônicos, não teve um começo exatamente auspicioso. Quando entregou um de seus primeiros superjatos com 100 lugares a Aeroflot em junho, um pedaço de equipamento de segurança quebrou, obrigando a Sukhoi a aterrissar a aeronave.

Embora o avião tenha sido consertado e esteja voando de novo, o lapso mostra o difícil caminho que a Sukhoi irá enfrentar para convencer as companhias aéreas ocidentais a comprar aviões de uma estatal russa. A indústria da aviação do país tem sido atormentado por problemas de segurança, avarias e acidentes letais, que a tornam praticamente incapaz de vender aviões fora da antiga União Soviética, Irã, Cuba e partes da África.

"Historicamente, os aviões russos têm uma imagem que vai demorar muito tempo para ser modificada", disse Les Weal, analista da Ascend, consultoria de aviação com sede em Londres que aconselha indústrias de seguros em matéria de segurança.

"Eles podem estar animados com o seu superjato", afirmou Weal. "Mas eu não tenho certeza de que isso vai se traduzir em uma série de pedidos de companhias aéreas maiores. Seria preciso muita fé para uma companhia aérea comprar de um novato."

Mas a Sukhoi tem grandes expectativas para o Superjet 100, o primeiro projeto totalmente novo de um avião comercial russo desde a dissolução da União Soviética. O preço da espaçosa aeronave de corredor único é de US$ 31,7 milhões, cerca de um terço mais barata se comparadas a jatos da Embraer ou da Bombardier, do Canadá, diz a Sukhoi.

A triste iluminação fluorescente do interior apertado, e até mesmo assustador, da série de jatos Tupolev que ainda são operados por companhias nacionais russas foi abandonada. A cabine do Superjet é grande e a iluminação, suave.

A Sukhoi está negociando a venda dos aviões para a Delta e SkyWest americanas, bem como outras companhias aéreas ocidentais, e espera vender 800 Superjets ao longo dos próximos 20 anos. Além de dois aviões entregues a Aeroflot, a Sukhoi entregou um para a companhia aérea armênia, Armavia. Ela também concordou em fornecer 15 para a segunda maior companhia aérea do México, a Interjet. No total, a Sukhoi tem 176 encomendas para o Superjet 100.

Em vez de enfatizar as origens siberianas do avião, que trazem inevitáveis associações a desastres, a Sukhoi tem comercializado a aeronave apontando para os seus parceiros franceses e italianos.

"Sim, é um avião russo", disse Olga Kayukova, porta-voz da United Aircraft Corp, dona da Sukhoi. No entanto, "ele é feito em cooperação com líderes de fornecedores mundiais."

Stephen McNamara, porta-voz da Ryanair, companhia aérea de baixo custo irlandesa, disse que sua empresa não teria nenhum problema em avaliar um avião russo, desde que sejam cumpridas as normas de segurança da União Europeia. A maioria dos passageiros, segundo ele, não se importa em que tipo de avião voa. "Eles sabem qual a companhia aérea, mas não o avião", disse.

Fonte: Andrew E. Kramer (The NewYork Times) via iG - Fotos (na sequência): Chris Ratcliffe (Bloomberg News) / James Hill (The New York Times)

Nenhum comentário: