quarta-feira, 28 de abril de 2010

Avião dos bombeiros não tinha autorização para usar aeroporto

O avião monomotor do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio que caiu na tarde de terça-feira numa rua do bairro Vila Santa Isabel, em Resende, não poderia ter usado o aeroporto municipal, que está interditado desde o dia 29 de setembro do ano passado. A afirmação foi feita por Nélio Silva Sampaio, coordenador operacional do aeroporto, que disse ter alertado o piloto do avião, o major Jasper Sanderson da Silva, de 34 anos. O piloto morreu, juntamente com o aspirante Guilherme Augusto Rocha Neto, que servia no grupamento dos bombeiros de Resende. A declaração de Nélio foi dada em uma entrevista nesta quarta-feira à TV Rio Sul, afiliada da Rede Globo.

- Tive o cuidado de alertar o piloto. Fiz contato com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e com o Aeroporto de Jacarepaguá, no Rio, de onde ele decolou. Eles confirmaram que o piloto deveria ter ciência de que o aeroporto está interditado - disse o coordenador, explicando que nas duas cabeceiras há um "X", o que indica a interdição da pista. - Não temos o poder de policiamento, só nos cabendo reportar ao órgão superior, que é a Anac", acrescentou Nélio, em entrevista ao RJ TV, da TV Rio Sul.

Ainda de acordo com Nélio, a conversa com o piloto ocorreu cerca de uma hora e meia antes da queda do avião, na Rua José Estevan da Mota.

O comandante do grupamento de Resende, Ernani da Mota Leal, chegou a voar no monomotor pouco antes da queda. O avião, de fabricação canadense e o único da América Latina para combate a incêndios florestais, foi adquirido pelo Corpo de Bombeiros em 2002 e tinha capacidade para transportar três mil litros de água. A queda ocorreu depois de a aeronave voar apenas 300 metros além do aeroporto de Resende.

A Anac enviou um ofício à prefeitura de Resende no dia 29 de setembro anunciando a interdição do aeroporto. Segundo o documento, durante uma vistoria realizada nas dependências do aeroporto, técnicos da agência constataram falhas na cerca de arame em torno do local, o que motivou a interdição, por motivos de segurança.

De acordo com nota enviada pela Anac, após a realização das reformas solicitadas, a agência deverá fazer outra vistoria para verificar se podeá liberar o local. O aeroporto, ainda segundo a nota, está interditado para as operações de pouso e decolagem por um período de 180 dias contados a partir de 16 de setembro ou até que as adequações sejam feitas.

No dia seguinte ao aviso, a prefeitura avisou à agência sobre o projeto de construção do muro. Na época, a obra estava orçada em R$ 700 mil.

Fonte: Dicler de Mello e Souza (O Globo) - Foto: Lucia Pires (Diário do Vale)

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