Custo do combustível provocou rombo de 100 milhões até Junho e obriga à contenção. Paz social em risco.
Sem papas na língua Fernando Pinto disse nesta terça-feira (24) aos quadros, sindicatos e comissão de trabalhadores da transportadora aérea que “a situação da TAP é dramática”. Os números explicam a preocupação do presidente da TAP: nos primeiros cinco meses do ano, e apesar do crescimento do número de passageiros, a companhia acumulou um prejuízo de 100 milhões de euros.
Os sindicatos não aceitam os argumentos, alegando que a actividade da transportadora é sazonal e que os primeiros meses são tradicionalmente maus. E mais. Contestam qualquer possibilidade de verem revistos os acordos de empresa, hipótese levantada por Fernando Pinto.
“O encontro destinou--se a desmontar o negativismo do engenheiro Fernando Pinto”, diz José Simão, do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA).
As reuniões prosseguem hoje durante o dia. De manhã e à tarde realizam-se plenários com todos os trabalhadores da TAP, excluindo o pessoal de voo que ficará a conhecer a situação da empresa à noite. Mais uma vez, e ao que o Diário Económico apurou, Fernando Pinto irá explicar que a crise dos preços dos combustíveis está a ser potenciada pela estagnação económica que leva a uma clara diminuição da procura.
Para já, as taxas de combustível não cobrem mais que 30% do aumento do petróleo e ainda que possam vir a ser revistas, o crescimento será sempre limitado. “Depende da evolução dos preços de combustíveis. O que se sabe é que o preço duplicou nos últimos 10 meses. No período anterior, demorou 4 anos a duplicar”, explica fonte oficial da TAP.
Também o impacto do combustível nas contas da TAP não pára de aumentar. “Há 10 anos era de 10%. O ano passado foi de 30% e agora continua a crescer e já ultrapassou os custos com os recursos humanos, que são de menos de 30%”, diz a mesma fonte.
Os sindicatos garantem que os combustíveis não explicam tudo e Cristina Vignon, do Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) fala de “erros de gestão graves que mais uma vez serão pagos com sacrifícios dos trabalhadores”.
E Fernando Pinto é claro quanto aos sacrifícios que todos têm que fazer para que “a TAP chegue viva ao fim deste ciclo”, sendo certo que se o conseguir sairá “mais eficiente”.
Mas para que isso seja possível existem três condições a cumprir, que passam por evitar as greves – um único dia de paralisação, em Outubro do ano passado, custou à companhia cinco milhões de euros –, suspender aumentos e prémios em 2008 e, eventualmente, suspender o acordo de empresa.
Os sindicatos não concordam que a administração da TAP não aceite rever os salários para 2008 e, enquanto o SNPVAC se prepara para reunir na sexta-feira para discutir medidas futuras, o SITAVA, Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) e o Sindicato dos Quadros da Aviação Comercial (SQAC) já entregaram um pré-aviso de greve para 16 e 30 de Julho, entre as 15h00 e as 17h00.
Fernando Pinto fez ainda questão de deixar claro que a empresa não pode contar com o apoio do accionista, ao contrário do que acontece com as empresas privadas que podem receber injecções de capital que lhes permitam aguentar momentos de crise. É que à luz do direito europeu da concorrência a intervenção do Estado não pode distorcer as condições de mercado. Assim, diz Fernando Pinto, a TAP “tem que sobreviver com o dinheiro que gera”.
A transportadora conta com o Verão, tradicionalmente época forte para as companhias de aviação, para equilibrar as contas, e descarta para já qualquer medida radical. Depois disso, lá para o final de Setembro, é possível que venha a reduzir algumas das actuais frequências. Apesar de já ter sido contactado por empresas especializadas em guardar aviões, o presidente da TAP descarta para já a possibilidade de vir a deixar aviões em terra.
Grupo de trabalho corta 100 milhões de custos
Fernando Pinto quer reduzir os custos internos em 100 milhões de euros este ano de forma a combater a despesa extra de 250 milhões de euros devido à subida do preço dos combustíveis. Sem descartar a possibilidade de reduzir o número de trabalhadores, o presidente da companhia de bandeira decidiu criar um grupo de trabalho específico para estudar a melhor forma de reduzir os custos internos.
Algumas pequenas decisões já foram tomadas. São acções internas e mudanças nas rotinas e processos”, disse o presidente no final do mês passado. A divisão da classe económica da TAP por segmentos e o novo “Espaço Premium” no aeroporto da Portela para um ‘check-in’ mais cómodo para o segmento ‘corporate’ já são fruto desse grupo de trabalho. Fernando Pinto sabe que este é um ano decisivo “para a sobrevivência das empresas” e está a estudar todas as formas de apertar o cinto à companhia aérea. “Não posso descartar a redução de pessoal”, mas “a acontecer este ano não vai ter reflexo positivo nas contas porque pesa nos custos”, sublinhou na mesma altura. O presidente da TAP admite ainda fazer um seguro “contra aumentos maiores [do preço do petróleo], em que se fixa um tecto e só se paga até este limite”.
Subida das taxas de combustível pode continuar
A TAP foi a última das grandes companhias europeias a voltar a aumentar as sobretaxas de combustível. As novas taxas aplicadas desde ontem representam o quarto aumento desde o princípio do ano, sendo que o anterior aconteceu há cerca de um mês. Assim, a companhia de bandeira aumentou já 25% o preço da sobretaxa desde o início do ano nos voos de médio curso e 47% nos de longo curso. Mesmo assim, a transportadora liderada por Fernando Pinto conseguiu manter-se abaixo da subida do preço médio do jet fuel, que foi de 49,1% segundo o índice IATA. Uma novidade nesta nova subida é a distinção dos destinos escandinavos dentro dos voos de médio curso, em que as taxas de combustível passaram de 32 para 40 euros. Fonte oficial da TAP disse ao Diário Económico que esta distinção “é porque os voos são muito mais caros e é uma forma de não aumentar tanto os outros destinos de médio curso”. A mesma fonte garante que a continuidade destes aumentos “depende da evolução dos preços dos combustíveis, o que é imprevisível. British Airways, Air France e Lufthansa também aumentaram as suas sobretaxas este mês.
Fonte: Hermínia Saraiva (Diário de Notícias)
Sem papas na língua Fernando Pinto disse nesta terça-feira (24) aos quadros, sindicatos e comissão de trabalhadores da transportadora aérea que “a situação da TAP é dramática”. Os números explicam a preocupação do presidente da TAP: nos primeiros cinco meses do ano, e apesar do crescimento do número de passageiros, a companhia acumulou um prejuízo de 100 milhões de euros.
Os sindicatos não aceitam os argumentos, alegando que a actividade da transportadora é sazonal e que os primeiros meses são tradicionalmente maus. E mais. Contestam qualquer possibilidade de verem revistos os acordos de empresa, hipótese levantada por Fernando Pinto.
“O encontro destinou--se a desmontar o negativismo do engenheiro Fernando Pinto”, diz José Simão, do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA).
As reuniões prosseguem hoje durante o dia. De manhã e à tarde realizam-se plenários com todos os trabalhadores da TAP, excluindo o pessoal de voo que ficará a conhecer a situação da empresa à noite. Mais uma vez, e ao que o Diário Económico apurou, Fernando Pinto irá explicar que a crise dos preços dos combustíveis está a ser potenciada pela estagnação económica que leva a uma clara diminuição da procura.
Para já, as taxas de combustível não cobrem mais que 30% do aumento do petróleo e ainda que possam vir a ser revistas, o crescimento será sempre limitado. “Depende da evolução dos preços de combustíveis. O que se sabe é que o preço duplicou nos últimos 10 meses. No período anterior, demorou 4 anos a duplicar”, explica fonte oficial da TAP.
Também o impacto do combustível nas contas da TAP não pára de aumentar. “Há 10 anos era de 10%. O ano passado foi de 30% e agora continua a crescer e já ultrapassou os custos com os recursos humanos, que são de menos de 30%”, diz a mesma fonte.
Os sindicatos garantem que os combustíveis não explicam tudo e Cristina Vignon, do Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) fala de “erros de gestão graves que mais uma vez serão pagos com sacrifícios dos trabalhadores”.
E Fernando Pinto é claro quanto aos sacrifícios que todos têm que fazer para que “a TAP chegue viva ao fim deste ciclo”, sendo certo que se o conseguir sairá “mais eficiente”.
Mas para que isso seja possível existem três condições a cumprir, que passam por evitar as greves – um único dia de paralisação, em Outubro do ano passado, custou à companhia cinco milhões de euros –, suspender aumentos e prémios em 2008 e, eventualmente, suspender o acordo de empresa.
Os sindicatos não concordam que a administração da TAP não aceite rever os salários para 2008 e, enquanto o SNPVAC se prepara para reunir na sexta-feira para discutir medidas futuras, o SITAVA, Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) e o Sindicato dos Quadros da Aviação Comercial (SQAC) já entregaram um pré-aviso de greve para 16 e 30 de Julho, entre as 15h00 e as 17h00.
Fernando Pinto fez ainda questão de deixar claro que a empresa não pode contar com o apoio do accionista, ao contrário do que acontece com as empresas privadas que podem receber injecções de capital que lhes permitam aguentar momentos de crise. É que à luz do direito europeu da concorrência a intervenção do Estado não pode distorcer as condições de mercado. Assim, diz Fernando Pinto, a TAP “tem que sobreviver com o dinheiro que gera”.
A transportadora conta com o Verão, tradicionalmente época forte para as companhias de aviação, para equilibrar as contas, e descarta para já qualquer medida radical. Depois disso, lá para o final de Setembro, é possível que venha a reduzir algumas das actuais frequências. Apesar de já ter sido contactado por empresas especializadas em guardar aviões, o presidente da TAP descarta para já a possibilidade de vir a deixar aviões em terra.
Grupo de trabalho corta 100 milhões de custos
Fernando Pinto quer reduzir os custos internos em 100 milhões de euros este ano de forma a combater a despesa extra de 250 milhões de euros devido à subida do preço dos combustíveis. Sem descartar a possibilidade de reduzir o número de trabalhadores, o presidente da companhia de bandeira decidiu criar um grupo de trabalho específico para estudar a melhor forma de reduzir os custos internos.
Algumas pequenas decisões já foram tomadas. São acções internas e mudanças nas rotinas e processos”, disse o presidente no final do mês passado. A divisão da classe económica da TAP por segmentos e o novo “Espaço Premium” no aeroporto da Portela para um ‘check-in’ mais cómodo para o segmento ‘corporate’ já são fruto desse grupo de trabalho. Fernando Pinto sabe que este é um ano decisivo “para a sobrevivência das empresas” e está a estudar todas as formas de apertar o cinto à companhia aérea. “Não posso descartar a redução de pessoal”, mas “a acontecer este ano não vai ter reflexo positivo nas contas porque pesa nos custos”, sublinhou na mesma altura. O presidente da TAP admite ainda fazer um seguro “contra aumentos maiores [do preço do petróleo], em que se fixa um tecto e só se paga até este limite”.
Subida das taxas de combustível pode continuar
A TAP foi a última das grandes companhias europeias a voltar a aumentar as sobretaxas de combustível. As novas taxas aplicadas desde ontem representam o quarto aumento desde o princípio do ano, sendo que o anterior aconteceu há cerca de um mês. Assim, a companhia de bandeira aumentou já 25% o preço da sobretaxa desde o início do ano nos voos de médio curso e 47% nos de longo curso. Mesmo assim, a transportadora liderada por Fernando Pinto conseguiu manter-se abaixo da subida do preço médio do jet fuel, que foi de 49,1% segundo o índice IATA. Uma novidade nesta nova subida é a distinção dos destinos escandinavos dentro dos voos de médio curso, em que as taxas de combustível passaram de 32 para 40 euros. Fonte oficial da TAP disse ao Diário Económico que esta distinção “é porque os voos são muito mais caros e é uma forma de não aumentar tanto os outros destinos de médio curso”. A mesma fonte garante que a continuidade destes aumentos “depende da evolução dos preços dos combustíveis, o que é imprevisível. British Airways, Air France e Lufthansa também aumentaram as suas sobretaxas este mês.
Fonte: Hermínia Saraiva (Diário de Notícias)
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