domingo, 29 de junho de 2008

Risco de trombose venose profunda costuma ser desconsiderado, diz estudo

Pesquisa internacional contou com 68 mil pessoas, 1.300 delas do Brasil.

Profilaxia para combater doença não é cumprida em metade dos pacientes.

É a síndrome da classe econômica em terra firme. Pacientes internados correm riscos que não conhecem. A trombose venosa profunda é mais conhecida pelos viajantes em aviões do que em hospitais no mundo todo, inclusive o Brasil. A rotina de profilaxia não é cumprida em metade dos pacientes internados no mundo.

Esses foram os achados do estudo Endorse, que buscou identificar quais pacientes estão em risco de sofrer de trombose venosa profunda e se as diretrizes para sua prevenção estão sendo cumpridas.

A trombose venosa profunda ocorre quando o sangue que deve retornar da extremidade inferior do corpo não consegue manter um fluxo adequado e começa a formar trombos (coágulos) que entopem essas veias e dificultam a passagem do sangue em direção ao coração.

O principal fator de risco para trombose venosa profunda é imobilidade, que diminui o bombeamento do sangue das pernas para cima pelos músculos. A realização de cirurgias ou problemas clínicos que levem a uma internação prolongada aumentam as chances da ocorrência do problema.

Com a trombose nas veias da perna surge o risco de que o paciente sofra uma embolia pulmonar, que acontece quando um fragmento do trombo que está obstruíndo a veia se solta e migra carregado pelo sangue em direção à circulação pulmonar, atraplhando o fluxo dentro dos vasos no pulmão.

A embolia pulmonar é causa de 5 a 10% das mortes no período pós-operatório, embora possa trazer sintomas que variam desde um leve desconforto na respiração, passando por dor no tórax e falta de ar intensa.

Embora as medidas de prevenção e as medicações necessárias sejam conhecidas há pelo menos 15 anos, metade dos pacientes não os recebe. Existem medidas mecânicas como a utlização de meias compressivas e de dispositivos que comprimem as pernas com manguitos pneumáticos e cuidados farmacêuticos como a administração de heparina ou substitutos sintéticos da heparina.

Para tentar avaliar a magnitude da situação, pesquisadores de todo o mundo coletaram dados em hospitais, classificando o risco dos pacientes internados e registrando o tratamento efetuado.

Foram mais de 68 mil pacientes entre cirurgias e doenças clínicas internados em 32 países diferentes. Os hospitais que participaram do estudo eram todos hospitais que internavam pacientes para tratamento de problemas agudos. Os dados foram coletados em 340 hospitais, em 19 idiomas.

A divisão entre pacientes cirúrgicos e clínicos foi praticamente igual no total de pessoas acompanhadas. Pouco mais da metade dos pacientes nos dois grupos foi avaliada como estando em risco de desenvolver trombose venosa profunda. Dentre os pacientes cirúrgicos, 59% receberam profilaxia para trombose. Dos pacientes clínicos, para surpresa dos pesquisadores, somente 40% receberam medidas profiláticas adequadas.

No Brasil, 12 hospitais participaram do estudo, em 9 cidades diferentes, que incluíram praticamente 1.300 pessoas no grupo pesquisado.

O objetivo desse estudo, além de quantificar de forma científica o problema da prevenção da trombose venosa profunda, é alertar os médicos e a comunidade hospitalar para a quantidade de pacientes em risco que ainda não recebem os cuidados profiláticos.

Fonte: G1

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