Força Aérea Brasileira faz operação para encontrar aeronave que deixou São Paulo com destino a Ilhabela no último domingo (31). Quatro pessoas estavam no helicóptero. Aeronave SC-105 Amazonas tem tecnologia avançada e é usada por forças armadas ao redor do mundo.
SC-105 Amazonas, da Força Aérea Brasileira (Foto: Divulgação/FAB) |
Para auxiliar nas buscas pelo helicóptero que desapareceu com quatro pessoas no último domingo (31), em São Paulo, a Força Área Brasileira (FAB) mobilizou a aeronave com tecnologia avançada do seu esquadrão de busca e salvamento: o avião C295, conhecido como SC-105 Amazonas e fabricado pela Airbus.
O modelo de aeronave exige treinamento prévio da tripulação, tem capacidade de fazer busca visual e noturna e é usado por forças armadas ao redor do mundo, entre elas a da Espanha e Índia.
Vídeos mostram a cabine do SC-105 e as imagens captadas pelos militares durante buscas ao helicóptero, que entraram no terceiro dia (assista aqui).
Segundo a Força Aérea Brasileira, o Esquadrão Pelicano, que fica em Campo Grande (MS), é a equipe apta para cumprir missões de busca e salvamento com o avião SC-105 em todo território brasileiro. Em 2020, a equipe recebeu a terceira aeronave desse tipo.
Entre suas principais características está a capacidade de visualizar pequenos alvos em alto mar, como botes, snorkel (prática esportiva de mergulho) ou periscópio de submarinos, além de detectar até 2 mil alvos em todas as condições meteorológicas, inclusive através de nuvens, o que a torna um transporte versátil.
Aeronave da Força Aérea faz buscas por helicóptero com 4 pessoas que saiu de SP e desapareceu a caminho do Litoral Norte (Foto: Divulgação/FAB) |
Outra capacidade é a de usar pistas de pouso despreparadas, o que faz com que o avião seja implantado para viagens de reabastecimento em locais remotos.
No caso das buscas pelo helicóptero que sumiu no último domingo (31), são 15 tripulantes especializados que estão se revezando e voando em média 9 horas por dia sobre a região de Caraguatatuba. O avião está decolando e reabastecendo em São José dos Campos.
Sistema integrado
Sistema de radar do C295, da Airbus (Imagem: Divulgação/Airbus) |
Em nota divulgada pela FAB em 2022, o major aviador Gustavo Gomes Canedo ressaltou que a aeronave SC-105 Amazonas possui um sistema eletro-óptico infravermelho que detecta o contraste termal, ou seja, a diferença de temperatura.
Com isso, consegue-se gerar uma imagem independente de luz ambiente, tendo ainda a versão mais recente da câmera FLIR (Forward Looking Infra-Red), que registra imagens coloridas, aproxima em 18 vezes e opera em ambiente de baixa luminosidade.
"Dessa forma, pode-se fazer decolagens à noite, sem a necessidade de se aguardar a luz do dia. Com isso, ganha-se tempo, que em casos de busca e salvamento, são essenciais, uma vez que lidamos diretamente com vidas humanas”, explicou, na época.
Outras funcionalidades do SC-105 são:
- radar com abertura sintética: usado para criar imagens de um objeto, como uma paisagem;
- imageamento por infravermelho: usado para achar sobrevivente no meio de vegetação, mar ou em destroços;
- integração de sistema: permite que o operador tenha visualização conjunta de todos as informações colhidas por sensores e radares.
SC-105 Amazonas, da FAB (Foto: Divulgação/FAB) |
O SC-105 também é conhecido por ter capacidade de monitorar, em 360 graus e simultaneamente, até 640 alvos em um raio de 370 quilômetros, podendo detectar alvos pequenos e acompanhá-los em movimento na superfície com até 139 km/h.
O avião ainda pode captar imagens com resolução de até 1m² de uma área de 2.5km x 2,5km.
Helicóptero desaparecido
As buscas pelo helicóptero que desapareceu com quatro pessoas em São Paulo entraram no 3° dia consecutivo nesta quarta-feira (3). A aeronave não faz contato desde o último domingo (31).
Força Aérea faz buscas por helicóptero que desapareceu a caminho do Litoral Norte (Arte g1) |
O helicóptero deixou a capital paulista no último dia do ano para passar o réveillon em Ilhabela, no Litoral Norte do estado, mas não chegou ao local de destino. A Força Aérea Brasileira (FAB) segue responsável pelas buscas desde então.
As investigações iniciais apontam para a possibilidade de o helicóptero estar em alguma área entre a Serra do Mar - região de floresta densa do bioma Mata Atlântica - e Caraguatatuba, cidade vizinha ao arquipélago de Ilhabela.
O g1 apurou que os ocupantes do helicóptero são:
- Luciana Rodzewics, de 45 anos;
- Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, de 20 anos (filha de Luciana);
- Rafael Torres, um amigo da família que fez o convite para o passeio;
- Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos (o piloto).
A irmã da passageira Luciana informou que eles planejavam fazer um bate-volta para Ilhabela. Ela alega que Rafael é amigo do piloto e convidou a Luciana e a filha para esse passeio. Não era, segundo ela, um passeio contratado.
Luciana Rodzewics, de 45 anos; a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, de 20 anos estavam na aeronave (Foto: Arquivo pessoal) |
Às 22h40, foi gerado um alerta para o Comando de Aviação e para o Corpo de Bombeiros, já que não havia registro de pouso da aeronave ou possibilidade de contato com o piloto.
O empresário Raphael Torres é um dos passageiros do helicóptero que sumiu em São Paulo (Arquivo pessoal) |
O helicóptero que desapareceu possui o prefixo PR-HDB, modelo Robinson 44, e é pintado de cinza e preto.
Nesta quarta-feira (3), a aeronave SC-105 Amazonas, modelo usado pela FAB, deixou o aeroporto de São José dos Campos por volta das 7h30 e passou a maior parte do tempo entre Paraibuna, no Vale do Paraíba, e Salesópolis, na Grande São Paulo.
Área sobrevoada pela FAB nesta quarta-feira (3), em busca de helicóptero desaparecido (TV Vanguarda) |
A FAB tinha como objetivo sobrevoar também a região de Natividade da Serra e Redenção da Serra, mas as cidades têm registrado bastante nebulosidade, o que atrapalha as buscas aéreas.
Piloto tinha licença cassada
O piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos, é uma das quatro pessoas desaparecidas após o helicóptero que ele estava comandando perder contato com a torre e sumir no último domingo (31). Nenhum órgão oficial divulgou a identidade do piloto, no entanto, a informação foi apurada pelo g1.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Cassiano tem um histórico ruim. A Anac informou que o piloto chegou a ser pego em flagrante em uma ação de fiscalização no aeroporto Campo de Marte, em 2019, no qual piloto chegou a jogar o helicóptero que comandava contra um servidor da Anac, que realizava a fiscalização no local.
Em setembro de 2021, a diretoria da Anac cassou a habilitação dele. O órgão afirma que houve caso de conduta grave de fraude por parte de Cassiano, irregularidade que resultou na pena máxima de cassação.
Para a Anac, cassar a habilitação para voar é a pena mais grave dentro da ação administrativa do órgão regulador, é a punição máxima que se pode aplicar.
Via Paola Patriarca, César Tralli, g1 SP e TV Globo