Fundadas por empresários e aviadores pioneiros, primeiras fabricantes de aviões do Brasil surgiram na década de 1930.
Pátria de Alberto Santos Dumont, inventor do primeiro avião capaz de decolar pelos próprios meios, o Brasil sempre teve terreno fértil para a construção aeronáutica. Muito antes da fundação da Embraer, em 19 de agosto 1969, o país viu o surgimento (e o fim) de uma série de fabricantes de aviões que ajudaram a escrever os primeiros capítulos da história da aviação brasileira.
Pouco tempo depois, empreitadas individuais deram lugar a esforços industriais que culminaram com o estabelecimento das primeiras linhas de montagem de aviões no Brasil, capitaneadas por empresários e aviadores que sonhavam com a popularização do avião no país.
Conheça a seguir cinco fabricantes brasileiros de aviões que existiram antes da Embraer:
Companhia Nacional de Navegação Aérea
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Monomotor biplano Muniz M-9, um dos aviões produzidos em série pela CNNA (Domínio Publico) |
Fundada em 1934 pelo industrial brasileiro Henrique Laje, a Companhia Nacional de Navegação Aérea (CNNA) foi a primeira fábrica de aviões instalada no Brasil. A empresa nasceu originalmente com o nome “Fábrica Brasileira de Aviões”, baseada no aeródromo do Campos dos Afonsos (hoje uma base da Força Aérea Brasileira), no Rio de Janeiro, mas pouco depois mudou de identidade e de endereço, estabelecendo uma linha de montagem na Ilha do Viana, na capital fluminense.
A CNNA produziu sob licença os aviões de treinamento e utilitários projetados por Antônio Muniz, oficial do Exército Brasileiro (e posteriormente da FAB) e um dos primeiros engenheiros aeronáuticos do Brasil. A empresa também fabricou modelos da série HL (iniciais de Henrique Laje), que foram adquiridos em grande parte pelo governo brasileiro e destinados a aeroclubes.
A companhia encerrou as atividades de produção de aeronaves em 1948, depois de entregar 234 aviões (incluindo modelos exportados para Argentina, Paraguai e Uruguai). A empresa ainda se manteve ativa no ramo de manutenção aeronáutica e treinamento de pilotos até 1951, quando fechou as portas em definitivo.
Empresa Aeronáutica Ypiranga
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Protótipo do EAY-201, avião que deu origem ao famoso Paulistinha (Domínio Publico) |
Primeira fabricante de aviões instalada no Estado de São Paulo, a Empresa Aeronáutica Ypiranga (EAY), baseada na capital paulistana, foi fundada em 1931 por iniciativa do empresário norte-americano Orton Hoover, do alemão Frtiz Roesler e Henrique Dumont Villares, que era sobrinho de Alberto Santos Dumont. Apesar de ser fundada em 1931, antes até do que a CNNA, a produção de aviões começou somente em 1935.
A EAY iniciou seus trabalhos com a produção de planadores, que eram baseados no modelo alemão Stamer Lippisch Zögling. O segundo produto da empresa foi o monomotor EAY-201, que era uma cópia do modelo de instrução Taylor Cub, projetado nos Estados Unidos. Ao todo, a empresa produziu nove planadores e cinco exemplares do EAY-201.
Em 1942, a EAY foi adquirida pela Companhia Aeronáutica Paulista, que deu continuidade a produção do EAY-201
rebatizado como CAP-4 Paulistinha, um dos maiores clássicos da aviação brasileira e até hoje em atividade em aeroclubes pelo Brasil.
Fábrica do Galeão
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O Galeão 2FG, versão nacional do bimotor alemão Focke Wulf 58, foi o primeiro avião de passageiros montado no Brasil (Domínio Publico) |
Criada por iniciativa da Marinha do Brasil, a Fábrica do Galeão iniciou as atividades em 1938 como uma oficina de aviões na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Naquele mesmo ano, a empresa assinou um acordo para produzir sob licença no Brasil aeronaves militares da fabricante alemã Focke-Wulf.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a Fábrica do Galeão interrompeu a produção dos modelos alemães e deu espaço a fabricação sob licença de aeronaves da Fairchild Aircraft, dos Estados Unidos. Após o fim do conflito, a empresa fluminense foi transformada na Fokker Indústria Aeronáutica, uma parceria entre o governo brasileiro a fabricante holandesa Fokker.
A Fábrica do Galeão deixou de produzir aviões em 1965, após concluir a produção de 471 aeronaves. A empresa ainda continuou ativa como um centro de manutenção até 1965, quando foi dissolvida.
Companhia Aeronáutica Paulista
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Herdeira da EAY, a Companhia Aeronautica Paulista deu continuidade ao legado do Paulistinha (Divulgação/FAB) |
Fabricante brasileiro de aviões de maior sucesso dos anos 1940, a Companhia Aeronáutica Paulista (CAP) teve uma carreira curta, mas próspera. A CAP foi criada em 1942 como uma divisão da Laminação Nacional de Metais, empresa do Grupo Pignatari, fundada pelo empresário ítalo-brasileiro Francisco “Baby” Matarazzo Pignatari.
O principal produto da empresa baseada no município de São Paulo foi o CAP-4 Paulistinha, um projeto herdado da Empresa Aeronáutica Ypiranga e com modificações que o tornaram mais eficiente. Sob direção da CAP foram produzidos 777 exemplares do Paulistinha até 1949, quando a fabricante encerrou as suas atividades.
Posteriormente, os direitos de produção do Paulistinha foram repassados à Indústria Aeronáutica Neiva, que renomeou o avião como Neiva P-56. A CAP também produziu planadores e outros aviões monomotores de instrução, entre eles o CAP-5 Carioquinha.
Indústria Aeronáutica Neiva
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O Neiva T-25 Universal foi o último avião projetado pela Neiva; modelo segue em serviço como aeronave de treinamento basico da FAB (Divulgação/FAB) |
Até o surgimento da Embraer, a principal referência da aviação brasileira era a Indústria Aeronáutica Neiva. Fundada por José Carlos de Barros Neiva, em 1954, a empresa iniciou as atividades no Rio de Janeiro e, depois, foi transferida para Botucatu, no interior de São Paulo.
Os dois primeiros produtos da Neiva eram aeronaves herdadas da Companhia Aeronáutica Paulista, o planador recreativo Monitor e o monomotor Paulistinha. Na década seguinte, a fabricante desenvolveu os aviões de treinamento Regente e Universal (este até hoje em serviço com a FAB), que foram as primeiras aeronaves metálicas desenvolvidas no Brasil – até então, os aviões produzidos no Brasil tinham estruturas cobertas de tecido envernizado.
Em 1980, a Neiva foi adquirida pela Embraer que, por sua vez, repassou à empresa de Botucatu a linha de produção nacional sob licença da linha Piper Aicraft, que antes era produzida em São José dos Campos. Na mesma década, a Neiva também assumiu a produção do avião agrícola EMB-202 Ipanema e mais adiante, em 1999, a fabricação do turboélice de passageiros EMB-120 Brasília (descontinuado em 2001).
Em 2006, a Neiva foi incorporada totalmente pela Embraer, tornando-se uma de suas divisões, e teve seu parque fabril rebatizado como “Embraer – Unidade Botucatu”. A fábrica no interior de São Paulo segue ativa produzindo componentes estruturais para os jatos comerciais da Embraer e com a linha de montagem final do Ipanema.