Hoje, serve como alternativa ao Aeroporto de Congonhas para vôos de jatinhos.
Campo de Marte, transformado após 87 anos da inauguração
Antes um picadeiro para treinamento da cavalaria militar paulista, hoje o Campo de Marte é o principal aeroporto de aviação executiva de São Paulo. Localizado na Avenida Santos Dumont, em Santana, na Zona Norte, está cercado por terminais de ônibus, vias expressas, hotéis e até o sambódromo da cidade. Cenário que em nada lembra a área descampada em 1920, ano da inauguração da base aérea.
Antigos freqüentadores lembram com nostalgia os tempos áureos da aviação no terminal, que registrou sua maior tragédia no domingo (4) com a queda de um Learjet após a decolagem. Oito pessoas morreram. Um dos saudosistas é o piloto Edgar Orlando Camilo Prochaska, fundador do centro histórico do Aeroclube de São Paulo, que funciona no Campo de Marte desde 1931.
“A aviação era muito glamourosa. Às vezes, eu ainda vôo com capacete de couro, óculos e cachecol”, revela Prochaska. Foi por paixão à aeronáutica que ele decidiu montar o pequeno museu. “Vi a necessidade de guardar esse patrimônio. É uma parte da história muito importante para a aviação brasileira”, diz o curador, dentista de profissão.
“O Campo de Marte era lugar de treinamento da Cavalaria da Força Pública de São Paulo, que hoje é a Polícia Militar. Eles treinavam em um picadeiro”, conta ele, com a experiência de quem freqüenta a base aérea há 50 anos. Segundo Prochaska, o treinamento era feito por tropas francesas. “O exército que fez frente ao Getúlio Vargas na Revolução de 1932 (Revolução Constitucionalista) era paulista. Veio da Força Pública de São Paulo”, diz ele, orgulhoso.
Urbanização
Em 87 anos de existência, muita coisa mudou. As operações aéreas foram incrementadas, a cidade cresceu e o Campo de Marte acabou “engolido” por ela. Atualmente, é uma alternativa para desafogar o tráfego aéreo dos aeroportos de Congonhas, na Zona Sul, e Guarulhos, na Grande São Paulo. Opera com aviões de pequeno porte e helicópteros.
“Esse processo (de urbanização) é inevitável. As cidades cresceram e incorporaram os aeroportos. Houve falta de planejamento em vários níveis: transporte aéreo, metropolitano e (falta de planejamento) urbano”, explica o professor de Planejamento Urbano e Regional da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Eduardo Nobre.
Ele defende que os terminais fiquem longe dos grandes centros, mas afirma que esse ideal está longe de ser alcançado, sobretudo, na região metropolitana. “Se tivessem feito um planejamento na década de 70, prevendo que São Paulo teria três aeroportos, poderiam ter reservado áreas. Hoje, elas não existem. Seria preciso fazer desapropriações”, diz o professor.
Veja: Galeria de fotos do aeroporto
Fonte: Carolina Iskandarian (G1) - Foto: Flávio Freire (Ag. O Globo)