Equipamento lançado da sonda Rosetta está a 500 milhões de km da Terra.
São feitas atualmente a análise do solo e a detecção de partículas.
Montagem mostra uma combinação panorâmica de fotos tiradas
pelo módulo Philae - Foto: Divulgação/ESA
O módulo Philae começou a enviar dados de dois dos experimentos realizados sobre o cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko, no qual aterrissou na última quarta-feira (12), após se separar da sonda Rosetta.
Mas os cientistas estão preocupados com uma possível falta de energia do equipamento, que pode interromper o fluxo de dados para a Terra.
Segundo informou a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), durante a noite começaram a funcionar os sensores projetados para estudar a densidade e as propriedades térmicas e mecânicas da superfície do cometa (Mupus, em inglês).
Também foi iniciado o espectômetro APXS, que deve detectar partículas alfa e raios X para coletar informação sobre a composição elementar da superfície.
A coleta de informações científica se apresenta muito rica, mas as horas de vida que o robô tem pela frente são poucas, porque no ponto em que se encontra pousado não há exposição à luz solar. "Ele só tem poucas horas de vida com sua bateria. Depois são as baterias solares que deverão assumir a função, mas o robô está na sombra", explicou Philippe Gaudon, chefe do projeto Rosetta no Centro Nacional de Estudos Espaciais da França.
"Temos apenas 1,5 hora de luz solar invés das 6 ou 7 horas previstas", afirmou, por sua vez, Koen Geurts, um dos diretores de voo da ESA. "Não é a situação que esperávamos", admitiu.
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Nestas circunstâncias e, apesar de tudo parecer operar corretamente no robô, os especialistas decidiram adiar algumas de suas operações de observação científica, como a perfuração do solo destinada a analisar as entranhas do cometa.
Pouca luz solar
Na quinta, a agência já havia confirmado que o robô Philae recebia poucas horas de luz solar para carregar suficientemente seus painéis com energia para continuar nos próximos dias os testes científicos previstos.
O módulo, apoiado na superfície com duas de suas patas e com a terceira no ar, leva uma bateria que lhe dá autonomia energética de até dois dias. Depois, o que lhe resta de vida útil dependerá dos painéis solares.
Imagem divulgada pela Agência Espacial Europeia mostra o robô Philae na superfície
do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Montada a partir de duas das seis fotos
feitas pelo instrumento Çiva, a imagem mostra o módulo Philae na superfície
do cometa - Foto: Reuters/ESA/Rosetta/Philae/ÇIVA
A ESA esperava que o Philae tivesse entre seis e sete horas de luz solar por dia, mas só recebe uma hora e meia. O módulo, que mantém sem problemas sua comunicação com a Rosetta durante as horas nas quais esta tem visibilidade, já enviou as primeiras imagens do cometa.
O Philae se comunica através da Rosetta e os sinais que enviam chegam à Terra 28 minutos depois, porque viajam à velocidade da luz e as naves se encontram a uma distância de 511 milhões de quilômetros.
Feito inédito
A Europa fez história na quarta-feira (12) ao conseguir pousar seu primeiro robô em um cometa. O laboratório mecanizado, do tamanho de uma geladeira e com cerca de 100 quilos de peso, tocou a superfície do cometa em uma manobra de alto risco, a mais de 510 milhões de quilômetros da Terra.
Aprovada em 1993 e com custo de 1,3 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão), a missão Rosetta se lançou ao espaço em 2004, levando junto o módulo Philae, equipado com 10 instrumentos. Sonda e robô alcançaram seu alvo em agosto deste ano, usando o empuxo gravitacional da Terra e de Marte como verdadeiros estilingues espaciais.
Ao orbitar lentamente o "67P" desde agosto, Rosetta fez algumas observações surpreendentes sobre o cometa. Seu contorno lembra de alguma forma o de um patinho de borracha, mais escuro que o carvão e com uma superfície retorcida e bombardeada por bilhões de anos no espaço, o que fez dele um ponto difícil de pousar.
Segundo a teoria corrente, os cometas bombardearam a nascente Terra há 4,6 bilhões de anos, trazendo moléculas de carbono e a preciosa água, partes importantes da "caixa de ferramentas" fundamental para a vida no nosso planeta.
O que quer que aconteça com sua carga, a Rosetta continuará a acompanhar o cometa, analisando-o com 11 instrumentos quando orbitar o Sol no ano que vem. A missão está prevista para terminar em dezembro de 2015.
Fonte: G1
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