sábado, 27 de fevereiro de 2010

FAB deve socorrer correios para normalizar entregas em Mato Grosso

Empresa perdeu contrato por 'inidoneidade'. Sedex demora de dois a três dias para chegar em MT

O serviço de entregas via aérea conhecido por Sedex tem prazo de entrega estipulado em 24 horas, mas, em Mato Grosso e outros cinco estados do norte do país, os clientes devem esperar de dois a três dias para ter a encomenda entregue. O problema se deve a um defeito em duas aeronaves que fazem as linhas da Rede Postal Noturna (RPN) para Cuiabá e Mato Grosso.

Segundo a assessoria dos Correios, em Brasília, o impasse se deve a quebra de contrato em junho do ano passado com o Grupo Beta Cargo, empresa de transporte aéreo. Segundo os Correios, a Beta efetuava a linha de Porto Velho, que atinge diretamente Mato Grosso, Acre e Roraima, mas perdeu o contrato por "inidoneidade", pois se recusou a assumir a operação nas condições propostas em contrato. Um novo processo licitatório foi realizado e o vencedor foi homologado pela Diretoria da ECT, e deve começar a operar no início de março.

Para garantir o funcionamento das linhas, os Correios também enviaram uma solicitação às Forças Aéreas Brasileiras (FAB), que deve assinar um convênio para ceder os cargueiros em caráter de emergência. No momento as entregas são feitas por terra ou através de aproveitamento de linhas aéreas. Um plano de redesenhamento de linhas também está em operação, mas devido a suspensão do contrato, as entregas estão todas atrasadas.

A assessoria de imprensa diz que todos os cliente foram avisados sobre a demora no serviço de entrega tanto na hora de postar a mercadoria, quando em seu website. No entanto, algumas pessoas reclamam de não terem sido avisadas, como o vendedor Welton Dias, que no último dia 9 de fevereiro procurou a agência dos Correios do Shopping Pantanal para enviar documentos para o Rio Grande do Sul. "Precisava utilizar o serviço do Sedex pois tinha pressa em fechar um negócio, mas a encomenda só chegou lá no dia 17, oito dias depois". Ele conta que perdeu a negociação. "Pedi o ressarcimento da entrega pois eles não cumpriram com o que prometeram, mas nada até agora. Estou pensando agora em entrar com ação pedindo indenização por danos morais, pois além de perder o negócio ainda passei por mentiroso".

Outro que teve problema na hora de receber mercadorias via aérea foi o técnico de informática Laffit Antunes. Ele comprou aparelhos de Hong Kong, mas a entrega que deveria ser feita em duas semanas demorou quase um mês. "Também encomendei umas pilhas aqui no Brasil mesmo. A empresa disse que enviaria por Sedex, mas a encomenda só chegou três dias depois". Antunes também alega que não foi avisado sobre os problemas com as aeronaves.

Ainda segundo a assessoria de imprensa, até a primeira semana de março, com a participação da FAB, o problema já deve estar solucionado. Ao todo são seis estados prejudicados por problemas em aeronaves terceirizadas: Acre, Roraima, Amazonas, Ceará e Mato Grosso.

MP

Segundo uma funcionária dos Correios, o problema nas aeronaves terceirizadas é recorrente. "Contratamos por licitação, ganha quem tem o menor preço, mas geralmente essas empresas não têm caixa para bancar a manutenção dessas aeronaves", diz a funcionária que não quer se identificar. "Dependendo do contrato que a empresa tem, vale mais a pena para ela pagar a multa do que arcar com a manutenção das aeronaves, isso acarreta em prejuízos para a estatal e para os clientes, fazendo com que os Correios tenham que recorrer sempre à FAB".

Para contornar esse e outros problemas, o governo estuda entrar com uma Medida Provisória (MP) aumentando a autonomia dos Correios para a compra e venda de equipamentos como aviões. Hoje a empresa não pode ter aeronaves próprias nem contratar pilotos. Com a nova MP os Correios passarão a ser uma S/A e terão mais autonomia.

Fonte: Midia News - Foto: Reprodução/TVCA

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