O Bom Dia Brasil visitou uma indústria gigantesca especializada neste tipo de comida. O chefe explicou que o tempero da comida servida nos aviões é mais suave porque o sabor fica mais acentuado na altitude.
A comida servida no avião divide as opiniões dos passageiros e tem muita gente que reclama. Em São Paulo, nossos repórteres foram ver como as refeições são preparadas.
Eles descobriram uma indústria gigantesca especializada em preparar a comida servida nos aviões. Descobriram também que nosso paladar muda quando o avião sobre. E que os chefes - é, tem chefe de cozinha de avião - precisam levar isso em conta na hora de criar os cardápios. Veja como funciona uma dessas empresas.
Que sabor te leva às nuvens? Bom, nos ares a comida que vai à mesa não é unanimidade. Uma coisa é certa: é um processo nada simples. Para preparar o menu escolhido pela companhia aérea, é necessária uma estrutura imensa. Só uma empresa, que atende 250 voos diariamente no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, são cerca de dois mil produtos chegando a todo o instante.
“Já carreguei lagosta, filé, carne de siri”, conta um auxiliar de almoxarifado.
Mais mil trabalhadores que colocam a mão na massa pra dar conta de 30 mil refeições diariamente. No setor da padaria cerca de 60 funcionários se revezam para produzir em média 45 mil pãezinhos por dia. E não são todos iguais: há mais de cem variedades.
“Pão de centeio, croissant, pão de sal com gergelim, pão de leite, tem uns pães doces também”, conta Ricardo Fittipaldi, chefe executivo de desenvolvimento.
Só o Rosalvo Barbosa, padeiro há 24 anos, faz pão para um batalhão inteiro. “Faz uns 7, 8 mil todo dia. Tem que ter mão boa e braço forte, se não tiver, não vai não”, conta.
Quando a comida precisa de cozimento, ela vai para outra área. Depois tem que ser resfriada durante quatro horas e só então, vai para linha de montagem.
“Você precisa manter em uma temperatura para que não aconteça a proliferação de bactérias. Tem que ficar sempre abaixo dos 10°C, para garantir a qualidade, a segurança alimentar”, afirma a gerente de qualidade Patrícia Endo.
E a comida é resfriada mais uma vez antes de ser embarcada. No avião, os comissários dão uma aquecida no prato. Só que o gosto nem sempre agrada.
Estudos feitos nas alturas revelaram que a pressurização e a umidade dentro do avião alteram o olfato e o paladar. Coisa que o chef executivo Ludwig Strobel entende bem. “Sal muda muito, pimenta muda, café muda. Se você colocar muito vinagre em um vinagrete que você faz, lá em cima vai ser extremo, vai ser muito forte”, conta.
Por isso os chefes de cozinha montam os cardápios especiais para as companhias aéreas - com tudo sendo levado em conta. Mas dá pra servir muita coisa: um mix de alface, camarão cozido e filé de surubim com limão, por exemplo. É a entradinha oferecida no almoço a um passageiro da classe executiva.
“Nós servimos feijoada, enfim temos alguns produtos interessantes, mas eu diria que uma batata frita não funcionaria muito bem”, afirma o diretor comercial Rodrigo Fernandes.
E chocolate? Pode? Isso dá pra servir sim! Ainda que não seja igual a comer brigadeiro recém-saído da panela.
As refeições são apenas para voos internacionais. Nos voos domésticos, as companhias continuam distribuindo biscoitos, amendoins, barrinhas de cereais, ou no máximo, um pequeno sanduíche.
O chefe que a equipe ouviu explicou que o tempero da comida servida nos aviões é mais suave do que costumamos usar em casa, porque o sabor fica mais acentuado na altitude. Ou seja, a comida de avião é mesmo um pouco, digamos assim, insossa. É por isso que junto vem sempre um saquinho de sal.
Fonte: Bom Dia Brasil (TV Globo) - Imagem: Reprodução de TV