sábado, 21 de janeiro de 2023

Mistério e surpresa: porta-aviões brasileiro estaria rumando para águas internacionais; Marinha não se pronuncia

Informações extraoficiais dão conta que o casco, impedido de atracar em todos os portos do Brasil, estaria se movendo em direção a aguas internacionais.


Se já era incerto o destino do ex-porta-aviões da Marinha (NAe São Paulo), impedido de atracar em todos os portos e estaleiros do Brasil, agora o caso ficou misterioso. Informações extraoficiais são de que a embarcação estaria se movendo em direção a águas internacionais sem nenhum aviso da Marinhas às empresas MSK Maritime Services & Trading e a SÖK, que eram responsáveis pelo casco, mas que decidiram renunciar a propriedade na semana passada.

As empresas disseram que desde a renúncia da propriedade em favor da União, não receberam nenhuma notificação da Marinha, e que a movimentação do ex-porta-avião para águas internacionais causa surpresa. A MSK e a SÖK estão tentando apurar o caso. Também não se sabe a quem pertence o rebocador que estaria levando o casco.

A renúncia de propriedade do ex-porta-aviões da Marinha fez com que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) reagisse chamando a medida de “ato de abandono definitivo” e em seguida entrando com uma ação na Justiça Federal, que acatou o pedido para que o casco não fosse abandonado. As empresas não usam o termo “abandonar” para não atrair ainda mais problemas, e dizem que a embarcação, apesar da renúncia, “estava segura”.

Em 2020, o ex-porta-aviões foi vendido à SÖK para desmanche e reciclagem em um estaleiro na Turquia. Em outubro deste ano, quando rumava ao destino, levado por um rebocador da holandesa MSK, um alerta do Greenpeace foi emitido devido ao fato do casco conter centenas de toneladas de amianto, material potencialmente cancerígeno, além de mercúrio. Daí, a embarcação teve que retornar ao Brasil.

A Marinha ordenou a atracação acontecesse no Porto de Suape, em Pernambuco, mas o Governo local buscou a justiça para isso não ocorresse, devido ao risco sanitário, ambiental e à própria operação portuária. O caso ganhou repercussão e nenhum porto quis receber o casco até que a situação pudesse ser resolvida. Começava, então, uma série de brigas judiciais e polêmicas até hoje sem fim envolvendo aquele que já foi o maior navio de guerra da Marinha do Brasil.

Embarcação sempre causou polêmica desde que chegou ao Brasil em 2000



O que era para ser o maior patrimônio das Forças Armadas brasileira, na verdade sempre foi um grande causador de prejuízos e polêmicas ao longo do tempo. O porta-aviões São Paulo pertencia à França, então foi comprado pelo Brasil no ano de 2000 por US$ 12 milhões durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

A embarcação serviria para modernizar e fortalecer as operações conjuntas da Marinha e Força Aérea Brasileira. Com 266 metros de cumprimento, uma boca de mais de 50 metros e capacidade de deslocar cerca de 30 mil toneladas, se tornou o maior navio de guerra do hemisfério sul.

Nos primeiros três anos da embarcação sob posse da Marinha, pelo menos 500 lançamentos de aeronaves e diversos outros exercícios militares foram realizados. Os capítulos sujos do navio começaram em maio de 2004, quando 3 tripulantes morreram após uma explosão no sistema de vapor.

Uma grande reforma foi feira após esse fato. Todos os sistemas de circulação de água, vapor e combustível foram substituídos, além de atualizações no sistema elétrico e modernização no sistema de propulsão, entre outras melhorias nos sistemas de defesa.

Em 2012, ainda sem voltar a operar, um incêndio elétrico resultou na morte de um tripulante e deixou outros mais gravemente feridos, mesmo com as reformas. O navio, então, voltou ao estaleiro para novas reformas. Em 2015, com a embarcação ainda fora de operação, o Governo Federal anunciou outra grande obra de modernização.

O objetivo era estender a vida útil do São Paulo até, pelo menos, 2039, podendo receber novas aeronaves recentemente adquiridas. Mas o governo desistiu da ideia devido ao custo estimado: R$ 1 bilhão. Os gastos já acumulavam US$ 150 milhões, e hoje o que era para ser o maior patrimônio da Defesa brasileira, virou uma grande sucata, sem rumo e que ainda causa muitas polêmicas.

Via Junior Aguiar (CPG) - Imagens: Reprodução

Nenhum comentário: