Oficial da Aeronáutica irá acompanhar retirada de peças do mar, em Brasília
Responsável por participar da investigação do acidente com o voo 447 da Air France, ocorrido na noite de 31 de maio de 2009, o coronel da Aeronáutica Luís Cláudio Lupoli afirmou nesta terça-feira (19) que o governo da França autorizou o resgate dos corpos das vítimas que ainda permanecem junto aos destroços localizados em alto-mar. Inicialmente, um navio partiria nos próximos dias apenas com a missão de procurar a caixa-preta do avião.
“Antes da conclusão das buscas, foram retirados do mar 50 corpos. O governo francês autorizou, nesse busca de investigação [pela caixa-preta], a tentativa de resgate dos corpos que estão no fundo do mar. [A autorização do Estado francês] É uma boa notícia, principalmente do ponto de vista humano”, afirmou o oficial da Aeronáutica.
Segundo o coronel da Aeronáutica que participará da missão, o navio de resgate partirá do Senegal no dia 22 de abril e deve levar três dias apenas para chegar ao local do resgate. As buscas ocorrem em uma área no fundo do mar localizada a cerca de 1,1 mil quilômetros de Recife (PE), na costa brasileira.
Lupoli integra o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e foi destacado pelo órgão brasileiro para acompanhar o trabalho do Le Bureau d'Enquêtes et d'Analyses (BEA), departamento francês que coordena a apuração dos desdobramentos da tragédia que provocou a morte de 228 vítimas há cerca de dois anos.
A autorização do governo francês para o resgate dos corpos foi comunicada ao Cenipa pelo BEA na manhã desta terça, mas segundo o coronel, a notícia ainda deve ser oficializada pela França.
Ainda na manhã desta terça, o coronel da Aeronáutica deixou Brasília rumo à França para participar de uma missão em alto-mar. Um navio francês deverá sair da Europa para o local do acidente ainda nesta semana com o objetivo de encontrar a caixa-preta da aeronave, que está a mais de 4 mil metros de profundidade, e tentar içar os corpos das vítimas.
Lupoli ainda apresentou detalhes das buscas pelos destroços realizadas desde a confirmação do acidente e adiantou os procedimentos que serão adotados na operação que será deflagrada nos próximos dias. No acidente ocorrido em 2009, segundo o coronel da Aeronáutica, morreram passageiros de 32 nacionalidades.
O coronel da Aeronáutica afirma que as investigações não conseguiram precisar quantos corpos estão na área de resgate. Lupoli afirmou ainda que o governo francês "fará o ncessário" para tentar resgatar os corpos, mas não comentou as dificuldades técnicas envolvidas na busca dos corpos.
Além de Lupoli, também o chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Carlos Alberto da Conceição, fez uma apresentação sobre o papel do Brasil nos trabalhos de investigação do acidente. Segundo Conceição, o Cenipa trabalha na prevenção de acidentes e não tem a missão de identificar possíveis responsáveis pelas causas da tragédia. “O trabalho é todo de prevenção e de investigação das causas do acidente”, afirmou.
Os corpos foram identificados a partir de fotografias registradas por um robô controlado por controle remoto que fez buscas no fundo do mar. Apenas pelas imagens, o oficial da Aeronáutica disse que não é possível definir o estado de decomposição dos corpos. “Mas a nossa posição é de otimismo [em relação ao resgate dos corpos]”, analisou Lupoli.
o coronel do Cenipa também disse que não está definido o procedimento que será adotado em caso de resgate dos corpos.
Corpos não eram prioridade
Na semana passada, o diretor-executivo da associação dos parentes das vítimas no Brasil, Maarten Van Sluys disse que teria recebido informações do BEA segundo as quais o resgate dos corpos das vítimas não seria prioridade do órgão francês que coordena as buscas.
De acordo com Sluys, o escritório realiza reuniões diárias para planejar a fase cinco de resgate do avião, que deve começar no fim de abril. Ele informou que a prioridade seria a retirada dos destroços e da caixa preta. “Segundo eles, depois de estudos feitos por peritos houve entendimento de que os corpos poderiam não resistir ao içamento no mar”, disse ele, completando que algum corpo pode acabar sendo içado eventualmente junto com destroços.
Fonte: Robson Bonin (G1) - Arte: Airl