Segundo a mesma fonte, por volta das 15:00, os ocupantes da aeronave contataram a Base Aérea de Sintra a dar o alerta.
"Estavam a encaminhar-se para o Aeródromo da Tojeira mas já não conseguiram. Tentaram aterrissar na praia da Aguda", disse a fonte, adiantando que o problema deverá ter sido uma falha no motor.
O ferido grave foi transportado de helicóptero para o hospital Santa Maria. Dezenas de populares estiveram no local, uma praia de acesso interdito, e alguns disseram à agência Lusa que o helicóptero do INEM demorou uma hora e meia a chegar.
Segundo o comandante dos bombeiros de Colares, Luís Recto, o difícil acesso à praia dificultou os trabalhos de socorro aos dois tripulantes, com idades entre os 25 e os 30 anos, que terão partido do aeródromo de Tires, em cascais.
"Esta praia dificulta muito os bombeiros porque o acesso é feito por uma escada danificada e por um caminho íngreme. Todo o acesso à praia é muito difícil, não tem acessos para fazer uma evacuação mais rápida e mais eficaz", disse, adiantando que os bombeiros demoraram entre cinco a dez minutos a chegar ao local.
Luís Marçano, um pescador que se encontrava na Praia da Aguda na altura em que a avioneta se despenhou, disse à agência Lusa que viu a aeronave a aproximar-se do areal e, após não ter conseguido aterrar, «foi parar ao mar onde capotou».
"Fui a correr direito à avioneta e comecei a puxar por ela. Fomos puxando até que, com o auxílio dos bombeiros, que vieram rápido, conseguimos tirar o primeiro, que estava entalado com o cinto, e depois saiu o segundo que vai ser o que se vai safar", disse.
Ultraleve que caiu em Sintra tinha três anos, único sobrevivente está livre de perigo
O único sobrevivente da aeronave que caiu anteontem na praia da Aguda, no litoral de Sintra, encontrava-se ontem hospitalizado, mas "fora de perigo", segundo adiantou o capitão Cerqueira Martins, assessor do Aero Club de Portugal.
A centenária instituição aeronáutica confirmou, em comunicado, "o falecimento de um dos seus sócios-pilotos" e que outro se encontra ainda internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A meio da tarde o porta-voz do Aero Club dava conta da evolução favorável da situação clínica de Diogo Cantinho, de 20 anos, solteiro e natural de Lisboa.
O jovem tripulante, tido como "o melhor aluno do seu ano no curso" de piloto particular de avião, sofreu múltiplos traumatismos em consequência de uma tentativa de aterragem, no areal da Aguda, com a aeronave ultraligeira motorizada Tecnam P-96 Golf. É também instrutor de ultraleve. O outro ocupante, Tiago Centieiro, de 22 anos, também possuía licença de piloto particular de avião. Porém, foram em vão os esforços da equipa do INEM para o reanimar, depois de ter sido retirado do aparelho que capotou junto da zona de rebentação de ondas.
"Eles ficaram, de facto, submersos" até serem socorridos, revelou o porta-voz do clube aeronáutico. Por esse motivo, a autópsia deverá responder à dúvida se morreu por traumatismos ou por afogamento. O sinistro está a ser investigado pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves. Uma fonte avançou ao PÚBLICO que o piloto do aparelho comunicou ao centro de controlo "que tinha uma falha no motor e que ia tentar aterrar numa pista na Tojeira". Porém, optou pela estreita língua de areia que liga as praias do Magoito e da Aguda.
Cerqueira Martins escusou-se a comentar hipóteses para o acidente, salientando que "o trem de aterragem não estava danificado". O ultraleve CS-UOO era praticamente "novo", uma vez que foi comprado há três anos, e era usado como aeronave de instrução na base do clube no Aeródromo Municipal de Cascais. Anteontem, quando levantou de Tires, pelas 15h, destinava-se apenas a um "voo de lazer" e nada previa que meia hora depois terminasse virado na Aguda.
Nos últimos três anos, os sócios do clube voaram mais de 6500 horas. O último acidente fatal ocorreu há duas décadas, no Portinho da Arrábida, quando um piloto caiu no mar após manobras para "impressionar" a acompanhante.
Fontes: SOL com Agência Lusa / Público.pt