Prisão de funcionário da Lion Air sob suspeita de posse de metanfetamina levanta debate sobre segurança da aviação do país
Nos últimos anos o setor aéreo da Indonésia enfrentou uma série de acidentes que chamou a atenção mundial para a falta de segurança na aviação do país. Agora eles têm um novo problema: o uso de drogas entre pilotos.
No sábado a polícia prendeu um piloto da maior companhia aérea privada do país, a Lion Air, sob suspeita de posse de metanfetamina, um psicoestimulante que aumenta a atenção e concentração e dá uma sensação de euforia.
Investigadores observam destroços de avião que caiu em Yogyakarta, na Indonésia (08/03/2007) |
Essa foi a quarta prisão de um funcionário da Lion Air em sete meses, levantando preocupações sobre a segurança do setor aéreo e das normas de segurança e pressionando o governo a aprovar leis mais rigorosas para regular as companhias aéreas.
A União Europeia baniu a maioria das companhias aéreas da Indonésia, incluindo a Lion Air, de voar para a Europa por causa de preocupações com suas normas de segurança.
A demanda da classe média, que está em crescimento na Indonésia, fez com que as companhias aéreas agregassem mais rotas de voos e adquirissem mais aeronaves.
O número de passageiros das companhias aéreas teve um aumento de 15 % no ano passado, chegando a 66 milhões, de acordo com o Ministério dos Transportes, que espera um aumento ainda maior este ano.
Para atender a demanda, a Lion Air assinou um contrato de US$ 21,7 milhões com a Boeing em novembro do ano passado para receber 230 jatos 737 de curta distância, a maior ordem comercial na história da fabricante de aviões.
Alguns oficiais de transporte da Indonésia dizem que a indústria está com falta de profissionais capacitados, fazendo com que os pilotos fiquem sob pressão ao trabalhar longas horas. A Indonésia tem 57 companhias aéreas, incluindo serviços de fretamento, e cerca de sete mil pilotos. "Isso não é suficiente", disse Bambang Ervan, porta-voz do Ministério dos Transportes.
Ertata Lananggalih, diretor da Lion Air, negou que seus pilotos não tenham tempo suficiente para descansar, explicando que a companhia aérea faz auditorias parciais bimestrais para garantir que esteja dentro das normas de saúde e segurança.
Ele disse que a companhia irá trabalhar com a Agência Nacional de Entorpecentes, conhecida como BNN, para monitorar regularmente as atividades dos pilotos. "Vamos conseguir prevenir de uma maneira mais eficiente o uso de drogas, começando no recrutamento e na formação dos profissionais", disse.
No ano passado, o Ministério dos Transportes revogou as licenças de voo de quatro pilotos da Lion Air que foram presos nos últimos sete meses, incluindo um que foi preso no último sábado. A polícia, depois de ter efetuado uma batida no início da manhã em um hotel em Surabaya, na província de Java, afirmou que o piloto, Syaiful Salam, 44, possuía 0,4 gramas de metanfetamina. Salam estava escalado para voar mais tarde naquele dia.
Benny Mamoto, o chefe da agência de narcóticos, disse que o uso de drogas faz parte de um estilo de vida de alguns pilotos que têm dinheiro para comprar drogas como a metanfetamina e ecstasy.
Os regulamentos de segurança da aviação civil da Indonésia exigem que todos os membros da equipe de voo, incluindo pilotos e comissários de bordo, se submetam a exames de saúde periódicos. Os pilotos também precisam realizar testes para detectar o uso de drogas e álcool antes de receber suas licenças de voo. Mas as operadoras não são obrigadas a efetuar testes de drogas e álcool surpresas, disse Ervan, o porta-voz do Ministério dos Transportes.
"O programa dos testes de drogas e álcool ainda não é obrigatório", disse ele, acrescentando que as autoridades da aviação civil da Indonésia haviam criado um novo regulamento, semelhante às regras existentes nos Estados Unidos e na Austrália, que exigiria que as companhias aéreas nacionais testassem os membros da tripulação regularmente. "Vamos colocar o novo regulamento em prática em breve", disse Ervan.
Enquanto isso, a Diretoria Geral da Aviação Civil irá continuar a realizar testes aleatórios. Na terça-feira passada, autoridades realizaram exames de urina em cerca de 100 membros da tripulação de voo presente no Aeroporto Internacional de Sukarno-Hatta, que atende Jacarta. A urina de um co-piloto deu positivo para o uso de drogas. Ervan disse que o co-piloto será impedido de voar enquanto agentes de narcóticos realizam uma investigação.
Em setembro, a Associação Internacional do Transporte Aéreo, um grupo global da indústria das companhias aéreas, emitiu uma declaração que apoiava os esforços recentes feitos pela Indonésia para melhorar a segurança aérea.
Mas Garuda, a companhia aérea estatal, é a única da Indonésia que recebeu um certificado de segurança da associação.
Fonte: Sara Schonhardt (The New York Times) via iG - Foto: Getty Images
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