terça-feira, 27 de abril de 2010

Avião do Corpo de Bombeiros cai em Resende (RJ) e mata dois

Avião caiu em bairro residencial de Resende, após desviar de prédio.

Piloto e tenente do Corpo de Bombeiros morreram.



O major do Grupamento Aéreo do Corpo de Bombeiros, Jasper Sanderson, e o aspirante a oficial do 23º Grupamento do Corpo de Bombeiros, Luís Guilherme Neto, de 27 anos, morreram carbonizados na tarde desta terça-feira (27), quando o monomotor Air Tractor AT-802, prefixo PR-EBM, do Corpo de Bombeiros em que eles estavam apresentou uma pane dois minutos depois de decolar do Aeroporto de Resende, sobrevoando o bairro vizinho Santa Isabel. A aeronave caiu no meio da Rua José Estevam da Motta, em frente ao Condomínio Residencial Ricardo Tomás. No local há três blocos de apartamentos de cinco andares, com quatro apartamentos por andar; ou seja; cerca de 60 famílias. No momento em que o avião caiu as labaredas atingiram a altura dos cinco andares do bloco em frente. Os moradores tiveram que ser retirados do local porque ainda havia perigo de explosões.

De acordo com informações dos bombeiros o objetivo do voo era reconhecer as áreas de matas da região, e posteriormente realizar treinamentos com a corporação para casos de incêndios em florestas.

Segundo o major Mauro Júnior, Luis Guilherme era aspirante recém-formado e estava servindo em Resende desde dezembro do ano passado.

- O major do Grupamento Aéreo do Corpo de Bombeiros, Jasper Sanderson, veio do Rio de Janeiro para fazer um reconhecimento da área. Mais tarde ia ser feita uma instrução para os bombeiros do 23º Grupamento. Os voos começaram por volta de 15h, o acidente ocorreu às 16h - explicou Mauro Júnior.

De acordo com o sargento Castro, o acidente ocorreu durante a segunda viagem do monomotor em Resende. Minutos antes o major fez um voo de reconhecimento com o comandante tenente-coronel Ernani da Mota Leal, sem que o avião apresentasse qualquer problema.

- Este avião estava zerado, era novo. O objetivo do voo era fazer um reconhecimento da área. O avião tem capacidade para carregar até 3.100 litros d´água e serve para apagar incêndios em florestas. Eu moro aqui no bairro e falei com a minha esposa pelo celular que ia decolar, para ela olhar pela janela, o aspirante fez fotos de mim junto ao avião. Fez no celular, mas não sei...na hora de subir, quando coloquei o pé no avião falei para o aspirante vai lá você. Ele estava ansioso para voar, então eu disse vai lá...eu vou depois. Dois minutos depois o avião estava caído, no meio da rua.

Minha esposa saiu desesperada para ver, pensando que eu estava no acidente. Não sei o que aconteceu, foi tudo muito rápido. Só sei que nasci de novo - disse, ainda muito abalado o sargento que é bombeiro militar há 21 anos e serve em Resende há 16, casado e pai de um casal de adolescentes.

Sem problemas

O coordenador da Defesa Civil de Resende, coronel Marco Resende, foi para o local imediatamente e fez uma vistoria no prédio. Segundo ele, a estrutura do prédio não sofreu nenhum abalo e não há risco para os moradores. O secretário de Ordem Pública de Resende, José Antônio dos Santos, o Ed Murphy, também esteve no local e acompanhou a ação do Corpo de Bombeiros e peritos da 89ª DP (Resende) durante toda a tarde.

Os peritos da 89ª DP não puderam realizar a retirada dos corpos do local. Agora à noite o local está sendo resguardado por policiais do 37º Batalhão da Polícia Militar e está sendo aguardada a chegada de técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica (Cenipa), para que seja feita a perícia, só então os corpos serão retirados do local, assim como os destroços do monomotor.

Moradores relatam desespero na hora do acidente

* "São três blocos e o bloco três foi o mais atingido. Ouvi uma grande explosão e quando olhei vi labaredas de fogo. Deu muito corre-corre, as pessoas estavam em pânico. Tentei acalmar as pessoas e fechei o gás dos blocos 1 e 2, que é canalizado, para evitar uma tragédia maior. O bloco 3 não tem gás canalizado. Havia muito pânico, gritaria e pessoas desesperadas. Abri o portão para as pessoas saírem, fiquei tentando ajudar", disse Ronaldo da Silva Bento, 41, porteiro do Edifício Ricardo Tomaz, onde caiu o avião.

* "Estava no escritório, um cômodo distante de onde caiu o avião e essa foi a sorte. Minha filha estava na aula de inglês e o quarto dela foi o mais atingido. Achei que tinha jogado uma bomba na rua, nunca que um avião tinha caído. Saí e comecei a chamar pessoas dos outros apartamentos para descermos antes de tudo pegar fogo. A viatura do Corpo de Bombeiros teve dificuldade de chegar à rua, porque ela é muito estreita e havia muitos carros. O pânico era tão grande que os próprios moradores empuraram os carros com as mãos para a viatura passar. Os três blocos - cerca de 300 pessoas - corriam e gritavam de pavor", disse Andreza Heringer Tavares, 48, arquiteta.

* "Fiquei sabendo na rua e vim para o local imediatamente para saber notícias da minha filha. Liguei para minha ex-esposa também para saber o que estava acontecendo. Fui um dos primeiros a chegar. Havia muito fogo, fumaça, pânico. Os corpos ainda estavam em chamas, pessoas estavam correndo desesperadas, uma das piores cenas da minha vida. Me chamou muita atenção a posição que o avião caiu. Tive a impressão q o piloto percebeu que não teria salvação e para não atingir os prédios caiu bem no meio da rua. O piloto teve sensibilidade na atitude para não causar um desastre maior", disse Edson Nogueira, advogado.


Fonte e fotos: Lucia Pires (com Elisandra Bezerra - Diário do Vale) - Vídeo: G1 e TV Rio Sul

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