Eli M. Rosenbaum caça nazistas há 30 anos e é diretor do Serviço de Investigações Especiais do Departamento da Justiça
Há 30 anos Eli Rosenbaum vem perseguindo criminosos de guerra nazistas. Os últimos deles podem estar morrendo, mas ainda assim ele não desiste de sua missão.
"Ainda há tempo para levar algumas dessas pessoas à justiça, e não devemos desistir de fazê-lo", declarou Rosenbaum, diretor do Serviço de Investigações Especiais do Departamento da Justiça. Ele começou sua carreira profissional na organização em 1979, o ano em que ela foi criada, como estagiário em um período de férias universitárias, e se tornou seu diretor em 1995.
Ainda que no passado a missão da agência fosse perseguir apenas criminosos de guerras nazistas e dos países aliados da Alemanha, uma lei aprovada em 2004 expandiu suas tarefas para abarcar modernos criminosos de guerra em lugares como Bósnia e Ruanda. O trabalho do serviço é detectar suspeitos de crimes de guerra que estejam vivendo nos Estados Unidos, processá-los nos termos das leis de imigração - para revogar as cidadanias daqueles que se tenham naturalizado norte-americanos - e deportá-los, de preferência a países nos quais possam ser julgados pelos crimes de que são suspeitos.
Rosenbaum afirma que, no momento, existem cerca de 30 pessoas nos Estados Unidos que podem ter um passado nazista e estão sob investigação, bem como 80 outros possíveis criminosos de guerra em conflitos mais recentes.
Cerca de metade dos esforços recentes de processo do serviço envolveram suspeitos nazistas, entre os quais John Demjanjuk, acusado de atrocidades quando era guarda de um campo de concentração na Polônia. Demjanjuk foi deportado para a Alemanha em maio.
"Teremos de trabalhar mais alguns anos", afirmou Rosenbaum sobre a caçada aos nazistas remanescentes. "Não creio que esse departamento venha a declarar em breve que o nosso trabalho acabou, os casos estão todos concluídos".
Mas a redução inevitável no número de suspeitos de nazismo resultou em mudanças no Serviço de Investigações Especiais. Entre outras coisas, os historiadores da casa, que no passado pesquisavam apenas a Segunda Guerra Mundial, agora se tornaram especialistas em crimes de guerra modernos.
O rabino Marvin Hier, fundador do Centro Simon Wiesenthal, elogiou a expansão das funções do serviço, afirmando que era essencial que criminosos de guerra fossem perseguidos o mais rápido possível.
"Creio que seja muito importante, porque todos sabemos que o mal não se esgotou com o Holocausto nazista", afirma Hier. "A maior tragédia é que o serviço não tenha sido criado em 1945, e sim apenas mais de três décadas posteriormente".
A investigação de crimes de guerra modernos requereu uma nova abordagem. Enquanto os casos da Segunda Guerra Mundial se baseiam em documentos recolhidos pelos historiadores do serviço, os casos modernos se baseiam em depoimentos de testemunhas.
E Rosenbaum os considera especialmente comoventes. "Fui apresentado a muitas pessoas que realizaram coisas heróicas na Segunda Guerra Mundial", diz. "Mas jamais havia tido a experiência de conversar com pessoas estavam fazendo coisas heróicas, arriscando suas vidas, no momento mesmo em que nos reuníamos - pessoas que estavam correndo risco simplesmente porque decidiram conversar conosco".
Rosenbaum recentemente se encontrou com Gladys Monterroso, mulher de Sergio Morales, o ombudsman dos direitos humanos na Guatemala. Monterroso foi torturada durante um breve sequestro, em março, um dia depois que seu marido divulgou um relatório sobre abusos contra os direitos humanos acontecidos durante os 35 anos de guerra civil na Guatemala, encerrados em 1996.
"É uma dessas reuniões que mudam para sempre as pessoas que têm a oportunidade de participar", disse Rosenbaum. "Era possível ver as marcas de queimaduras com cigarros em seus braços e pernas, as marcas das cordas com que seus braços e tornozelos foram amarrados. Não tivemos experiências como essas em nossos casos da Segunda Guerra Mundial".
A despeito de dezenas de investigações, o serviço só promoveu alguns processos nos últimos anos. Mas Rosenbaum considera que a importância do trabalho que realiza é demonstrar que o governo norte-americano está investigando suspeitos de crimes de guerra mesmo que esses inquéritos não resultem em condenações.
"Acredito que isso tenha um valor especial", diz, "ao demonstrar aos possíveis praticantes de crime de guerra que, se ousarem perpetrá-los, existe a chance de que sejam perseguidos pelo resto da vida, mesmo que se refugiem em lugares milhares de quilômetros distantes dos cenários de seus crimes".
Fonte: Andrea Fuller (The New York Times) via Terra - Tradução: Paulo Migliacci - Foto: The New York Times
"Ainda há tempo para levar algumas dessas pessoas à justiça, e não devemos desistir de fazê-lo", declarou Rosenbaum, diretor do Serviço de Investigações Especiais do Departamento da Justiça. Ele começou sua carreira profissional na organização em 1979, o ano em que ela foi criada, como estagiário em um período de férias universitárias, e se tornou seu diretor em 1995.
Ainda que no passado a missão da agência fosse perseguir apenas criminosos de guerras nazistas e dos países aliados da Alemanha, uma lei aprovada em 2004 expandiu suas tarefas para abarcar modernos criminosos de guerra em lugares como Bósnia e Ruanda. O trabalho do serviço é detectar suspeitos de crimes de guerra que estejam vivendo nos Estados Unidos, processá-los nos termos das leis de imigração - para revogar as cidadanias daqueles que se tenham naturalizado norte-americanos - e deportá-los, de preferência a países nos quais possam ser julgados pelos crimes de que são suspeitos.
Rosenbaum afirma que, no momento, existem cerca de 30 pessoas nos Estados Unidos que podem ter um passado nazista e estão sob investigação, bem como 80 outros possíveis criminosos de guerra em conflitos mais recentes.
Cerca de metade dos esforços recentes de processo do serviço envolveram suspeitos nazistas, entre os quais John Demjanjuk, acusado de atrocidades quando era guarda de um campo de concentração na Polônia. Demjanjuk foi deportado para a Alemanha em maio.
"Teremos de trabalhar mais alguns anos", afirmou Rosenbaum sobre a caçada aos nazistas remanescentes. "Não creio que esse departamento venha a declarar em breve que o nosso trabalho acabou, os casos estão todos concluídos".
Mas a redução inevitável no número de suspeitos de nazismo resultou em mudanças no Serviço de Investigações Especiais. Entre outras coisas, os historiadores da casa, que no passado pesquisavam apenas a Segunda Guerra Mundial, agora se tornaram especialistas em crimes de guerra modernos.
O rabino Marvin Hier, fundador do Centro Simon Wiesenthal, elogiou a expansão das funções do serviço, afirmando que era essencial que criminosos de guerra fossem perseguidos o mais rápido possível.
"Creio que seja muito importante, porque todos sabemos que o mal não se esgotou com o Holocausto nazista", afirma Hier. "A maior tragédia é que o serviço não tenha sido criado em 1945, e sim apenas mais de três décadas posteriormente".
A investigação de crimes de guerra modernos requereu uma nova abordagem. Enquanto os casos da Segunda Guerra Mundial se baseiam em documentos recolhidos pelos historiadores do serviço, os casos modernos se baseiam em depoimentos de testemunhas.
E Rosenbaum os considera especialmente comoventes. "Fui apresentado a muitas pessoas que realizaram coisas heróicas na Segunda Guerra Mundial", diz. "Mas jamais havia tido a experiência de conversar com pessoas estavam fazendo coisas heróicas, arriscando suas vidas, no momento mesmo em que nos reuníamos - pessoas que estavam correndo risco simplesmente porque decidiram conversar conosco".
Rosenbaum recentemente se encontrou com Gladys Monterroso, mulher de Sergio Morales, o ombudsman dos direitos humanos na Guatemala. Monterroso foi torturada durante um breve sequestro, em março, um dia depois que seu marido divulgou um relatório sobre abusos contra os direitos humanos acontecidos durante os 35 anos de guerra civil na Guatemala, encerrados em 1996.
"É uma dessas reuniões que mudam para sempre as pessoas que têm a oportunidade de participar", disse Rosenbaum. "Era possível ver as marcas de queimaduras com cigarros em seus braços e pernas, as marcas das cordas com que seus braços e tornozelos foram amarrados. Não tivemos experiências como essas em nossos casos da Segunda Guerra Mundial".
A despeito de dezenas de investigações, o serviço só promoveu alguns processos nos últimos anos. Mas Rosenbaum considera que a importância do trabalho que realiza é demonstrar que o governo norte-americano está investigando suspeitos de crimes de guerra mesmo que esses inquéritos não resultem em condenações.
"Acredito que isso tenha um valor especial", diz, "ao demonstrar aos possíveis praticantes de crime de guerra que, se ousarem perpetrá-los, existe a chance de que sejam perseguidos pelo resto da vida, mesmo que se refugiem em lugares milhares de quilômetros distantes dos cenários de seus crimes".
Fonte: Andrea Fuller (The New York Times) via Terra - Tradução: Paulo Migliacci - Foto: The New York Times
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