Alguns foram poupados em quedas de avião e, em sua maioria, são crianças e adolescentes ou membros da tripulação.
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Imagem de TV mostra único sobrevivente de avião que caiu em aeroporto em Trípoli, Líbia, recebendo cuidados médicos |
Em 12 de maio deste ano, uma imagem correu o mundo. Ela mostrava um menino em uma cama de hospital, atado a aparelhos para respirar, com hematomas e um grande curativo na cabeça. Ele não era um ferido comum.
O holandês Ruben van Assouw, de 9 anos, era o único sobrevivente do voo 771 da Afriqiyah Airways, que deixou 103 mortos ao cair durante o pouso no Aeroporto Internacional de Trípoli, na Líbia.
As equipes de resgate encontraram Ruben – que perdeu o pai, a mãe e o irmão de 11 anos na tragédia – ainda preso em seu assento e respirando em meio aos destroços do avião, que havia partido de Johanesburgo, na África da Sul.
Como consequência da queda, Ruben foi submetido a quatro horas e meia de cirurgia por múltiplas fraturas nas pernas.
O caso de Ruben, que foi considerada um milagre pela imprensa internacional, não é o único na história da aviação. Antes dele, o mais recente a ganhar as manchetes foi o da adolescente francesa Bahia Bakari, a única sobrevivente do voo 626 da Yemenia, que deixou 152 mortos ao se chocar com as águas do Oceano Índico perto de Comores, em 30 de junho de 2009.
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Bahia Bakari, de 14 anos, foi a única sobrevivente de um acidente que matou 152 pessoas |
Bahia, que estava com 13 anos e mal sabia nadar, segurou-se por mais de 12 horas nos destroços que flutuavam na água antes de ser avistada por equipes de resgate. A adolescente, que perdeu a mãe, impressionou os médicos por ter sobrevivido com apenas alguns cortes, arranhões e uma clavícula quebrada.
Neste ano, a jovem francesa lançou o livro de memórias “Moi Bahia, la Miraculée” (“Eu, Bahia, a Garota Milagrosa”) relatando sua história.
De acordo com a base de dados do site “Rede de Segurança da Aviação”, mantido pela ONG americana Fundação de Segurança Aérea, o acidente de Bahia foi o mais mortífero a acontecer no mar deixando um único sobrevivente. Ela também estava no segundo pior acidente do mundo com um único sobrevivente. Por causa desses recordes, sua sobrevivência é descrita como uma das mais impressionantes na história da aviação.
Antes de Ruben e Bahia, havia apenas 11 casos de sobreviventes únicos em acidentes na aviação comercial desde 1970, em aviões com pelo menos 50 passageiros, segundo o site Airsafe.com, que tem um banco de dados sobre incidentes da aviação. Com exceção de dois, todos os sobreviventes eram membros da tripulação ou crianças e adolescentes. Veja abaixo essas histórias.
JUAN LOO, copiloto
- 09 de agosto de 1970: Copiloto Juan Loo, de 26 anos, foi encontrado com sérias queimaduras em meio a destroços de avião do voo 502, da Lansa, que caiu logo após decolar de Cuzco em direção a Lima, ambos no Peru. Acidente, que matou todos os oito tripulantes, 91 dos 92 passageiros e duas pessoas em terra, aconteceu quando piloto tentou retornar ao aeroporto depois que um dos motores perdeu a força.
JULIANE KÖPCKE, 17 anos
- 24 de dezembro de 1971: Cerca de 40 minutos após decolar de Lima com destino a Pucallpa, também no Peru, o voo 508 da Lansa enfrentou forte turbulência ao entrar em tempestade de raios e trovões a 6,4 mil metros de altitude. Cerca de 20 minutos depois, um raio atingiu o avião e causou um incêndio na asa direita. Pilotos tentaram estabilizar a aeronave, mas o fogo e a turbulência desprenderam a asa direita e parte da asa esquerda do avião, que se partiu e caiu em uma região montanhosa da Amazônia peruana. A alemã Juliane Köpcke, de 17 anos, foi a única a sobreviver entre os 92 passageiros. Também morreram todos os seis tripulantes. Juliane, que viajava com a mãe, disse que caiu de uma altitude de 3 mil metros presa em uma fileira de assentos. Segundo a BBC, acredita-se que os fortes ventos que sopravam de baixo para cima suavizaram a queda, fazendo-a descer em espiral e não em queda livre. Com uma clavícula quebrada, várias lacerações e concussões, Juliane vagou dez dias na floresta antes de ser resgatada.
GEORGE LAMSON JR., 17 anos
- 21 de janeiro de 1985: O avião do voo 203 da Galaxy Airlines caiu logo após decolar de Reno em direção a Minneapolis, ambas nos EUA, matando todos os seis tripulantes. Inicialmente, 3 dos 65 passageiros sobreviveram, mas dois morreram um mês depois pelas queimaduras e ferimentos na cabeça. George Lamson, de 17 anos, foi exceção por estar preso a um assento que foi arrancado da fuselagem pelo impacto e lançado para o meio de uma estrada. Ao cair, o adolescente desafivelou o cinto e correu em direção a um campo, conseguindo se proteger da subsequente explosão da aeronave.
NEUBA TESSOH, professor
- 04 de janeiro de 1987: Avião do voo 707 da Varig caiu a 18 quilômetros de aeroporto em Abidjan, na Costa do Marfim, após decolar em direção ao Rio de Janeiro. Todos os 12 tripulantes e 38 dos 39 passageiros morreram. Pelo menos 2 dos 39 passageiros foram retirados com vida dos destroços, mas apenas o professor universitário Neuba Tessoh, da Costa do Marfim, conseguiu sobreviver aos ferimentos.
CECELIA CICHAN, 4 anos
- 16 de agosto de 1987: Pouco depois de decolar em Detroit para Phoenix, ambas nos EUA, o voo 255 da Northwest Airlines atingiu vários postes de luz e o teto de um prédio antes de cair no bairro de Romulusa. O acidente – que matou todos os seis tripulantes, 148 dos 149 passageiros e duas pessoas em terra – aconteceu porque a aeronave não atingiu velocidade suficiente após decolar por erros cometidos pelos pilotos. Cecelia Cichan, de 4 anos, sobreviveu com várias queimaduras, mas perdeu sua mãe, pai e um irmão de seis anos. Segundo reportagem da BBC de maio deste ano, ela recebeu milhares de cartões e presentes após sua história ficar conhecida mundialmente. Cecelia, que foi criada por tios que evitaram sua exposição, nunca falou publicamente sobre o acidente. Há informações de que ela tem poucas lembranças do evento, mas uma mensagem que lhe foi atribuída em um memorial em homenagem às vítimas diz: “Nunca passei um dia sem pensar nas pessoas do voo 255.”
ERIKA DELGADO, 9 anos
- 11 de janeiro de 1995: O avião do voo 256 da Intercontinental de Aviación teve uma explosão no ar. Aparentemente, o piloto tentou um pouso de emergência num pântano, mas atingiu um campo gramado e caiu em uma lagoa a 60 quilômetros do aeroporto de Bogotá, na Colômbia. Morreram todos os cinco tripulantes e 46 dos 47 passageiros do voo, cujo destino era Cartagena. A única sobrevivente foi Erika Delgado, de 9 anos, que perdeu seus pais e o irmão mais novo na tragédia. Na época, as equipes de resgate relataram que a menina contou que sua mãe a jogou para fora do avião quando ele se partiu e pegou fogo. Erika escapou apenas com um braço quebrado, após sua queda ter sido amortecida por um amontoado de algas marinhas. Erika foi encontrada por um fazendeiro, que a achou após ouvir gritos de ajuda. A menina se tornou uma celebridade nacional, ganhando o apelido de “Pequena Princesa do Milagre”.
MENINO, 1 ano
- 07 de setembro de 1997: Vindo da cidade vietnamita de Ho Chi Minh, o voo 815 da Vietnam Airlines caiu a apenas 800 metros da pista de aeroporto em Phnom Penh, no Camboja, aparentemente pela forte chuva. Todos os seis tripulantes e 59 dos 60 passageiros morreram. O único sobrevivente foi um menino de 1 ano.
MEMBRO DA TRIPULAÇÃO
- 15 de dezembro de 1997: Vindo de Khodzhent, no Tajiquistão, o voo 3183 da Tajikistan Airlines se aproximava de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, quando caiu em um rio a cerca de 13 quilômetros do aeroporto. Oito dos nove tripulantes e todos os 77 passageiros morreram.
YOUCEF DJILLALI, 28 anos
- 06 de março de 2003: Voo 6289 da Air Algérie caiu logo após decolar de Tamanrasset para Ghardaia, ambas na Argélia. Relata-se que um dos motores pegou fogo após a decolagem. Cinco dos seis tripulantes e todos os 97 passageiros morreram.
MOHAMMED EL-FATEH, 3 anos
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Mohammed el-Fateh Osman, de 3 anos, sobreviveu à queda de um avião no Sudão |
08 de julho de 2003: O avião do voo 139 da Sudan Airways caiu a cinco quilômetros do aeroporto pouco depois de decolar de Porto do Sudão para Cartum. Todos os 11 tripulantes e 105 dos 106 passageiros morreram.
O único sobrevivente foi o sudanês Mohammed el-Fateh Osman, de 3 anos, que foi apelidado pelo ministro de Aviação como um “milagre ditado por Deus”. Há informações de que o garoto, que sofreu queimaduras no acidente e perdeu parte da perna esquerda, foi encontrado por um nômade em uma árvore caída.
JAMES POLEHINKE, copiloto
- 27 de agosto de 2006: O voo 5191 da Delta Connection, que partiu de Lexington para Atlanta, nos EUA, caiu a 800 metros do fim da pista após a decolagem. Dois dos três membros da tripulação e todos os 47 passageiros morreram. O único sobrevivente foi o copiloto James Polehinke.
Edição de texto e imagens por Jorge Tadeu - Com informações iG - Fotos: Reuters / AP