A ação de marketing, destinada a crianças de 4 a 11 anos, contém mensagens institucionais da empresa e espaços em que é possível simulações de vôo e da operação de instrumentos da cabine. O parquinho tem piscina de bolinhas, escorregador, túnel e cama elástica.
- É uma baita falta de respeito. Ao ver aquilo, tive vontade de dizer que a TAM teve o maior acidente da história do país, que matou 199, inclusive o meu pai - afirma a estudante Bianca Baruffaldi, de 21 anos.
- Minha filha ia gritar: 'assassino'. Eu a acalmei, mas senti ânsia de vômito. Não senti raiva nem ódio. Mas fiquei muito revoltada. - diz a pedagoga Iracema Baruffaldi, mãe de Bianca e viúva de Luiz Baruffaldi, morto na tragédia.
Em resposta ao playground, um familiar passeou na tarde desta quarta-feira pelo shopping com camiseta que faz referência ao acidente, em um protesto silencioso. Um grupo de pessoas faria o mesmo à noite.
No lançamento do playground, a TAM afirmou, em informativo oficial, que o objetivo do parquinho é "despertar nas crianças o desejo, o sonho e a paixão pela aviação".
- É uma insensibilidade. Fazem isso e, por outro lado, restringem a ida a São Paulo de familiares para os eventos - diz Dario Scott, presidente da Afavitam (Associação de Familiares de Vítimas da TAM).
Segundo ele, desde abril, a TAM se nega a pagar despesas de viagem de familiares que entraram na Justiça.
- A TAM devia investir mais para aliviar as dores de quem teve a vida afetada (pelo acidente). É importante para a gente participar de orações nessa hora - diz Archelau Xavier, vice-presidente da Afavitam.
Com o apoio da Prefeitura e do governo estadual, a associação organiza uma série de eventos em memória dos 199 mortos a partir da próxima quinta-feira, em São Paulo.
Ação vai durar até o fim de julho
A assessoria da TAM informou que a ação de marketing vai durar até o fim do mês, voltada para as férias escolares, conforme divulgado em boletim informativo no primeiro dia de julho. E apontou também os atendimentos às famílias das vítimas, atualizados mensalmente desde o acidente.
No último boletim, com data de 12 de junho, a TAM detalha o pagamento de 4.048 passagens emitidas a familiares e de R$ 12,3 milhões gastos com hospedagem, alimentação e reembolsos, entre outros itens.
No balanço, a empresa informa também que concedeu 622 planos de saúde por um período de dois anos, parte do acordo firmado com as famílias, e arcou com despesas de mais de 15 mil horas de atendimento psicológico. Em relação a indenizações, foram 75 acordos fechados e pagos, segundo a companhia.
O Shopping Pátio Higienópolis não se manifestou sobre a ação de marketing da TAM realizada dentro do centro comercial paulistano.
Fonte: Fábio Mazzitelli (Diário de S.Paulo)