Um dos expositores oferece vôos comerciais em aviões históricos
O recém-lançado Legacy 500 da Embraer deve custar 18,4 milhões de dólares
Detalhe interior do Legacy 500
O projeto do avião supersônico foi apresentado no salão pela Aerion Corporation
O preço do barril de petróleo bate recordes? Perigo de uma crise mundial? As vendas no mercado de jatos executivos estão melhores do que nunca. Com longas listas de espera, os fabricantes não dão conta de atender todos os pedidos.
No Salão Europeu da Aviação de Negócios em Genebra, a Embraer apresenta seus dois mais recentes modelos. Surpresa também é um jato supersônico para executivos e helicópteros decorados por costureiros de luxo.
A aviação de negócios não conhece crise. Apesar da frágil situação econômica mundial, com a forte elevação do preço do petróleo, que há pouco bateu a marca dos US$ 129 em Nova Iorque, e a fraqueza do dólar, as empresas estão mais do que sorridentes com os negócios que despontam.
Um dos grandes momentos é, seguramente, o Salão Europeu da Aviação de Negócios (EBACE, na sigla oficial) que, na terça-feira (20 de maio), abriu suas portas em oitava edição. O segundo maior salão do gênero no mundo depois do realizado nos Estados Unidos é um encontro reservado apenas aos profissionais do setor - só o ingresso individual chega a custar até 250 dólares para os interessados que não são membros da Associação Européia de Aviação de Negócios (EBAA).
No Palexpo, o centro de exposições localizado ao lado do aeroporto de Genebra, 450 expositores (340 em 2007) apresentam até 22 de maio para um público estimado em 14 mil pessoas aeronaves, tecnologia e todos os tipos de serviços relacionados ao setor. As principais atrações do evento estão estacionadas no pátio ao lado da principal pista de aterrissagem do aeroporto: aproximadamente 60 aviões, jatos executivos, aeroplanos e até helicópteros.
Depois dos recordes em 2007, quando 1.138 aviões executivos haviam sido entregues (contra 886 em 2006), 2008 começou bem. Analistas do setor calculam uma demanda atual de 13.150 em dez anos, o que representa um mercado de 201 bilhões de dólares.
O interesse na exclusividade dessas jóias da técnica aeronáutica é grande, sobretudo nos países da Europa do leste, mas também da Ásia - onde novos ricos na China e na Índia são os grandes compradores - do Oriente Médio e da América do Sul.
Novos aviões da Embraer
A Embraer, quarto maior fabricante de aviões do mundo, está presente na EBACE com um dos maiores estandes dos últimos sete anos de participação. Seus executivos não escondiam que os negócios vão de vento em popa.
Em 2008, ela planeja entregar 215 aeronaves. Para o ano seguinte, a situação é ainda melhor: 350 aparelhos. A carteira de encomenda da empresa somava 20,3 bilhões de dólares até o fim de março.
Além de vendas, a Embraer aproveitou a EBACE 2008 para lançar no mercado seus dois mais recentes modelos, o Legacy 450 e o Legacy 500. As duas aeronaves, que devem custar US$ 15,25 e US$ 18,4 milhões respectivamente, chegam para completar o portfólio da empresa na área de jatos executivos de pequeno e médio porte.
"São dois produtos que completam a nossa linha, pois havia uma diferença muito grande entre o Phenom 100 e o 300, que são jatos pequenos, e o Legacy 600, que é uma aeronave bem maior", explica Cláudio Galdo Camelier, diretor de estratégia para aviação executiva na Embraer, acrescentando também a importância de um fabricante, assim como na indústria automobilística, oferecer uma ampla gama de produtos. "Queremos garantir a fidelidade do cliente, que pode agora passar sem problemas de uma aeronave menor da Embraer para outro modelo da mesma linha oferecendo mais espaço".
Para o Legacy 450 e o Legacy 500, a Embraer já tem cem cartas de intenção de compra. Com a linha de produção a todo vapor em São José dos Campos, os aviões comprados em 2008 só poderão ser entregues entre 2012 e 2013. O aquecimento do mercado de aviões executivos se explica também por um fenômeno da globalização.
"Essa crise no mercado americano não está sendo vivida em outros mercados do mundo. A aviação executiva era vista como um bem de luxo há alguns anos. Só pessoas muito ricas utilizavam esses aviões. Hoje ela é percebida como uma ferramenta de produtividade, que permite o homem de negócios viajar agilmente de A para B, assinar um contrato e voltar para a sua empresa", avalia.
Avião supersônico
Um dos destaques do EBACE foi a compra por parte da Falcon, companhia aérea dos Emirados Árabes, do primeiro helicóptero decorado especialmente pelo grupo de alta-costura francesa Hermès, como anunciou durante a feira Eurocopter, o construtor do aparelho, um helicóptero leve EC 135 com capacidade para quatro aparelhos.
Outro destaque foi a apresentação do projeto de construção de um jato executivo supersônico pelo fabricante americano Aerion Corporation. O avião, cuja construção está prevista para 2010, permitirá transportar 12 pessoas a uma velocidade de 1,15 Mach sobre continentes e 1,6 Mach sobre oceanos, com uma autonomia de quatro mil milhas náuticas, conseguindo fazer, por exemplo, o trajeto entre Nova Iorque e Tóquio em nove horas e meia, incluindo parada de uma hora para reabastecimento. Porém o sonho tem um preço: 80 milhões de dólares a unidade.
Fonte: Swissinfo