Autoridades georgianas contradizem-se sobre suposto cerco à capital.
A Rússia disse nesta quarta-feira (13) que suas forças derrubaram dois avões espiões da Geórgia sobre Tskhinvali, capital da região separatista da Ossétia do Sul.
Um dos aviões não-tripulados foi abatido na noite de terça, e o outro na manhã desta quarta, segundo um porta-voz do ministério russo da Defesa.
"A despeito das afirmativas do lado georgiano de que eles encerraram todas as atividades militares, tropas russas derrubaram um segundo avião espião georgiano sobre Tskhinvali", disse o porta-voz.
Os confrontos entre tropas russas e georgianas e as movimentações militares continuaram nesta quarta-feira, a despeito de os dois países terem aceitado no dia anterior os termos de um cessar-fogo proposto pelo presidente da França e da União Européia, Nicolas Sarkozy. Ao mesmo tempo, os dois países seguem travando uma guerra de versões, com informações desencontradas sobre o movimento de tropas no território da Geórgia.
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, disse nesta quarta que as tropas russas estão tentando cercar a capital georgiana, Tbilisi. Um fotógrafo da France Presse viu tropas russas movimentando-se a 10 quilômetros da capital. O governo russo negou. Mais tarde, a subsecretária georgiana do Interior, Ekaterine Zguladze, também negou a informação.
Mais cedo, Saakashvili havia dito que que tanques russos abriram fogo contra moradores e prédios da cidade de Gori, apesar de Rússia e Geórgia terem concordado no dia anterior com um cessar-fogo proposto pela França.
Muitos jornalistas também comprovaram a presença de forças russas próximo a Gori. O secretário do Conselho de Segurança da Geórgia, Alexandre Lomaya, denunciou que lojas e casas estão sendo saqueadas na cidade.
A Rússia negou que tenha tropas em Gori. "Nenhum soldado das tropas russas de paz foram mandados a Gori", disse um porta-voz do ministério russo de Relações Exteriores.
Os Estados Unidos disseram nesta quarta-feira (13) ter informações confiáveis de que a violência continua na região da Ossétia do Sul e pediu à Rússia que impeça "forças irregulares" de atacar civis.
"Temos informação confiável de que vilas estão sendo queimadas, com tiroteios e mortes", disse Matthew Bryza, enviado americano à região. Ele pediu à Rússia que se certifique de que suas forças não estão tendo atitudes violentas e que estão fazendo o possível para restringir as forças irregulares, sejam da Ossétia do Sul ou de outros lugares, de cometer violências contra a população pacífica.
Os EUA também pediram um encontro de emergência dos ministros de Relações Exteriores dos países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para tratar da situação na Geórgia, segundo um porta-voz. A reunião deve ocorrer em Bruxelas na próxima semana.
Veja mapa com a localização do conflito
Saakashvili e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disseram na noite de terça que chegaram a um acordo "modificado" para o plano de paz entre Rússia e Geórgia.
As mudanças, segundo eles, foram aprovadas pelo presidente da Rússia, Dimitri Medveded, com quem Sarkozy, atual presidente da União Européia, havia se reunido antes.
Entre as mudanças, está a retirada da referência a conversações sobre o futuro status da região separatista da Ossétia do Sul, pivô do conflito entre os dois países, disseram os presidentes.
Saakashvili também disse que quer a participação das Nações Unidas no plano de paz, para "internacionalizar" o processo.
"Precisamos de detalhes legais, de resoluções do Conselho de Segurança da ONU e de uma maior presença de observadores internacionais na região", disse.
Antes, o presidente francês havia se reunido com Medvedev, que endossou o plano proposto pela União Européia e disse que ele "oferece um caminho" para resolver o problema da Ossétia do Sul. Mas Medvedev ressaltou que as tropas de paz da Rússia vão permanecer nas regiões em conflito na Geórgia.
O teor do plano de paz foi anunciado em entrevista conjunta de Medvedev com Sarkozy, no mesmo dia em que a Rússia anunciou o fim dos ataques à Geórgia -o que foi negado pelo governo georgiano e desmentido por relatos dos dois lados do front dando conta de que os ataques continuavam.
A proposta prevê que Rússia e Geórgia renunciem ao uso da força, encerrem todas as ações militares, permitam o livre acesso da ajuda humanitária no país e que as forças armadas da Geórgia retornem a suas posições anteriores ao início do conflito.
Fontes: G1 / Agências Internacionais - Arte: G1