Novas informações, reveladas no fim da semana passada, dão conta de que a Boeing segue com mais dores de cabeça com relação a seu Dreamliner.
Segundo o jornal norte-americano Seattle Times, que teve acesso a um memorando interno da Federal Aviation Administration (FAA), órgão que regula a aviação no dos Estados Unidos, constatou-se que novos problemas estão sendo encontrados em Boeings da família 787. A mais nova preocupação envolve falhas no material que compõe grandes estruturas das aeronaves.
De acordo com o documento, divulgado pelo jornal na sexta-feira, 19 de novembro, o defeito, até então não-conhecido, foi causado pela contaminação do material que é usado na fabricação de partes da aeronave. A denúncia envolve a presença de substâncias indevidas acima do tolerado no composto de fibra de carbono usado na produção de grandes partes estruturais das asas, da fuselagem e da cauda do Boeing 787 Dreamliner.
Teflon
Em abril deste ano, a Boeing relatou à FAA que a Mitsubishi Heavy Industries no Japão – que constrói as asas de composto de carbono do jato – descobriu uma contaminação do material composto que poderia enfraquecer a ligação, quando duas peças similares são unidas com adesivos. Por exemplo, quando uma haste de reforço é colada à parte interna da asa.
No processo de fabricação de compostos, a fita de fibra de carbono impregnada com resina do tipo epóxi é colocada em um molde e depois endurecida em um forno de alta pressão denominado autoclave. Sacos são colocados em torno do material para criar um vácuo, e uma folha fina pode ser afixada entre os compósitos e o molde para facilitar a liberação após a saída da autoclave.
A contaminação ocorreu porque alguns dos materiais de ensacamento e liberação continham politetrafluoroetileno (PTFE) – comumente conhecido pela marca Teflon – que liberaram resíduos. O que até então não era de conhecimento público, é que em outubro a fabricante informou que a contaminação é muito mais ampla e afeta não apenas a asa, mas também a fuselagem e a cauda.
Sem riscos imediatos
O memorando também adiciona detalhes sobre lacunas fora da margem tolerância em toda a estrutura do avião. O problema foi especialmente observado nas junções das grandes seções da fuselagem, em uma antepara de pressão dianteira e na estrutura ao redor das portas de passageiros e de carga.
De acordo com o jornal, segundo o memorando, os problemas não demandam uma preocupação imediata de segurança e não há risco para os usuários dos voos atualmente em operação. Porém, a FAA chama a atenção para a possibilidade do envelhecimento prematuro da estrutura da aeronave. Os defeitos apontados no relatório podem afetar mais de 1.000 Dreamliners em todo o mundo.
O Seattle Times ouviu um porta-voz da Boeing sobre os problemas apontados pela FAA, que declarou que nenhum dos problemas descobertos diminuem a segurança dos voos e que os aviões atualmente em serviço podem ser inspecionados e retrabalhados durante as manutenções de rotina.
“Estamos analisando os aviões ainda não entregues do nariz à cauda e encontramos áreas onde a fabricação não está de acordo com as especificações de engenharia, mas nada que traga riscos imediatos à segurança”, disse.
Suspensão e prejuízo
A FAA afirma que a Boeing não tem os dados de configuração detalhados de cada avião para saber quais podem ter os defeitos. Assim, a agência reguladora pode atrasar ainda mais a retomada das entregas do 787.
As novas entregas do modelo estão suspensas desde maio deste ano. Um aumento da suspensão pode elevar o custo total para reorganizar o programa 787 acima da estimativa anterior de US$ 1 bilhão e causar uma baixa contábil no quarto trimestre.
A equipe de comunicação da Boeing disse ao Seattle Times, na última sexta-feira, 19, que não tinha detalhes imediatos sobre o novo problema da contaminação e não poderia comentar sobre o assunto específico por se tratar de algo que ainda está em discussão com a Boeing.
Por Fabio Farias (Aeroin) - Imagem: Divulgação/Boeing
Nenhum comentário:
Postar um comentário