Cidade-sede da final da Copa do Mundo de 2014 e da disputa dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio montou um planejamento ambicioso num dos quesitos mais deficientes na avaliação dos observadores internacionais: a estrutura aeroportuária. Principal porta de entrada da cidade, o aeroporto Antônio Carlos Jobim (Galeão) passará por reformas nos próximos dois anos para permitir a circulação anual de 20 milhões de passageiros até o fim de 2012. No ano passado, o aeroporto internacional do Rio recebeu cerca de 11 milhões de usuários, um pouco mais da metade do previsto no plano de expansão, que irá aumentar a sua área construída em cerca de 63 mil metros quadrados.
Atualmente, o terminal que recebe mais pessoas no país é o de Guarulhos, na Grande São Paulo, que, em 2009, foi via de passagem para 22 milhões de pessoas. O Tom Jobim é apenas o quarto da lista.
– Estamos trabalhando, não só para esses dois eventos (Copa e Olimpíada), como para a demanda da sociedade. O Galeão é um aeroporto privilegiado, com uma planta capaz de receber até 50 milhões de passageiros por ano, se fosse usado plenamente, o que no momento não é possível – afirmou o superintendente regional da Infraero no Rio, Willer Furtado, que apresentou dossiê sobre a administração dos aeroportos do estado quarta-feira, na Associação Comercial do Rio de Janeiro).
– O Brasil não está cabendo mais dentro do próprio Brasil e isso tem demandado demais dos aeroportos – reforçou o 2º vice-presidente da Associação Comercial do Rio, Joaquim Falcão.
Hotel no Tom Jobim
As melhorias não devem parar no crescimento do campo de aviação. Segundo Willer, a Infraero também dará início a um processo de licitatório para a construção de um novo hotel no Tom Jobim, que hoje conta apenas com um um pequeno estabelecimento de 62 cômodos. A previsão é de que fique pronto até a Copa de 2014.
– Vamos acelerar o processo para que as obras comecem em até seis meses. O hotel seria na entrada do aeroporto, mas ainda não posso determinar o tamanho e o número de quartos – disse o superintendente.
Sobre os recorrentes problemas operacionais, Willer garantiu que a Infraero “vem fazendo de tudo” para melhorar as coisas no Tom Jobim. E frisou que isso também depende de outras entidades e governos.
Garagem subterrâneaSegundo maior terminal do Rio, o Santos Dumont também ganhará melhorias. Segundo Willer Furtado, está em estudo a ideia de construir uma garagem subterrânea no local, que opera a ponte aérea Rio-São Paulo. O projeto está em fase de estudos de impacto ambiental.
Atraso pode afetar a Copa das Confederações
Membro da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ) criticou as obras que estão em andamento no Galeão. Segundo ele, os prazos são estipulados com vistas à Copa do Mundo de 2014, e isso pode atrapalhar a Copa das Confederações, qua será disputada em 2013.
– Vamos insistir para que tudo esteja pronto para a Copa das Confederações de 2013, pois existe uma exigência da Fifa para que a cidade já esteja padronizada para a Copa do Mundo – disse Leite.
No último mês, o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, criticou o andamento dos investimentos nos aeroportos brasileiros, tendo em vista a Copa do Mundo.
– Há um risco crescente no radar da Copa do Mundo de 2014 – afirmou na ocasião.
Responsável pelo evento que a cidade receberá dois anos depois da Copa, o Comitê Rio 2016 também acredita no empenho do governo em cumprir as metas estabelecidas no dossiê olímpico.
– O aumento da capacidade, a modernização das pistas e dos terminais e outras obras de infraestrutura são compromissos do Dossiê de Candidatura – informou o comitê, por meio de sua assessoria.
Troca de comandos
Segundo o deputado Otévio Leite, o terminal 1 do Tom Jobim ainda passa pelo processo de revitalização, enquanto o terminal 2 (inaugurado em 1999) está parcialmente fechado para obras de reestruturação.
– Em 2008, nossa comissão aprovou as obras no Tom Jobim, só que o cronograma não foi cumprido. O terminal 1 já deveria ter sido finalizado e o 2, estar entrando em fase final – criticou Otávio.
Para o deputado, o atraso foi provocado pelas constantes trocas na administração da Infraero e da superintendência do Galeão. Apesar da lentidão no cumprimento do cronograma, Leite reconheceu que há qualidade nas obras no setor 1.
– Fizemos uma vistoria há três meses e constatamos que as obras no setor foram produtivas até aqui, apesar de lentas.
As críticas do político não foram aceitas por Willer Furtado. Segundo o superintendente regional da Infraero, ambas as obras estão dentro do cronograma previsto para o projeto.
Fonte: Flávio Dilascio (Jornal do Brasil) - Foto: Divulgação/Infraero