Em 2001, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, o governo brasileiro dá início ao projeto que visa renovar sua frota de caças. Inicialmente cotado em R$ 2 bilhões, o programa de modernização - chamado de F-X2 - visa comprar 36 novos caças para a Força Aérea Brasileira a um preço que pode ir de R$ 5 a R$ 10 bilhões. Os finalistas são o francês Rafale, da Dassault, o norte-americano F-18 Super Hornet, da Boeing, e o sueco Gripen NG, da Saab. Em 7 de setembro deste ano, o governo brasileiro surpreende e, de maneira precipitada, anuncia a escolha pelos aviões franceses. No dia seguinte, volta atrás.
2009
17 de julho
Reportagem revela que viagem de deputados brasileiros à França foi paga majoritariamente pela Dassault, fabricante dos Rafale. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), classifica a viagem como "lobby saudável e elegante".
3 de setembro
Lula diz que França é o "único país importante que está disposto a discutir a questão da transferência de tecnologia", revelando sua preferência pelos caças Rafale.
6 de setembro
Lula diz que negociações para compra dos caças Rafale estão "muito avançadas".
7 de setembro
Durante visita do presidente francês, Nicolas Sarkozy, ao Brasil no dia da Independência, os governos brasileiro e francês anunciam em comunicado conjuto "decisão de entrar em negociações com o GIE Rafale para a aquisição de 36 aviões".
8 de setembro
Após mal-estar causado por anúncio precipitado da decisão na véspera, o governo recua e informa que processo para a compra dos caças ainda não está concluído. Em nota, o ministro da Defesa, Nelsom Jobim, afirma que "o processo de seleção ainda não está encerrado e prosseguirá com negociações junto aos três participantes".
9 de setembro
Embaixada dos Estados Unidos divulga nota na qual afirma que está disposta a transferir tecnologia da produção dos caças ao Brasil. Ao ser questionado sobre a proposta americana, Lula ironiza afirmando que "daqui a pouco vai receber aviões de graça".
10 de setembro
França reconhece que acordo não está fechado e que haverá ainda pelo menos "de oito a nove meses de discussão". Empresa sueca Saab diz que segue na disputa pela venda dos caças.
11 de setembro
Lula diz que escolha de caças é decisão política e estratégica do presidente da República "e de ninguém mais". Força Aérea Brasileira diz que empresas na disputa poderão melhorar propostas.
17 de setembro
Em visita ao Brasil para promover caças, vice-ministro da Defesa da Suécia afirma que Brasil poderá comprar "dois caças suecos pelo preço de um" e que 40% dos aviões serão construídos no Brasil, o que reforça a transferência de tecnologia.
18 de setembro
Jobim ironiza proposta sueca comparando-a a promoção "em que você compra uma garrafa de cerveja e leva quatro de Guaraná". Lula diz que Amazônia e camada pré-sal justificam a compra dos caças.
21 de setembro
Aeronáutica adia prazo para empresas finalistas oferecerem propostas melhoradas de renovação da frota brasileira de caças de 21 de setembro para 2 de outubro.
23 de setembro
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirma que o acordo sobre a compra dos caças será assinado entre o Brasil e a França.
24 de setembro
Dois caças franceses Rafale, da Marinha da França, caem no mar Mediterrâneo, a cerca de 30 km de uma cidade do sul da França; o piloto de um deles é resgatado sem ferimentos e o outro fica desaparecido. Antes de saber do acidente, o ministro da Defesa, Nelsom Jobim, nega que o acordo já tenha sido fechado com a França.
25 de setembro
Jobim afirma que queda dos caças franceses não interfere na negociação com o Brasil.
05 de outubro
Em viagem a Buenos Aires, Jobim volta a defender a opção pelo caça francês.
08 de outubro
Jobim diz que quem restringir tecnologia “estará fora” da disputa para fornecer os caças ao Brasil.
14 de outubro
Em meio à polêmica sobre transferência de tecnologia, as três empresas concorrentes (Saab, Boeing e Dassault) admitem em audiência pública na Câmara dos Deputados que não irão ceder totalmente a tecnologia utilizada nos caças.
03 de novembro
Ministro da Defesa francês, Hervé Morin, vem ao Brasil e afirma que proposta da França sobre caças é “pacote completo: parceria política, industrial, tecnológica e o melhor avião”.
10 de novembro
Nelson Jobim diz que compra de caças não é como “compra de jujuba”.
12 de novembro
Assim como havia feito anteriormente a empresa sueca Saab, a francessa Dassault afirma que parte dos caças serão produzidos no Brasil caso o país escolha pelos Rafale.
Dezembro
Lula resolve adiar para 2010 a definição sobre a escolha dos caças, inicialmente prevista para 2009.
2010
05 de janeiro
Reportagem da Folha de S.Paulo revela que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, recebeu da FAB (Força Aérea Brasileira) um relatório de 30 mil páginas no qual o caça sueco é escolhido como o mais adequado para o Brasil. O Rafale, até então preferido por Lula e Jobim em discursos, fica em último lugar. O principal fator levado em conta pela FAB é o preço – o Gripen NG é o mais econômico.
06 de janeiro
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, ressalta que a decisão brasileira deve ser política, dando a entender que o relatório elaborado pela Aeronáutica deverá ser utilizado apenas como um subsídio para o presidente Lula fazer sua escolha.
07 de janeiro
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, diz, em referência indireta ao sueco Gripen NG, que “o barato às vezes sai caro”. A Saab – fabricante do Gripen – já prometera oferecer dois aviões pelo preço equivalente ao de um Rafale.
Fonte: R7