A TAM poderá rever o prazo de execução do seu plano de investimentos nos próximos anos devido à redução da demanda. Segundo o presidente da empresa, David Barioni Neto, o montante de US$ 6,9 bilhões anunciado anteriormente está mantido, mas o período em que o investimento será feito pode ser modificado. A previsão inicial era realizar o aporte entre 2012 e 2018. "Temos flexibilidade para modificar o prazo", disse ontem.
O executivo informou que a companhia pode reduzir o número de voos para adequar a oferta à demanda nos próximos 12 meses. Apesar da cautela, ele disse estar otimista quanto ao crescimento do País neste ano. "Esperamos um Produto Interno Bruto (PIB) positivo em 2009", afirmou.
Questionado sobre o avanço da concorrente estreante Azul, que obteve 2,23% de participação de mercado na aviação doméstica em março, Barioni disse que a TAM não tem nenhuma política especifica para um só concorrente, mas afirmou que a companhia poderá adotar promoções caso seja necessário. "Faremos isso com cautela para não afetar as margens (de lucro)", disse.
Segundo ele, a TAM está conversando com o governo para evitar a aprovação da liberdade tarifária. "Não temos sinalização de que a medida não será tomada, mas estamos negociando", afirmou. Barioni acredita que a liberdade tarifária afetará as empresas brasileiras de forma negativa devido ao elevado custo com impostos e combustível no Brasil.
Cargas
A TAM informou que sua unidade de transporte de cargas, a TAM Cargo, assinou contrato com o braço similar da portuguesa TAP, a TAP Cargo, para transportar as cargas que chegam ao Brasil pela companhia para os destinos que atende no País e Mercosul. O acordo também prevê que a nova parceira leve cargas de clientes da TAM para cidades na Europa que a brasileira não opera, além de destinos na África.
O diretor de cargas da TAM, Carlos Amadeo, não revela, no entanto, qual o potencial de volume e receita do novo acordo. Sem revelar números, o executivo afirmou apenas que a previsão é de no mínimo elevar em 50% os volumes já movimentados para a TAP, que segundo ele, são esporádicos.
A TAP já opera hoje nos aeroportos brasileiros de Guarulhos (Grande SP), Recife, Fortaleza, Natal, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília e Confins (MG). "A TAM levará a carga que chega a esses aeroportos para todos os destinos que atendemos no Brasil", afirmou Amadeo. A operação, no entanto, não contempla o envio das cargas ao destinos finais, mas apenas aos aeroportos das cidades de destino.
Amadeo afirmou que os negócios da unidade de carga ficaram estáveis no mercado doméstico durante o primeiro trimestre do ano, na comparação com igual período do ano passado. No mercado internacional, no entanto, o negócio registrou queda acentuada nas cargas de importação e exportação. "No caso das exportação, no entanto, já começamos a ver uma melhora desde o final de fevereiro", afirmou.
No ano passado, as cargas que seguiram ou chegaram do exterior responderam por 54% do faturamento da TAM Cargo, enquanto as mercadorias transportadas no mercado doméstico tiveram participação de 46%. Em 2008, a TAM Cargo registrou faturamento bruto de R$ 1,015 bilhão. "Para 2009 a nossa meta é de ao menos repetir o desempenho de 2008", disse o executivo.
Segundo o diretor da TAM, a unidade de cargas receberá investimentos de R$ 10 milhões em 2009. Os recursos serão aplicados na melhoria e ampliação dos terminais de carga da empresa e em melhorias e desenvolvimento de sistema de informação e rastreamento de carga. O executivo informou ainda que a empresa já iniciou os investimentos para a construção de um novo terminal de cargas no terminal de Guarulhos, em São Paulo. "A expectativa é de que possamos iniciar as operações ainda em 2009", disse, sem revelar outros detalhes do projeto.
Fonte: Natalia Gómez e Beth Moreira (Agência Estado) via Abril.com