Vai decolar?
Após obter crédito de US$ 2,9 bilhões, a American Airlines refaz estratégia de negócios e vai às compras
Uma gigante em crise: a empresa perdeu US$ 390 milhões no primeiro semestre e enfrenta o momento mais difícil de sua história
Foto: Tony Gutierrez (AP)
A Companhia Aérea americana American Airlines vive um dos períodos mais desafiadores de seus 79 anos de existência. Devido à alta do preço do petróleo e à crise financeira, que reduziu a ocupação dos voos, a empresa se viu outra vez em maus lençóis. A mais recente foi em 2001, com os atentados de 11 de Setembro e seu quase pedido de concordata. Em 2008, reduziu rotas, demitiu 6.500 funcionários e contabilizou perdas superiores a US$ 1 bilhão.
Em 2009, o balanço continua no vermelho (prejuízos de US$ 390 milhões no último trimestre), mas um acordo assinado há alguns dias em sua sede localizada na cidade de Fort Worth, no Texas (Estados Unidos), pode significar a retomada de uma gigante que chegou a ser a número 1 do mundo, posição ocupada agora pela também americana Delta. A American firmou um pacote de financiamento com a General Electric (GE) e o Citigroup que vai garantir a liberação de US$ 2,9 bilhões, montante que assegura uma liquidez imediata para uma corporação que enfrenta problemas para honrar seus compromissos financeiros.
Frizzel, da American Airlines: "O dinheiro vai ajudar a empresa a recuperar a liderença mundial"
"Com esse crédito, passamos a ser uma empresa muito mais forte", disse à DINHEIRO Roger Frizzel, diretor institucional da companhia, em entrevista concedida no dia do anúncio da parceria. O reforço de caixa aumentará em breve. A AMR Corp, controladora da companhia, anunciou que fará uma emissão de US$ 250 milhões em notas conversíveis em ações.
Embora não a confirme oficialmente, analistas acreditam que o destino do dinheiro já foi definido: a aquisição de uma fatia minoritária da companhia aérea japonesa Japan Airlines (JAL), também em crise. Ambas possuem um acordo de compartilhamento de voos desde os anos 90 e, segundo fontes do mercado, as negociações para a compra de parte da JAL se desenrolam há um mês. Se concretizada, a aliança permitirá à American ter maior presença na Ásia, território em que a concorrente Delta é mais forte (entre as aéreas americanas, a American ocupa o terceiro lugar em presença na Ásia). Frizzel confirma o interesse de sua empresa pela JAl. "Ainda estamos em negociação e acreditamos que a American seja a melhor escolha para ser parceira da Japan Airlines", diz o diretor. A companhia tem pressa em assinar o contrato. Nos últimos dias, a Delta teria entrado na briga para se associar à japonesa.
Segundo o executivo Frizzel, o dinheiro captado junto à GE e ao Citigroup também será utilizado para reforçar a qualidade dos serviços oferecidos pela companhia. O objetivo é melhorar especialmente a classe executiva e a primeira classe. "Sempre tivemos como foco os clientes premium, mas, infelizmente, perdemos isso", diz o diretor da empresa. "Agora teremos a oportunidade de recuperar esses consumidores." As pessoas que compram as passagens mais baratas, da classe econômica, continuarão pagando tarifas extras por qualquer serviço oferecido durante o voo. Refeições já são cobradas em viagens domésticas e, nas rotas para a Europa, os passageiros pagam taxas para cada item extra da bagagem. "Nesse momento, não ganhamos dinheiro com o valor das passagens que vendemos", diz Frizzel. "Nossos preços continuam praticamente os mesmos de 2000 e o consumidor não aceita pagar mais." Para fechar essa conta, a American quer faturar com as vendas online e upgrades para classes superiores, além da oferta de produtos a bordo.
No Brasil, a companhia inaugurou três rotas em 2008 e não há previsão de novos destinos nos próximos meses. "O Brasil é um dos mais importantes para o nosso negócio e, por isso mesmo, estamos de olho em oportunidades", afirma Frizzel.
Fonte: IstoÉ Dinheiro