Empresa diz que não transporta cães da raça bulldog e suas variações.
Veterinária afirma que pug morto em viagem é similar a raça não permitida.
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Foto: Divulgação/Mariana Castelar |
Especialistas afirmam que a Gol Linhas Aéreas foi negligente ao transportar o cão Santiago, que morreu na última semana de parada cardiorespiratória após ter ficado mais de 10 horas em um avião. A empresa se defendeu e disse em nota, nesta terça-feira (20), que não transporta cães da raça bulldog e nenhuma de suas variações devido a dificuldade que tem em respirar. Por outro lado, a médica veterinária que atendeu Santiago, questionou a companhia por ter feito o transporte, já que a raça pug é similar a raça não permitida pela empresa.
"Eles foram negligentes. A anatomia da raça bulldog e pug é a mesma. Os cães destas raças possuem o céu da boca mais curto, eles podem se sufocar com a própria língua, o focinho é bem fechado e a traqueia é pequena. As características das duas raças são bem parecidas e possuem dificuldades na respiração. Porque eles não transportam bulldog e o pug, sim? Isso é um absurdo", destacou a veterinária Lilian Deise Storkc.
De acordo com a Gol, até o momento, não havia registrado nenhum incidente envolvendo cães da raça pug e continua emprenhada em prestar o suporte necessário aos proprietários do cachorro Santiago, tratando do assunto, diretamente, com os envolvidos. Os donos do cão decidiram entrar com um processo contra a Gol Linhas Aéreas na manhã desta terça-feira (20), já que a empresa não se posicionou sobre o caso com o advogado da família.
"Eles não fizeram o contato com ninguém e acredito que não vão fazer. Logo quando Santiago morreu, eles ligaram várias vezes, dizendo que fariam investigações internas, além de pedirem mil desculpas. Eles podiam ter dado algum respaldo para o nosso advogado, mas isso não foi feito. Empresas como esta só fazem alguma coisa quando dói no bolso", desabafou Mariana Castelar.
Provas
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Cão morre após atraso em voo entre São Paulo e Vitória, diz dono
(Foto: Divulgação/Mariana Castelar) |
Mariana diz que possui todas as provas que apontam a negligência da empresa no transporte aéreo. "O que aconteceu com o nosso cão foi negligência sim. Parece que algumas empresas não transportam cães da raça pug, mas eles nem mencionaram isso. Se a gente soubesse do perigo, não arriscaríamos a vida do nosso cão", relatou Castelar.
Para embarcar os três animais do esteticista de cães Fabio César, foi necessário atestado médico de cada animal, separadamente, comprovando o bom estado de saúde para fazer a viagem de São Paulo para Vitória. No caso de Santiago, o laudo médico diz que o animal estava saudável. "Atesto para os devidos fins que atendi em consulta o canino Santiago e não encontrei sinais e sintomasclínicos de doença infecto-contagiosa ou parasitose, estando clinicamente hígido". Esse foi o laudo do médico veterinário Luis Eduardo Pinho Gonçalves, atestando que Santiago estava saudável no dia 12 de setembro, um dia antes de embarcar.
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Atestado médico de santiago feito em São Paulo
(Foto: Divulgação/Mariana Castelar) |
De acordo com o esteticista de cães, o desembarque no Aeroporto Eurico Salles, em Vitória, só aconteceu às 15h do dia 13 de setembro. Quando os animais foram entregues, Santiago estava com a respiração ofegante. "Saímos do aeroporto e fomos em busca de atendimento, mas ele não resistiu e morreu por parada cardiorespiratória. Quando a veterinária viu Santiago, disse que a respiração já era um sintoma ruim, ainda tentaram reanimá-lo, mas foi tudo em vão. O meu cachorro tinha 3 anos e meio, era saudável", contou.
Fábio César levou Santiago a uma clínica veterinária em Vila Velha. A médica Lilian Deise Storkc atendeu o cachorro, mas disse que não deu tempo de medicá-lo. "Não deu tempo de fazer nada. Santiago chegou na clínica com parada respiratória, mas ainda tinha batimentos.
A raça pug é muito sensível, quando entram em parada respiratória tem que correr contra o tempo. Ele chegou aqui com aquecimento corpóreo elevado, com mais de 42º, ele estava muito quente. O organismo dele entrou em colapso e em seguida, teve uma parada cardíaca", disse a médica.
Lilia Deise enfatizou que o transporte aéreo para animais é o mais indicado, mas nesse caso houve negligência, por que a raça de Santiago tem dificuldades respiratórias. "Devemos pensar que a viagem dentro de um avião além de ser mais seguro é o mais indicado por que o animal vai ficar menos tempo longe do dono, o que pode evitar ansiedade e estresse. Mas o cão ficou tempo demais em um lugar fechado. Eles deveriam fornecer um trabalho diferenciado. De todo modo era uma vida", disse.
A médica veterinária disse que no ônibus ele passaria mais tempo enclausurado, dentro do bagageiro, em um lugar escuro, com mais calor e uma série de outros fatos negativos.
Leia a íntegra das notas da Gol
A GOL lamenta profundamente pelo ocorrido. A empresa informa que um de seus diretores contatou pessoalmente o cliente na semana passada, pediu desculpas em nome da companhia, forneceu informações sobre a apuração interna e se colocou à disposição para prestar todo o suporte possível. Durante esse contato, o cliente se reservou no direito de falar somente por meio de seu advogado. Em respeito a isso, a GOL prestará os esclarecimentos diretamente aos envolvidos.
A GOL esclarece que um de seus diretores contatou pessoalmente o marido da cliente na semana passada, pediu desculpas em nome da companhia e se colocou à disposição para prestar todo o suporte possível.
A GOL não transporta cães da raça Bulldog, em nenhuma de suas variações.
Até o momento, a GOL não registrou nenhum incidente envolvendo cães da raça Pug e continua emprenhada em prestar todo o suporte necessário aos proprietários do cachorro Santiago, tratando do assunto, diretamente, com os envolvidos.
Fonte: Juirana Nobres (G1/ES)