A Revolução Constitucionalista foi movida por lideranças do estado de São Paulo contra o governo de Getúlio Vargas, líder do movimento de 1930 e presidente desde então. A revolução foi deflagrada na noite de 9 para 10 de julho de 1932 e teve a duração de 85 dias; como os rebeldes não obtiveram o apoio dos demais estados (especialmente do Rio Grande do Sul), logo viram-se cercados por tropas legalistas e foram forçados a lutar em três frentes, nas fronteiras com os estados do Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
No dia 10 de julho, o Campo de Marte foi tomado pelos rebeldes, os quais apossaram-se de dois WACO CSO e dois Potez 25 TOE. Dois outros aviões (um WACO CSO e um Nieuport Delage NiD-72) foram levados a São Paulo por pilotos simpatizantes do movimento. Também foram colocados à disposição dos rebeldes, por seus proprietários, os seguintes aviões: três de Havilland DH-60X Moth, dois Hanriot 410, um Nieuport Ni-81, um Morane-Saulnier MS29, um Curtiss JN-2 e um Caudron 93-bis.
Alguns dias após o início das hostilidades um avião de transporte Latécoere 28, de propriedade da empresa francesa Aéropostale, foi requisitado pelas forças rebeldes, a fim de ser utilizado em missões de bombardeio.
Potez 25 TOE da Aviação Militar Martin PM da Aviação NavalJá as tropas legalistas dispunham de aviões em maior número. A Aviação Militar mobilizou o Grupo Misto de Aviação (doze Potez 25 TOE e cinco WACO CSO) e a Escola de Aviação Militar (um Amiot 122, um Nieuport Delage NiD-72 e onze de Havilland DH-60T Moth).
A Aviação Naval contribuiu com quatro Vought O2U-2A Corsair da 18ª Divisão de Observação; três Martin PM e sete Savoia-Marchetti SM-55A da Flotilha Mista Independente de Aviões de Patrulha, bem como doze de Havilland DH-60 e dois Avro 504K.
Ambas as facções trataram também de adquirir ou colocar em uso novos aviões. Os rebeldes, sofrendo o embargo solicitado pelo governo federal aos demais países, recorreram a uma operação via Buenos Aires, a fim de adquirir aviões
Curtiss O-1E Falcon (foto acima) fabricados no Chile. Apenas quatro destes aviões, no entanto, chegaram a ser utilizados pelos rebeldes no conflito.
Os legalistas conseguiram receber trinta e seis
WACO C9O (referentes a um contrato anterior à revolução), dos quais dez foram montados e utilizados em missões de combate; houve problemas com a munição a ser utilizada nas metralhadoras e poucos desempenharam as funções de caça aos quais se destinavam.
As primeiras missões aéreas realizadas pelas duas facções foram de reconhecimento e propaganda. Já no dia 13 de julho, aviões legalistas
Potez 25 TOE localizaram e atacaram tropas rebeldes; também nesse dia foi interceptado um
WACO CSO rebelde, o qual conseguiu escapar. No dia 18 de julho, dois
Corsair da
Aviação Naval foram atacados pela artilharia antiaérea enquanto realizavam uma missão de reconhecimento armado; no decorrer desta interceptaram um
Potez rebelde que conseguiu evadir-se.
Em 20 de julho, aviões legalistas bombardearam posições de artilharia dos rebeldes, reduzindo a pressão exercida sobre tropas do governo no Vale do Paraíba. No dia 21, os
Corsair da
Aviação Naval destruiram importante depósito de munições rebelde. No dia 29, um
SM-55A escoltado por um
Corsair realizam ataque a posições rebeldes em Cubatão, sem no entanto obter resultados significativos.
No dia 8 de agosto, o avião legalista
Potez 25 TOE 'A-117', foi interceptado duas vezes por uma formação rebelde composta de dois
Waco CSO e um
Potez 25; na segunda ocasião, o 'A-117' recebe vários tiros no radiador e faz uma aterrissagem forçada atrás das linhas governistas. Esse pode ser considerado como a primeira vez em que um avião foi derrubado em decorrência de um combate aéreo na América Latina.
Os rebeldes levaram a efeito, a 1B0min do dia 13 de agosto, o primeiro ataque aéreo noturno da América Latina, contra o destacamento aéreo legalista em Resende, sem no entanto ter causado maiores danos. Nos dias 3 e 5 de setembro, três
SM-55A escoltados por um
Corsair atacam com sucesso o
Forte de Itaipu (foto acima), ocupado pelos rebeldes, causando severos danos.
Outros embates sucederam-se, seja em missões de ataque ao solo ou em encontros entre aeronaves legalistas e rebeldes. A 20 de setembro, mesmo acuados pela enorme pressão das forças do governo - os
WACO legalistas, baseados em Mogi-Mirim, realizavam cinco missões diárias nesse período - os constitucionalistas atacaram com dois
Falcon, um
WACO e um
Nieuport Delage aquele campo de aviação legalista, incendiando dois
WACO no solo e danificando levemente outros dois. No dia 24 de setembro, os rebeldes executaram um ataque diversionário aos navios da Marinha de Guerra que realizavam o bloqueio de Santos, para permitir a passagem do cargueiro
"Ruth" (trazendo munição e armas para os rebeldes). Um dos
Falcon empregados no ataque foi abatido pela artilharia antiaérea do cruzador
"Rio Grande do Sul" - ambos os tripulantes foram mortos.
Durante o ataque das forças governistas na região de Mogi-Mirim, a partir de 5 de outubro, veio a falecer o piloto legalista
2º-Ten Lauro Aguirre Horta Barbosa, quando seu avião
Waco foi abatido por fogo antiaéreo.
Fonte: http://www.rudnei.cunha.nom.br/ - Fotos: Revista Força Áerea / novomilenio.inf.brMAIS
Leia também: O emprego do avião na Revolução Constitucionalista de 1932 (em.pdf)