O acidente da TAM ocorreu em 18 de julho de 2007, na região do aeroporto de Congonhas, quando o Airbus, que vinha de Porto Alegre, perdeu o controle na aterrissagem, saiu da pista e bateu num prédio da TAM Expres, causando a morte de todos os 199 passageiros.
A ação foi impetrada pela professora Carmem Caballero, que teve duas filhas, Júlia Elizabete, 14 anos, e Maria Isabel, 10 anos, além da mãe, Maria Elizabete, 65 anos, mortas no acidente. "A família ficou profundamente abalada por este livro. Ela ainda se recupera das perdas e agora aparece este livro para trazer mais sofrimento", disse o advogado Marco Aurélio Bdine, que defende Carmem.
Segundo o advogado, "ao invés de trazer a misericórdia, o livro, pelo contrário, tenta justificar as mortes trágicas como punição". "Essas pessoas que morreram eram inocentes e não podem ser culpadas, depois de mortas", afirmou. Bdine citou trechos do livro como: "ontem vocês queimaram seres humanos, hoje veem seus corpos queimados", frase que é atribuída pelo autor ao espírito de Santos Dumont. Ou "a providência divina, em sua sabedoria infinita, não colocou neste avião espíritos inocentes, mas almas seriamente comprometidas com um passado de erros". Conforme Bdine, o livro, embora sem dar nomes, também faz referência direta aos familiares de Carmem, quando relata a morte de seu irmão em acidente automobilístico. De acordo com o advogado, os autores (escritor e editora) não pediram autorização para a família.
Além do pedido de liminar para recolher os exemplares nas livrarias e bancas, a ação pede o pagamento de indenização no valor de mil salários mínimos (cerca de R$ 465 mil). "A liminar serve para que o livro pare de circular até que o mérito da ação seja julgada, o que pode demorar", disse. A ação seria distribuída quarta-feira no Fórum de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, onde mora Carmem. Bdine disse que Carmem, em viagem, não comentaria o assunto.
O autor
O gerente administrativo e jurídico da editora Luchâtre, Henrique Serafim Júnior, disse ter ficado sabendo hoje, pela imprensa, da ação que tramita no Fórum de Rio Preto. Segundo ele, a editora espera receber um comunicado oficial para se manifestar sobre o assunto. Ele não soube dizer se o autor do livro já foi informado da ação. "Não consegui falar com ele ainda", disse Serafim. A reportagem ligou para Sacchetin, mas uma pessoa que atendeu - e disse se chamar Renato e ser irmão do escritor - afirmou que ele não poderia atender à ligação e que retornaria. Até as 16h40, Sacchetin não havia retornado.
De acordo com Serafim, a editora Lchâtre é especializada em publicar livros espíritas. O "Voo da Esperança" teve duas impressões, a primeira com 3 mil exemplares e a segunda, com 7 mil exemplares. Segundo ele, por enquanto não há previsão de nova edição em futuro próximo.
Fonte: Chico Siqueira (Terra)