quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Aconteceu em 22 de dezembro de 1959: Voo VASP 026 - O Desastre de Ramos


O Desastre Aéreo de Ramos foi um acidente aéreo ocorrido em 22 de dezembro de 1959, no Bairro de Ramos, no Rio de Janeiro. Nesta data, uma aeronave de treinamento Fokker T-21 da Força Aérea Brasileira chocou-se em pleno ar com um Vickers Viscount da VASP.

O choque provocou a queda das aeronaves, causando a morte dos 32 ocupantes do Viscount além de 10 pessoas no solo, atingidas pelos destroços da aeronave. O piloto da FAB, o Cadete Eduardo da Silva Pereira, saltou de paraquedas, sendo o único sobrevivente.

As aeronaves


Vickers Viscount 827

Um Vickers 827 Viscount da VASP (Foto: Christian Volpati (AirlineFan.com)
Nos anos 1960, a VASP iniciaria um grande plano de modernização da empresa efetuado nos anos 1960, para fazer frente a Panair do Brasil, REAL, Cruzeiro do Sul e VARIG. Enquanto que as demais companhias aéreas se modernizavam com modernos aviões Convair 240/340/440 e Lockheed Electra II, a VASP contava apenas com os obsoletos Douglas DC-3 e SAAB Scandia.

Em 1958, a VASP iria encomendar 5 Vickers Viscount V-827, que seriam as primeiras aeronaves turboélice a operarem no Brasil. Com o sucesso da operação dessas aeronaves, a empresa paulista iria adquirir mais 10 Viscount (da versão V-701) usados, oriundos da empresa britânica British European Airways. Por conta do envelhecimento das aeronaves, os V-701 iriam operar por poucos anos, sendo substituídos pelos NAMC YS-11. Os V-827 iriam operar entre 1958 e 1974, quando seriam substituídos pelos Boeing 737.

A aeronave destruída, o Vickers 827 Viscount, prefixo PP-SRG, da VASP - Viação Aérea São Paulo, foi fabricada no final de 1958, tendo recebido o número de construção 401. A VASP receberia a aeronave em 29 de janeiro de 1958, tendo a mesma obtido o prefixo PP-SRG para sua operação. Até o momento do acidente era a aeronave mais nova da frota da VASP.

Fokker S.11 (T-21)

O FokkerT-21, FAB 0775, similar ao acidentado em Ramos, no Rio de Janeiro, RJ
(Foto: Wikipédia via defesaaereanaval.com.br)
O Fokker S11 seria adquirido pela FAB para servir como aeronave de treinamento de pilotos, sobretudo os cadetes do curso de formação de oficiais aviadores da academia da Força Aérea Brasileira. Após a assinatura de convênio com a fábrica holandesa Fokker, seriam adquiridas 100 unidades, sendo que as primeiras 5 aeronaves seriam construídas na Holanda enquanto que as demais 95 seriam construídas na Fábrica de Aviões do Galeão. Problemas financeiros e políticos norteariam o contrato, de forma que a entrega das aeronaves seria atrasada por diversas vezes.

Ao entrar em serviço, em 1959, o Fokker S11 seria nomeado T-21 pela FAB. As aeronaves receberiam os números 700 a 799. Com a entrada dos T-21 em serviço, os Fairchild PT-19 seriam retirados de serviço. O T-21 seria largamente utilizado pela FAB até meados dos anos 1970 quando seria substituído pelo T-23 Uirapuru. A aeronave destruída, o Fokker T-21 (S.11), prefixo 0742, da FAB - Força Aérea Brasileira, foi fabricada em 1959.

O acidente


O Vickers Viscount prefixo PP-SRG decolou do Aeroporto de Brasília na manhã de 22 de dezembro de 1959, iniciando o Voo VASP 233 entre Brasília e o Rio de Janeiro, levando a bordo 26 passageiros e seis tripulantes.

No campo dos Afonsos, o Fokker T-21 da FAB decolou para um exercício de treinamento. A Base Aérea do Campo dos Afonsos era situada a nordeste do Aeroporto do Galeão, sendo que a área de treinamento dos cadetes era muito próxima das aerovias da aviação comercial, utilizadas para pousos e decolagens do Galeão.

Quando o Viscount estava prestes a pousar no Aeroporto do Galeão por volta das 13h40min, sua asa esquerda foi atingida e parcialmente arrancada pela aeronave de treinamento Fokker T-21, que acabara de efetuar um parafuso.

Enquanto o Viscount realizava uma curva brusca para a direita, buscando o aeroporto, o Fokker voava na direção do Morro do Alemão, tendo o piloto saltado de paraquedas. Sem rumo, O Fokker caiu sobre uma casa na Rua Joaquim de Queiroz, 336, provocando ferimentos leves em uma mulher, a Sra. Deusa dos Santos.

Enquanto isso, a tripulação do Viscount tentava realizar um pouso de emergência. Antes de alcançar o aeroporto, a aeronave caiu sobre várias casas na Rua Peçanha Póvoas, no bairro de Ramos, cerca de 4 km ao sul do aeroporto, explodindo em seguida.

O choque com o solo causou a morte dos 32 ocupantes do Viscount. Dez moradores também morreram no solo e centenas ficaram feridos pelos destroços da aeronave.

Entre os passageiros mortos estavam os escritores Otávio Tarquínio de Sousa e sua esposa Lúcia Miguel Pereira, o economista Benjamin Cabello e o repórter de 'O Cruzeiro' Luciano Coutinho.

A tripulação do PP-SRG era composta por: Comandante Ataliba Euclydes Vieira, copiloto Álvaro Grazioli, radiotelegrafista Zezito Miranda Duarte, comissários Manoel Pereira Nunes, Selma Borsachi e Tieko Maruiama.

Clareira aberta pelos destroços do Viscount na Rua Peçanha Póvoas, no bairro de Ramos

Investigações


As investigações foram iniciadas pela FAB que decretou sigilo total. Durante as investigações, foi constatado que o acidente teria ocorrido por uma série de fatores:
  • Falta de rádio no Fokker T-21, o que impedia uma comunicação com a torre de controle do aeroporto do Galeão;
  • Inexperiência do piloto do Fokker, que tinha apenas 19 horas de voo;
  • Invasão de aerovia destinada a aviação comercial pelo piloto do Fokker;
  • Localização inadequada da área de treinamento da FAB, que era muito próxima a área de aproximação e decolagem de aeronaves do aeroporto do Galeão, causando confusão aos pilotos comerciais e aos cadetes da FAB que acabariam invadindo as áreas indevidamente.
No entanto, a investigação concluiria que a causa principal do acidente era a falha de ambos os pilotos em manter adequada vigilância sobre outras aeronaves.

Cerca de um ano após o acidente, o cadete Eduardo da Silva Pereira (foto ao lado), que pilotava o Fokker, seria excluído da Escola da Aeronáutica.

Consequências


O desastre causou uma grande comoção na sociedade da época. A revista 'O Cruzeiro' (que perdera o repórter Luciano Coutinho no desastre) iniciou uma campanha contra a presença da escola da aeronáutica nas proximidades do Galeão, exortando a FAB a mandar seus cadetes para Pirassununga.

Coutinho retornava de Brasília após realizar uma reportagem sobre o primeiro baile de debutantes da recém inaugurada capital Federal e transportava uma maleta cujo interior guardava sua câmera e negativos. Apesar da violência do acidente, os negativos seriam levemente danificados, tendo sido publicados por 'O Cruzeiro' como homenagem póstuma.


O Campo dos Afonsos seria engolido pela expansão da cidade, tendo sido estudada a transferência da Academia da Força Aérea para Pirassununga desde 1949. O desastre de 1959 acabaria por tirar do papel o projeto da base de Pirassununga. Durante os anos 1960, a escola do campo dos Afonsos funcionaria com restrições operacionais até ser desativada em 1971, quando seria transferida para Pirassununga.

Menos de três meses após o desastre ocorrido em Ramos, outro choque de aeronaves ocorreria sobre os céus do Rio de Janeiro, colocando em xeque o sistema de controle aéreo da cidade.

Para relembrar esse trágico e ao mesmo tempo marcante acidente, o Diário do Rio foi até o local. Para Carlos Henrique Correia, que morou por cerca de 20 anos na rua e era criança na época, o ocorrido gera lembranças até hoje.


”Eu estava em casa e ouvimos aquele barulho. Daí, logo viemos correndo, eu e minha mãe, ver o que tinha acontecido, e nos deparamos com aquela fumaça saindo, muita gente em volta. Foi uma cena desesperadora. Ajudamos a dar água com açúcar a algumas pessoas. Lembro que era um consultório dentário no local e falaram que tinha uma pessoa na cadeira. É impossível esquecer”, conta.

Rua Peçanha Povoas, em Ramos, onde em 1959 caiu o avião (Foto: Raphael Fernandes/Diário do Rio)
Já Luiz Antônio Viana, morador da Rua Professor Lacé, que fica a menos de 1km dali, recorda de uma história que ficou sabendo pouco tempo depois. ”Contaram que uma mulher, devido ao barulho que estava se aproximando, botou a cabeça para fora de casa para ver o que estava acontecendo. Daí, foi justamente quando o avião caiu e explodiu. Falaram que só sobrou a cabeça dela e nunca acharam o corpo”, diz.


Vale ressaltar que, da mesma forma que naquela época, a Peçanha Povoas continua mantendo seu estilo sossegado. No local onde ocorreu o acidente, há uma residência hoje em dia. O Diário do Rio tentou falar com os proprietários, mas ninguém atendeu ao chamado.

Hoje na História: 22 de dezembro de 1972: Sobreviventes do 'Milagre dos Andes' são salvos após meses desaparecidos

Em 22 de dezembro de 1972, às 7h30min, os primos Daniel Fernandez e Eduardo Strauch sintonizaram um pequeno rádio. Entre chiados, interferência e um vento forte, escutaram apenas "Fernando Parrado e Roberto Canessa ...". Sem saber se deveriam comemorar ou chorar, ficaram mudos. A notícia poderia ser "foram encontrados vivos" ou "foram encontrados mortos".

Os primos estavam junto aos destroços do avião Fairchild da Força Aérea Uruguaia, a 3,5 mil metros de altitude, no gélido Valle de las Lágrimas, na fronteira entre Chile e Argentina. A aeronave caíra havia 71 dias. Dos 45 passageiros e tripulantes, 29 morreram. Fernández, Strauch e outros 12 sobreviventes esperavam por notícias de Fernando Parrado e Roberto Canessa, que tinham se arriscado pelos paredões de neve em busca de resgate. Levavam punhados de carne humana congelada.

O desempenho da dupla, que partira havia 10 dias após duas tentativas frustradas, significava vida ou morte para os demais, debilitados e abrigados na traiçoeira fuselagem do avião. A eles, restava preservar os corpos dos colegas - única fonte de nutrientes do grupo - com a neve que logo derreteria com a chegada do verão.

- Sempre que recebíamos um sim, havia um grande não por trás. Então, não alertamos os demais - recorda Fernández, que relatou trechos de sua experiência a Zero Hora, por telefone desde Montevidéu, onde moram 14 protagonistas do chamado Milagre nos Andes.

Em outra emissora, escutaram Ave Maria. Era um sinal, comentaram. Em seguida, veio a confirmação: Parrado e Canessa estavam vivos, e ajuda estava a caminho. A dupla havia resistido à epopeia do local do acidente até a localidade chilena de Los Maitenes.

Na montanha, houve festa. Coletaram objetos como suvenires da sociedade que criaram para sobreviver, como plaquinhas de "Exit" (saída) do avião, que fitavam à noite e durante os três dias presos após uma avalanche.

- Às 12h30min, escutamos o ruído dos helicópteros. Ruído que tanto tínhamos imaginado - descreve Strauch. Ele ainda embarga a voz pela emoção, 40 anos depois:

- Lembro de tudo como se fosse ontem. Estávamos muito perto do Natal, e era insuportável pensar em passar o Natal lá.

A operação de resgate foi delicada. Os helicópteros despontaram de baixo para cima, esquivando-se dos picos da cordilheira por uma estreita passagem. Metade do grupo embarcou. O restante aguardou até o dia seguinte.

A região virou atração turística. Há expedições nos meses de verão partindo de um lugarejo próximo a San Rafael, na Argentina. São três a quatro dias a cavalo para avistar vestígios do avião e a cruz onde, mais tarde, os restos dos que morreram foram enterrados. Strauch voltará pela 13ª vez ao local em janeiro para "se conectar com a montanha", conforme relata.

Hoje, 22 de dezembro, como fazem todos os anos, o grupo terá um novo reencontro. Já não são 16, mas 160, com familiares. Fernández, que como os demais viaja o mundo contando o que aprendeu nos Andes, descreve o sentimento ainda vivo da "sociedade da montanha", na qual ninguém se salvaria sozinho:

- Não somos nem amigos nem irmãos. Somos mais do que as duas coisas juntas.

Clique no link abaixo e leia a história completa:

Aconteceu em 13 de outubro de 1972: Voo Força Aérea Uruguaia 571 - O Milagre nos Andes

Por Jorge Tadeu (com gauchazh)

Hoje na História: 22 de dezembro de 1949 - Primeiro voo do caça North American F-86 Sabre

F-86D-1-NA Sabre, 50-458 (Arquivos do Museu Aéreo e Espacial de San Diego)

Em 22 de dezembro de 1949, o piloto de teste George S. Welch, da North American Aviation, Inc., fez o primeiro voo do YF-86D Sabre, número de causa 50-577 (c/n 164-1), na Base Aérea de Edwards, no alto deserto de Sul da Califórnia, nos EUA.

Baseado no caça diurno F-86A, o F-86D (originalmente designado YF-95) era um interceptor para todas as condições meteorológicas equipado com radar e armado com foguete. Seu primeiro voo ocorreu apenas nove anos após o primeiro voo do protótipo norte-americano NA-73X, que se tornaria o famoso caça P-51 Mustang da Segunda Guerra Mundial. Este foi um salto incrível em tecnologia em apenas alguns anos.

YF-86D Sabre, 50-577 (Força aérea dos Estados Unidos)

O F-86 Sabre foi um caça de combate diurno a jato, subsónico, desenvolvido pela North American a partir do final de 1944 e veio a ser um dos caças mais produzidos no mundo Ocidental, no tempo da Guerra fria. Ficou famoso pelo seu envolvimento na Guerra da Coreia, onde defrontou com sucesso o seu principal oponente o MiG-15.

Apesar de no final de 1950 já não ser um avião de primeira linha, manteve-se no ativo durante mais de quatro décadas até 1994, quando finalmente a Força Aérea da Bolívia o retirou do ativo.

Foi o mais proeminente avião de combate de segunda geração, que incorporou tudo o que de mais desenvolvido tinha sido assimilado pelos projetistas norte-americanos na concessão de aviões a jato e que beneficiou ainda dos avançados conceitos aerodinâmicos desenvolvidos pelos cientistas Alemães no decorrer da Segunda Guerra Mundial.

Um F86F Sabre no Chino Airshow 2014

Foi construído em grandes quantidades nos Estados Unidos, no Canadá, Itália e Japão, em várias das suas versões e variantes e operado por mais de 35 forças aéreas, representando um importante papel na defesa do mundo Ocidental nos primeiros anos da Guerra Fria.

Para ler a ficha completa do North American F-86 Sabre, clique AQUI.

Cobra dá trabalho para ser retirada de avião na Malásia


Via Breaking Aviation News & Videos

Hoje na História: 22 de dezembro de 1945 - Primeiro voo do Beechcraft 35 Bonanza

O protótipo do Beech modelo 35 de 1945 (Beech Aircraft Corporation via Larry Westin)

No dia 22 de dezembro de 1945 levantava voo pela primeira vez o Beechcraft modelo 35 Bonanza. Era o início de uma história que nem os mais otimistas (possivelmente nem mesmo o fundador da Beech Aircraft Corp., Walter Beech e sua esposa, Olive Ann Beech, que também foi a executiva-chefe da empresa a partir de 1950) vislumbrariam ter tamanha longevidade e viver até hoje.

O piloto de teste Vern Louis Carstens fez o primeiro voo do novo Beechcraft Modelo 35 Bonanza da Beech Aircraft Corporation. Cinco protótipos foram construídos. Os dois primeiros foram usados ​​como artigos de teste estático. O terceiro protótipo, NX80150, número de série 3, foi o primeiro a voar.

O primeiro Bonanza a voar foi o protótipo número três, NX80150
 (Arquivos do Museu Aéreo e Espacial de San Diego)

As aeronaves de pequeno porte de uso civil do pós-guerra seguiam uma receita básica dos anos 30, consistindo no uso de grandes motores radiais de elevada cilindrada (e consumo, em especial, de óleo), trem de pouso convencional e em alguns casos, estrutura em tubos de aço e madeira revestidas (“entelada”) em tecido de algodão, como em um aeromodelo. Os representantes do pós-guerra dessa geração foram o Cessna 195 totalmente metálico e outro Beechcraft, o modelo 17 Staggerwing, um elegante biplano de estrutura em aço e madeira.

A equipe de projetistas da Beechcraft liderada por Ralph Harmon projetou um pequeno monoplano de 4 lugares, no estilo dos caças de guerra. Destacava-se por apresentar trem de pouso triciclo (o que facilitava muito a operação de taxiamento e pouso) e retrátil, a aerodinâmica refinada, o bom desempenho e a leveza de comandos aliados com consumo comedido e uma estrutura totalmente metálica formando um conjunto leve e compacto. A grande marca de estilo, todavia, ficou por conta da cauda em “V” no lugar do leme e do estabilizador cruciformes convencionais.

O Beechcraft Model 35 Bonanza NX80040 experimental, em 1946
(Roger Bilstein Collection, San Diego Air & Space Museum Archives)

A cauda, ou empenagem, em “V” foi um modismo da época e objetivava a redução de arrasto aerodinâmico. Contudo, além da redução do arrasto, houve um incrível apelo estético e mercadológico que simboliza o Bonanza até hoje.

O motor era o Continental O-470 com 6 cilindros horizontais opostos arrefecido a ar, de 7,7 L e 185 hp (187,5 cv) a 2.300 rpm . Essa configuração rendia uma velocidade de cruzeiro de 148 knots (kt, nós, equivalente a 268 km/h) pesando pouco mais de 710 kg vazio e uma carga útil (passageiros, 150 litros de combustível e acessórios/equipamentos de navegação) de cerca de 540 kg. Sua autonomia máxima era de cerca de 900 quilômetros.

O concorrente direto do Beech 35 era o Cessna 195, um monoplano totalmente metálico de asa alta equipado com um motor radial Jacobs R-775-A2 de 7 cilindros, 300 hp (304 cv), 12,4 L. Contudo, vazio pesava 930 kg e a carga útil era de 590 kg, em grande parte comprometida pela quantidade de combustível necessária para alimentar o faminto radial (a capacidade dos tanques era de pouco mais de 300 litros de Avgas para uma autonomia máxima de cerca de 1.100 quilômetros). Tudo isso para voar à mesma velocidade do Beech.

O modelo 35 passou pelo processo de homologação em 1946 e no dia 25/03/1947 recebeu sua homologação, passando a ser comercializado logo em seguida. Desde o início o modelo se impôs no mercado aeronáutico como uma aeronave diferenciada, em virtude do seu desempenho superior, robustez e de sua interação com o piloto. Contudo, foram exatamente essas características que fizeram também vítimas: a empenagem em “V” apresenta características peculiares e uma precária estabilização da aeronave em turbulências, levando a aeronave a entrar em parafuso de difícil recuperação ou a leveza excessiva do manche em arfagem, ou oscilação longitudinal, como a dos navios, levando o piloto a sobrecarregar a estrutura da aeronave até o ponto de rompimento.


O resultado era sempre a queda da aeronave. Em virtude disso, o Bonanza de “cauda em V” sofreu, ao longo de sua vida, inúmeros aperfeiçoamentos (as versões – modelo 35, A35, B35 – quase sempre envolvendo detalhes estruturais) até atingir a sua forma definitiva, o famoso V35 de 1966, uma aeronave maior, mais potente (com 285 hp/288 cv), com maior capacidade de carga e acima de tudo, estrutural e aerodinamicamente melhorada em relação ao modelo 35 original.

Aproveitando-se das excepcionais características do Bonanza modelo 35, a Beechcraft pôde se utilizar de sua estrutura básica e desenvolver novos modelos para a família: o modelo 33 consiste em um modelo 35 dotado de cauda de projeto convencional, o modelo 36, a versão de 6 lugares além da família Baron, um bimotor que aproveita da seção central da fuselagem do modelo 36.

A robustez do Bonanza mostra a felicidade de seu projeto: para treinamento primário de pilotos da Força Aérea Americana, a Beech desenvolveu o modelo T-34 Mentor partindo do Bonanza modelo 35 (naturalmente que reforçado para manobras acrobáticas) e ainda certificou o Beech E/F-33C, uma versão homologada para manobras acrobáticas do modelo 33 com apenas pequenas diferenças em relação ao modelo não acrobático.

Neste vídeo o piloto americano Jim Pietz faz exibições empregando um Bonanza F33C:


Atualmente devido à crise da aviação civil dos anos de 1980 e ao alto custo de manter uma aeronave, apenas o modelo 36 permanece em produção, em sua versão G36. O modelo 35 original saiu de linha em 1982 na versão V35 e o modelo 33, em 1994 (F33A).

Um Bonanza G36, uma evolução do 35 de 1945

O Beechcraft 35 esteve em produção de 1947 a 1982. Mais de 17.000 Modelos 35 e o Modelo 36 similar foram construídos.

De novo, 19 pessoas ficam feridas após Boeing decolar do Rio e passar por turbulência


Mais um incidente envolvendo passageiros e turbulência foi registrado nesta semana, quando um Boeing 767-300 que decolou do Brasil rumo aos Estados Unidos não pôde evitar o voo por uma área de instabilidade, resultando em ferimentos em diversos passageiros.

A ocorrência se passou a bordo da aeronave da United Airines, de matrícula N651UA, que realizava o voo UA-128 do Rio de Janeiro para Houston, com 193 passageiros e 10 tripulantes, no último domingo (18).

Conforme apurado pelo site The Aviation Herald, o jato decolou do Aeroporto Internacional o Galeão às 21h49 locais e, algumas horas após, já sobrevoando próximo de Cancun, no México, encontrou uma turbulência. Dados revelam que os pilotos realizaram uma subida do FL360 (cerca de 10,97 km) para FL380 (cerca de 11,58 km) nesse momento.

Apesar do ocorrido, e com feridos a bordo, a aeronave continuou até Houston, onde o pouso ocorreu já no dia 19, sem mais incidentes, após pouco mais de 10 horas de voo. A United informou que a aeronave foi recebida por serviços de emergência e que dois passageiros e três tripulantes foram levados para hospitais com ferimentos leves.

A Administração Federal de Aviação (FAA) já abriu uma investigação para apurar a ocorrência e relatou, na terça-feira (20), que 4 tripulantes de cabine e 15 passageiros sofreram ferimentos leves, contrariando o número inicialmente passado pela companhia.

Trajetória da aeronave envolvida na ocorrência (Imagem: RadarBox)

Cintos afivelados a todo momento


No mesmo domingo (18), conforme reportado pelo AEROIN, um Airbus A330, que estava realizando um voo regular para o Havaí, sobrevoou uma área de forte turbulência e o chacoalhar do avião causou ferimentos em 38 passageiros e 4 tripulantes.

Ambos os incidentes ilustram, na prática, os danos causados aos passageiros que não utilizam os cintos de segurança durante todo o voo, mesmo quando os avisos estão apagados. O viajante, no entanto, poderá ficar vulnerável às forças de uma turbulência quando estiver de pé para acessar o banheiro, por exemplo.

Outro fator a se destacar em ocorrências como estas, em que se não pode prever uma turbulência, é que comissários de bordo estão mais suscetíveis a sofrerem ferimentos graves, pois estão em pé na aeronave realizando as tarefas rotineiras.

Via Juliano Gianotto (Aeroin)

Helicóptero de ataque russo é abatido por artilharia em "fogo amigo" na Guerra da Ucrânia


O helicóptero de ataque russo Kamov Ka-52, prefixo RF-91335 (43 Yellow)da Força Aérea da Rússia, foi abatido na terça-feira (20) por um sistema de artilharia anti-aérea móvel russo Pantsir-S1 em um incidente de fogo amigo em Zaporizhzhia Oblast, na Ucrânia. Não há informações sobre o número de vítimas.

(Fotos: Ukraine Weapons Tracker)
O sistema de artilharia anti-aérea móvel Pantsir-S1 (Foto: Wikimidia)
Via ASN e Ukraine Weapons Tracker

Corpo de homem encontrado no trem de aterrissagem de avião em Londres

O aeroporto de Gatwick, em Londres
O corpo de um homem foi encontrado no compartimento de roda de um voo da Tui da Gâmbia para a Grã-Bretanha sem nenhum documento de identidade.

A polícia de Sussex disse que a descoberta foi feita no aeroporto de Gatwick por volta das 4h do dia 7 de dezembro.

O corpo não identificado de um homem negro foi encontrado no jato que voou 3.600 milhas da capital da Gâmbia, Banjul.

A polícia está investigando o que aconteceu com as autoridades gambianas e preparará um relatório para o legista.

O avião voou 3.600 milhas da capital da Gâmbia, Banjul até Londres
Ebrima G. Sankareh, porta-voz do governo de Gâmbia, disse: 'De acordo com as informações, o falecido homem negro foi encontrado dentro do compartimento de roda da aeronave sem documentos de identificação para estabelecer seu nome, idade, nacionalidade ou itinerário de viagem. Portanto, não está claro, neste estágio, quem ele é.'

O Aeroporto Internacional de Banjul, na Gâmbia
A força disse em um comunicado: 'A polícia foi chamada depois que o corpo de um homem foi encontrado no trem de pouso de uma aeronave no aeroporto de Gatwick, chegando da Gâmbia, por volta das 4h do dia 7 de dezembro.

'Oficiais estão investigando e um relatório será preparado para o legista.'

Um porta-voz de Gatwick disse: 'Esta é uma notícia terrivelmente triste e nossos pensamentos vão para a família e amigos do falecido.'

Uma aeronave da Tui
A empresa aérea Tui disse que não comentaria porque o incidente era um assunto policial.

Passageiros clandestinos em aviões e navios da África para a Europa já aconteceram antes.

Em 2015, as autoridades holandesas descobriram um corpo no trem de pouso de um avião no Aeroporto Schiphol de Amsterdã.

Em novembro, três passageiros clandestinos foram encontrados no leme de um navio nas Ilhas Canárias após uma viagem oceânica de 11 dias partindo da Nigéria.

Um passageiro clandestino que se agarrou ao trem de pouso de um jato jumbo e sobreviveu a um voo de 11 horas e 5.639 milhas da África do Sul a Londres falou pela primeira vez em 2021.

Ele lembrou como saiu do coma meses depois para saber que seu melhor amigo havia caído 5.000 pés da aeronave para a morte.

Themba Cabeka (foto ao lado) ficou inconsciente no hospital por seis meses depois de ser descoberto no aeroporto de Heathrow.

Ele passou fome de oxigênio e foi submetido a temperaturas de -60°C quando o jato da British Airways voou de Joanesburgo em 18 de junho de 2015.

Themba Cabeka ficou inconsciente no hospital por seis meses depois de ser descoberto no aeroporto de Heathrow

Via Mail Online

Homem é preso no Aeroporto de Confins após agredir esposa dentro de avião

Voo do casal vinha de Lisboa com destino à capital Belo Horizonte. Outro homem que tinha um mandado de prisão também foi preso pela polícia.

(Foto: Polícia Federal de Minas Gerais)
Dois homens foram presos, na terça-feira (20), no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na região metropolitana da capital de Minas Gerais.

Segundo a Polícia Federal, um passageiro de um voo que vinha de Lisboa, em Portugal, foi preso depois de agredir a esposa. Ele estava alcoolizado e teria causado transtornos durante o voo.

O comandante do voo solicitou a presença dos policiais federais, que conduziram o homem e testemunhas para serem ouvidos. A PF informou que já havia um registro de ocorrência contra ele por ameaçar a ex-mulher, que é mãe do filho dele.

A outra prisão realizada foi de um homem detido na sala de embarque do aeródromo em Confins. Ele estava em conexão vindo de Guarulhos, em São Paulo, e seguia em direção a Porto Seguro, na Bahia. De acordo com a PF, havia um mandado de prisão em aberto contra ele expedido pelo TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) pelo crime de furto qualificado.

Via João Pedro Gruppi e Richard Souto, da Ramos (Record TV Minas)

Passageiro acende cigarro a bordo de voo, mas comissário age rápido para evitar que fumasse


Há muitos anos, fumar a bordo de aeronaves está proibido por lei em todo o mundo e isto se deve a motivos de segurança do voo e de respeito mútuo entre os viajantes. Para aqueles que sofrem de um vício incapacitante como a nicotina, um voo de várias horas pode ser brutal, mas isso não deve ser motivo para ferir a lei, como fez recentemente um passageiro a bordo de um voo da American Airlines.

Num incidente, capturado por outro passageiro a bordo do avião, cujo vídeo foi publicado no Twitter, é possível ver o momento em que o viajante da janela acende tranquilamente o cigarro a bordo do voo.

Não há muitos detalhes sobre o incidente, mas a pessoa que gravou o vídeo observou que um comissário de bordo foi rápido em arrancá-lo das mãos do homem e apagá-lo. Como citado acima, fumar em aviões é ilegal nos Estados Unidos e qualquer ato nesse sentido rende uma multa de até US$ 4.000 ao infrator.

Assista ao vídeo abaixo, mostrando o momento em que o homem acende o cigarro a bordo (esperar pelo carregamento).


Via Carlos Ferreira (Aeroin) - Imagem: Reprodução

Gigante avião Antonov AN-124 retido no Canadá já deve R$ 1,3 milhão em taxas


Quase que imediatamente após a invasão da Rússia à Ucrânia, em 24 de fevereiro, os países ocidentais se mobilizaram para impor um conjunto de sanções sobre variados setores econômicos russos. Não é novidade que a aviação foi um deles e que logo os voos de aviões russos foram proibidos sobre quase todo o ocidente e, se um avião de uma empresa aérea russa estivesse em qualquer país sancionador, ele deveria ser retido.

Assim aconteceu com um jato quadrimotor do modelo Antonov AN-124, um dos maiores cargueiros do mundo, de matrícula RA-82078 (msn 9773054559153), detido em 28 de fevereiro em Toronto (Canadá), após ter completado um voo de transporte de kits de teste Covid-19.

De lá para cá já contam 10 meses e muitas taxas acumuladas, que somam mais de 305.000 dólares canadenses, o equivalente a mais de R$ 1,3 milhão, segundo um levantamento do noticiário Canada Today.

Naturalmente, esse valor um dia será contestado pela empresa dona do avião, a russa Volga-Dnepr, já que a aeronave foi mantida estacionada ali à revelia. O futuro do jato, no entanto, ainda é incerto. Enquanto as sanções não forem retiradas, ele não pode decolar dali. Enquanto isso, segue pagando cerca de US$ 781 por dia de estacionamento.

O Antonov 124 é um dos aviões de carga mais pesados e versáteis do mundo, capaz de transportar até 150 toneladas de carga em seu compartimento de carga. O avião foi projetado pela empresa ucraniana Antonov e foi construído para substituir o antigo avião de carga Il-76.

O modelo é reconhecido como um avião de carga seguro e confiável, sendo usado para transportar cargas pesadas e volumosas para todos os cantos do mundo. Suas características permitem que ele seja usado para transportar itens tão grandes quanto módulos de petróleo e equipamentos de mineração.

Via Carlos Ferreira (Aeroin) - Foto via @BlazingHIMARS

O Boeing 747 da realeza saudita - que ficou apenas 42 horas no céu - começou a ser desmontado, depois de ficar sem uso por dez anos

(Foto: Javier Rodriguez)
Um raro Boeing 747-8i particular que pertencia à família real saudita está sendo desmontado como sucata nos EUA, apesar de ter voado um total de apenas 42 horas.

O 747-8i todo branco foi encomendado pelo príncipe herdeiro saudita Sultan bin Abdulaziz Al Saud por impressionantes £ 235 milhões (o equivalente na cotação atual a cerca de um bilhão e meio de reais), mas ele morreu um ano antes de o avião ser entregue a ele em 2012.

A incrível aeronave deveria servir como jato particular de Bin Abdulaziz até que ele falecesse enquanto o avião estava sendo equipado em Basel, na Suíça, com um luxuoso interior VIP.


Nenhum outro membro da família real saudita optou por manter o avião após a morte de seu ex-príncipe herdeiro, então o enorme jato permaneceu acumulando poeira e ferrugem na Suíça por uma década.

Em seguida, ele fez seu último voo para o Pinal Airpark, no Arizona, nos EUA (um cemitério de aviões de renome mundial, onde modelos desativados serão desmontados para sucatas).


Suas 42 horas de voo significam que o avião era essencialmente novo (espera-se que um típico Boeing 747 complete cerca de 100.000 horas de voo antes de ser descartado).

A desativação do 747 da família real saudita pode ser vista como um desperdício indesculpável, já que o 747 ainda é utilizado como um jato de passageiros altamente capaz, bem como mais amplamente, como um veículo de carga em todo o mundo.

Imagem mostra o avião sendo equipado em Basel, na Suíça, com um luxuoso interior VIP
Dados de rastreamento de voo mostram que a aeronave partiu de Basel, onde passou a maior parte dos últimos dez anos, na sexta-feira, 15 de abril de 2022, antes de pousar no Arizona 11 horas depois.

Mas apenas três dias antes do suposto voo final, o avião foi recomprado da família real saudita por seu fabricante, a Boeing, sugerindo que o jato ainda poderia ter uma nova vida. Seu último registro foi o prefixo N458BJ.

No entanto, a Boeing anunciou que planejava interromper a produção da aeronave de renome mundial ainda este ano, apesar de sua popularidade e capacidade.


Muitas vezes referido como 'Rainha dos Céus', o jato jumbo tem sido um dos favoritos dos presidentes americanos e provou ser a chave para viagens aéreas acessíveis no mercado de massa nos Estados Unidos quando foi introduzido pela primeira vez em 1970.

Ele 'tornou o voo disponível para todos', disse o historiador-chefe da Boeing, Michael Lombardi, sobre o jato icônico. 'O 747 deu asas ao mundo.'

O cemitério de aviões Pinal Airpark, no Arizona, EUA
Por Jorge Tadeu - Com informações do Daily Mail e Breaking Aviation News & Videos

Rolls-Royce conclui construção do demonstrador de tecnologia UltraFan

O motor de demonstração UltraFan está pronto para ser testado (Foto: ©Rolls-Royce)
A Rolls-Royce concluiu a construção e se prepara para testar seu UltraFan®, demonstrador de tecnologia. Em um marco importante para o programa, o motor de demonstração foi transportado da oficina de construção para o Testbed 80 em Derby, Reino Unido, onde foi montado em preparação para os testes.

O primeiro teste do demonstrador está previsto para o início do ano que vem e será operado com combustível de aviação 100% sustentável.

Chris Cholerton, presidente da Rolls-Royce Civil Aerospace, disse: “Ver o demonstrador UltraFan reunido e se preparando para o teste no Testbed 80 é uma ótima maneira de terminar o ano. Todos esperávamos por este momento, que é um marco tão importante para o programa e para a equipe que trabalhou nele. A próxima etapa será ver o UltraFan rodar pela primeira vez com combustível de aviação 100% sustentável em 2023, provando que a tecnologia está pronta para suportar voos mais sustentáveis ​​no futuro”.

Combinando um design de motor totalmente novo com um conjunto de tecnologias para oferecer suporte a viagens aéreas sustentáveis ​​nas próximas décadas, o demonstrador UltraFan tem um diâmetro de ventilador de 140 polegadas e oferece uma melhoria de eficiência de combustível de 25% em comparação com a primeira geração do motor Trent.

Via Avitrader

Inglês e comunicação ruins causaram os piores acidentes aéreos da história

Alguns dos piores acidentes de avião do mundo poderiam ter sido facilmente evitados se não houvesse uma pequena, mas fatal, falha de comunicação entre pilotos e controladores de tráfego aéreo. É o caso, por exemplo, do mais mortal acidente de avião da história, que envolveu dois Boeing 747 e deixou 583 mortos em 1977.

Estima-se que, no total, mais de 2.000 pessoas já tenham morrido por acidentes de avião causados por falhas de comunicação. Muitos desses acidentes são causados por erros de compreensão do inglês, idioma utilizado na aviação, ou por erros na fraseologia padrão.

Acelerou para decolar, mas havia outro avião na pista 

Foi o que aconteceu no acidente com os dois Boeing 747 no aeroporto de Tenerife (Espanha), ocorrido em 1977. O controlador de tráfego aéreo autorizou o avião da holandesa KLM a alinhar na cabeceira da pista enquanto outro Boeing 747 da norte-americana Pan Am taxiava pela pista. 

Houve uma falha de entendimento do comandante, causada pelo uso do inglês, termos fora do padrão e até interferência no rádio. O comandante da KLM achou que estava autorizado a decolar e acelerou o avião, causando a colisão com o jato da Pan Am que ainda estava na pista.

Colisão em voo

Em 1996, outra colisão entre dois aviões, desta vez em pleno voo, também foi causada por uma falha de comunicação. Um Boeing 747 da Saudi Arabian Airlines e um Ilyushin IL-76 da Kazakhstan Airlines bateram no ar, causando a morte de 349 pessoas. Os pilotos da Kazakhstan Airlines não entenderam a ordem, feita em inglês, de manter a altitude de 15 mil pés e atingiram o Boeing 747 que voava no sentido contrário a 14 mil pés. Foi a colisão em voo com o maior número de mortes da história. 

A lista de acidentes causados por falhas de comunicação vai desde o não entendimento de uma determinada ordem do controle de tráfego aéreo até a incapacidade dos pilotos de declarar emergência e receber auxílio para pousar em segurança. 

Fraseologia padrão 

Para melhorar a segurança das operações aéreas, os órgãos internacionais de aviação civil implementaram uma série de medidas ao longo da história. Uma das mais importantes foi o uso de uma fraseologia padrão. Determinadas situações exigem termos específicos na comunicação entre pilotos e controladores de tráfego aéreo. 

A falta de uso padronizado dos termos na aviação foi apontada com um dos problemas para o acidente com os dois Boeing 747 em Tenerife. Outro exemplo foi na queda de um Boeing 707 da colombiana Avianca em Nova York (EUA).

Em 1990, o acidente poderia ter sido evitado se a fraseologia padrão tivesse sido utilizada corretamente. O copiloto chegou a informar a torre que o combustível estava acabando, mas não utilizou os termos mayday ou pan pan, que indicam uma real situação de emergência. Assim, a torre avaliou que era apenas um alerta. 

Em função do congestionamento aéreo, o avião da Avianca teve de realizar alguns procedimentos de espera que duraram mais de uma hora. Isso fez com que o avião ficasse realmente sem combustível e caísse em Long Island, em Nova York. Se o copiloto tivesse declarado emergência de forma clara, a espera teria sido reduzida, o que evitaria o acidente. 

O uso da fraseologia padrão é importante até mesmo para pilotos que falam o inglês como língua principal. Usar termos técnicos em vez de linguagem coloquial reduz os erros de interpretação e facilita a compreensão de outros pilotos.

Nível mínimo de inglês

Para garantir um nível mínimo de proficiência do idioma, a Icao (Organização de Aviação Civil Internacional, na sigla em inglês) passou a exigir testes dos pilotos que realizam voos internacionais e dos controladores de tráfego aéreo que atuam com tripulações estrangeiras. 

Durante o teste, são avaliadas seis habilidades em relação ao idioma: pronúncia, fluência, estrutura, vocabulário, compreensão e interação. Para cada habilidade, é designada uma nota de 1 a 6. 

  • Expert: nível 6
  • Avançado: nível 5
  • Operacional: nível 4
  • Pré-operacional: nível 3
  • Elementar: nível 2
  • Pré-elementar: nível 1

A nota final do candidato é igual ao menor nível atribuído a qualquer uma das seis habilidades avaliadas. Para ter condições operacionais, é necessário obter, no mínimo, a nota 4. 

A validade do teste varia de acordo com a nota obtida:

  • Nível final 4 - Validade 3 anos
  • Nível final 5 - Validade 6 anos 
  • Nível final 6 - Validade permanente

Independentemente do tipo de operação para a qual o piloto será contratado (voos nacionais ou internacionais), as companhias aéreas costumam exigir que o candidato tenha, no mínimo, o nível 4 de proficiência linguística no inglês. É que além das comunicações durante o voo, todos os manuais do avião também são em inglês. Além disso, muitas vezes o piloto é enviado ao exterior para realizar treinamentos em simuladores.

Fonte: Vinicius Casagrande (UOL) - Foto: AP

Avião movido a combustível vindo de gramíneas será testado em 2023

Boeing, United Airlines e General Electric começam os primeiros voos de demonstração para confirmarem o que os estudos apontam como certo.

Aviação não é um grande contribuinte de emissões, mas é um setor difícil de descarbonizar
A aviação recebe muitas críticas por suas emissões de carbono. Embora a realidade mostra que a contribuição do setor é muito menor do que a maioria das outras formas de transporte, também será muito mais difícil descarbonizar a aviação, principalmente os voos de longa distância. A maior parte do transporte rodoviário pode ser efetivamente eletrificada, mas ainda não há tecnologia que forneça aviões elétricos que possam voar distâncias intercontinentais. O propulsor de jato sustentável oferece uma solução possível, e a Alder Fuels considera que é a opção mais viável.

Um quinto das emissões globais de CO2 vem do transporte e 24% se for considerado apenas o uso direto de energia. Desse total, a aviação é apenas 11,6% da pegada de carbono do transporte, ou 2,5% do total global. Isso é obviamente muito menos do que os 15% das emissões globais do transporte rodoviário, mas ainda é significativo. Muitas previsões mostram que o volume de CO2 do transporte rodoviário que desloca pessoas cairá quase a zero em 50 anos, enquanto a aviação permanecerá quase inalterada no mesmo período, quando será o principal contribuinte do transporte.

Se quisermos atingir as metas de redução do aquecimento global, precisamos encontrar uma alternativa ao combustível de aviação. Uma opção é o combustível criado a partir de “óleos e graxas residuais” (também conhecido como FOG). Esses são os subprodutos residuais da indústria alimentícia, como o sebo bovino. Em 2016 a AltAir Fuels testou com sucesso a produção de combustível a partir dessa fonte, utilizando uma refinaria convertida no sul da Califórnia e tecnologia da Honeywell UOP. A United Airlines, Boeing e Gulfstream colaboraram no teste do Honeywell Green Jet Fuel, produzido pela AltAir.

No entanto, Bryan Sherbacow, que era COO da AltAir, percebeu que não havia FOG suficiente para aumentar a escala desse combustível, embora funcionasse bem. Então, em 2021, ele fundou a Alder Fuels, que visa criar combustíveis sustentáveis ​​​​a partir da biomassa vegetal. Há algum ceticismo sobre os combustíveis derivados da biomassa, porque eles podem acarretar a conversão de terras aráveis ​​perfeitamente boas para longe da produção de alimentos, ou a destruição da floresta primária.

No entanto, Alder usa apenas biomassa lenhosa, que já é um produto residual, como o resto do manejo florestal, em vez de cortar mata virgem. Também está trabalhando com os resíduos da cultura da cana-de-açúcar, que muitas vezes são queimados, por exemplo na Índia (No Brasil também, para a produção de bioeletricidade, ou indo para o etanol 2G).

Gramíneas, como a cana-de-açúcar, podem produzir um combustível sustentável mais barato que o petróleo
No entanto, Alder espera criar um combustível sustentável, verdadeiramente escalável, por meio de gramíneas cultivadas para fins específicos. Estes podem ser cultivados em terras que não são aproveitáveis ​​para a produção de alimentos, que de qualquer forma terão um valor financeiro maior. Alder descreve as gramíneas energéticas como carbono negativo, porque não apenas retiram CO2 do ar durante a fotossíntese (que é então devolvido à atmosfera quando os combustíveis são queimados), mas as raízes também sequestram CO2 no solo, onde permanece. Isso pode significar que os combustíveis de Alder melhoram a atmosfera, em vez de apenas não danificá-la ainda mais.

Alder está tentando construir um negócio em torno de um substituto do petróleo que chama de Alder Greencrude. O produto pode ser refinado em vários tipos de combustível usando a infraestrutura existente, embora o combustível para aviação seja provavelmente um dos produtos com maior valor. O Greencrude também pode ser empregado como substituto de outros produtos derivados do petróleo, como produtos químicos e plásticos. Alder está atualmente trabalhando com a Universidade de Illinois para desenvolver sua tecnologia.

Claro, mesmo que as questões ambientais sejam a inspiração para o Alder, se seus combustíveis podem ser econômicos será o fator decisivo. Atualmente, os biocombustíveis derivados do FOG de sebo bovino produzem uma matéria-prima que custa algo em torno de US$ 6 (R$ 31,80) o galão, resultando em um preço de combustível de US$ 7-8 por galão. O atual preço do petróleo bruto fóssil (WTI bruto) é de US$ 77,20 o barril, o que equivale a US$ 1,84 o galão. Claramente, o combustível FOG atualmente não pode competir com o fóssil. Mas Alder avalia que seu biocombustível pode chegar a US$ 1,20 o galão. Quando feito com resíduo florestal, custará mais, mas o desperdício de cana será menor, e o capim energético para fins de cultivo muito menos. Isso poderia tornar o Alder Greencrude um verdadeiro concorrente econômico do petróleo bruto fóssil.

Os voos de demonstração, usando o combustível de jato sustentável da Alder, ocorrerão em 2023 em parceria com a Boeing, United Airlines e General Electric. Outras demonstrações estão planejadas com a Gulfstream e a Rolls Royce. Se o Alder Greencrude puder atingir o nível de preço prometido, ele terá um futuro potencialmente muito lucrativo para a aviação.

No entanto, a Alder não está direcionando seus combustíveis para setores que já estão indo bem com a eletrificação, como o transporte individual. O foco está em áreas que estão se mostrando difíceis de descarbonizar. Embora os voos de curta e média distância provavelmente se tornem eletrificados na próxima década, as longas distâncias não o serão. Embora os e-combustíveis apresentem outra alternativa, Sherbacow não os vê como suficientemente escaláveis ​​para atender às necessidades da aviação ao empregarem captura de carbono extremamente caras. A biomassa captura e até sequestra carbono usando as capacidades naturais das plantas, sem um processo industrial intensivo em energia.

A Alder já fornece seu diesel renovável para geradores usados ​​pela Fórmula E, como na final do Extreme E, no Uruguai. Agora, a empresa está negociando um projeto para descarbonizar o navio St Helena, que esta série de corridas utiliza para transportar seus equipamentos entre os locais das disputas. Atualmente, o Santa Helena é uma oportunidade na agenda de sustentabilidade do Extreme E, porque os combustíveis marítimos são outra área onde uma opção sustentável ainda não está amplamente disponível. A navegação tem um nível semelhante de contribuição de gases de efeito estufa que a aviação.

Sempre que possível, seria interessante se afastar de coisas que queimam. Os combustíveis de combustão sustentável geralmente são neutros em carbono, o que significa que, embora retirem o CO2 da atmosfera durante a produção, eles o devolvem quando são queimados. A longo prazo, precisamos retirar o CO2 da atmosfera e não devolvê-lo. No entanto, a menos que a humanidade decida parar com os voos de longo curso, o que é improvável que aconteça em função da forma como as populações se distribuem globalmente, precisamos de uma alternativa sustentável ao combustível de aviação. Se a Alder Fuels puder fornecê-los de uma maneira que seja realmente negativa em carbono, como afirmado, pode ser uma opção muito viável e que poderia ser implementada em breve para ajudar a combater os problemas de mudança climática, mantendo os estilos de vida itinerantes que passamos a considerar garantidos.

Via James Morris (Forbes) - Imagens: Getty Images

O B-2 e como os aviões invisíveis enganam os radares?

O segredo é uma combinação complexa de revestimento especial com design inteligente. O objetivo de um avião invisível é entrar em território hostil, realizar sua missão e retornar em segurança sem ser detectado pelo inimigo. 

Para conseguir isso, não basta apenas escapar das ondas de rádio dos radares. Ainda é preciso ser silencioso, difícil de enxergar a olho nu e capaz de driblar sensores de calor. O mais famoso avião avião é o bombardeiro americano B-2 Spirit. 


Eles custaram aos Estados Unidos a fábula de 2,2 bilhões de dólares cada um. Se suas 150 toneladas foram transformadas em ouro puro, não dariam um quarto desse valor! Quando o B-2 foi projetado, na década de 70,


A partir dos anos 90, com a convivência mais pacífica entre os dois países, o bombardeiro foi adaptado para carregar bombas convencionais, podendo participar de menor porte. 

Além da invisibilidade, o que mais impressiona no B-2 é sua grande autonomia para um avião de guerra, conseguindo voar 11 mil milhas sem reabastecer. 

A estreia dele em combate aconteceu em 1999, durante os conflitos separatistas em Kosovo, província da antiga Iugoslávia. Enquanto outros aviões decolavam de porta-aviões e bases aéreas próximas da região, os B-2 vinham direto dos Estados Unidos, onde fica uma única base aérea capaz de cuidar de sua delicada manutenção. 

Numa nova guerra é provável que os B-2 sejam os primeiros aviões na linha de ataque, destruindo como defesas antiaéreas e abrindo caminho para outras aeronaves.

Efeito asa

Em vez de ter asas e cauda, como os aviões comuns, o B-2 inteiro é uma espécie de asa voadora. Isso melhora muito sua sustentação no ar, economizando combustível e permitindo ao B-2 alcançar distâncias intercontinentais em curto tempo, mesmo com seu peso imenso de 150 toneladas

Sem ar quente

Antes de sair pelos exaustores, o jato de gerado ar gerado pelos motores e que impulsiona o avião à frente passa por dutos de refrigeração. Assim, o ar deixa a nave com temperatura quase igual à ambiente, despistando mísseis e radares que seguem os rastros de calor

Motor discreto

As partes metálicas do B-2, como os trens de pouso e os quatro motores a jato, ficam enterrados no meio do avião, onde não refletem as ondas do radar. Esse esconderijo também serve para abafar o barulho do motor

Menor que um pássaro

O formato esquisito do B-2 foi planejado para desviar as ondas de rádio para longe do radar que adicionou, evitando que elas retornem ao equipamento e indiquem a posição do avião. 

Além disso, um aeronave é recoberta por materiais não-metálicos e uma camada de tinta especial (de composição secreta) capaz de absorver uma parte dessas ondas de rádio, do mesmo modo que um objeto negro consegue absorver uma luz. 

Graças à tintura misteriosa (que precisa ser renovada a cada voo) e ao seu formato, o B-2 é identificado pelos radares como um objeto menor que um pequeno pardal e por isso nem aparece na tela

Pego pelo radar

As ondas de rádio emitidas por um radar batem em objetos sólidos e são refletidas de volta. Cada objeto aparece de um jeito na tela do equipamento. Como grandes chapas de metal (como da fuselagem dos aviões) são excelentes refletores de ondas, estas retornam em alta frequência ao radar e as imagens comuns aparecem na tela.

Fonte: Superinteressante - Imagens: Reprodução