A320 de matrícula PR-OCV, da extinta Avianca Brasil, que hoje opera na Latam com o prefixo PR-TYQ (Imagem: Alexandre Saconi/10.dez.2016) |
A Avianca Brasil realizou seu último voo no dia 24 de maio de 2019, deixando de vez o mercado nacional. Foram cinco meses entre o pedido de recuperação judicial, feito em 10 dezembro de 2018, e o fim das decolagens, período marcado por apreensão de funcionários e pedidos de retomada dos aviões pelos proprietários.
Quando o pedido de recuperação foi feito em 2018, a companhia, que nasceu como Oceanair e adotou o nome de Avianca em 2010, já apresentava problemas para se manter. À época, pelo menos 13 aviões da companhia haviam sido pedidos de volta por seus verdadeiros donos, empresas de leasing (uma espécie de aluguel).
A partir de dezembro de 2018, sua frota, que chegou a ter 53 aviões registrados em condições de voo, fechou o ano com 47 unidades apenas. No primeiro semestre de 2019, a empresa perdeu quase todas suas aeronaves restantes, e foi impedida de continuar a voar no final de maio.
Para onde foram?
Aviões parados em frente ao hangar da Avianca Brasil após o fim das operações da empresa (Imagem: Alexandre Saconi/1º.set.2016) |
Logo que pararam de voar, alguns aviões da extinta Avianca Brasil foram direcionados para o centro de manutenção da Latam, em São Carlos (SP). À época, a própria Latam firmou um contrato com a empresa de leasing Aircastle, dona de algumas aeronaves, e ficou com dez Airbus A320-200 inicialmente.
À época do fim das operações da Avianca, a Azul também arrendou dez aviões que estavam na empresa falida, todos do modelo A320 Neo. Com a transferência, a Azul registrou a matrícula dessas aeronaves como PR-YY, diferente de outros A320 da empresa, que, geralmente, têm o prefixo iniciado por PR-YR_.
Hoje, a Azul conta com 14 aviões de vários modelos que pertenceram à Avianca em sua frota. A Latam também tem a mesma quantidade de aviões da extinta companhia em operação.
Mais recentemente, entre o final de 2020 e início de 2021, quatro aviões que operaram na empresa foram voar na low cost Allegiant Air, dos Estados Unidos. Outros quatro A320 foram para Austrian Airlines.
A Avianca, grupo homônimo sediado na Colômbia, também recebeu dois aviões, sendo um A330F para sua divisão de cargas. Outras unidades também se encontram espalhadas em empresas menores e em menor quantidade pelo mundo.
Sucateamento
Avião da Avianca Brasil no aeroporto de Brasília em maio de 2019, mês do último voo da empresa no país (Imagem: Valter Campanato/24.mai.2019/Agência Brasil) |
Após o fim das operações da Avianca, era possível encontrar diversos de seus aviões espalhados em aeroportos pelo país. Há relatos destas aeronaves, ao menos, nos aeroportos de São José dos Campos (SP), Congonhas (SP) e Brasília (DF).
No final de 2019, alguns dos aviões da Avianca podiam ser vistos do lado de fora do hangar da empresa, no aeroporto de Congonhas. Muitos deles, em estado de conservação precário, já sem motores.
Mais recentemente, em junho de 2021, a reportagem do UOL registrou dois antigos aviões da empresa parados no aeroporto de Brasília. Eles estavam parcialmente desmontados, e já não voavam havia anos.
Mesmo avião da foto anterior, que pertenceu à Avianca Brasil, sendo desmontado no aeroporto de Brasília em 2021 (Imagem: Alexandre Saconi/30.jun.2021) |
Fokker reativado
A Avianca Brasil foi uma das principais operadoras do avião Fokker 100 no país. O modelo foi aposentado pela aérea em 2015, e não tinha mais o mesmo interesse comercial que os modelos da Airbus que o substituíram.
Um desses aviões foi restaurado e hoje serve como restaurante em Brasília, o Pan Am Experience. O local reproduz como era um avião da década de 1960 em detalhes, desde os objetos utilizados até o menu.
Surpresa
Antes da recuperação judicial, empresa apresentava crescimento e queria comprar mais aeronaves (Imagem: Alexandre Saconi) |
Nos meses que antecederam a falência, a empresa aparentava uma evolução, com aumento ano a ano no número de passageiros transportados. Segundo dados disponibilizados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), em 2018, a empresa transportou 11,6 milhões de passageiros, ficando com uma fatia de 12,4% do mercado, atrás de Azul, Gol e Latam.
Um ano antes, a companhia havia inaugurado rotas internacionais, ligando o Brasil a Santiago (Chile) e Nova York (EUA). Nos anos anteriores à interrupção da operação, a empresa havia se destacado no mercado nacional com premiações que a colocavam como o melhor serviço entre as aéreas brasileiras.
Porém, em dezembro de 2018, o fim da empresa tinha seu início formal. Nos poucos meses entre o pedido de recuperação judicial e o último voo realizado, a empresa se viu cercada de problemas.
Em 14 de julho de 2020, mais de um ano depois do fim de suas atividades, a empresa teve sua falência decretada. Segundo a administradora judicial da massa falida da companhia, a empresa Alvarez & Marsall, todos os aviões foram devolvidos aos proprietários. Apenas restaram peças, que estão em processo de leilão.
Por Alexandre Saconi (UOL)
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