sexta-feira, 22 de março de 2024

A que altitude os aviões podem chegar e como isso afeta seu voo?


A altitude dos aviões durante o voo influencia em diversos fatores, que vão da economia de combustível ao conforto dos passageiros. Quanto mais alto, melhor. O teto operacional máximo (altitude que o avião pode atingir), no entanto, varia de acordo com cada modelo de aeronave. 

Um avião menor, como o Cessna Caravan, usado pela Azul Conecta, tem capacidade de subida bastante inferior em relação aos grandes jatos comerciais ou mesmo em comparação com turboélices bimotores, como o ATR 72-600.

No caso do Cessna Caravan, a fabricante afirma que a altitude máxima operacional é de 25 mil pés (7.620 metros). Nos voos da Azul Conecta, no entanto, a altitude padrão de cruzeiro fica limitada a 10 mil pés (3.048 metros). Isso ocorre porque o avião não é pressurizado, e voar mais alto do que isso poderia causar mal-estar aos passageiros. 

Nos turboélices maiores, como o ATR 72-600, a cabine de passageiros é pressurizada e, assim, o avião chega aos 20 mil pés (6.096 metros). Os jatos comerciais, como os fabricados pela Airbus, Boeing e Embraer, vão bem mais alto e podem atingir 40 mil pés (12.192 metros) de altitude.

Altitude média dos principais aviões comerciais

  • Turboélice monomotor (Cessna Caravan): 10 mil pés (3.048 metros) 
  • Turboélice bimotor (ATR 72-600): 20 mil pés (6.096 metros) 
  • Jato (Boeing, Airbus e Embraer): 36 mil a 40 mil pés (10.972 a 12.192 metros)
  • Jato supersônico (Concorde): 60 mil pés (18.288 metros)

Mais baixo, mais perto das nuvens


Essa diferença influencia diretamente no conforto dos passageiros. Quanto mais alto, o ar fica mais rarefeito e a atmosfera fica mais calma. Além disso, quanto mais alto o avião voar, mais longe ficará das nuvens. 

As nuvens são classificadas em três categorias de acordo com o estágio de formação. Elas podem ser baixas, médias ou altas:
  • Baixas: de 30 metros a 2.000 metros 
  • Médias: de 2.000 metros a 8.000 metros em latitudes tropicais ou 7.000 metros em latitudes temperadas 
  • Altas: acima das médias (sem um limite máximo definido, mas, em geral, até 10 mil metros)
Como atingem uma altitude mais baixa, os aviões turboélices estão mais suscetíveis a voar por entre as nuvens, uma área na qual a atmosfera é mais agitada. A consequência é que estão mais propensos a encarar uma turbulência pelo caminho. 

São sete os principais motivos que fazem o avião sofrer turbulência. A maioria ocorre a baixas altitudes, e até a altura dos prédios de uma cidade pode causar o balanço da aeronave. 

Já os jatos comerciais conseguem voar acima da camada de nuvens, em uma atmosfera mais calma e com menos turbulência.

No entanto, podem sofrer com a turbulência de ar claro. Ela ocorre em altitudes elevadas e são causadas pelos correntes de jato, grandes correntes de vento que chegam a mais de 100 km/h. 

No inverno e sobre o continente, a corrente de jato é mais intensa, causando a turbulência de céu claro com mais frequência e intensidade.

Economia de combustível


Além de influenciar no conforto, a altitude ajuda os aviões a economizarem combustível. Com o ar mais rarefeito, precisam de menos combustível para realizar a queima dentro do motor. Como existem menos moléculas de ar na altitude, também são necessárias menos moléculas de combustível. 

Além disso, o avião encontra menos resistência para se deslocar, o que faz com que a força que o motor tem de fazer em altitude também seja menor, economizando ainda mais combustível. 

O problema é que a partir de uma determinada altitude o ar fica tão rarefeito que já não é suficiente para realizar a queima do combustível no motor. No entanto, há modelos que vão bem além dos jatos comerciais, como os caças militares e o já aposentado supersônico Concorde. Esses aviões utilizam outra tecnologia de motores.

Por Vinícius Casagrande (UOL)

Avião da Embraer segue como o jato leve mais vendido do mundo


O Phenom 300, fabricado pela Embraer, é o jato leve mais vendido no mundo há 12 anos. Presente em mais de 40 países, a aeronave teve 63 unidades entregues em 2023, totalizando mais de 730 desde seu lançamento.

Para aqueles interessados em adquirir essa aeronave o preço inicial é de US$ 12,5 milhões, aproximadamente R$ 60 milhões pela cotação atual. Versões mais antigas estão disponíveis a preços mais acessíveis, com o modelo do ano anterior listado a US$ 14 milhões, cerca de R$ 69 milhões.

"O Phenom 300 continua a destacar o compromisso da Embraer em fornecer a melhor experiência em aviação executiva", declarou Michael Amalfitano, Presidente e CEO da Embraer Aviação Executiva.

Com mais de 2 milhões de horas de voo registradas, o Phenom 300 recentemente alcançou a posição de aeronave mais voada nos Estados Unidos, com mais de 360 mil voos em um período de 12 meses.

Características do Phenom 300


O Phenom 300 é reconhecido por sua velocidade, alcance e eficiência. Com uma velocidade de cruzeiro de 464 nós e alcance para cinco ocupantes de 2.010 milhas náuticas (3.724 km), é o jato monopiloto mais rápido disponível.

Equipado com dois motores Pratt & Whitney Canada PW535E1, cada um com 3.478 libras de empuxo, a aeronave pode voar a 45.000 pés (13.716 metros). Seu cockpit de fácil operação permite a condução por um único piloto, garantindo uma experiência de voo ágil e segura.

Via Meon - Foto: Divulgação

90 anos do de Havilland DH.89 Dragon Rapide

O tipo era membro integrante das frotas civis e militares em todo o mundo.

Um de Havilland Dragon Rapide voando no céu.(Foto: Strikernia)
Já se passaram quase nove décadas desde o de Havilland DH. O 89 'Dragon Rapide' realizou seu primeiro vôo, feito esse feito ocorrido em 17 de abril de 1934. Nos 90 anos que se seguiram a esta viagem inaugural, o tipo tornou-se uma lenda na história da aviação. O biplano podia voar entre seis e oito passageiros e era valorizado por sua resistência, confiabilidade e eficiência para a época.

Outra obra-prima de Havilland


O de Havilland Express voou pela primeira vez em 14 de janeiro de 1934. Embora apenas 62 unidades deste demônio da velocidade tenham sido produzidas, o Dragon Rapide, uma versão bimotora em escala reduzida, era muito mais popular. Separadamente, já cobrimos o sucesso internacional do DH.84 Dragon . No entanto, o Rapide foi mais rápido, atingindo uma velocidade de cruzeiro de 132 mph (212 km/h) e cobrindo um alcance de 556 mi (483 NM).

Um de Havilland Dragon Rapide da Isle Of Man Air Services (Foto: RuthAS/Wikimedia Commons)
O avião todo de madeira realizou seu voo inaugural no Aeródromo Hatfield, em Hertfordshire, Inglaterra. Em seguida, entrou em serviço com a Hillman's Airways, com o G-ACPM decolando do mesmo local três meses depois, em 13 de julho de 1934. A aeronave foi inicialmente chamada de Dragon Six antes de se tornar Dragon Rapide. Mais conhecido simplesmente como Rapide, o tipo entrou em ação com operadores civis e militares.

Como na foto acima, a aeronave era bastante compacta, daí a sua capacidade relativamente baixa de passageiros. De acordo com dados disponibilizados pelo Museu de Aeronaves de Havilland, ele tinha envergadura de apenas 14,6 metros (48 pés) e seu peso total era de apenas 2.495 kg (5.550 libras). Em termos de desempenho, juntamente com os valores de velocidade e alcance acima mencionados, navegou a uma altitude de 16.700 pés.


Equipamento versátil


Apesar de inicialmente ter sido projetado como um avião comercial, o início da Segunda Guerra Mundial viu o de Havilland Dragon Rapide se tornar uma aeronave mais versátil. Vendo muita ação no longo conflito, uma das primeiras tarefas importantes que o Dragon Rapide empreendeu foi durante a Batalha da França, quando, entre maio e junho de 1940, o avião serviu como mensageiro aéreo através do Canal da Mancha.

Um de Havilland Dragon Rapide da RAF voando no céu (Foto: IanC66)
Apreciada pela RAF e pela Marinha Real, a aeronave foi chamada de de Havilland Dominie quando serviu nas forças armadas do Reino Unido. De acordo com a BAE Systems, o tipo foi usado para treinamento de navegação, comunicação, ambulância aérea e transporte durante o conflito. 

O Capitão Donald L Van Dyke, FRAes, compartilha o seguinte sobre o Rapide em Fortune Favors The Bold: “Os primeiros DH.89 tinham um peso máximo permitido de 5.000 libras. A 59ª aeronave de produção tinha pontas de asas mais espessas e pesava 5.500 libras. Ele também apresentava aquecimento de cabine e uma luz de pouso montada no nariz. As aeronaves produzidas posteriormente foram equipadas de forma semelhante. Um DH.89 armado e modificado foi oferecido à RAF para uso pelo Comando Costeiro. Este único protótipo, designado DH.89M, foi preterido pela RAF em favor do Avro Anson, mas três foram encomendados pelo governo espanhol em 1935, para funções policiais em Marrocos e mais dois foram construídos para o governo lituano em 1936.”

Adaptação ao mercado


Van Dyke acrescenta que em 1937, começando com a 93ª unidade de produção, pequenos flaps de bordo de fuga foram instalados na asa inferior. Esta mudança deu lugar à designação DH.89A, e vários exemplos anteriores do DH.89 foram atualizados para este padrão em meio à reformulação. Houve também várias outras introduções ao longo dos anos, com avanços incluindo o motor a pistão Gipsy Queen se tornando um recurso central.


A popularidade do de Havilland Dragon Rapide estendeu-se muito além das fronteiras do Reino Unido em termos de uso militar e civil, e exemplos desse tipo podem ser encontrados em todos os continentes habitados. Eles foram vistos com diferentes adaptações, incluindo carros alegóricos ou esquis, em países como China, Nova Zelândia, Canadá e América do Sul. No Reino Unido, forneceu até transporte real.


No total, a BAE Systems observa que 728 unidades do tipo foram produzidas entre 1934 e 1946. Destas, pouco mais da metade (380) foram fabricadas em Hatfield, ao lado de 340 pela Brush Coachworks em Loughborough e duas em Witney. Curiosamente, este último par foi construído com peças sobressalentes. Infelizmente, a implantação da aeronave sofreu um declínio significativo na década de 1960 devido ao surgimento de soluções modernas de jatos.

O tipo está bem representado na era da preservação


De acordo com dados disponibilizados pela Aviation Safety Network, o de Havilland Dragon Rapide esteve envolvido em 343 incidentes ao longo dos anos, resultando coletivamente em 221 vítimas mortais. Embora estes números sejam elevados, a sua implantação durante a Segunda Guerra Mundial terá sido um factor chave na questão. No entanto, um bom número de exemplos sobreviveram e vivem hoje na era da preservação abundante.

Como visto no vídeo acima, um dos usos mais notáveis ​​do tipo nos dias modernos é para voos panorâmicos de lazer saindo do Museu Imperial da Guerra no Aeródromo de Duxford, em Cambridgeshire, na Inglaterra. De acordo com a Classic Wings, os passageiros podem pagar apenas £ 99 (US$ 127) por uma viagem no avião clássico, com voos sobre Cambridge, Ely e até Londres com duração entre 20 e 70 minutos.

Com informações de Simple Flying

quinta-feira, 21 de março de 2024

Aviões que são cópias piratas ou que são inspirados em outros projetos

Alguns projetos aeronáuticos foram claramente 'inspirados' em programas diversos.

Aeronaves inspiradas em projetos existentes são uma realidade no mundo, acima um J-11B cópia do Su-27
A celebre frase “Na televisão, nada se cria, tudo se copia” preferida pelo apresentador Chacrinha pode muito bem ser utilizada na aviação. A indústria aeronáutica possivelmente prefere a versão original, “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, do químico Antoine Lavoisier.

Contudo, não são raros os exemplos de projetos que vão além de uma simples transformação, se tratando de cópias ou aperfeiçoamentos de projetos anteriores, em geral, feitos por terceiros. O caso mais notável é da China, famosa por suas “inspirações” que não raro é de 100% do projeto original. Autoridades do país já definiram que um projeto pirateado deve ser visto como uma honra ao fabricante lesado, pois foi bom o suficiente para desejarem copia-lo. Acredite, eles não estão sozinhos.

Nesher - Parece um Mirage 5


Pode parecer difícil de acreditar, mas os israelenses, conhecidos por sua alta tecnologia e capacidade intelectual acima da média, resolveu um problema internacional 'clonando' o Mirage 5J, o curioso, com aval do fabricante original. 

IAI Nesher foi uma solução industrial para a venda dos Mirage 5 para Israel
Logo após a Guerra dos Seis Dias, o governo francês embargou o envio de 50 Mirage 5J, já pagos, para Israel. Uma solução foi um acordo digno da Guerra Fria, onde a Dassault, fabricante original do Mirage, esteve indiretamente envolvida. Israel adquiriu um novo lote de Mirage 5 através da Rockwell International, que fechou um acordo com a Dassault. 

Como havia um embargo em vigor, as estruturas básicas foram produzidas pela também francesa Aerospatiale, enquanto as asas na Reims-Cessna. A construção ocorreu na Israel Aircraft Industries, criando o IAI Nesher, uma versão local do francês Mirage 5. Em Na sequência, ainda sob embargo francês, a IAI desenvolveu o Kfir, também baseado no Mirage 5.

Mirage 5 foi um dos principais caças dos anos 1960 e sofreu embargo para vendas para Israel

Lavi - Até lembra um F-16, mas não é


Se na década de 1960 os israelenses tinham a desculpa de embargos do General De Gaulle, na década de 1980 não seria muito convincente copiar o F-16, especialmente por ser produzido por seu maior aliado, os Estados Unidos. 

Soluções do Lavi eram próximas do norte-americano F-16
Então a IAI criou o Lavi, que possuía características de voo bastante próximas do modelo americano, mas empregada canards e alguma soluções bem particulares. Apenas três protótipos foram construídos, e hoje estão expostos em Israel. Se olhar de longe e pensar que é um F-16, é apenas impressão sua. O final da história? Israel escolheu o F-16, que era mais barato e já contava com centenas de unidades em serviço.

F-16 é um dos principais caças dos Estados Unidos e continua sendo exportado para diversos aliados

Tu-144 Concordski


Outra inspiração famosa é o Tupolev 144, que é tão similar ao Concorde, que recebeu o apelido nada elogioso de Concordski. Concebido ao mesmo tempo que o supersônico franco-britanico, o Tu-144 saiu na frente ao realizar o primeiro voo meses antes do Concorde. 

Um dos mais famosos casos de 'inspiração' o Tu-144 teve uma curta carreira voando apenas no território soviético
Os soviéticos optaram por uma aeronave ligeiramente maior, utilizando canards. A carreira do Tu-144 foi bastante curta e Moscou nunca aceitou o argumento que ele era uma cópia do Concorde, contudo, nunca também negou.

Esse é o Concorde original, que dispensa maiores apresentações

Buran - Solução soviética ao Space Shuttle


Os soviéticos ainda teriam tempo de tentar mais um plágio, dessa vez para evitar que os norte-americano tivessem pleno domínio do espaço. O programa SST, acrônimo para space transport system, conhecido como ônibus espacial, foi construído pela Nasa sob alegação de oferecer voos espaciais a baixo custo e em uma frequência jamais vista, podendo contar com um lançamento por semana. 

O Buran jamais entrou no espaço
Os soviéticos não acreditaram totalmente nos argumentos da Nasa, alegando inclusive que ele era um programa da força aérea para roubar satélites inimigos. Como dessa vez foi Washington que não se preocupou em desmentir tal alegação, os camaradas iniciaram o programa Buran-Energia. O conceito era idêntico ao norte-americano. 

O colapso da União Soviética levou ao cancelamento do projeto, fazendo que o Buran jamais entrasse em serviço, enquanto, ao menos oficialmente, nenhum ônibus espacial americano roubou algum satélite. O Buran ainda que inspirado no conceito norte-americano, tinha soluções próprias e características dos programas soviéticos.

A versatilidade da pioneira Columbia causou pavor em Moscou e foi considerado uma arma de guerra espacial

Tu-4 - Usamos nas cores soviéticas?


Outro caso notório foi a criação do Tupolev Tu-4, um bombardeiro estratégico soviético construído a partir de engenharia reversa no B-29 Superfrotress. Neste caso, os soviéticos não se preocuparam em negar a cópia, simplesmente ignorando as declarações e reclamações norte-americanas. No final da Segunda Guerra, os soviéticos tentaram adquirir alguns B-29 através de lend lease ou mesmo produção licenciada, como ocorreu com o DC-3, por exemplo. 

Com a evidente negativa de Washington, afinal, se tratava do principal bombardeiro do país, a solução veio quando quatro B-29 pousaram em emergência em território soviético. Sob alegação de que a União Soviética se mantinha neutra na Guerra do Pacífico, Moscou se negou entregar os aviões. 

Olhando rapidamente qualquer um diria se tratar de um B-29
Em seguida os três aviões que estavam em bom estado foram enviados para a Tupolev OKB, sob expressa ordem de Stálin, o tirano que comandava a União Soviética com mãos de ferro, que as cópias fossem exatamente idênticas aos originais. Conhecendo o histórico do ditador, os engenheiros da Tupolev não tiveram dúvidas em tentar ser o mais fiel possível nos primeiros exemplares. Ao ponto de as aeronaves terem um inexplicável furo em uma das asas. 

Um dos aviões originais contava com um furo sem sentido, feito por uma perfuratriz. Sem saber o motivo, possivelmente uma falha na linha de montagem, os engenheiros temiam que em uma vistoria Stálin notasse o detalhe. Pelo sim, pelo não, os aviões soviéticos ganharam um furo inútil. A pintura das baias de bombas também seguiu um padrão irregular, com apenas metade pintado, como existente em um dos aviões originais. Como curiosidade adicional, o Tu-4A lançou a primeira bomba nuclear nuclar soviética, a RDS-1.

Nota: O autor do texto durante uma visita ao museu de Monino, nos arredores de Moscou, escutou de um responsáveis pelo acervo que ao final dos trabalhos, Andrei Tupolev em contato direto com Stálin havia perguntado em tom descontraído sem deveriam pintar nas cores soviéticas ou norte-americanas. O temor de parar em um campo de trabalhos forçado, ou ser executado, era tanto que era bom confirmar se a cópia fiel incluía as cores no rival. Todavia, essa história nunca foi confirmada pela literatura disponível.

Esse é o B-29 original, note a extrema semelhança com o Tupolev Tu-4

J-11B - Parecido, mas completamente diferente


Já os chineses não têm pudores em dizer que copiaram algo. Ainda assim, a China não gostou quando os russos afirmaram que o J-11B, um caça embarcado idêntico ao Su-27SK era uma versão pirata. 

Sem as marcas chinesas, você seria capaz de dizer que não é um Su-27?
Nos anos 1990 a China formalizou um acordo para produzir 200 Su-27SK no país, sob designação J-11A, duas décadas depois o J-11B surgiu como uma evolução do modelo produzido sob licença. O governo chinês refutou a alegação de cópia e disse que os dois aviões até são parecidos, mas são completamente diferentes!

A fonte de inspiração do J-11B foi o Sukhoi Su-27

ARJ-21 - Usou ferramental do MD-80


Em outros casos os chineses não se preocupam muito com críticas, como o caso do ARJ-21, que é quase idêntico a série MD-80. Nos anos 1980 a McDonnell Douglas montou na China uma planta para produzir a seção dianteira da família MD-80, enviando ferramental e projetos ao então gigante e inexpressivo país asiático. 

Os engenheiros do MD-80 deveriam estar orgulhosos pela inspiração do ARJ-21
Apenas a mão-de-obra barata era atraente naquele momento. Décadas depois os chineses responderam criando um avião que utiliza o mainframe do MD-80. Curiosamente como não tinham projeto e ferramental do restante do avião, eles criaram o que faltava. Assim, é um avião 100% chinês.

Note as claras semelhanças entre o MD-80 e o ARJ-21

Shanghai Y-10 - Novas e estranhas janelas


O caso mais bizarro de cópia chinesa foi o Shanghai Y-10, que voou pela primeira vez em 1980. Excluindo as estranhas janelas do cockpit, todo o resto era um 707-320C. 

A inteligência norte-americana afirma que o Y-10 não passa de um 707 com novas janelas
Na ocasião os norte-americanos afirmaram que o Y-10 não era sequer uma engenharia reversa do 707, mas apenas um Boeing com janelas substituídas. Ou seja, nem podia ser oficialmente chamado de um 707 pirata, talvez fosse ideal algum termo como “modificado” ou “mexido”.

Por Edmundo Ubiratan (AeroMagazine)

Avião da Azul apresenta pane após pouso em Passo Fundo (RS)


Viagens aéreas são sempre cercadas de imprevistos e a segurança está em primeiro lugar. Há protocolos a serem seguidos que minimizam a chance de acidentes, seja em dias de chuva, vento, ou problemas mecânicos, sendo que, na dúvida, ações preventivas são o caminho a ser adotado. 

Ontem (20) o avião Airbus A320-253N, prefixo PR-YRS, da Azul Linhas Aéreas, vindo de São Paulo na rota normal até Passo Fundo (voo AD4854), quase lotado, apresentou uma pane após o procedimento de pouso no aeroporto Lauro Kortz. A Uirapuru apurou que a equipe reportou a pane após o pouso, mas não detalhou que tipo de problema.

Os passageiros desembarcaram normalmente, mas, devido ao problema, o avião não decolou de volta para São Paulo, em caráter preventivo. O avião chegou na cidade de Passo Fundo por volta das 10h25min. Até o início da noite de ontem (20) a aeronave permaneceu em solo, com os passageiros realocados em hotéis, conforme apurado pela Uirapuru. A Uirapuru entrou em contato com a Azul, buscando informações sobre a pane relatada, mas até o final da tarde de ontem não obteve resposta.

Via Uirapuru e flightradar24

Vídeo: Entrevista "Aviação, marketing e novo modelo de avião para compartilhar no Brasil"


Conversamos com Juliana Limena, marketing da empresa que compartilha aviões, a Avanttto, que trouxe para sua frota o executivo Epic.

Via Canal Porta de Hangar de Ricardo Beccari

Aconteceu em 21 de março de 2022: Acidente com o voo 5735 da China Eastern Airlines - A linha tênue da confiança

Imagem estática de câmera de segurança mostra a queda vertical do avião
O voo 5735 da China Eastern Airlines foi um voo doméstico regular de passageiros na China, de Kunming para Guangzhou. Em 21 de março de 2022, a aeronave Boeing 737-89P que operava o serviço desceu abruptamente durante o voo e atingiu o solo em alta velocidade no Condado de Teng, Wuzhou, Região Autônoma de Guangxi Zhuang, matando todos os 123 passageiros e 9 tripulantes. 

Vários relatórios dizem que o avião caiu deliberadamente, mas a investigação oficial do National Transportation Safety Board (NTSB) e da Civil Aviation Administration of China (CAAC) está em andamento. É o terceiro acidente aéreo mais mortal na China após o voo 3943 da China Southern Airlines e o voo 2303 da China Northwest Airlines, o acidente aéreo mais mortal na história da China Eastern Airlines e o acidente de avião mais mortal em 2022.

O voo e o acidente



A aeronave 
Boeing 737-89P(WL), prefixo B-1791, da China Eastern Airlines (foto acima), partiu do Aeroporto Internacional Kunming Changshui para o Aeroporto Internacional Guangzhou Baiyun às 13h15 CST (05h15 UTC) e estava programada para pousar às 15h05 (07h05 UTC). 

A bordo estavam 123 passageiros e 9 tripulantes, para um total de 132 pessoas. Todos eram chineses. 

A tripulação de voo consistia em três pilotos, cinco comissários de bordo e um guarda de segurança a bordo . O capitão Yang Hongda, de 32 anos, trabalhava como piloto do Boeing 737 desde janeiro de 2018, com um total de 6.709 horas de voo.

O primeiro oficial Zhang Zhengping, de 59 anos, estava entre os pilotos comerciais mais experientes da China, com 31.769 horas de voo, e foi instrutor de voo da China Eastern, tendo treinado mais de 100 capitães. Ele havia sido agraciado com o título honorário de “Piloto Benemérito” da aviação civil em 2011.

O segundo oficial de 27 anos (como observador) Ni Gongtao, com um total de 556 horas de voo, estava a bordo para cumprir funções de treinamento.

A rota de voo
A aeronave estava programada para viajar mais cedo de Baoshan para Kunming, mas este segmento da viagem foi temporariamente suspenso devido ao baixo número de passageiros como resultado da pandemia de COVID-19 na China continental.

O contato com a aeronave foi perdido sobre a cidade de Wuzhou. Às 14h22 (06h22 UTC), enquanto se aproximava do topo da descida para Guangzhou, a aeronave entrou em uma descida abrupta repentina de 29.100 pés (8.900 m). 

O avião estabilizou brevemente e subiu de 7.400 pés (2.300 m) para 8.600 pés (2.600 m), mas depois mergulhou novamente, atingindo uma altitude final registrada de 3.225 pés (983 m) menos de dois minutos após o início da descida. com uma taxa de descida máxima de quase 31.000 pés (9.400 m) por minuto.

Em seguida, a aeronave caiu nas regiões montanhosas do condado de Teng, causando um incêndio na vegetação próxima.


Alguns canais de informação, como o Aeroporto Internacional de Kunming Changshui e Umetrip, mostraram temporariamente que o voo havia chegado por não registrar a perda de contato do voo. Outros mostraram "perda de contato", "desconhecido" ou um status de branco.


Moradores das aldeias ao redor do local do acidente ouviram uma forte explosão. A descida final e o acidente foram filmados por uma câmera de segurança nas instalações de uma mineradora local. 

O vídeo mostrava o avião em um movimento quase vertical segundos antes de atingir o solo. Imagens do local do acidente mostraram destroços e um incêndio. Muitos pedaços menores de destroços foram espalhados na área circundante.


Todos os ocupantes do avião morreram. Foi o primeiro acidente fatal envolvendo a China Eastern Airlines desde o voo 5210 de novembro de 2004.

Resposta de emergência e recuperação


As autoridades locais enviaram 450 bombeiros para o local do acidente. Os bombeiros foram enviados pelo Corpo de Bombeiros e Resgate de Wuzhou às 15h05 CST. Às 15h56, os bombeiros da vizinha Tangbu chegaram e, às 16h40, bombeiros de fora de Wuzhou foram despachados de Guilin, Beihai, Hezhou, Laibin e Hechi.

As equipes de resgate inicialmente tiveram dificuldade em acessar o local por causa de um incêndio florestal que foi extinto às 17h25. À noite, 117 dos 650 socorristas enviados estavam por perto e se dirigiram ao local vindos de três direções.

Destroços da aeronave e pertences das vítimas foram encontrados, mas nenhum sinal de restos humanos foi detectado.

Os trabalhadores usaram equipamentos manuais, cães de detecção e UAVs para procurar os gravadores de voo e restos humanos, encontrando um gravador de voo em 23 de março.

O gravador de voz do cockpit recuperado em 23 de março
O local do acidente estava concentrado em um raio de 30 metros (100 pés), onde a maior parte dos destroços foi encontrada. Equipes de resgate encontraram um fragmento de destroços de 1,3 metros de comprimento (4 pés, 3 pol.), que se acredita ser parte da aeronave, a 10 quilômetros (6 milhas) do local principal.

O clima úmido e a acessibilidade desafiadora do local do acidente dificultaram o processo de recuperação. A chuva forte encheu parcialmente a cratera de impacto com água, que teve de ser bombeada. As atividades de recuperação foram suspensas na manhã de 23 de março por causa da ameaça de deslizamentos de terra. Os restos mortais de todos os 132 ocupantes da aeronave foram positivamente identificados em 29 de março. Até 31 de março, pelo menos 49.117 pedaços de destroços do avião foram recuperados.

Investigação


Investigação inicial

Equipes de busca e resgate trabalhando no local em 25 de março
O CAAC habilitou uma força-tarefa de emergência e despachou uma equipe para o local do acidente. Liu Ning, secretário do Partido Comunista Chinês em Guangxi, visitou o local do acidente e ordenou uma operação "total" de busca e resgate . Ele estava acompanhado pelo diretor do Comitê Permanente do Congresso Popular de Guangxi e outras autoridades.

As agências americanas responderam como representantes do país onde a aeronave foi fabricada. A Federal Aviation Administration (FAA) disse que estava pronta para ajudar nos esforços de investigação, se solicitado.  A Boeing disse que foi informada pelos relatórios iniciais e estava reunindo detalhes. O National Transportation Safety Board (NTSB) disse que um alto funcionário foi nomeado seu representante no inquérito. Representantes da CFM International, da Boeing e da FAA foram designados como consultores técnicos na investigação. 

Local do acidente
O Secretário de Transportes dos Estados Unidos, Pete Buttigiegdisse em 23 de março que as autoridades chinesas convidaram o NTSB a participar da investigação. ​​Os regulamentos de quarentena do COVID-19 eventualmente dificultaram o acesso de investigadores dos EUA à China continental. Em 29 de março de 2022, o NTSB anunciou que a China havia concedido vistos à agência e aos consultores técnicos da Boeing, do fabricante de motores CFM e da FAA.


O gravador de voz da cabine (CVR) foi encontrado em 23 de março com danos externos, embora se acreditasse que o dispositivo de armazenamento interno estivesse relativamente intacto. Foi enviado a Pequim para extração de dados. O transmissor localizador de emergência (ELT) foi recuperado em 26 de março, e em 27 de março, o gravador de dados de voo (FDR) foi recuperado. Ele havia sido enterrado a 1,5 metro (5 pés) de profundidade no solo e parecia ligeiramente amassado, mas estava intacto. Os dois gravadores de voo foram enviados para uma instalação em Washington, DC para análise. Simultaneamente, em 1º de abril, uma equipe de investigadores do NTSB deixou os Estados Unidos para a China.


Mao Yanfeng, chefe de investigação de aeronaves da CAAC, afirmou que o voo não encontrou condições climáticas perigosas. Não foram detectados componentes de explosivos comuns. A liderança chinesa pediu a publicação aberta, oportuna e transparente de informações sobre o acidente. A CAAC publicou um relatório preliminar em 20 de abril, 30 dias após o acidente. 


Logo após o acidente, foi sugerido que uma falha catastrófica do estabilizador (por exemplo, um problema no estabilizador) e sabotagem (como uma queda intencional do piloto) eram duas das possibilidades em relação à causa do acidente. 

Em 24 de março, um pedaço do jato foi descoberto a cerca de 10 km (6 milhas) do local do acidente, inicialmente dando peso à teoria de uma ruptura no ar. No entanto, as autoridades chinesas confirmaram posteriormente que era um winglet, cuja perda não deve prejudicar gravemente a aeronavegabilidade, e que é leve o suficiente para ter voado para o solo com o vento ou quebrado durante a descida. 

Aeronave

A aeronave envolvida no acidente era o Boeing 737-89P (737NG ou 737 Next Generation) com matrícula B-1791 e número de série 41474. A aeronave era movida por dois motores turbofan CFM56-7B26E. Voou pela primeira vez em 5 de junho de 2015 e foi entregue novo à China Eastern Yunnan Airlines (subsidiária da China Eastern Airlines) em 25 de junho de 2015. Foi pintado com a pintura 'Yunnan Peacock' da companhia aérea.

O 737-800 tem um sólido histórico de segurança, com 11 acidentes fatais anteriores (o primeiro em setembro de 2006) em mais de 7.000 aviões entregues desde 1997. Não é equipado com o Maneuvering Characteristics Augmentation System (MCAS) usado em o mais novo 737 MAX que levou a dois acidentes fatais em 2018 e 2019 e o subsequente aterramento da frota.

Relatório preliminar

Em 20 de abril, a CAAC divulgou um relatório preliminar sobre o acidente, afirmando que "não houve anormalidade na comunicação por rádio e comando de controle entre a tripulação e o departamento de controle de tráfego aéreo antes do desvio da altitude de cruzeiro". Foi relatado que o avião estava em condições de voar, em dia com as inspeções, que todo o pessoal cumpria os requisitos, que o tempo estava bom e que nenhuma mercadoria perigosa foi encontrada. Ambos os gravadores de aeronaves foram gravemente danificados e foram enviados a Washington para uma investigação mais aprofundada.

Reportagens da mídia sobre a investigação


Os primeiros relatórios do gravador de dados de voo da aeronave apontavam para uma queda deliberada da cabine. Os controles de vôo foram pressionados para colocar o avião em um mergulho. Isso levou a investigação ao piloto ou à possibilidade de violação da cabine. A China Eastern notou a improbabilidade de alguém violar a cabine, já que um código de emergência não foi transmitido. As autoridades chinesas não estão apontando problemas relacionados a problemas mecânicos ou de controle de voo.

Em 17 de maio, o The Wall Street Journal relatou uma fonte do governo dos Estados Unidos, de funcionários envolvidos na investigação, dizendo que o avião havia caído intencionalmente, com base na análise dos dados dos gravadores da aeronave. As notícias publicadas pela ABC News no mesmo dia concordaram com o relatório do Wall Street Journal sobre os oficiais de investigação do governo dos EUA declarando que a aeronave havia sido deliberadamente colocada em um mergulho vertical por uma pessoa no cabine de comando, também citando dados do gravador de voo mostrando que o trem de pouso e os flaps evidentemente não havia sido engajado ou implantado durante a descida da aeronave, o que indicaria os pilotos tentando uma descida ou pouso de emergência.

Vários relatórios também mencionaram que nos momentos imediatamente anteriores e durante a descida, não houve pedidos de socorro ou socorro do cockpit para o controle de tráfego aéreo, nem respostas às tentativas do controle de tráfego aéreo e aeronaves próximas de fazer contato com a aeronave. Um vídeo foi divulgado ao público no dia do acidente, mostrando a aeronave Boeing 737 envolvida entrando em um mergulho íngreme antes de bater em uma área montanhosa.

Reações


Doméstica

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, pediu esforços abrangentes para procurar sobreviventes e tratar os feridos, enfatizando a necessidade de tranquilizar e servir as famílias das vítimas. O líder chinês Xi Jinping pediu aos investigadores que determinem a causa o mais rápido possível e garantam a segurança "absoluta" da aviação. Mais de 1.000 funcionários da psicologia foram enviados para fornecer ajuda e apoio emocional às famílias das vítimas.

A China Eastern estabeleceu uma linha direta para familiares e anunciou que sua frota de Boeing 737-800 ficaria em terra para inspeção até que a investigação fosse concluída. A maioria dos 737-800 da companhia aérea voltou ao serviço em abril de 2022.

Site da China Eastern Airlines em preto e branco, com a companhia faz quando há
acidentes envolvendo seus aviões (Imagem: Reprodução/ site da companhia)
O VariFlight informou que quase 74% dos 11.800 voos programados na China em 22 de março foram cancelados como resultado do acidente. A maioria dos voos entre Pequim e Xangai foi cancelada. As taxas de cancelamento na China foram as mais altas de 2022. Quase 89% de todos os voos da China Eastern foram cancelados em 22 de março.

As notícias sobre o acidente foram fortemente censuradas na China. A mídia estatal concentrou-se na resposta das equipes de emergência, incluindo listas detalhadas de seus equipamentos e provisões e ordens de Xi Jinping para que as autoridades façam todo o possível para encontrar sobreviventes. Depois que as autoridades inicialmente não responderam a perguntas básicas sobre o avião e seus pilotos, elas foram acusadas por comentaristas online de "peidos de arco-íris", uma expressão para elogios excessivos. 

Artigos e postagens de mídia social que faziam perguntas mais detalhadas foram excluídos pelos censores. Diante da crescente pressão, os oficiais acabaram fornecendo informações sobre o histórico de manutenção do avião, a experiência de voo dos pilotos e as condições climáticas no momento do acidente.

Duas horas após o acidente, 20 pessoas afirmaram ter "sobrevivido" ao não embarcar no voo. A mídia local descobriu que apenas 2 dessas afirmações eram genuínas.

Internacional

Na Índia, a Diretoria Geral de Aviação Civil (DGCA) colocou todas as aeronaves Boeing 737 voadas por transportadoras indianas sob "vigilância aprimorada". SpiceJet , Vistara e Air India Express possuem a aeronave em suas frotas. Um funcionário do órgão regulador disse que "a segurança é um assunto sério" e que a situação está sendo monitorada de perto.

Nas bolsas de valores dos Estados Unidos, as ações da Boeing inicialmente caíram 7,8 por cento e as ações da China Eastern caíram 8,2 por cento após o incidente. Na Bolsa de Valores de Hong Kong , as ações da China Oriental caíram 6,5 por cento.

A Boeing ofereceu suas condolências às famílias das vítimas e disse que estava em contato com a China Eastern e o NTSB.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipedia, ASN e baaa-acro

Aconteceu em 21 de março de 2011: Acidente do Antonov An-12 da Trans Air Congo

Em 21 de março de 2011, uma aeronave de transporte Antonov An-12 não aeronavegável da Trans Air Congo caiu em um bairro densamente povoado de Pointe Noire, na República do Congo, durante a aproximação final para aterrissar. Todos os quatro ocupantes da aeronave e 19 pessoas no solo morreram. Mais quatorze pessoas no terreno ficaram feridas.


O Antonov An-12BP, prefixo AN-AGK, da Trans Air Congo (foto acima), estava em um voo doméstico de carga de Brazzaville para o Aeroporto Pointe Noire, na República do Congo, com cinco passageiros e quatro tripulantes conforme informado. 

Por volta das 15h30, hora local, em 21 de março (14h30 UTC), durante a aproximação final à pista 17 do aeroporto, em condições meteorológicas relatadas como boas, a aeronave capotou invertida e caiu no solo no distrito de Mvoumvou, de Pointe Noire, explodindo em chamas. 

Imagens capturadas momentos antes do acidente (via Flight Global)
Quatro membros da tripulação estavam a bordo. Inicialmente, foi relatado que cinco passageiros 'ilegais' também estavam a bordo, mas posteriormente foi declarado que não era o caso. O uso do Antonov An-12 para o transporte de passageiros é proibido na República do Congo.


Houve relatos conflitantes sobre o número de mortos e feridos, com números de 16, 17, e 19 relatados. Em 23 de março, o prefeito de Pointe-Noire, Roland Bouiti-Viaudo, afirmou que 23 corpos haviam sido recuperados até o aquele momento. 


O número de feridos foi 14. Em 23 de março, a Agence Nationale de l'Aviation Civile du Congo divulgou uma atualização informando que apenas quatro tripulantes estavam na aeronave. Eles foram mortos, assim como 19 no chão.


Um vídeo do acidente mostra o Antonov rolando para estibordo e mergulhando invertido no solo. No vídeo, a aeronave parece estar configurada corretamente para o pouso, com trem de pouso e flaps estendidos, mas apenas os motores nº 1 e 2 parecem estar operando, deixando a fumaça característica. 


Uma falha de ambos os motores na mesma asa para o tipo de aeronave envolvido poderia levar à perda de controle , devido ao leme não ter autoridade suficiente para conter o empuxo assimétrico. 

A aeronave envolvida era um Antonov An-12 de construção soviética com registro congolês TN-AGK. Era equipada com quatro motores turboélice Ivchenko AI-20. Construída em 1963, a aeronave não estava mais em condições de aeronavegabilidade, segundo lista publicada em 2006 pela Organização de Aviação Civil Internacional.


Uma comissão mista foi criada pelo governo congolês para investigar o acidente. Os membros da comissão incluem membros do Governo, polícia e representantes da indústria da aviação na República do Congo.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipedia, ASN, TAH e baaa-acro.com

Vídeo: Catástrofes Aéreas - Acidente com o voo 801 da Transbrasil

Aconteceu em 21 de março de 1989: Voo Transbrasil 801ㅤO fogo que veio do céu

Em 21 de março de 1989, o Boeing 707 que realizava o voo de carga 801 da Transbrasil a partir de Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, no Amazonas, para o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, caiu numa densamente povoada favela em Guarulhos, a 2 km de distância da pista. O acidente resultou na morte de todos os 3 membros da tripulação e 22 pessoas no solo, juntamente com mais de 200 feridos.

Clique aqui e leia o relato completo desse acidente

Aconteceu em 21 de março de 1931: O mistério do acidente com o avião Avro Ten "Southern Cloud"


O 'Southern Cloud' foi um dos cinco Avro 618 Ten que voavam em serviços aéreos diários entre cidades australianas para a Australian National Airways no início dos anos 1930.

Em 21 de março de 1931, o Avro 618 Ten (Fokker F.VIIb/3m) Southern Cloud, prefixo VH-UMF, da Australian National Airways (foto acima), partiu às 8h10 de Sydney para Melbourne, na Austrália. A bordo estavam seis passageiros e dois tripulantes, incluindo o piloto Travis "Shorty" Shortridge. As condições meteorológicas durante o percurso eram perigosas e muito piores do que o previsto. A aeronave nunca chegou ao seu destino e desapareceu.

Avro Ten Southern Cloud, VH-UMFenvolvido no acidente, em voo
A Australian National Airways (ANA) foi uma das primeiras companhias aéreas comerciais, criação dos pioneiros da aviação Charles Kingsford Smith e Charles Ulm. Kingsford Smith era a versão australiana de Charles Lindbergh, piloto recordista e evangelista da aviação. 

Ulm, o parceiro de confiança de Kingsford Smith, acompanhou-o em muitos voos históricos, incluindo a travessia de 10 dias do Pacífico da América para a Austrália em 1928 em um tri-motor Fokker chamado Southern Cross.

Sir Charles Kingsford Smith em frente ao “Southern Cloud” (Foto da coleção Ed Coates)
O avião Southern Cloud era uma versão de produção licenciada do Fokker no qual o Southern Cross foi baseado, mas havia uma diferença crítica entre os dois. 

Para a viagem transpacífico, Kingsford Smith e Ulm tinham equipamento de rádio bidirecional e estavam em contato com navios e estações costeiras. O Southern Cloud, como a maioria dos aviões comerciais da época, não tinha rádio.

No dia de seu voo desastroso, o capitão Travis Shortridge e o aprendiz de piloto-engenheiro, Charles Dunell, guiaram o tromotor pela pista do Aeródromo Mascot de Sydney e para o céu com seis dos oito assentos ocupados. 

Entre os passageiros estavam Bill O'Reilly, um jovem contador que estava expandindo sua prática em Melbourne; Elsie May Glasgow, que estava voltando para casa depois de um feriado com sua irmã em Sydney; e o americano Clyde Hood, produtor de teatro. Para uma previsão do tempo, Shortridge contou com o Sydney Morning Herald daquele dia, que compilou seu relatório do tempo na noite anterior.

O avião estava no ar há uma hora quando um relatório meteorológico atualizado chegou à sede da companhia aérea em Sydney. A  nuvem do sul  foi direcionada para chuva forte, ventos fortes, nuvens baixas e condições ciclônicas. A única coisa que alguém no solo podia fazer, entretanto, era se preocupar. Sem rádio, o  Southern Cloud  estava inacessível.

Quando o avião não conseguiu chegar a Melbourne, uma busca massiva começou. Os voos da ANA foram suspensos para que os pilotos e aeronaves da linha pudessem percorrer uma ampla área ao longo da rota de voo esperada da  nuvem. 

A Real Força Aérea Australiana ajudou na busca por 18 dias que envolveu mais de 20 aeronaves. A ANA continuou por mais várias semanas. De áreas distantes, garimpeiros, crianças em idade escolar, pastores e até mesmo uma agente do correio da comunidade relataram ter visto ou ouvido o avião desaparecido.


O coproprietário da companhia aérea Charles Kingsford Smith juntou-se à busca e "pode ​​ter sobrevoado o local do acidente, mas com a aeronave queimada seria muito difícil distingui-la do ar e, portanto, a descoberta não foi feita".

Foi o primeiro grande desastre aéreo da Austrália. A Australian National Airways fechou mais tarde naquele ano como resultado desta e de outra derrota. Um filme inspirado no acidente, 'O Segredo dos Céus', foi lançado em 1934.

Tom Sonter, de 26 anos, operário de construção da Snowy Mountains Scheme, que estava aproveitando o tempo livre de seu trabalho em um projeto hidrelétrico patrocinado pelo governo, estava caminhando na área densamente florestada hoje conhecida como Parque Nacional Kosciuszko em 26 de outubro de 1958. 

A polícia e os civis forçaram uma passagem através do matagal emaranhado em direção ao Southern Cloud
Um caminhante enérgico e aficionado por fotografia, ele estava procurando um atalho de volta ao acampamento quando sua atenção foi atraída para um monte de terra que parecia fora do lugar.

“Havia um pequeno pedaço de aço cutucando as folhas das mudas”, diz Sonter, agora com 85 anos. O metal tinha o formato inconfundível da cauda de um avião. “Não falei uma palavra nem fiz nenhum som, mas meu cérebro gritou: 'É um avião'.”

Destroços do avião acidentado encontrados em 1958
O local do acidente foi em terreno montanhoso densamente arborizado dentro das Montanhas Snowy, cerca de 25 km (16 milhas) a leste da rota direta Sydney-Melbourne. As investigações concluíram que as condições meteorológicas severas no momento do voo provavelmente contribuíram para o acidente.

Um homem chamado Stan Baker tinha sido escalado para voar na viagem fatídica, mas cancelou e viajou de trem. Como resultado do desaparecimento da aeronave, ele nutria um medo permanente de voar - o que se provou justificável quando ele foi morto no acidente da Australian National Airways Douglas DC-4 em 1950.

No livro de Don Bradman, 'Farewell to Cricket', ele menciona que voou em Southern Cloud com o piloto Shortridge de Adelaide a Melbourne e depois a Goulburn não muito antes da tragédia. Ele descreveu a viagem como uma "jornada acidentada".

Carcaça do motor e outros destroços do avião acidentado
Os restos mortais encontrados no  local do acidente Southern Cloud foram enterrados na cidade de Cooma, onde o projeto de desenvolvimento hidrelétrico tinha sua sede.

Em 1962, a carcaça do motor da aeronave e alguns outros grandes pedaços de destroços foram montados em um pavilhão memorial, projetado para se assemelhar a uma asa de avião e instalado em um dos parques da cidade.

Essa pode ter sido a última  história da  Southern Cloud, exceto que o local do acidente acabou como um destino de viagem de um dia em um guia de caminhada. 


Em 1984, os Frews, então professores e pais de duas crianças pequenas, leram sobre o local e decidiram fazer a caminhada até o local de descanso final do primeiro avião comercial do mundo a desaparecer. 

“Não sabíamos muito sobre o avião além de seu guia”, disse Catherine Frew, mas a família caminhou até o local.

Em seus 48 anos de casamento, Ron e Catherine Frew escreveram 10 livros juntos sobre uma ampla variedade de assuntos, desde mountain bike até a história da Primeira Guerra Mundial. Quando Ron Frew se tornou o presidente da Sociedade Histórica de Tumbarumba em 2004, ele e Catherine voltaram sua atenção para descobrir mais sobre a Nuvem do  Sul  e as pessoas afetadas pelo desastre.

“Nossa visão da história é esta: as pessoas são importantes”, Catherine me disse. “Não se trata apenas de encontros, são as pessoas envolvidas e suas histórias.” 

Exposição de partes encontradas do avião
Os Frews falaram com as filhas e sobrinhas-netas e sobrinhos dos mortos no acidente e com aqueles que estavam por perto quando o local do acidente foi descoberto e, claro, com Tom Sonter. Eles organizaram jantares e reuniões memoriais e, em 2011, providenciaram para que aqueles descendentes (que eram fisicamente capazes) escalassem o local do acidente.

Ron Frew afirma que a exposição Southern Cloud no museu da Sociedade Histórica de Tumbarumba abriga o maior número de artefatos. Essa coleção continua a crescer à medida que os residentes da área encontram evidências em galpões e celeiros da caça de souvenirs que ocorreu após a descoberta do avião perdido.

Um dos três motores Armstrong Siddely Lynx do Southern Cloud
No dia seguinte à minha visita ao museu, os Frews me levaram ao local do acidente. A partir do estacionamento na Floresta Kosciuszko, a trilha é uma superfície pavimentada de 11 quilômetros que leva a uma escalada de 30 minutos em terra íngreme. Não tenho certeza se alguém fazendo a escalada sem guia veria os destroços enferrujados, camuflados como estão pelo crescimento da floresta. O que se destaca, porém, é a folha de alumínio de mais de um metro de altura.

O memorial no local do acidente do Southern Cloud
Flores de porcelana rosa, o tipo às vezes visto em lápides, estão muito gastas, mas ainda empoleiradas no lado esquerdo inferior. Quando eu estava na Austrália, este memorial foi o último mistério associado à  Southern Cloud. 

Placas com os nomes dos pilotos e dos passageiros do Southern Cloud
“Ninguém parece saber quem ou quando isso foi colocado lá”, Catherine me disse. Ela o viu em 1984, quando ela e sua família fizeram a escalada pela primeira vez. Mas os visitantes anteriores não sabiam nada sobre isso. 

Embora ninguém hoje saiba quem o construiu e instalou, descobri que quem quase certamente o financiou foi o aventureiro australiano Dick Smith. Em 1983, Smith havia acabado de completar o primeiro voo de helicóptero solo ao redor do mundo, o que o colocaria no livro dos recordes e poliria sua reputação já estabelecida na Austrália.


Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Air & Space, nma.gov.au, Wikipedia, ASN, journeysetc.com e The Sydney Morning Herald