segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Aconteceu em 11 de janeiro de 1959: Voo Lufthansa 502 - Acidente na Baia da Guanabara


O Voo Lufthansa 502 ligava Hamburgo, na Alemanha, a Buenos Aires, na Argentina, com escalas em Dakar e no Rio de Janeiro. No dia 11 de janeiro de 1959, um Lockheed L-1049 Super Constellation que cobria esse voo caiu na Baía de Guanabara durante a aproximação para pouso matando 36 dos seus 39 ocupantes.

Aeronave



O Lockheed L-1049G Super Constellation, prefixo D-ALAK, da Lufthansa (imagem acima), foi construído pela Lockheed em 1955, tendo recebido o número de série 4602. A aeronave foi entregue à Lufthansa no dia 17 de maio do mesmo ano e voou cerca de 3 anos na empresa alemã até ser negociada com a companhia americana Seaboard World Airlines em maio de 1958. Após 5 meses a aeronave seria devolvida a Lufthansa.

Acidente


Por volta das 10h40 min de 11 de janeiro de 1959, o voo 502 vindo de Dakar entrava na região do Controle de Aproximação do Rio (APP Rio), onde o comandante iniciou contato pelo rádio. A bordo estavam 29 passageiros e 10 tripulantes.

O APP Rio o autorizou a descer progressivamente de 5400 metros para 3000 metros mantendo a proa a Caxias. 

Após ser autorizado a iniciar procedimentos de pouso pelo APP Rio, a aeronave foi transferida para a torre de controle do Aeroporto do Galeão, que autorizou o pouso na pista 014. 

Após ter sido autorizado, o Super Constelation desce abaixo do teto de segurança mínimo e, às 11h17m, se chocou com as águas da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em velocidade de pouso, subindo novamente por alguns segundos para depois cair sobre a Praia das Flecheiras, a cerca de 500 metros da pista 014.


Dos 39 ocupantes da aeronave, somente 3 sobreviveram à queda: o navegador Hans Jeppel, a aeromoça Hilde Dehler e o comissário de bordo Karl Heins. 

Entre os passageiros mortos estavam a Arquiduquesa Maria Helena da Áustria-Toscana (neta do Rei Fernando I da Romênia) e seu marido Conde Jaroslaw Kottulinsky, Barão von Kottulin, e o jornalista Gary Levy, que havia sido recentemente designado a chefiar os escritórios da América Latina da Reuters.


A demora das equipes de resgate, agravada pela chuva fina que transformou a área da queda num imenso lamaçal, impediu a retirada de alguns ocupantes, que viriam a falecer após algumas explosões dos destroços.


“Quase quatro horas depois do desastre e quando se pensava que todas as vítimas haviam sido retiradas das ferragens do aparelho sinistrado, uma cena tétrica veio chamar a atenção de todos. Em pé, amparado sobre lascas da fuselagem do aparelho, uma das vítimas era devorada lentamente sem que nada se pudesse fazer, pois os carros de bombeiros ficaram atolados centenas de metros atrás, e os extintores manuais eram impotentes para debelar as chamas.”

Investigações


Dois dias após o acidente chegou ao Rio uma comissão alemã de investigação, a qual se juntou aos investigadores brasileiros. Após algum tempo, a comissão não conseguiu determinar a causa exata da queda mas atribuiu a possível causa do acidente: fadiga do comandante, que acabou colocando a aeronave em rota de colisão contra o solo.


O comandante Wren Meyer Mac Mains havia feito uma viagem sobre o Atlântico Norte e ao chegar a Alemanha foi comunicado que o comandante original do Voo 502 estava doente. Assim assumiu (por ordens da empresa) o comando do Voo 502 e não pôde efetuar descanso obrigatório mínimo entre voos. Esse seria o primeiro acidente da história da Lufthansa.

Repercussão na imprensa


Imagens acima: Revista O Cruzeiro

Imagem acima: Última Hora

Imagens acima: Correio da Manhã

Imagens acima: Jornal do Brasil

Por Jorge Tadeu
(com Site Desastres Aéreos / Wikipedia / ASN / Arquivo da Biblioteca Nacional)

'Spitfire Women': Morre no Reino Unido uma das últimas mulheres pilotos da Segunda Guerra

Eleanor Wadsworth, que faleceu aos 103 anos, pilotou os famosos caças Spitfire 132 vezes durante o conflito.

Eleanor Wadsworth em sua casa em Bury St Edmunds, Suffolk (Foto: James Linsell-Clark/SWNS.com)
Morreu, aos 103 anos, uma das últimas "Spitfire Women" do Reino Unido — as mulheres que transportavam aeronaves para o front da Segunda Guerra Mundial.

Eleanor Wadsworth era funcionária do serviço Auxiliar de Transporte Aéreo (Air Transport Auxiliary, ATA), uma organização civil criada durante o conflito para fazer melhorias e reparos nas aeronaves de combate e levá-las das fábricas às bases da Força Aérea britânica (RAF, sigla para Royal Air Force).

Segundo a associação de membros da ATA, ela foi uma das 165 mulheres que voaram naquela época sem o auxílio de rádio ou outros instrumentos de voo. No total, 1,250 homens e mulheres de 25 países transportaram por meio da organização cerca de 309 mil aviões de combate, de 147 modelos diferentes.

Wadsworth vivia na cidade de Bury St Edmunds, no condado de Suffolk, na Inglaterra, e morreu após estar um mês adoentada.

Eleanor Wadsworth (linha inferior, extrema esquerda) juntou-se à ATA em 1943
Ela nasceu em 1917 na cidade de Nottingham e começou a pilotar em 1943 — algo que, até então, não estava em seus planos. Trabalhando como assistente do departamento de arquitetura da ATA, um dia ela viu um anúncio de vagas para mulheres pilotos com pouca ou nenhuma experiência prévia.

Em uma entrevista dada no ano passado à associação que reúne as últimas mulheres pilotos da Segunda Guerra Mundial, ela contou que "buscava um novo desafio" quando resolveu aplicar para a vaga.

"A ideia de aprender a pilotar de graça era um grande incentivo, então me inscrevi sem pensar muito sobre o assunto."

Segundo a historiadora Sally McGlone, foi um das primeiras seis candidatas convocadas.

À publicação, Wadsworth disse ainda que o famoso Spitfire, único caça do lado dos Aliados a operar durante todo o conflito, era o modelo que ela mais gostava de pilotar — o que fez 132 vezes.

"Era uma aeronave linda, ótima de conduzir", acrescentou.

O Supermarine Spitfire foi um avião monomotor de caça, desenvolvido e fabricado na Inglaterra
A britânica recebeu diversas homenagens por sua bravura nas redes sociais. O ex-piloto da Força Aérea britânica John Nichol, que foi prisioneiro durante a Guerra do Golfo, lamentou sua morte e disse que, ao comentar no passado sobre sua longevidade, a piloto teria dito: "É sorte! Eu tento não me preocupar muito com as coisas sobre as quais não tenho controle".

McGlone ressaltou que Wadsworth e suas colegas da ATA "continuarão sendo uma inspiração para mulheres no mundo inteiro". Howard Cook, também historiadora, destacou que as "Spitfire Women", como eram chamadas as mulheres que transportavam aviões de combate durante a Segunda Guerra, foram "incrivelmente corajosas".


A escritora Karen Borden, que entrevistou Wadsworth para seu próximo livro, acrescentou que, "assim como muitas mulheres pilotos, ela era extremamente humilde em relação à sua contribuição ao esforço da guerra".

"Ela brincava que voar 'reto e nivelado' era sua marca... e dizia como era incrível subir aos ares por conta própria."

Para o filho Robert, ela foi "uma mãe maravilhosa e uma avó e bisavó afetuosa", mas que era muito "pragmática" sobre o serviço prestado durante a guerra.

Segundo ele, Wadsworth costumava dizer que "todos tínhamos um trabalho a fazer e apenas arregaçamos as mangas e o fizemos".

Ela era uma das três pilotos membros da ATA ainda vivas, ao lado da americana Nancy Stratford e da britânica Jaye Edwards, que vive no Canadá.

Via BBC / The Sun

O comedor de aviões: a história do homem que mastigou um Cessna 150

Admita - todos nós tendemos a comer nossos caminhos durante os tempos de isolamento. Enquanto alguns de nós não conseguem resistir à tentação sem fim de abrir a porta da geladeira, outros tentam manter a dieta ou, de repente, descobrem novos hábitos alimentares. Falando em vícios incomuns em alimentos, você sabia que uma vez havia um homem que comia um avião inteiro?

Michel Lotito - o homem que gostava de aviões no café da manhã



Nascido em 1950 em Grenoble, França, Michel Lotito demonstrou uma habilidade incrível de comer itens não orgânicos na primeira infância. Aos 6 anos, o menino comeu seu primeiro copo de vidro para fazer barulho entre seus colegas. Bem, ele certamente sabia, e um reconhecimento mais amplo por seu talento extraordinário não demoraria a chegar.

Rapidamente, sua estranha habilidade se transformou em uma carreira meteórica. De peças de aparelhos de TV que ele casualmente mordiscava em casa, a lustres de vidro e camas; ele logo descobriria que o público estava ansioso para pagar por uma performance como aquela. Aos 16 anos, Lotito começou a abrir o capital. 

Durante seus shows, ele consumiu vários tipos de itens feitos de metal e plástico e experimentou produtos mais perigosos, como pregos. Surpreendentemente, ele nunca sofreu quaisquer efeitos nocivos. 

Sem bananas, apenas peças metálicas


No entanto, não foi um desejo puro de entreter Lotito foi motivado. Na verdade, ele tinha um transtorno alimentar chamado pica*, que era atribuído ao seu afeto por substâncias não nutritivas. Embora a maioria das pessoas que sofrem de pica sejam mais atraídas por plástico ou sujeira, alguns casos raros (como o de Lotito) mostram que os metais também podem parecer deliciosos para pessoas com essa condição.

(* Transtorno Pica: Desejar e mastigar substâncias que não têm valor nutricional, como gelo, argila, terra ou papel)

A predileção por metais foi acelerada por sucos digestivos incrivelmente poderosos, que juntos capacitaram Lotito a digerir materiais duros. Surpreendentemente, alimentos macios como bananas, mingaus ou ovos cozidos o deixavam doente. Os médicos que examinaram o caso de Lotito descobriram que sua dieta incomum engrossou seu estômago com o dobro do tamanho de um normal. 

Apelidado de Monsieur Mangetout (Mr. Eat-Everything), o homem com uma tripa de ferro foi um verdadeiro quebra-cabeças para uma sociedade médica. Sua ração diária incluía aproximadamente um quilo de metal. Bicicletas, aparelhos de TV e carrinhos de supermercado estavam entre os itens bizarros regularmente encontrados em seu menu. E finalmente, houve sua refeição mais suntuosa - um Cessna 150.


Longo caminho para limpar e devorar Cessna 


Lotito levou dois anos para consumir um Cessna 150. Esta aeronave leve projetada para treinamento de vôo precisava ser derrubada antes de atingir a placa. 1.100 kg de alumínio, vinil, aço, borracha e acrílico - um grande desafio, de fato.

De 1978 a 1980, Lotito cortava peças de aeronaves em pequenos pedaços e os consumia com óleos minerais como lubrificante para ajudá-los a passar pela garganta. Ele então bebia com muita água - era assim que parecia sua rotina regular de comer metal.

Em algum momento, Lotito percebeu que porções do Cessna não eram pequenas o suficiente. Então, ele decidiu transformar as partes do avião em pó e misturar com comida. 


Estranhamente, Lotito parecia não ser afetado por comer materiais tóxicos. Os médicos deram de ombros, finalmente chegando à conclusão de que seu corpo se adaptou a substâncias potencialmente perigosas. Na verdade, o organismo de Lotito não era muito diferente do de todo mundo, observaram os médicos, atribuindo seus superpoderes digestivos a uma condição mental.

Um Cessna 150, uma máquina de lavar, 7 aparelhos de TV e um caixão de metal deram a Lotito uma entrada honrosa no Livro do Recorde Mundial do Guinness como adepto da dieta mais maluca. Ele também recebeu uma placa de bronze memorável, que - para surpresa de ninguém - acabou em sua barriga.

Michel Lotito morreu aos 57 anos de causas naturais.

“Brincadeira” com aeromodelismo de jato pode custar até R$ 100 mil

Em fazenda de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, um grupo pratica sem dó o aeromodelismo de jato, o mais alto nível de aeromodelismo que existe.

Renato com um dos seus aeromodelos (Foto: Arquivo Pessoal)
Uma brincadeira cara e que quase nenhuma criança pode brincar. Esse é o aeromodelismo de jato, a modalidade mais difícil e sofisticada do aeromodelismo – que em Campo Grande tem gente fascinada e disposta a gastar o valor de um carro para ver um modelo de avião voando até 300 km por hora no céu sul-mato-grossense.

Por aqui, aproximadamente 10 pessoas formam um time de aeromodelismo de jato, que é a turma do MSJets. O criador do grupo Renato França esclarece que criou há sete anos depois de passar muito tempo praticando outras modalidades de aeromodelismo.

Grupo reunido em dia de prática (Foto: Reprodução/Instagram)
“Eu pilotei um aeromodelo a primeira vez em 1998, desde então fui evoluindo até chegar nos jatos”, explica Renato que trabalhou anos como fotógrafo, mas hoje ganha a vida assessorando pessoas que estão ou querem ingressar no universo do aeromodelismo.

Para se ter uma ideia, um aeromodelo de jato não sai por menos de R$ 10 mil, tendo vários modelos que chegam ao valor exorbitante de R$ 100 mil. “É um esporte 'salgadinho', mas apaixonante", brinca.

Aeromodelo de jato durante voo (Foto: Reprodução/Instagram)
A pista para praticar precisa ser regulamentada, assim como os pilotos precisam portar a certidão de cadastro para fins de fiscalização, uma espécie de habilitação, emitida pela por uma organização nacional responsável. São anos de prática até que um aeromodelista pilote um jato.

O hangar assim como a pista em que grupo pratica fica em uma fazenda a 25 quilômetros de Campo Grande. Os aviões são movidos a querosene e possuem uma autonomia de 5 a 8 minutos no ar, podendo atingir incríveis 350 km/h. O espaço aéreo de atuação é estabelecido pela Infraero.

Pista usada pelo grupo fica em uma fazenda a 25 km de Campo Grande (Reprodução/Instagram)
“Tem que ter muita habilidade. A experiência te faz pensar alguns segundos na frente e proporciona tranquilidade, por que as decisões são tomadas todas em alta velocidade”, comenta.

O controle é composto por dois joysticks. E quem monta os aeromodelos são os próprios pilotos. Elas variam de 10 a 40 quilos. “Existem basicamente três fabricantes, os chineses, os americanos e os alemães. Tudo chega numa caixa e é preciso montar cada parte, até o motor”.

Controle usado pelos aeromodelistas (Foto: Arquivo Pessoal)
Tem também as competições. Renato ficou em 5º lugar no ranking nacional o ano passado. “Competimos três por vez com seis juízes avaliando nossas manobras”.

Para Renato, ver um aeromodelos subindo é a materialização de poder unir uma profissão ao espírito de criança que a atividade instiga.“ É muito gratificante pode fazer o que ama ainda viver disso”.

Renato com mais um modelo (Foto: Reprodução/Instagram)
Por Lucas Mamédio (Campo Grande News)

Avião comercial mais antigo em operação no Brasil tem quase 45 anos

O Boeing 727-200F, prefixo PR-TTO, da Total Linhas Aéreas é o avião comercial mais antigo em operação no Brasil. Fabricada em 1976, a aeronave completa em maio 45 anos. O avião foi originalmente produzido para o transporte de passageiros, mas em 1997 foi convertido em cargueiro.


O avião mais antigo em operação no Brasil está no país desde 2007, quando foi incorporado à frota da Total Linhas Aéreas. A companhia descreve o Boeing 727-200F como "uma aeronave com tradição e história, amplamente utilizada no segmento de carga aérea, presente nas maiores companhias no mundo".

Apesar da idade avançada, o Boeing 727-200F tem todos os requisitos de segurança para permanecer em atividade. Segundo o RAB (Registro Aeronáutico Brasileiro) da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o último Certificado de Aeronavegabilidade, que atesta as condições operacionais do avião, foi emitido em julho de 2019 e tem validade até abril de 2023. 

Início das operações nos Estados Unidos


Produzido em maio de 1976, o Boeing 727-200F tem número de série 21.200 (essa numeração não é relacionada à quantidade de aviões do modelo). O avião foi entregue à Hughes Airwest, antiga companhia aérea dos Estados Unidos, em agosto de 1976.

Em 1980, a Hughes Airwest foi comprada pela Republic Airlines e recebeu a pintura da nova companhia aérea. Em 1986, o Boeing 727-200 mudaria novamente de operador. Desta vez, a Republic Airlines foi comprada pela Northwest Airlines e o avião mudou novamente sua pintura. 

Conversão para cargueiro


O avião voou pela Northwest até 1997. Após completar 21 anos no transporte de passageiros, o Boeing 727-200 foi convertido para o transporte de carga e transferido para a Express One International, uma companhia aérea de carga baseada na Flórida (EUA). Entre 2002 e 2007, voou pela Custom Air Transport antes de ser incorporado pela Total Linhas Aéreas.

No Brasil, o Boeing 727-200 é utilizado pela Total especialmente para o atendimento da Rede Postal Noturna dos Correios, mas também pode ser utilizado eventualmente para outros fretamentos de cargas. O avião tem capacidade de carga de 25 toneladas e autonomia de voo de 3.300 quilômetros.

Fonte: Vinícius Casagrande (UOL)

Aviões de passageiros do futuro que nunca chegam - Parte 1

Em setembro de 2020, a Airbus apresentou seu projeto ZEROe - três aeronaves conceito movidas a hidrogênio. Um pequeno jato convencional, um turboélice e um design de asa mista, o trio rapidamente captou a atenção da mídia, que, francamente, era seu trabalho principal.


De todos os três projetos, o destaque foi diretamente levado pelo de asa mista. Isso mexeu com a imaginação e produziu manchetes prometendo que é assim que se parece o avião comercial do futuro. Certamente, não foram os motores eficientes ou o novo tipo de combustível que resultaram em tanta atenção. Era uma forma incomum de avião.

Ele se destacou dos outros por causa de sua forma de asa voadora. E marcou nove décadas de asas voadoras sendo os aviões de passageiros da próxima geração, aquela que está ao virar da esquina. 

Problema de nomenclatura


Aqueles familiarizados com o assunto sem dúvida levantarão suas sobrancelhas com o uso indevido do termo “asa voadora”. O conceito ZEROe realmente não pertence a esta categoria. É simplesmente um design de corpo de asa mesclada sem cauda (BWB).

No caso de asas voadoras verdadeiras, a aeronave não possui fuselagem ou, alternativamente, toda a fuselagem tem a forma de asa. Pode haver pequenas saliências para cabine, motores ou estabilizadores, mas a ideia é não ter “seções” definidas do corpo da aeronave.

Em um projeto BWB, a fuselagem existe, mas sua transição em asas é suave, sem uma linha divisória. Em alguns casos, a própria fuselagem também atua como uma asa, proporcionando alguma sustentação.Em teoria, a asa voadora e o design do BWB são duas feras diferentes. 

Na prática, eles são constantemente identificados erroneamente, colocados juntos e, em grande parte, constituem a mesma coisa, não apenas para o público inculto, mas também para entusiastas da aviação e profissionais. Parte disso é a notoriedade do termo “asa voadora”, já que a forma de uma aeronave curta e vagamente triangular é automaticamente associada a ela. 

Parte da confusão vem do ponto de vista prático, pois os dois projetos respondem ao mesmo problema: como deixar uma aeronave mais eficiente. Em qualquer caso, é fácil perder uma ligeira mudança de ângulo e espessura no ponto onde uma fuselagem termina e uma asa começa. Veja, o termo "asa voadora" é anexado a qualquer projeto BWB sem cauda.

Um pouco antes do ZEROe, a Airbus revelou outro projeto futurista - o MAVERIC, um “avião do futuro” que supostamente revolucionaria as viagens aéreas. Era um design claro de BWB. A principal imagem promocional, utilizada pela empresa, continha “Demonstrador de asa voadora” escrito. Se a Airbus chama seus designs de BWB sem cauda de asas voadoras, talvez não haja pecado em ser um pouco impreciso.

Airbus Maveric 3d (Imagem: Airbus)

O renascimento


MAVERIC e ZEROe baseiam-se em montes de pesquisas anteriores, tanto da Airbus como de seus concorrentes. 

Notavelmente, entre eles estava o voo inaugural do Flying-V - o demonstrador de tecnologia de subescala da KLM, uma asa voadora adequada. No futuro, ele deve competir com o Airbus A350, tendo alcance e capacidade de passageiros semelhantes, mas economia de combustível muito melhor, principalmente graças ao design hipereficiente. 

Alguns anos antes, em 2017, a COMAC testou o demonstrador BWB “Ling bird B”, produzido por seu enigmático Dream Studio. 

Antes deles, havia o X-48 : o design BWB de asa não realmente voadora da NASA, do qual alguns protótipos foram testados entre 2005 e 2013. Foi iniciado como um projeto pela Boeing Phantom Works, com a intenção de produzir uma aeronave de carga militar no início, e talvez o uso ganhou conhecimento para um projeto de avião comercial mais tarde. 

A própria NASA conduziu testes de túnel de vento com projetos BWB sem filtro pelo menos desde 2003. Mesmo antes disso, a Airbus estava liderando o Projeto VELA - um estudo de projeto para (novamente) denominado erroneamente "asa voadora" - Aeronave de grande porte muito eficiente, conduzida entre 2002 e 2005 , apoiado pela Comissão Europeia e acompanhado por quase duas dezenas de instituições e empresas de investigação. 

Blended wing body (BWB)
Muito bizarramente, dois gigantes aeroespaciais até tinham um projeto conjunto. Em 2001, o Instituto Russo de Aeroidrodinâmica Central (TsAGI) juntou-se à Airbus e à Boeing para um estudo sobre a viabilidade de aeronaves de asa voadora de grande capacidade, resultando em trabalhos de pesquisa. 

Naquela época, a Boeing já havia comprado a McDonnell Douglas, que estava conduzindo pesquisas intensivas sobre o potencial do design de asas voadoras para viagens aéreas comerciais, pelo menos desde 1990. Em 1997 - pouco antes da compra - estava prestes a começar a construir um grande modelo em escala do BWB-1-1 - um avião comercial com capacidade para 400 passageiros e entrada em serviço no futuro próximo de 2005. Ele tinha três motores e era quase idêntico ao que mais tarde se tornou o XB-48.

Mais a leste, o bureau de projetos da Tupolev começou a trabalhar no Tu-404 em 1991; de seus dois designs possíveis, a “asa voadora” (novamente, um design BWB sem cauda) foi considerada como a mais promissora. Os engenheiros da TsAGI estavam desenvolvendo seu próprio projeto - “Flying Wing-900”, que resultou em diversos projetos e terminou em meados dos anos 90.

Juntas, todas essas tentativas constituem o que poderia ser chamado de Renascimento de uma asa voadora. Vários protótipos, uma dúzia de projetos e incontáveis ​​trabalhos de pesquisa sobre tudo, desde aerodinâmica a logística de aeronaves comerciais BWB sem cauda foram resultado de uma ideia simples de que voar aviões semelhantes a asas são viáveis ​​para operações comerciais. Por que foi isso?

The Dark Age


De acordo com cientistas russos da TsAGI, as conversas sobre a aplicação da configuração de asas voadoras a aviões de passageiros ou de transporte surgiram pela primeira vez em 1989. 

McDonnell Douglas começou sua pesquisa aproximadamente ao mesmo tempo também. Entre 1987 e 1989, a NASA conduziu vários estudos preliminares sobre asas voadoras, incluindo um ambicioso (e secreto) transportador de asas voadoras oblíquas capazes de Mach-2.

Por um lado, parece bastante claro que o Renascimento se enraizou no final dos anos 80. O que, sem dúvida, coloca o Northrop Grumman B-2 Spirit como pelo menos um de seus culpados. 

Revelado em 1988, o B-2 rapidamente se inseriu na consciência de massa como uma imagem do futuro, junto com vários conceitos inspirados no F-117 do suposto caça stealth de próxima geração, que também apresentava um design BWB sem cauda. 

B-2A Spirit
O B-2 é mencionado em quase todos os trabalhos de pesquisa subsequentes sobre o assunto. Para os engenheiros civis, o sucesso de asas voadoras na esfera militar significa que o projeto tem potencial. Funciona, e tudo de que precisamos é importar esse conceito para o mercado civil. Isso foi o suficiente para arrastar a asa voadora das sombras, onde havia espreitado durante toda a Guerra Fria. 

Essas sombras foram lançadas principalmente pelos aviões supersônicos. Seu amanhecer parecia estar ao virar da esquina durante a maior parte da segunda metade do século 20, e asas voadoras não se prestavam muito bem a um cruzeiro supersônico. Projetos BWB - mesmo os sem cauda - estavam lá, mas principalmente na esfera militar, mas não tinham a forma futurística familiar.

Mas houve tentativas. Um deles foi o projeto Spanloader , gerido pela NASA nos anos 70. Isso resultou na Boeing, Lockheed e McDonnell Douglas apresentando conceitos para aeronaves de transporte supergrandes que teriam compartimentos de carga dentro de suas asas. 

Houve também a tentativa de longa duração e, em última análise, malsucedida da Aereon, que estava desenvolvendo sua Dynairship - uma família de aeronaves voadoras em forma de asa - entre os anos 60 e 90. 

Mas, por outro lado, o lado civil das coisas estava muito preocupado com aviões supersônicos. Durante os anos 50, asas voadoras ainda apareciam às vezes nas capas de revistas científicas populares, mas esses casos eram poucos e constituíam apenas um eco do que veio antes deles: a Idade de Ouro da asa voadora.

(Continua na Parte 2)

domingo, 10 de janeiro de 2021

Avião de pequeno porte faz pouso forçado em Concórdia (SC)

A aeronave pousou em meio a um milharal localizado próximo ao aeroporto do município; o piloto teria deixado o local antes da chegada do Corpo de Bombeiros.

Um pouso forçado de um avião de pequeno porte chamou a atenção dos moradores da linha São Paulo, no interior de Concórdia, no Oeste de Santa Catarina, na manhã deste domingo (10). O pouso ocorreu em uma plantação de milho próxima do aeroporto do município.

Segundo informações da Rádio Aliança FM, que esteve no local, moradores das proximidades relataram que viram a aeronave sobrevoar o município e, na sequência, ouviram um forte barulho de motor. Quando se deslocaram para fora da casa viram o avião de pequeno porte em meio ao milharal.

O Corpo de Bombeiros Voluntários e a PM (Polícia Militar) foram acionados, mas ao chegarem o piloto já não se encontrava mais no local. De acordo com informações da Rádio Aliança FM, a aeronave seria de um empresário de Concórdia, mas nenhum nome foi confirmado. As causas que levaram ao pouso forçado não foram identificadas.

O piloto não foi localizado, ele já havia deixado o local quando as equipes de socorro chegaram.

Fonte: ndmais.com.br - Foto: Cristiano Mortari (Rádio Aliança FM)

Gol: escorpião que picou passageiro pode ter entrado em voo via mala de mão

A companhia aérea Gol diz acreditar que o escorpião que picou um passageiro pode ter entrado na aeronave por meio de uma bagagem de mão. 

Foto via aeroflap
O episódio aconteceu na sexta-feira (8) em um voo entre Campinas, no interior de São Paulo, e Fortaleza, capital do Ceará. "A companhia está surpresa com o ocorrido e acredita que o animal possa ter sido transportado, acidentalmente, em alguma mala de mão, já que seus procedimentos diários de sanitização são bastante rigorosos e a dedetização das aeronaves é realizada periodicamente, em curtos intervalos de tempo, como parte da rotina mandatória de manutenção", diz a nota da Gol.

Segundo a empresa, o passageiro foi picado por um escorpião encontrado no compartimento de bagagens. "A empresa ressalta que, prontamente, ofereceu assistência médica ao cliente, que não apresentou sintomas e foi liberado do posto médico." A empresa diz também que, em função do ocorrido, "já realizou um reforço da dedetização da aeronave".

Por UOL

História: 10 de janeiro de 1935 - Primeiro voo do hidroavião Latécoère 521

Em 10 de janeiro de 1935, em Biscarosse, na costa atlântica da França, o Latécoère 521 fez seu primeiro voo. Os testes de voo foram supervisionados pelo Capitaine de Corvette Jean Marie Henry Roger Bonnot, que havia estabelecido um recorde mundial de distância em outro hidroavião Latécoère, o Croix-du-Sud, no ano anterior. Os pilotos foram Pierre Crespy e Jean Gonord.

O hidroavião Latécoère 521 (NYT/Revue & Bulletin Technique de la Société Française Hispano-Suiza)
Projetado pelo engenheiro aeronáutico Marcel Moine, o avião foi construído em seções na fábrica da Société industrielle d'aviation Latécoère em Montaudran, Toulouse, e depois transportado por terra para a base de hidroaviões em Biscarosse para montagem final e teste. O avião havia sido nomeado "Tenente de Vaisseau Paris" em homenagem a um piloto francês recordista, Paulin Louis Gérôme Paris.

O barco voador foi projetado para transportar 72 passageiros em serviço trans-mediterrâneo. Tinha um comandante de aeronave (capitaine-du-bord), dois pilotos, um navegador, operador de rádio e três mecânicos. (Os motores podiam ser acessados ​​em voo). O convés principal incluía a cabine do capitão, um salão para 20 pessoas; seis cabines para 2 passageiros; e uma cabine de passageiros na popa para 22 passageiros. O convés superior incluía convés de voo, uma cozinha e bar e uma cabine de passageiros para 18.

O arranjo do casco (National Advisory Committee for Aeronautics)
O Latécoère 521 era um barco voador sesquiplano de seis motores, principalmente de construção metálica. O casco de duas etapas foi construído de duralumínio, uma liga de alumínio endurecido pelo tempo; e a folha de alumínio laminada e ligada resistente à corrosão Alclad (conhecida como Verdal na França). Os painéis externos das asas eram cobertos por tecido. O casco tinha dois conveses, com sete compartimentos estanques.

O 521 tinha 31,62 metros (103,74 pés) de comprimento, envergadura de 49,30 metros (161,75 pés) e altura de 9,07 metros (29,76 pés). As asas foram varridas para trás 5° 20′ e tinham 5° diédrico. A área era de 330 metros quadrados (3.552 pés quadrados). Uma série de escoras em V prendia a asa ao casco e às asas do toco, que tinham um vão de 14,70 metros (48,23 pés) e área de 48 metros quadrados (517 pés quadrados). Cada ponta de asa carregava 11.000 litros (2.906 galões americanos) de gasolina. Com um peso bruto de 37.409 kg (82.473 libras), o barco voador tinha um calado de 1,20 metros (3,94 pés).

O hidroavião Latécoère 521 (Revue & Bulletin Technique de la Société Française Hispano-Suiza)
O Latécoère 521 era movido por seis motores Hispano-Suiza 12 Ydrs1 com árvore de cames única 60° V-12, resfriados a líquido, supercharged, 36,050 litros (2.199,892 polegadas cúbicas). Quatro motores foram colocados nas idades principais das asas na configuração de trator, com mais dois como empurradores. Esses V-12s voltados para a esquerda tinham uma taxa de compressão de 5,8:1 e acionavam hélices de três pás por meio de uma redução de engrenagem de 3:2. Eles foram avaliados em 880 cheval vapeur a 2400 rpm e 890 cv para decolagem. O 12 Ydrs1 pesava 470 kg (1.036 libras).

Com um peso bruto de 40 toneladas, o Latécoère 521 atingiu 256 quilômetros por hora (159 milhas por hora) a 3.100 metros (10.171 pés). Sua velocidade de cruzeiro era de 210 quilômetros por hora (130 milhas por hora) e seu teto era de 5.800 metros (19.029 pés).

O hidroavião Latécoère 521 (AP/ Revue & Bulletin Technique de la Société Française Hispano-Suiza)
Em Biscarosse, 27 de dezembro de 1937, o Latécoère 521, pilotado por Henri Guillaumet com os Messieurs LeClaire, Le Duff, Le Morvan e Chapaton, estabeleceu um recorde mundial da Fédération Aéronautique Internationale (FAI) para velocidade acima de 1.000 quilômetros (621,37 milhas estatutárias) com 15.000 quilograma (33.069 libras) de carga útil de 211,00 quilômetros por hora (131,109 milhas por hora).

Dois dias depois, 29 de dezembro de 1937, Guillaumet e sua tripulação voaram o 521 em um circuito fechado de 1.000 quilômetros entre Luçon e Aurelihan com uma carga útil de 15.000 quilogramas, para uma velocidade média de 189,74 quilômetros por hora (117,899 milhas por hora).

Em 30 de dezembro de 1937, Guillaumet e sua tripulação estabeleceram mais dois recordes mundiais FAI quando transportaram uma carga útil de 18.040 kg (39.771 libras) a uma altura de 2.000 metros (6.562 pés); e 15.000 kg (33.069 libras) a uma altitude de 3.508 metros (11.509 pés).

Latécoère 521 F-NORD (Rudy Arnold Photographic Collection)
O 521, com registro civil F-NORD, fez uma série de voos cruzando o Atlântico para a cidade de Nova York. Em um deles, o barco voador foi danificado por uma tempestade. Foi desmontado e devolvido à França a bordo de um navio.

Depois dos reparos, o Latécoère 521 continuou no serviço aéreo. Com o início da Segunda Guerra Mundial, foi modificado para uma aeronave de patrulha marítima. Quando a França se rendeu à Alemanha, o barco voador foi armazenado perto de Marselha. Quando a Alemanha recuou em 1944, eles destruíram o avião recorde.

Via thisdayinaviation.com

Vídeo: Mayday Desastres Aéreos - ESPECIAL - Destroços de um Voo [em português]

Este especial olhou para acidentes e incidentes onde a falha de pressurização ou descompressão explosiva desempenhou um papel.

BOAC 781 / South African Airways 201 / Aloha Airlines 243

British Airways 5390 / United Airlines 811 / Helios Airways 522

Fonte: Cavok Vídeo

Vídeo: British Overseas Airways Corporation voo 781 [documentário em inglês]

Aconteceu em 10 de janeiro de 1954: BOAC voo 781 - As janelas retangulares e o desastre do Comet


No dia 10 de janeiro de 1954, o de Havilland DH-106 Comet 1, prefixo G-ALYP, operando o voo 781 da British Overseas Airways Corporation (BOAC) se desintegrou e caiu após a decolagem de Roma, a 16 km da Ilha de Elba, matando todos os 29 passageiros e seis tripulantes.


Três meses depois, um acidente idêntico de um De Havilland Comet com destino ao Cairo matou outras 21 pessoas. Os dois acidentes se tornaram um momento seminal no campo da investigação de acidentes aéreos, gerando práticas que se tornaram padrão e descobrindo princípios que hoje fazem parte da espinha dorsal do projeto de aeronaves.

O de Havilland Comet foi o primeiro jato comercial de passageiros do mundo. A partir de 1952, os elegantes jatos quadrimotores transportaram o público aos principais destinos ao redor do mundo, voando duas vezes mais alto e duas vezes mais rápido que qualquer outro avião. 

O voo inaugural do Comet
Eles também estavam entre os primeiros aviões de passageiros a ter uma cabine pressurizada, necessária para voar na altitude de cruzeiro do Comet de 10.000 m (32.800 pés). Isso exigia uma filosofia de projeto que tratava todo o avião como um vaso de pressão, um conceito relativamente novo em 1952. 

O primeiro avião pressurizado a entrar em serviço generalizado veio apenas seis anos antes, quando o Lockheed Constellation foi introduzido para voos civis. O Comet seria a entrada da Grã-Bretanha nesse mercado, com o prestígio adicional da propulsão a jato.

O vaso de pressão mais eficaz é uma esfera, porque a pressão interna é aplicada igualmente a todas as partes do vaso. No entanto, um avião precisa ser em forma de tubo com janelas e portas, criando pontos fracos na estrutura. 

Mas o Comet era especialmente vulnerável porque as portas e janelas eram retangulares. Isso teve o efeito de concentrar a tensão na estrutura do avião nos cantos das aberturas. 

Ponto vulnerável: as janelas retangulares do Comet
Embora os projetistas estivessem cientes disso, estavam confiantes de que a fuselagem era forte o suficiente para lidar com esse estresse adicional. Na verdade, eles calcularam mal a gravidade do efeito; o estresse aplicado aos cantos das janelas e portas foi, na verdade, o dobro do esperado.


Um outro problema veio da maneira como as janelas foram fixadas na fuselagem. Duas janelas no teto do avião para as antenas de navegação foram presas com rebites cravados diretamente no metal. O ato de perfurar os rebites pode causar a formação de pequenas rachaduras no metal. 

No avião que se tornaria o voo 781 do BOAC, um dos rebites ao redor da borda da janela aérea havia entrado em contato com um defeito microscópico de fabricação, gerando uma rachadura. Conforme a fuselagem era pressurizada repetidamente ao longo de milhares de voos, a rachadura aumentava gradativamente, ficando um pouco mais longa a cada vez.

O de Havilland DH-106 Comet 1, prefixo G-ALYP, da BOAC, envolvido no acidente
Em 10 de janeiro de 1954, o voo 781 da BOAC decolou de Roma e escalou o Mar Mediterrâneo com destino a Londres. Ninguém sabia que a rachadura em torno da janela aérea no telhado havia atingido o ponto de ruptura. 

Após decolar do aeroporto de Ciampino, o jato reportou às 10h50 a passagem no NDB de Ostia e, minutos depois, Orbetello, confirmando que cruzava 26.000 pés e que subia para a sua altitude de cruzeiro. 


Conforme o avião subia por 10.000 m, a pressurização da cabine o empurrou além de seus limites. O teto se abriu e o ar pressurizado explodiu para fora, arrancando os assentos de seus suportes e jogando os passageiros contra as paredes, o teto e uns contra os outros. 


Uma fração de segundo depois, o avião quebrou ao meio, cortando a empenagem da cabine dianteira. 


O corpo principal caiu, arrancando as pontas das asas e, finalmente, a cabine do piloto, enquanto os destroços despedaçados mergulhavam em direção ao mar lá embaixo.


No momento da separação, o capitão do voo 781 estava em contato com outro avião da BOAC voando vários milhares de pés abaixo. A transmissão foi cortada no meio da frase quando o Comet foi repentinamente destruído, deixando nada além de estática. 

Exatamente as 10h51, o comandante Gibson chamou pelo radio a tripulação de um Argonaut da BOAC, um DC-4 equipado com motores a pistão Rolls-Royce que, apesar de haver decolado de Roma com destino a Londres 10 minutos antes do Comet, já havia sido ultrapassado pelo G-ALYP. 

O piloto do Argonaut, de prefixo G-ALHJ, comandante J. Johnson, ouviu a transmissão vinda do Comet 1, na qual o comandante Gibson lhe perguntava, utilizando o alfabeto fonético empregado pela BOAC naquele tempo:

"George How Jig" (prefixo G-HJ), "de George Yoke Peter." (prefixo G-YP), "Você recebeu minha..."

Johnson aguardou alguns instantes antes de tentar contato, aguardando a mensagem ser completada. Mas ela nunca seria.

Bem abaixo, pescadores perto da ilha italiana de Elba testemunharam os destroços em chamas caindo do céu. Eles correram para o local do acidente em busca de sobreviventes, mas foram confrontados com uma carnificina total. 


Nas horas seguintes, uma flotilha de barcos saiu de Elba para dar cabo aos trabalhos de resgate. Um por um, eles transportaram os corpos dos passageiros de volta à costa. Eles logo confirmaram que nenhum dos 29 passageiros e 6 tripulantes havia sobrevivido ao acidente. 

Parentes dos passageiros esperaram no aeroporto de Londres, mas o avião simplesmente nunca chegou; horas depois, as autoridades confirmaram que ele havia caído no mar sem sobreviventes.


Uma investigação formal, supervisionada pelo primeiro-ministro Winston Churchill, foi lançada assim que a notícia do acidente chegou à Grã-Bretanha. 

Na época, não havia um protocolo estabelecido de como uma investigação de acidente aéreo deveria ser conduzida. Nos próximos meses, os investigadores escreveriam uma grande parte do livro de regras. 

Algo que nunca havia sido feito antes, a marinha britânica foi chamada a resgatar tanto quanto fosse possível dos destroços do G-ALYP, sepultados no leito do mar Mediterrâneo próximo à ilha de Elba. Nas semanas seguintes, uma flotilha recuperou das profundezas mais de 95% do peso da estrutura do Comet. 


Os mergulhadores, em volumosos trajes de mergulho de metal, desceram mais de 300m (1.000 pés) debaixo d'água para prender cabos aos destroços para que pudessem ser puxados para a superfície por um guindaste.

As peças foram lavadas, fotografadas e enviadas a Farnborough e gradativamente, montadas num esqueleto de madeira, reconstruindo a aeronave acidentada como se fosse uma miniatura de montar.


Uma inspeção dos destroços revelou que o avião não havia sido derrubado por uma bomba como se suspeitava inicialmente e, como resultado, todos os De Havilland Comets foram aterrados até que os investigadores pudessem garantir que o avião estava seguro.


Os patologistas também ficaram confusos com os ferimentos nos passageiros, que incluíam ossos quebrados sofridos após a morte, bem como lesões pulmonares e fraturas no crânio que ocorreram antes da morte. 

Esses foram os efeitos esperados de uma descompressão explosiva sem cintos de segurança ou assentos devidamente protegidos, seguida de um mergulho no mar. 


Mas uma descompressão explosiva em um avião de passageiros nunca havia ocorrido antes, e os investigadores só começaram a entender os processos em funcionamento depois de construir uma maquete, pressurizá-la e perfurar o lacre.

No entanto, quatro meses após o acidente e sob pressão para colocar o Comet no ar novamente, o chefe da investigação permitiu que o avião voltasse ao serviço. Isso provou ser um erro terrível. 

Apenas duas semanas após a proibição ter sido suspensa, um De Havilland Comet fretado da BOAC para a South African Airways se separou e caiu enquanto saía de Roma com destino ao Cairo. Todos os 21 passageiros e tripulantes morreram no acidente. O investigador principal admitiu publicamente que não deveria ter permitido que os aviões voassem, e todos os Cometas foram imediatamente aterrados novamente.

A construção do taque de água para os testes com o Comet
Para entender completamente como os aviões poderiam ter se quebrado, os pesquisadores decidiram testar quantos ciclos de pressurização uma fuselagem do Comet poderia realmente suportar. 


Eles retiraram um Comet e o transformaram em um tanque de água (vídeo acima), que seria enchido e esvaziado repetidamente para simular o processo de pressurização e despressurização que ocorria durante cada voo. 

O experimento gigantesco funcionou 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante quase um mês, com as equipes reabastecendo e esvaziando o tanque mais de 3.000 vezes - aproximadamente o equivalente ao número de vezes que os dois Cometas acidentados voaram. Então, finalmente, a fuselagem quebrou bem no canto de uma das janelas, abrindo um grande buraco na lateral do avião. Eles haviam encontrado a arma fumegante.


Os investigadores puderam deduzir que os rebites perfurados causaram fissuras que foram exacerbadas pelo já elevado estresse nos cantos angulares das janelas e portas, levando ao enfraquecimento do revestimento da aeronave e à ruptura da fuselagem. 


Esta foi a primeira vez que a fadiga do metal foi identificada em um acidente de avião; antes dos desastres do Cometa, os efeitos da pressurização repetida nos componentes da aeronave eram mal compreendidos. 


Os pesquisadores conseguiram identificar corretamente a causa, apesar de terem pouco conhecimento prévio para trabalhar, ao invés disso, foram forçados a verificar, usando a tecnologia dos anos 1950, conceitos científicos amplamente conhecidos hoje. Tudo isso foi realizado sem gravadores de voo de caixa preta, dados de radar, microscópios sofisticados ou simulações de computador.


Após as colisões, o de Havilland Comet foi re-projetado e, eventualmente, voou novamente - desta vez com portas e janelas ovais ou oblongas e sem rebites perfurados. Ambos os recursos se tornariam padrão em todos os futuros modelos de jato de passageiros. 

Mas o Comet nunca recuperou sua antiga glória, e o de Havilland acabou sendo derrotado por rivais americanos como Boeing e McDonnell-Douglas. No entanto, podemos agradecer aos acidentes do voo 781 da BOAC e do voo 201 da South African Airways por ajudar a descobrir os princípios de engenharia que permanecem fundamentais hoje. 

Todos estes anos depois, podemos dizer com confiança que as 56 pessoas que morreram nos acidentes do Comet não morreram em vão.

Edição de texto e imagens: Jorge Tadeu

(Com Admiral_Cloudberg / ASN / Wikipedia / baaa-acro.com)

Caixas-pretas de avião que caiu na Indonésia são localizadas

Equipes de resgate também já encontraram partes de corpos e pertences de ocupantes. Boeing 737-500 sumiu dos radares perto da costa da capital Jacarta com 62 a bordo no sábado (9).

Equipes de resgate da Indonésia no porto de Jacarta junto aos objetos encontrados do voo
que caiu na Indonésia (Foto: Ajeng Dinar Ulfiana/Reuters)
As caixas-pretas do Boeing 737-500 da empresa Sriwijawa, que sofreu um acidente com 62 pessoas a bordo na Indonésia, foram localizadas neste domingo (10), segundo as autoridades do país.

"Localizamos as caixas pretas, as duas", disse Soerjanto Tjahjanto, chefe do comitê de segurança, que faz parte do Ministério dos Transportes.

"Os mergulhadores vão começar a procurá-las e espero que não demore muito para que as encontrem", afirmou.

A agência de busca e resgate disse que até agora coletou cinco sacos para cadáveres com restos humanos, bem como destroços do local do acidente no mar de Java. Uma peça de roupa de criança, um pneu e uma roda quebrados, coletes salva-vidas e destroços do corpo do avião foram encontrados, segundo autoridades e repórteres da AFP no local.

Mergulhadores da Marinha da Indonésia seguram destroços do voo SJY182
"Esta manhã recebemos duas malas, uma com os pertences dos passageiros e a outra com partes de corpos", disse o porta-voz da polícia de Jacarta, Yusri Yunus, à Metro TV. A polícia "está trabalhando para identificá-los", acrescentou.

Oficiais da Polícia Nacional próximos aos sacos dos corpos das vítimas da queda do avião Sriwijaya Air
Navios de resgate, Exército, helicópteros e mergulhadores trabalham em busca de sobreviventes. Os materiais que são encontrados estão sendo levados para para um posto de primeiros socorros no porto principal de Jacarta.

Segundo o site especializado FlightRadar24, o avião fazia o voo 182 e perdeu mais de 10 mil pés de altitude em menos de um minuto enquanto rumava à cidade de Pontianak, na ilha de Bornéu. Por volta das 4h40 (de Brasília; 14h40 em Jacarta), o Boeing desapareceu.

A viagem duraria cerca de uma hora e 30 minutos. Havia 50 passageiros e 12 tripulantes no avião.

Explosão relatada


Pescadores na área ao redor de Thousand Islands, uma cadeia de ilhas ao norte da costa de Jacarta, relataram ter ouvido uma explosão por volta das 14h30 (07h30 GMT) no sábado.


“Ouvimos algo explodir; pensamos que era uma bomba ou um tsunami, pois depois disso vimos o grande respingo da água ”, disse o pescador Solihin, que só tem um nome, à Associated Press por telefone.

“Estava chovendo muito e o tempo estava muito ruim. Portanto, é difícil ver claramente ao redor. Mas podemos ver o respingo e uma grande onda após os sons. Ficamos muito chocados e vimos diretamente os destroços do avião e o combustível ao redor do nosso barco.”

Investigação


Não há qualquer indício que permita determinar as causas. O CEO da companhia aérea disse que o avião estava em boas condições.

A aeronave voou pela primeira vez em maio de 1994. Aviões Boeing 737-500 têm histórico de segurança considerado excelente. Nenhuma companhia brasileira com voos regulares opera esse modelo atualmente; entre as décadas de 1990 e 2000, empresas como Rio Sul e Nordeste, hoje extintas, operavam essas aeronaves.

Trata-se, portanto, de um modelo bastante anterior ao 737 MAX, linha de aviões de Boeing que sofreu com dois acidentes graves recentemente. Um deles, com uma aeronave da Lion Air em 2018, ocorreu na Indonésia.

As tragédias levaram à interrupção dos voos com aeronaves do tipo. Somente no fim do ano passado as autoridades de aviação começaram a permitir a retomada das operações com o 737 MAX.

Local do desaparecimento da aeronave da Sriwijaya Air na Indonésia
Trajeto previsto do voo SJ182, desaparecido na Indonésia

Boeing 737-500, modelo do avião acidentado na Indonésia neste sábado (9)
Fontes: G1 / Jackarta Post / Al Jazeera