Desenhos feitos por Nelson Jungbluth podem ser conferidos no Boulevard Laçador, próximo ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
Ao cruzar o avião Douglas DC-3, fabricado em 1936 e restaurado tal qual operava há 85 anos, surge um espaço que remete à sede da primeira companhia aérea brasileira.
— As lojas da Varig eram as verdadeiras embaixadas do Brasil, no mundo inteiro — relembra o designer Rafael Jungbluth, 47 anos, comparando a sala com quadros da Varig aos antigos guichês de informação instalados nos aeroportos.
A aeronave revitalizada virou item de museu, na zona norte de Porto Alegre, e agora tem o complemento das obras de arte que decoravam as salas da empresa, levadas o Hall de Memórias da Varig - no shopping Boulevard Laçador - por Rafael, que é neto do ilustrador e artista plástico Nelson Jungbluth, autor da Rosa dos Ventos. O símbolo estampou aeronaves e os demais materiais de divulgação a partir de 1963.
Rafael Jungbluth, neto do criador do logo da Varig |
O processo de criação da marca, através de rabiscos à mão feitos pelo desenhista, foi guardado pela família, e revelado aos “variguianos” em uma série de reportagens de GZH. A descoberta da existência dos rascunhos e dos quadros originais gerou o convite para expor a obra de Jungbluth no local, com entrada gratuita aos amantes da história da aviação.
— É um orgulho sem tamanho — resume Rafael.
Os manuscritos estão protegidos em uma redoma de vidro. Podem ser vistas muitas tentativas à lápis, até chegar ao modelo mais próximo do definitivo. Em outras duas prateleiras há páginas de reportagens sobre os aviões e suas rotas, os tradicionais calendários e ainda as pinturas em tinta guache das ilustrações que virariam capa dos menus de bordo.
Nas paredes, a memória das lojas da Varig volta ao presente. Alinhados, 13 cartazes que identificavam as “embaixadas”.
— No Japão, todo mundo dizia "Balig, Balig". Era uma referência do Brasil. Imagina, há 50 anos, nem se falava inglês em muitos locais, mas a Varig já era conhecida. Meu avô rodava o mundo e a obra dele estava lá — orgulha-se o neto.
México, Peru, Espanha, Argentina estão entre os países representados pelo artista. As molduras foram enfileiradas em um corredor, e há também homenagens ao Brasil, São Paulo, Rio Grande do Sul e Nova York — a rota do Brasil aos Estados Unidos era o destaque na década de 1950.
Na escadaria de acesso, três obras expõem épocas distintas do trabalho do artista plástico. Uma pintura de homens vestindo terno e gravata, ao lado de mulheres em roupas elegantes no mesmo nível, usufruindo do serviço de bordo da companhia. Acima, o quadro que expunha o itinerário até Miami e logo ao lado um painel que mistura essa publicidade com o abstrato, de um campo arborizado e cavalos sobre o gramado.
A exposição abriu ao público em 1º de outubro e ficará disponível para visitas até o último dia do mês. Além do mês do aviador - data celebrada em 23 de outubro -, a mostra é uma homenagem aos cem anos do nascimento de Nelson Jungbluth, que ocorrerá em novembro.
O Douglas DC-3 pode ser visto somente por fora - devido à pandemia, as visitas internas estão suspensas.
O espaço com as duas atrações funciona das 8h às 23h30min, de segunda a domingo, e tem variadas opções de alimentação.
O Boulevard Laçador fica na Avenida dos Estados, 111, bairro São João, próximo ao Aeroporto Salgado Filho.
Via Tiago Boff (GZH) - Fotos: Lauro Alves/Agência RBS
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