domingo, 7 de junho de 2009

América Latina soma mais acidentes aéreos que Europa

Nos países latinos são 2,55 acidentes por milhão de voos, contra 0,42 nos europeus

Referência brasileira é de um acidente a cada milhão de decolagens; especialista diz que índice do Brasil está entre os do "primeiro time"


A taxa de acidentes aéreos no mundo no ano passado foi a maior pelo menos desde 2005. Na região da América Latina e Caribe, ela chega a ser cinco vezes superior à da Europa.

Esse tipo de estatística deve servir de alerta para profissionais e órgãos da aviação, mas, no campo das probabilidades, não tem por que ser motivo de tanta preocupação dos passageiros, segundo especialistas.

A média mundial em 2008 foi de 0,81 acidente aéreo a cada milhão de decolagens, segundo um relatório da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo). No ano anterior, tinha sido de 0,75 por milhão (veja quadro nesta página).

As estatísticas da Iata abrangem somente os aviões fabricados em países ocidentais.
A associação considera acidente aéreo apenas casos em que a aeronave foi substancialmente danificada ou destruída.

Baseado nesses critérios, foram registrados 109 acidentes aéreos no ano passado, com 502 mortes, contra 100 acidentes e 692 mortes em 2007.

Entre as explicações para taxas de acidentes tão diferentes conforme a região estão a existência de infraestrutura (como equipamentos do controle aéreo) e a formação de profissionais (treinamento de pilotos e controladores) deficientes.

As chances de morrer ou se ferir gravemente em acidente de avião comercial em rota doméstica, entretanto, são baixíssimas -de 0,00003%, segundo o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB), com dados coletados entre 1982 e 2001.

No período, foram, em média, 120 mortes por ano -os óbitos anuais em acidentes com bicicleta nos EUA chegam a mil e, com carros, 46 mil.

Brasil

Tragédias como a que envolveu um jato Legacy e um Boeing da Gol, em 2006, ou a de um Airbus da TAM, em 2007, motivaram questionamentos e expuseram deficiências da segurança de voo no Brasil.

Mas especialistas dizem que a média de acidentes da aviação brasileira difere de forma positiva da latino-americana e não fica tão distante da América do Norte e da Europa. A referência brasileira é de um acidente a cada milhão de decolagens.
"Somos do primeiro time. Tanto na América Latina como na África há uma diversidade de países muito grande", diz Respicio do Espírito Santo, especialista em aviação da UFRJ.

O Cenipa (centro de investigação de acidentes ligado à Aeronáutica) divulgou um balanço de 57 mortes em acidentes aéreos no Brasil no ano passado - equivalente ao número de mortes no trânsito em 12 horas.

Em 2007, a quantidade de mortes em acidentes aéreos no país tinha sido maior, de 270, por conta do acidente do Airbus da TAM em Congonhas, que, sozinho, matou 199.

"O transporte aéreo regular tem índices muito bons, comparáveis com os de EUA e Europa", defende Ronaldo Jenkins, diretor do Snea (sindicato nacional das empresas aéreas).

A Aeronáutica não quis comentar os dados da Iata, mas informou que, nos últimos 18 anos, a quantidade de acidentes aeronáuticos no Brasil caiu 58%, enquanto a frota de aeronaves subiu 50%. Disse ainda que, em 1991, 2,51% da frota esteve envolvida em acidentes, contra 0,85% em 2007.

Fonte: Alencar Izidoro (jornal Folha de S. Paulo)

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