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Piloto ignorou ordem de pouso, desceu em pista clandestina em Surucucu e fugiu. Avião tinha matrícula adulterada.
Forca Aérea destruiu avião após invasão a espaço aéreo brasileiro na Terra Yanomami (Foto: FAB/Divulgação)
Um avião vindo da Venezuela suspeito de tráfico de drogas entrou no espaço aéreo brasileiro na manhã desta quarta-feira (19) e acabou sendo destruído após pousar na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O piloto fugiu após pousar e não foi preso.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o avião voava sem plano de voo, não respondeu aos órgãos de controle e ignorou todas as ordens da Defesa Aeroespacial. Foram dados tiros de aviso por caças para interceptar o avião invasor, de acordo com a FAB.
O avião foi identificado por radares por volta das 7h, logo após cruzar a fronteira. Por não informar rota e não estabelecer comunicação, passou a ser tratado como "aeronave suspeita" -- condição atribuída a aviões usados por organizações criminosas.
Caças foram acionados para realizar a interceptação. Os pilotos tentaram, em diferentes etapas, confirmar a identidade do avião e determinar que seguisse para um aeródromo indicado. Mesmo após tiros de aviso, o piloto manteve o voo e o avião foi reclassificado como "hostil".
O avião só pousou ao chegar à região de Surucucu, em uma pista clandestina de terra. Quando militares chegaram ao local em um helicóptero, o piloto já havia fugido para a mata.
(Foto: FAB/Divulgação)
A equipe constatou que a matrícula estava adulterada e, mais tarde, militares do Comando Conjunto Catrimani II realizaram a destruição da aeronave.
As forças responsáveis afirmam que a ação seguiu os protocolos previstos para proteção do espaço aéreo e de áreas sensíveis da Amazônia, como a Terra Yanomami.
F-5 foi o avião responsável pelo pouso solo (Imagem: Força Aérea Brasileira)
Um caça F-5 da FAB (Força Aérea Brasileira) fez história no Rio de Janeiro há nove anos: ele pousou "sozinho" com poucos danos durante um treinamento na Base Aérea de Santa Cruz.
O caso ocorreu por volta das 18h40 do dia 5 de junho de 2016. A aeronave já estava em fase de aproximação final. Naquele momento, foi detectada uma falha, que não permitiria que o pouso fosse realizado em segurança.
Os dois pilotos que estavam na aeronave direcionaram o caça para uma área desabitada próxima à base aérea, e ele "pousou sozinho", ficando praticamente íntegro com o pouso.
Para evitar um acidente mais grave, os dois pilotos se ejetaram antes de aterrizar. Ninguém foi atingido na queda.
Em nota divulgada à imprensa na época, a FAB afirmou que "a ejeção era mandatória nesse caso e ocorreu de forma controlada, com a aeronave direcionada a uma região desabitada, não ocorrendo danos pessoais ou materiais no solo."
Um dos aspectos que mais chamaram atenção na época é que, nas fotos divulgadas após o acidente, o avião aparecia praticamente intacto no solo. Apenas o nariz — estrutura frontal da aeronave — teria ficado danificada.
O caça não é produzido desde o final da década de 1980. A Folha de S.Paulo apurou na época que o valor estimado do modelo era entre US$ 20 e US$ 25 milhões, o que naquele ano valeria algo em torno de R$ 66 milhões e R$ 83 milhões.
Em 2018, o então Ministério da Defesa lançou uma concorrência internacional para contratar uma empresa para realizar o reparo estrutural do caça. Curiosamente, naquele ano outro caça do mesmo modelo passou por uma situação semelhante. A aeronave caiu na cidade de Itaguaí (RJ) após decolar da Base Aérea de Santa Cruz.
Os dois pilotos conseguiram se ejetar antes da queda. Diferentemente do caso anterior, o avião pegou fogo. Os sobreviventes foram socorridos e encaminhados para uma unidade de saúde da FAB.
O avião podia chegar em uma velocidade máxima de 2.112 km/h e alcançava cerca de 15,7 mil metros de altitude. O modelo entrou em processo de desativação em 2022.
A Força Aérea Brasileira (FAB) é o ramo aeronáutico das Forças Armadas do Brasil sendo uma das três forças que compõem a defesa externa do Brasil. A FAB foi formada quando os ramos aéreos do Exército e da Marinha foram fundidos em uma força militar única. Ambos os ramos de ar transferiram seus equipamentos, instalações e pessoal para a nova força armada.
Formalmente, o Ministério da Aeronáutica foi fundado em 20 de janeiro de 1941 e o seu ramo militar foi chamado "Forças Aéreas Nacionais", alterado para "Força Aérea Brasileira" (FAB) em 22 de maio daquele ano. Os ramos aéreos do Exército ("Aviação Militar") e da Marinha ("Aviação Naval") foram extintos e todo o pessoal, aeronaves, instalações e outros equipamentos relacionados foram transferidos para a FAB.
A Força Aérea Brasileira obteve seu batismo de fogo durante a Segunda Guerra Mundial participando da guerra antissubmarino no Atlântico Sul e, na Europa, como integrante da Força Expedicionária Brasileira que lutou ao lado dos Aliados na frente italiana.
De acordo com o Flight International e do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, a FAB tem uma força ativa de 77 454 militares e opera em torno de 627 aeronaves, sendo a maior força aérea do hemisfério sul e a segunda na América, após a Força Aérea dos Estados Unidos.
Apenas no ano de 2023, mais de 30 casos foram relatados por pilotos à FAB, segundo documentos revelados pelo Arquivo Nacional.
Ovni avistado em São Sebastião (SP) em 1956 (Foto: Arquivo Nacional)
A presença de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs) já foi relatada diversas vezes por profissionais que atuam no espaço aéreo brasileiro. Os dados são compilados pela Força Aérea Brasileira (FAB). Somente em 2023, cerca de 30 notificações foram realizadas.
Recentemente, o Arquivo Nacional divulgou novos relatos feitos por pilotos brasileiros aos Centros Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindactas) a respeito de avistamento de OVNIs. Embora os casos sejam catalogados, a FAB “não realiza estudos e análises acerca do tema”, diz comunicado da instituição.
Mas, afinal, qual é o procedimento que deve ser adotado por profissionais que atuam em aeronaves? A CNN conversou com especialistas e entidades do setor aéreo. Saiba abaixo quais são os procedimentos que devem ser adotados.
Regras estabelecidas pela FAB
De acordo com a FAB, cabe ao Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) ser o responsável por reportar ao Arquivo Nacional, qualquer avistamento de OVINIs. A partir disso, “o Comando da Aeronáutica recebe, registra, cataloga e encaminha as ocorrências para aquele órgão, onde serão disponibilizadas para consulta” diz a instituição.
A regra é estabelecida pela Portaria do Comando da Aeronáutica nº 551/GC3, de 9 de agosto de 2010, que trata sobre o envio dos relatos de fenômenos aéreos. Os relatos são feitos em formulário próprio por usuários dos serviços de controle de tráfego aéreo e encaminhados ao Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (CENDOC), que notifica o Arquivo Nacional.
Procedimentos padrão
O especialista em segurança de voo, Maurício Pontes, afirma que não há procedimentos padrão da aviação civil para lidar com objetos voadores não identificados.
“Existe um sistema de reportes mandatórios sobre possíveis ameaças ao tráfego aéreo, como pássaros, balões, etc.”, diz Pontes, que é porta-voz da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (AOPA Brasil).
Ele explica que não existe previsão de comunicação. Se um aviador julgar algo que chame sua atenção a ponto de comunicar a um órgão de controle, ele descreverá.
“Isso se aplica a qualquer coisa, como um acidente que presencie em voo, por exemplo. Não existe nada relacionado especificamente para fenômenos não identificados”, completa Pontes.
Para Enio Beal Júnior, que atua como piloto há quase 40 anos, essa comunicação é feita pelas mesmas razões daquelas usadas para interceptação de aeronaves “convencionais”.
“Sempre que houver uma aeronave ou objeto que o piloto considere próximo ou em trajetória que possa se tornar conflitante, ele deve questionar os órgãos de controle”, revela Beal.
Os pilotos não são treinados para lidar com esse tipo de situação. O piloto explica que atuando por mais de 20 anos na FAB, nunca soube de um procedimento específico.
“Fui piloto de Caça, tendo voado por 11 anos nessa aviação que tem registros de tentativas de interceptação de OVNI. Não havia nenhum treinamento específico para esses objetos”, pontua Beal.
O piloto diz que o avistamento de OVNIs, por si só, não representa problemas de segurança aos pilotos. Ele comenta a possibilidade de forma cômica, revelando que nunca viu tais objetos.
“Nunca vi, em quase 40 anos de profissão (…) O pior que poderia ocorrer é o piloto se distrair. Ou então se um “marciano kamikaze” resolvesse jogar sua nave para cima de algum avião, o que, até onde sei, nunca ocorreu”, analisa Enio.
Para o porta-voz da AOPA Brasil, os treinamentos dos pilotos devem focar outras questões.
“Há coisas muito mais importantes para ocupar a grade de treinamento extenso na aviação”, complementa Pontes.
Registro de ocorrências
Eles explicam que não existe nenhuma documentação específica para relatar um encontro com um OVNI, não havendo um “padrão” adotado por pilotos, e que toda documentação depende do fenômeno encontrado.
“Em princípio não há como discriminar um protocolo para um evento tão raro”, disse Pontes.
Para o ex-piloto da FAB, o principal desafio ao relatar a presença de um OVNI é descrever com clareza a posição, velocidade, direção de movimento etc. Por se tratar de objetos não-convencionais, seria mais difícil do que se tratando de um avião, por exemplo.
“No caso de aviões, uma interceptação permite que se diga até a matrícula, pois o caçador se posiciona embaixo da aeronave interceptada. Pode dizer também rota, altitude, velocidade etc, coisas impossíveis no caso de OVNI”, disse o piloto que, atualmente, atende voos executivos.
Em nota, a FAB informa que “todos os documentos, vídeos, fotografias, relatos, entre outros, disponíveis, no âmbito do Comando da Aeronáutica, sobre fenômenos aéreos não identificados, no período de 1952 a 2023, já foram transferidos para o Arquivo Nacional, onde são de domínio público”.
Assunto não merece aprofundamento, diz especialista
Para o especialista Mauricio Pontes, o fato da FAB não promover estudos sobre o assunto, não torna o assunto mais importante, não havendo necessidade de maiores evoluções.
”A questão é: precisamos deste aprofundamento? Normalmente esses fenômenos são avaliados quando realmente parecem ter alguma legitimidade”, diz Pontes.
Para o ex-piloto da FAB, na reserva desde 2013, não há nenhuma estigma ou tabu entre os profissionais do setor.
“Parece-me que é mais uma aura de mistério que criam em torno do assunto, do que qualquer outra coisa. Não existe, nem mesmo no meio militar, qualquer proibição de se falar sobre o tema”, relata Enio.
A ação ocorreu nesta segunda-feira (22/09) e foi conduzida pela FAB.
A Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), em coordenação com a Polícia Federal, interceptou, nesta segunda-feira (22/09), uma aeronave suspeita oriunda do Peru.
Segundo o COMAE, o avião foi detectado pelos radares da Força Aérea após ingressar no espaço aéreo brasileiro e uma aeronave A-29 Super Tucano decolou para interceptar e aplicar as Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo. Durante a interceptação, verificou-se que a aeronave, sem plano de voo, não apresentava matrícula visível e sem comunicação com os órgãos de controle do tráfego aéreo, vindo a ser classificada como suspeita.
Ação no ar
A aeronave de caça A-29 decolou para interceptar e aplicar as Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo. Inicialmente, foi realizado o Reconhecimento a Distância (RAD) e, em seguida, o piloto de Defesa Aérea realizou a Interrogação (ITG), por meio da qual tentou estabelecer contato rádio e visual com a aeronave suspeita. Diante da ausência de resposta, o próximo passo foi a ordem da Defesa Aeroespacial para a Mudança de Rota (MRO) da aeronave de interesse.
Com a insistente falta de colaboração do piloto interceptado, foi aplicado o Tiro de Aviso (TAV), a fim de que fossem cumpridas as ordens da Defesa Aeroespacial. Como a aeronave permaneceu irredutível, foi classificada como hostil e passou a ser objeto do Tiro de Detenção (TDE), conforme previsto no Decreto 5.144/04.
Diante das ações da Defesa Aeroespacial, o piloto suspeito manobrou a sua aeronave para um pouso a cerca de 30 quilômetros a oeste da cidade de Tefé (AM), em uma região desabitada. Um helicóptero H-60 Black Hawk da Força Aérea Brasileira conduziu uma equipe da Polícia Federal para o local, que deteve o suspeito.
A interceptação integra o esforço conjunto entre o Ministério da Defesa e órgãos de Segurança Pública no combate ao narcotráfico, sobretudo em áreas consideradas rotas para o escoamento de ilícitos, no contexto do Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF) e da Operação Ostium; e nas ações do Controle do Espaço Aéreo com vistas à segurança do tráfego aéreo.
Aeronave foi interceptada pela FAB e, ao desobedecer ordens, piloto lançou avião na represa; 380 kg de maconha foram apreendidos pela Polícia Federal.
Avião lançado pelo piloto nas águas da represa de Balbina, no AM (Foto: Divulgação/FAB)
O avião bimotor Beechcraft 58 Baron, prefixo PR-DCS, vindo da Venezuela, foi interceptado nesta quarta-feira (10) pela Força Aérea Brasileira (FAB) ao entrar de forma ilegal no espaço aéreo brasileiro, próximo ao município de Presidente Figueiredo, no interior do Amazonas.
Caças A-29 Super Tucano foram acionados pelo Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) para obrigar a aeronave a mudar de rota. O piloto, no entanto, desobedeceu às ordens da Defesa Aérea e lançou o avião nas águas da represa de Balbina.
Avião interceptado pela FAB com drogas no Amazonas (Foto: Divulgação)
Equipes da Polícia Federal, transportadas por helicóptero Bell 412, realizaram o controle no solo e apreenderam aproximadamente 380 kg de maconha do tipo skunk dentro da aeronave.
A FAB não informou se o piloto sobreviveu, foi preso ou conseguiu fugir. A ação integra a Operação Ágata Ostium, parte do Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF), reforçando a atuação coordenada entre a FAB e órgãos de segurança pública no combate a ilícitos transnacionais e na proteção do espaço aéreo brasileiro.
Equipes da PF recolheram a maconha do tipo skunk encontrada dentro do avião lançado na represa pelo piloto (Foto: Divulgação/FAB)
O Hércules C-130 é um avião fabricado pela Lockheed Martin, dos Estados Unidos, que fez história não apenas em sua terra natal, mas em 74 países, incluindo o Brasil. A aeronave fabricada pela primeira vez em 1954 teve mais de 10 mil unidades produzidas até hoje, porém, está em vias de se aposentar.
A Força Aérea Brasileira (FAB) já confirmou que o avião militar, utilizado principalmente para transporte e em missões humanitárias, dará adeus à frota nacional ainda em 2023 ou, no máximo, em 2024, ano em que o Hércules completará seu 70º aniversário.
O Hércules levou o Brasil até a Antártica, mas sofreu acidente e voltou desmontado (Imagem: Divulgação/Ag. Força Aérea, Ten.Guerrero)
A gigantesca aeronave é um quadrimotor turboélice de asa alta, que mede 40,4 metros de envergadura, 29,8 m de comprimento e peso máximo de decolagem de 69,7 toneladas. E deixará saudades. Então, nada melhor do que conhecer a história deste verdadeiro ícone da aviação mundial, não é?
O Canaltech preparou um conteúdo informativo e com muitas curiosidades a respeito do Hércules em seus quase 70 anos de vida. Você sabia, por exemplo, que o avião não foi batizado com esse nome à toa? A escolha remete ao filho de Zeus na filosofia grega, e faz referência à força da aeronave em toda e qualquer situação, por mais desafiadora que seja.
Para se ter uma ideia da versatilidade do Hércules C-130, o avião conseguiu, entre muitas operações de sucesso a serviço da Força Aérea Brasileira, pousar em pistas pequenas e sem pavimentação na Amazônia, e até mesmo levar o País à Antártica por meios próprios. Nessa última missão, porém, um acidente acabou deixando a unidade do C-130 encalhada e o avião só voltou ao Brasil após ser desmontado.
Saiba mais sobre o Hércules e as muitas histórias curiosas de um dos aviões mais queridos da FAB a seguir.
O nascimento do Hércules
Hércules nasceu nos Estados Unidos após mais uma crise com a extinta União Soviética (Imagem: David Mark/Pixabay/CC)
O imponente quadrimotor, agora em vias de aposentadoria, nasceu por uma necessidade. O Exército dos Estados Unidos resolveu modernizar a frota de sua força aérea logo após mais um capítulo da interminável crise com a hoje extinta União Soviética, em 1951. A ideia era encontrar um avião de assalto, capaz de pousar e decolar em qualquer tipo de pista, por mais curta e acidentada que ela fosse.
No ano seguinte, a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) aceitou o projeto apresentado pela Lockheed, chamado YC-130A, e encomendou duas aeronaves. Em dezembro de 1952, o C-130A entrou em serviço e começou a fazer história mundo afora.
O Hércules C-130 e a FAB
Apesar do final triste do capítulo que envolveu a ida da aeronave para a Antártica, a história do avião Hércules C-130 com a Força Aérea Brasileira é recheada de momentos marcantes e finais felizes.
O ‘Gordo’, apelido carinhoso que ganhou da FAB, chegou à frota brasileira em 1964, em um modelo C-130E. A partir daí, iniciou-se uma relação duradoura e de sucesso. Ao todo, foram 29 exemplares, passando pelo SC-130E, C-130H e KC-130H, até chegar aos modernos C-130M, versão que substituiu os ‘reloginhos analógicos’ por modernas telas de LCD.
O Hércules foi de fundamental importância para a Força Aérea Brasileira. Afinal, foi utilizando esse avião que a FAB transportou seringas, aventais, filtros bacteriológicos e demais materiais hospitalares para ajudar no combate à pandemia da Covid-19, levou toneladas de suprimentos para a população carente em Moçambique e trabalhou no combate a inúmeros focos de incêndio.
Duas missões memoráveis do Hércules a serviço da Força Aérea Brasileira foram a participação na busca por destroços do voo AF447 ocorrido com o Airbus A330 da Air France, em 2009, que vitimou 216 passageiros e 12 tripulantes, e o resgate dos corpos no acidente aéreo que matou praticamente todo o elenco da Chapecoense, na Colômbia, em 2016.
As várias "faces" do Hércules
O Hércules C-130 vai se aposentar deixando para trás um legado composto por várias ‘faces’. O gigantesco avião teve, durante suas sete décadas de existência, mais de uma dúzia de variações, desde os dois protótipos YF-130 até o C-130J, versão modernizada do cargueiro.
Hércules EC-130J, o Comando Sollo II (Imagem: Divulgação/USAF)
No total, foram 15 as versões do Hércules produzidas pela fabricante e entregues às Forças Aéreas de 74 países ao redor do globo. Há, porém, alguns modelos que se destacaram entre as inúmeras facetas do Hércules, seja pelo visual ‘diferente’, seja pelas funções (missões) designadas a ele.
1. EC-130J (Comando Sollo II)
Uma unidade do Hércules recebeu o nome Comando Sollo II por exercer um serviço bem particular e importante: atuar nas chamadas missões psicológicas. Ele trabalhava para a Guarda Aérea Nacional, braço da Força Aérea dos EUA, transmitindo sinais de rádio e, de acordo com o Ministério da Defesa, “visando a motivar públicos-alvo amigos, neutros e hostis a atingir comportamentos desejáveis”.
2. JC-130 (Caçador de Baldes)
O segundo Hércules que merece destaque por sua história única é o modelo JC-130, que ganhou o apelido de Caçador de Baldes. O motivo? Exatamente o que o nome significa. O JC-130 foi utilizado, a partir do fim da década de 1950, para missões de reconhecimento fotográfico.
A forma encontrada para recuperar os filmes jogados pelos satélites por meio de ‘baldes’ que desciam à atmosfera com pára-quedas embutidos, foi utilizar o JC-130, que os recuperava ‘pescando’ com um gancho. Um apelido mais bonitinho para a função foi o de ‘Apanhador de Estrelas’.
3. C-130K (Snoopy)
Complementando o pódio de modelos do avião Hércules que merecem destaque por suas características peculiares está o C-130K. A aeronave tem um histórico de brilhantes serviços prestados para a Força Aérea Real Britânica (RAF), mas o que chama a atenção nele, sem sombra de dúvidas, é o visual, digamos, peculiar.
Utilizado pela RAF para missões de reconhecimento meteorológico, ele se destacava pela enorme sonda listrada no nariz, mas não foi esse o visual que lhe rendeu o apelido de Snoopy. O radar original foi recolhido e posicionado acima da cabine. Em seu lugar, um novo “nariz” foi colocado, e foi esse (na parte inferior da foto) que lhe tornou ‘xará’ do cãozinho das histórias em quadrinhos e desenhos animados.
Versões diferentes, mas igualmente esquisitas, do Snoopy (Imagem: Mike freer/touchdow aviation, Marshall/Aerospace)
Os herdeiros do "Gordo"
O ‘Gordo’, apelido carinhoso dado pela Força Aérea Brasileira ao Hércules C-130, já tem um herdeiro a caminho. O novo avião será desenvolvido em conjunto por Suécia, França e Alemanha, e o projeto ganhou o nome de Future Mid-Size Tactical Cargo (FMTC) ou, na tradução para o português, Futuro Cargueiro Tático de Tamanho Médio.
De acordo com memorando assinado pela Cooperação Estruturada Permanente, o herdeiro do ‘Gordo’ “enfrentará coletiva e eficientemente os próximos desafios de transporte em operações militares ou situações de resposta a crises”. O novo avião tem previsão de entrar em operação a partir de 2040.
Este, no entanto, não deve ser o único sucessor do Hércules C-130. O Ministério de Defesa da Holanda, por exemplo, já avisou que colocará em sua frota o Embraer C-390M, produzido pela empresa brasileira. Cinco aviões serão fabricados e entregues aos europeus a partir de 2026.
Embraer C-390M já foi encomendado pelo Ministério de Defesa da Holanda (Imagem: Embraer)
Outras curiosidades sobre o Hércules
Reabastecimento aéreo: Uma das múltiplas funções do Hércules é realizar o reabastecimento de outras aeronaves em pleno voo. Segundo a FAB, o modelo KC-130 realizou, em várias ocasiões, o exercício com dois caças F-5EM.
Recordista: O Hércules também é dono de uma marca histórica. O quadrimotor é o dono do recorde referente ao ciclo de produção de aviões militares, com o primeiro exemplar levantando voo no dia 23 de agosto de 1954.
Pousou em um estádio: O YMC-130H participou da missão Credible Sport. A ideia era adaptá-lo para pousar e decolar em um estádio. Para isso, várias modificações foram feitas, como a instalação de um conjunto de foguetes, barbatanas ventrais e dorsais e muito mais. O resultado? Sucesso, claro.
Nomes invocados: O Hércules recebeu nomes bem interessantes e imponentes em suas muitas variantes ao longo das décadas. Ghost rider, Spooky, Combat King, Super Hércules e Sombra de Combate foram alguns dos muitos apelidos que outras versões do Lockheed C-130 receberam até hoje.
Aeronave pode atingir até 590 km/h. Além de ser usada pela Esquadrilha da Fumaça, é empregada em missões de defesa, como interceptação aérea e vigilância.
O A-29 Super Tucano é um avião usado pela Força Aérea Brasileira (FAB) desde 2013. Uma aeronave deste modelo caiu durante um treinamento entre Descalvado e Porto Ferreira (SP), no dia 30 de julho de 2025.
Ele pode atingir até 590 quilômetros por hora e, além de ser usado pelo Esquadrão de Demonstração Aérea da FAB, a Esquadrilha da Fumaça, ele é empregado em missões de defesa, como interceptação aérea e vigilância.
Fabricado pela Embraer, o modelo tem 11,30 metros de comprimento, 3,97 metros de altura e pesa 3.200 quilos.
Caça de ataque
O Super Tucano é um caça de ataque leve, que tem reconhecimento armado e treinamento avançado. O caça é considerado pelo mercado como uma aeronave versátil, podendo ser utilizada em missões de ataque leve, vigilância e interceptação aérea e contrainsurgência.
Os pontos tecnológicos são destaque do caça, que é equipado com vários sensores e armas de ponta, incluindo um sistema infravermelho com designador a laser, óculos de visão noturna, comunicações de voz seguras e um pacote de link de dados.
Ele já foi usado em ações de segurança durante eventos como a Rio + 20, posse da então presidente Dilma Rousseff e na visita do então presidente dos EUA Barack Obama.
Trajetória na FAB
A-29 Super Tucano da Embraer (Foto: Embraer/Divulgação)
Em março de 2013, os pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB) iniciaram os treinamentos no Super Tucano A-29, em Pirassununga (SP). O modelo substituiu o Tucano T-27, que foi usado por 30 anos pela Esquadrilha.
O turboélice traz uma pintura com cores mais vibrantes e uma bandeira brasileira estampada no leme.
A FAB possui uma frota de 60 aeronaves Super Tucano distribuídas em cinco esquadrões diferentes, com mais de 325 mil de horas de voo. O Super Tucano já foi vendido para diversos países, como Afeganistão, Indonésia e Estados Unidos e outros 12 países.
Em 2023, a Embraer e a FAB anunciaram que iniciaram os estudos para atualizar a frota nacional de aeronaves A-29 Super Tucano.
Entre as possíveis melhorias na aeronave, a Embraer destacou a atualização dos sistemas de navegação e comunicação, ampliação da capacidade de armamento e dos sensores de vigilância.
Além disso, a Embraer informou que novas demandas que forem apontadas pela FAB ao longo dos estudos podem ser trabalhadas pela fabricante, para aplicar as melhorias necessárias, sem impactar o baixo custo operacional.
Via Fernando Bertolini, g1 São Carlos e Araraquara
Qualquer pessoa pode pegar carona em missões planejadas da Força Aérea, a depender da disponibilidade de vagas; não há limite de idade nem custo.
Avião da FAB: cidadãos podem embarcar em aviões oficiais (Foto: Divulgação/Força Aérea Brasileira)
Voar em jato da Força Aérea Brasileira (FAB) não é uma prerrogativa só de militares e autoridades. Qualquer cidadão pode pegar carona em voos da FAB sem precisar desembolsar nenhum valor. Mas, para isso, é preciso contar com a sorte.
Enquanto autoridades só podem voar com a Força Aérea a serviço, civis podem embarcar para qualquer finalidade, ilimitadamente, e para diversos destinos em solo nacional.
Não espere, no entanto, encontrar o presidente ou um ministro nesse tipo de transporte aéreo. Os voos para autoridades são organizados em caráter oficial, enquanto civis pegam carona em missões militares. Justamente por isso, “o embarque de passageiros não representa custo algum”, explicou a FAB.
As viagens são coordenadas pelo Correio Aéreo Nacional (CAN), órgão subordinado ao Comando-Geral de Apoio da FAB, e devem ser solicitadas por e-mail (can.basp@fab.mil.br), mediante o preenchimento de uma ficha de cadastro. No documento, além de dados pessoais, como RG, CPF, peso, telefone e endereço da residência, é preciso informar o destino pretendido e a quantidade de acompanhantes. Não há limite de pessoas que podem viajar juntas nem de idade dos passageiros. Pode ser, porém, que não tenham vagas para todos.
Também não há como garantir que a viagem ocorra em um determinado dia e horário. A pessoa “pega carona”, literalmente, em uma missão já planejada pela FAB. O que ela escolhe é uma janela temporal de dez dias. Se, dentro desse período, houver vaga em uma aeronave que vai ao destino informado, o cidadão é chamado por e-mail até três horas antes da partida. Se não houver disponibilidade no intervalo escolhido, uma nova data pode ser solicitada pelo envio de outro formulário. Toda a comunicação é via correio eletrônico.
A viagem de volta também não é garantida, já que um novo pedido de voo precisa ser feito. Então, é importante que, antes de embarcar em uma aeronave militar, o passageiro tenha condições de voltar por conta própria.
De onde partem as aeronaves?
Segundo a FAB, as viagens de maior frequência são para Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). Os aviões partem e chegam em bases aéreas dispostas em todas as cinco regiões do País:
- Sul: Canoas (RS), Santa Maria (RS), Florianópolis (SC) e Curitiba (PR);
- Sudeste: São Paulo (SP), Pirassununga (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Lagoa Santa (MG);
- Centro-Oeste: Brasília (DF), Campo Grande (MS) e Anápolis (GO);
- Norte: Belém (PA), Boa vista (RR), Manaus (AM) e Porto Velho (RO);
- Nordeste: Fortaleza (CE), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA).
Não há serviço de bordo nesses voos, e, em alguns aviões, como os turboélices C-95 Bandeirante e C-98 Caravan, não há banheiros.
Também é importante ficar atento às bagagens: o limite de peso é 15 kg. A depender da lotação da aeronave, o passageiro que leva muitos itens pode ter que ceder a vaga para outro.
Outro ponto de atenção é a prioridade de embarque nos voos da FAB. Segundo o CAN, a ordem é: emergência médica, militares a serviço na missão em questão, comandantes das Forças Armadas, luto, demais militares, familiares de militares e, por último, civis inscritos no programa.
E, mesmo após os passageiros serem acionados, “há chances de o voo ser cancelado ou não ter mais vagas, pois as missões evoluem de acordo as necessidades da FAB”.
O acidente envolvendo um Embraer A-29 Super Tucano da Esquadrilha da Fumaça, ocorrido nesta terça-feira (30), marcou a 7.793ª ejeção bem-sucedida com um assento da fabricante britânica Martin-Baker, líder global em sistemas de ejeção.
A informação foi divulgada pela própria empresa por meio de seu perfil oficial no Twitter. É tradição da Martin-Baker atualizar publicamente o número de ejeções bem-sucedidas logo após cada ocorrência, além de enviar um presente simbólico ao piloto sobrevivente.
No caso do A-29, o assento utilizado é o modelo BR10LCX, que foi utilizado com sucesso por um fumaceiro após uma colisão em voo, como o AEROIN revelou ontem em primeira mão.
Essas publicações também funcionam como uma espécie de confirmação extraoficial de acidentes aéreos, especialmente em países asiáticos, onde forças aéreas costumam ser menos transparentes sobre incidentes envolvendo aeronaves militares.
Única foto colorida conhecida do 'Super Maconha' com sua polêmica “pintura comemorativa” (Foto: Aparecido Camazano Alamino via Airway)
Em 1942, a FAB (Força Aérea Brasileira) realizou seu primeiro ataque, ainda durante a Segunda Guerra Mundial. Em 22 de maio daquele ano, um avião bombardeiro B-25 que havia chegado ao Brasil no mês anterior atacou o submarino Barbarigo, da Marinha Italiana.
A equipe a bordo do avião realizava uma patrulha na costa brasileira quando foi preciso realizar o ataque, que contou com o lançamento de dez bombas de 45 kg sobre o alvo. Esse foi o início da história de um modelo de avião que permaneceria em serviço na Aeronáutica brasileira pelas décadas seguintes, até ser aposentado em 1974.
Um desses bombardeiros tinha um apelido um tanto inusitado para um avião, ainda mais para um ligado às Forças Armadas. Era o Super Maconha, nome dado ao modelo CB-25J registrado como FAB 5097.
No contexto da época, não seria tão estranho quanto hoje, já que o uso da substância era visto de outra maneira antes do início da campanha de guerra às drogas pelos Estados Unidos na década de 1970. Tanto que o Super Maconha substituiu outro B-25 na FAB, chamado de Maconha.
Origem do nome
Super Maconha, da FAB, pintado com a personagem Amigo da Onça (Foto: FAB)
No livro "Bombardeiros Bimotores da FAB" (C&R Editorial, 2011, R$ 29 na amazon.com.br, 80 páginas), de Aparecido Camazano Alamino, é contado de onde vem esse nome. Segundo o autor, que é coronel reformado da Aeronáutica, o Super Maconha tinha esse apelido "em decorrência de seu soberbo desempenho".
Isso ocorria porque o avião tinha ficado mais leve do que os demais do mesmo modelo após terem sido retirados vários itens: blindagem, torres dos atiradores e acessórios desnecessários.
Assim, ele conseguia atingir velocidades superiores às dos seus irmãos, algo que chega a ser eengraçado quando se está diante do apelido de Super Maconha.
Esse avião já não servia mais ao combate, e tinha sido adaptado para o transporte. Daí a retirada de seus equipamentos que seriam utilizados em caso de conflito.
No corpo do avião, junto ao apelido, estava pintada a personagem de quadrinhos Amigo da Onça, que foi publicada a partir da década de 1940 na revista "O Cruzeiro". Era uma figura de humor, que costumava colocar os amigos em situações embaraçosas.
Apelidos são comuns
B-25 Mitchell apelidado de Yankee Warrior (Foto: Divulgação/Frederick S. Brundick)
À época, era comum dar apelidos aos aviões. O bombardeiro norte-americano que lançou a bomba atômica em Hiroshima (Japão) durante a Segunda Guerra Mundial em 1945 tinha sido batizado de Enola Gay, nome da mãe do piloto, Paul Tibbets.
No Brasil, os antigos aviões de transporte oficial de autoridades tinham o apelido de sucatão e sucatinha, devido à idade avançada que tinham quando encerraram seu serviço na FAB.
O principal avião presidencial do Brasil atualmente foi batizado de Santos Dumont, embora também tenha sido apelidado de Aerolula, por ter sido comprado durante o primeiro mandato do governo do petista.
Bombardeiro B-25 Mitchell usado na Segunda Guerra, com pintura de pin-up (Foto: Reprodução/Creative Commons)
Era um típico dia de inverno na região, onde as chuvas e nevoeiros se faziam protagonistas na paisagem da pequena cidade de Concórdia, bem diferente da que conhecemos hoje. Os produtores trabalhavam no campo, quando de repente um barulho tomou conta do céu. O ronco dos motores da aeronave Douglas C-47A-90-DL (DC-3), prefixo 2041, da FAB - Força Aérea Brasileira, atraiu a atenção dos cidadãos, principalmente por conta da sua baixa altitude. Logo depois um estrondo. Na tarde do dia 12 de julho de 1954 caia um avião presidencial na Capital do Trabalho.
Porém, esse relato é maior do que imaginamos. O avião que caiu nos campos da cidade evoca a Segunda Grande Guerra, levou personalidades históricas do nosso país, como também inspirou narrativas de fé. Apesar de esquecida, parte da história de Concórdia se escreve pelos ares. Desde jovem, a cidade já contava com um movimentado tráfego aéreo, principalmente por conta da Sadia e, posteriormente, da Transbrasil - empresa aérea que figurou entre as maiores do Brasil e teve como berço as atividades da agroindústria em nosso município. Porém, em 1954, a cidade sequer possuía um aeroporto.
Naturalmente, os relatos de incidentes aeronáuticos são variados, principalmente pelo fato dos padrões de segurança das aeronaves da época não serem tão elevados quanto hoje. Assim, o duplo acidente aéreo ocorrido em 1981, que já falamos sobre, definitivamente não foi um fato isolado. No artigo de hoje, vamos conhecer a história não contada do mais emblemático acidente aéreo de Concórdia: a queda do Douglas C-47.
A aeronave
Exemplar do modelo C-47 2009, 1º Esquadrão de Transporte Aéreo (Arquivo Rudnei Dias da Cunha)
O avião Douglas C-47, de matrícula 2041 (número de identificação militar, como se fosse a "placa" da aeronave), pertencia ao Esquadrão de Transporte Especial da Força Aérea Brasileira, servindo ao deslocamento das autoridades federativas do país - este, em específico, ao vice-presidente da república, Café Filho.
Tal modelo de aeronave era a versão militar do clássico Douglas DC-3 (aeronave utilizada, inclusive pela Sadia/Transbrasil), sendo amplamente produzida ao longo da Segunda Guerra Mundial, responsável pelo transporte de tropas americanas, britânicas e demais aliadas. As necessidades da guerra exigiram a produção em massa dessa aeronave, que se provou muito versátil, confiável e uma importantíssima ferramenta no percurso da vitória dos Aliados.
O acidente
O então vice-presidente se encontrava em Foz do Iguaçu em agenda oficial com o governo do estado do Paraná. Com a conclusão dos compromissos naquela cidade, se deslocaria novamente ao Rio de Janeiro (capital do Brasil). Acontece que a aeronave, que se encontrava em Foz, apresentou problema em um dos seus motores. Com isso, foi solicitado uma nova aeronave para fazer o transporte, partindo do Rio de Janeiro.
Nisso, foi acionado o C-47 - 2041 em questão. A aeronave, ao sobrevoar a cidade de Foz, se deparou com uma meteorologia nada favorável ao voo. Como os equipamentos da época eram muito limitados ou inexistentes, não houve outra alternativa a não ser procurar pouso em outro local.
Naquela época o instrumento de navegação mais usado era o radiogoniometro. Como muitos sabem, esse instrumento captava a direção de onde provinham ondas de radiofaróis ou emissoras de rádio comerciais, e uma agulha apontava para onde a aeronave deveria ir (essa a razão pela qual as rádios comerciais tinham que transmitir seu nome e prefixo a intervalos regulares).
Mas, eis que o bendito radiogoniometro deu problema e tiveram de se orientar pela bússola. Bússola, vento de traves e sem referência no solo resulta quase sempre em desvio de rota, em especial em grandes distâncias.
Há quem diga que os tripulantes se desorientaram e confundiram o Rio Uruguai com outro rio que estavam procurando e, por conta disso, não encontraram o local para pouso o qual pretendiam. Ao sobrevoarem Concórdia, a aeronave acabou por ficar sem combustível e, como ainda não existia o aeroporto de Concórdia na época, os pilotos optaram por fazer um pouso forçado na região próxima ao local onde hoje encontramos o Santuário Nossa Senhora da Salete.
Por volta das 14h30, a aeronave chocou-se com o solo concordiense. Os danos na aeronave foram substanciais, porém os tripulantes não se feriram. Se considerarmos o relevo de Concórdia, a quantidade de elevações dos morros que existem em nosso município, as limitações tecnológicas da época, foi operado um verdadeiro milagre. E é o que dizem os mais antigos, como Diomedes Tagliare, uma das primeiras pessoas a chegar no local do acidente. "O segundo que chegou lá fui eu, no local me deparei com os quatro tripulantes, o tempo estava fechado e eles só encontraram esse lugar para descer, graças a Deus não se machucaram e não morreu ninguém", relata Diomedes.
Jornal "Correio da Manhã" (RJ)
Na época, a informação não era tão acessível quanto hoje. Os primeiros relatos davam em conta que o próprio Café Filho estava presente na aeronave e havia se ferido com gravidade, narrativa que fora desmentida pelos canais de mídia da época horas após.
A tripulação da aeronave era composta pelo comandante major Ernesto Lebre, co-piloto major Aroldo Veloso e telegrafistas Vilson Monteiro e Severino Andreis, inclusive, foi fotografada em frente à aeronave acidentada. Possivelmente o único registro fotográfico do ocorrido junto a tripulação.
Após o acidente, uma equipe de mecânicos da Força Aérea Brasileira se deslocou até Concórdia para que fosse feita a avaliação e levantamento do ocorrido. Chegou-se à conclusão que havia a possibilidade de restauro da aeronave, o que ocorreu ali mesmo, no próprio local do acidente. Foi construído um hangar para o restauro da aeronave e, posteriormente, uma pista improvisada, de onde a mesma decolou em definitivo alguns meses após.
Tripulação do Douglas C-47 após o acidente (Foto: divulgação - colorida artificialmente)
Nasce uma nova companhia aérea
Na cidade existia um frigorífico que vendia muito para SP, mas perdia vários embarques pelas estradas muito ruins do caminho. Resolveram tentar levar suas carnes mais nobres de avião – e a coisa deu certo.
Como os aviões voltavam vazios, começaram a trazer passageiros na rota inversa e descobriram um nicho de mercado que nem desconfiavam.
A cidade proxima do local onde pousaram se chamava Concordia. E o frigorifico era a Sadia. Estava criada a Sadia Transportes Aéreos, que mais tarde se tornou a Transbrasil.
Um voo guiado por Nossa Senhora?
Para toda história, há uma lenda. Segundo populares, o acidente do Douglas C-47 teria relação com a construção do Santuário de Nossa Senhora da Salete, pois o fato aconteceu naquele local. Sendo assim, muitos enxergam o acontecimento como um milagre. Inclusive, Diomedes Tagliare, é uma das testemunhas que acreditam nesta tese. "Eles formaram o santuário em agradecimento ao salvamento dos pilotos, pois ninguém se feriu, isso é coisa de Deus, coisa de cinema, um milagre, por isso que quando tem festa lota de gente pedindo por milagres", relembra Diomedes.
Avião que caiu onde é o santuário. Foto de 1955, onde vemos dentro (na janela) Saul Dezanetti e (em cima) Diomedes Tagliari (Foto: Retalhos Históricos das Comunidades - colorida artificialmente)
A relação da data também é intrigante, pois a pequena capela em honra a Nossa Senhora da Salete foi construída em 1956, apenas dois anos após o acidente, em um local muito próximo do ocorrido. Lembrando também que o avião permaneceu no local por alguns meses.
Local apontado por Diomedes onde teria acontecido o acidente (Foto: Lucas Villiger)
"No ano de 1956 foi construída uma pequena capela em honra a Nossa Senhora da Salete, padroeira dos agricultores. Todos os meses rezava-se o terço, reunindo as principais famílias da redondeza. Alguns devotos vinham de longe cumprir promessas." - Frei Belmiro Brondani, no Livro da Crônica do Santuário Nossa Senhora da Salete (1967)
No livro Retalhos Históricos das Comunidades (1995), Adelino Forner conta que o lugar em que viviam não tinha nome, eram apenas quatro moradores. Sendo assim, um dia surgiu a ideia de construir uma capelinha com a imagem de Nossa Senhora da Salete. Adelino Forner, Ângelo Reolon, José Zanfonato e José Resmini construíram a capela e batizaram o local de Linha Salete.
Maria Resmini, nora de José Resmini, relata que os quatro moradores da localidade costumavam fazer compras a cavalo nas 'Lojas Uruguai', em Marcelino Ramos (RS). "Lembro que quando eles iam para Marcelino, eles aproveitavam e iam rezar no santuário de Nossa Senhora da Salete de lá, daí eles tiveram a ideia de fazer uma capela em homenagem a Salete aqui também", rememora Maria.
Arlindo Zanfonato, filho de José Zanfonato, também nega a relação da construção com o acidente, assim como não foi encontrado nenhuma relação do acidente com o santuário em documentos históricos. Porém, as grandes proximidades geográficas e temporais dos fatos, como a peregrinação dos fiéis desde a década de 1950, fazem muitos acreditarem que a construção do santuário aconteceu devido ao 'milagre do Douglas C-47'. Tendo relação ou não, é fato que o local onde se encontra o santuário foi testemunha de uma história milagrosa.
Próxima parada
Em 1955, o Douglas C-47 deixava Concórdia, rumo a novas missões pelos ares. Porém, esse é apenas um dos grandes feitos e ocorridos com o C-47 - 2041 em questão. Além de ter servido ao vice, Café Filho, transportou também o presidente Getúlio Vargas em diversas oportunidades, como o vice-presidente, João Goulart e, até mesmo, o Príncipe dos Países Baixos, Bernardo de Lipa - Biesterfield em seu tour pelo Brasil. Curiosamente, todas essas viagens aconteceram após o acidente ocorrido em Concórdia, provando a plena capacidade operacional da aeronave.
Notícia de jornal da época tratando da visita do Príncipe dos Países Baixos, Bernardo de Lipa - Biesterfield em seu tour pelo Brasil
Não há registros qual fim da aeronave C-47 2041. Sabe-se que se encontrava em operação até 1973. Sua última missão foi durante o governo Médici, no dia 30 de dezembro de 1973, quando decolou para Natal (RN), em missão de apoio ao 'COMAR-5'. No dia 12 de março de 1976, a aeronave C-47 - 2041 foi entregue ao Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (MG). Segundo o Tenente Gabriel Vernec, do Esquadrão Pégaso - Quinto Esquadrão de Transporte Aéreo, esse foi possivelmente o último destino do avião, onde provavelmente ele foi desativado. Mas uma coisa é certa - sempre ficará registrada nos autos da história como um dos fatos mais relevantes já ocorridos em nossa cidade.
Entrega do C-47 - 2041 ao Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (Esquadrão Pégaso - Quinto Esquadrão de Transporte Aéreo)
Epílogo
Neste mesmo dia, há 69 anos, a jovem e pequena cidade, no auge de seus 20 anos, vivenciou muita comoção nacional, mas também muitas informações desencontradas. Diferentemente do acidente de 1981, não foi localizado junto aos órgãos públicos nenhum relatório oficial do ocorrido. Porém, com o auxílio indispensável e essencial do piloto de aeronaves, Eduardo Pellizzaro, foi possível reconstruir o cenário através de depoimentos, fotos e matérias de jornais da época.
Esse artigo demandou um trabalho de pesquisa extenso que reconstrói mais um dos muitos ocorridos fascinantes que acabam, por vezes, esquecidos ao longo dos anos. Fatos que acabam sendo esquecidos pelas memórias quando os mais antigos partem, mas sempre relembrados pela história.
Por isso, cabe a nós manter a história viva, preservando-a para as futuras gerações.
Com informações do site Rádio Rural: Produção: Rádio Rural de Concórdia / Texto: Lucas Villiger e Eduardo Pellizzaro / Pesquisa: Lucas Villiger e Eduardo Pellizzaro / Audiovisual: Rafael Biesek / Colaboração: Cláudio Perondi / Colaboração: Tenente Gabriel Vernec // Com informações do site AeroJota - Cmte. José Passarelli // E Aviões e Músicas
Em 1961 aconteceu uma infestação bizarra de aranhas “Viúva-Negra” na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.
Caça Gloster Meteor F-8 da Força Aérea Brasileira
Alguns pescadores foram picados e houve mortes. Com os animais ameaçando as 120 crianças internadas no Instituto de Puericultura na Ilha, foi solicitada ajuda à FAB.
Descobriu-se que uma pequena ilha nas proximidades do Instituto de Puericultura era o epicentro da infestação. Na chamada de “Ilha da Viúva Negra”, o “QG” das aranhas, foi montada uma verdadeira operação de guerra.
A FAB instalou 100 tambores de óleo e gasolina na ilha como alvo para bombas de Napalm gelatinosas que seriam lançadas por caça Gloster Meteor F-8 da Força Aérea Brasileira.
No entanto, no dia do ataque (26.7.1961) às 15h55, o vento desviou as bombas que não atingiram seu alvo.
Ainda em 1962 há relatos nos jornais da época sobre ataque das aranhas na região e avisos nas praias do local sobre o perigo das aranhas venenosas.