domingo, 5 de outubro de 2025

Da pintura à caixa-preta: Veja 10 curiosidades sobre a aviação comercial


Por sua complexidade, a aviação é um dos temas que geram grande interesse e curiosidade na população.

Em 2023, segundo os últimos dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 91,4 milhões de passageiros foram transportados em mais de 789,2 mil voos domésticos.

Ainda segundo a Anac, em 2023 as empresas aéreas brasileiras tinham uma frota composta por 545 aviões, sendo que a maioria é formada por equipamentos da Boeing e da Airbus.

A CNN preparou uma lista com dez curiosidades a respeito da aviação comercial. Veja abaixo.

1) Qual é a pressão dos pneus de um avião?


A pressão dos pneus de um avião varia de acordo com o tamanho da aeronave. Veja alguns exemplos:
  • Airbus A320: 200 PSI
  • Boeing 767: 205 PSI
  • Boeing 787: 200 PSI
  • Boeing 777: 218 PSI
Os valores acima são referenciais, podendo mudar de acordo com algumas variáveis, como a temperatura.

PSI significa libra por polegada quadrada, e é uma das unidades de medida utilizadas para a indicação de pressão em pneus. Para efeito de comparação: a Hyundai, por exemplo, orienta os proprietários de veículos da família Creta que utilizem entre 33 e 36 PSI em automóveis com pneus de aro 16.

Pneu de um Boeing 767 (Foto: Fábio Munhoz/CNN)

2) Como são enchidos os pneus do avião?


Ao contrário dos pneus dos carros de passeio, que são inflados com ar, os pneus de aviões são enchidos com nitrogênio.

Segundo uma instrução suplementar da Anac, até 1987 "os pneus de avião eram pressurizados com ar comprimido provido de compressores de ar".

"Entretanto, existiram casos comprovados onde o oxigênio no ar usado para enchimento reagiu com gases voláteis de pneus superaquecidos [...] e que chegaram ao limite de autoignição da mistura dentro do pneu. Em pelo menos um caso, houve a perda catastrófica da aeronave. Explosões similares causaram a morte de passageiros de aeronaves", diz o texto.

Como resultado, diz a instrução da Anac, após a publicação de uma resolução da FAA (Administração Federal da Aviação, na tradução), dos Estados Unidos, o nitrogênio é usado para inflar "pneus de avião pelo menos nas rodas equipadas com freio".

Um dos motivos de o nitrogênio ser utilizado é o fato de que esse gás não é inflamável, diminuindo o risco de fogo ou explosões. Além disso, o nitrogênio mantém a pressão dos pneus mais estável durante o voo.

Pneus de um dos trens de pouso de um Boeing 767 (Foto: Fábio Munhoz/CNN)

3) Como é feita a pintura das aeronaves?


A Latam informa que, no caso dos aviões da companhia, toda a pintura regular é feita manualmente, sem uso de adesivos.

"Tudo é pintado manualmente, inclusive a logomarca e os detalhes da cauda, utilizando máscaras de pintura produzidas na nossa oficina", diz a empresa.

No caso de pinturas especiais –como campanhas de marketing– é feita a adesivagem da aeronave.

"Já tivemos, por exemplo, uma campanha em que colocamos um adesivo com o rosto de uma personalidade do esporte na fuselagem. Essa seria uma pintura muito difícil de executar manualmente" acrescenta a companhia.

4) Quanto de tinta é usado para pintar um avião?


Ainda de acordo com a Latam, são usados cerca de 240 litros de tinta para pintar uma aeronave da família do Airbus A320. Essa quantidade abrange o primer –que é uma substância para preparação da superfície–, a tinta e o verniz.

A companhia informa que todo o processo de pintura demora cerca de sete dias.

Veja um avião sendo pintado:


5) Onde fica a caixa-preta?


A Anac define a caixa-preta como uma "caixa metálica (cor laranja) extremamente resistente na qual são gravados todos os parâmetros de voo e fonia entre pilotos e controladores".

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informa que esse equipamento é laranja "por ser uma coloração mais fácil de ser encontrada".

As caixas-pretas são armazenadas na parte traseira das aeronaves, perto da cauda. Normalmente, a cauda do avião é a parte que sofre o último impacto após um acidente e, por esse motivo, sofre menos danos.

Caixa-preta fica localizada na parte traseira do avião (Foto: Fábio Munhoz/CNN)
Os aviões que fazem operação comercial regular contêm duas caixas-pretas: o Flight Data Recorder (FDR) –gravador de dados de voo– e o Cockpit Voice Recorder (CVR), que grava os diálogos na cabine de comando.

"O FDR é um equipamento de gravação de dados de parâmetros de voo que podem ser extraídos após a operação para analisar o comportamento da aeronave e, na eventualidade de um acidente, auxiliar na investigação", informa a Anac.

Já o CVR "é o dispositivo usado para gravar os sons das comunicações feitas no cockpit da aeronave de acordo com os respectivos canais de comunicação: canal do piloto com o controle de tráfego, canal do piloto com o copiloto, canal do piloto com a cabine de passageiros/comissários e canal geral do ambiente da cabine de pilotagem", diz o Cenipa.

A Airbus informa que as caixas pretas do A350 podem gerenciar cerca de 3.500 parâmetros por 25 horas, incluindo informações sobre entradas e exibições de comando do cockpit, controles de voo, piloto automático, ar-condicionado, sistemas de combustível, sistemas hidráulicos e elétricos, motores e outros.

Caixa-preta de avião (Foto: Thiago Vinholes/Arquivo Pessoal)

6) Do que é feita a caixa-preta?


A caixa-preta é feita de uma liga de aço e titânio, capaz de suportar forças de acima de 3.000 G (3.000 vezes a força gravitacional da Terra) e temperaturas que podem variar de -60°C até 1.100° C.

De acordo com o Cenipa, a maioria das caixas-pretas "têm o tamanho médio de uma caixa de sapato e pesa cerca de 5 quilos".

O NTSB (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, na tradução), órgão dos Estados Unidos responsável pela investigação de acidentes aéreos, informa que cada caixa-preta é equipada com um dispositivo que auxilia a localização do equipamento caso ele caia sobre a água e afunde.

O órgão informa que os gravadores de dados e de voz resistem a uma pressão da água a uma profundidade de até 20 mil pés –o equivalente a pouco mais de 6.000 metros.

O CVR grava todo o áudio captado na cabine de comando e nos microfones dos pilotos (Divulgação)

7) Onde ficam os tanques de combustível?


Os tanques de combustível dos aviões ficam localizados dentro das asas. Algumas aeronaves possuem tanques centrais, localizados no meio das asas.

Veja a capacidade dos tanques de cada aeronave:
  • Airbus A320ceo: 27.200 litros
  • Airbus A380: 320 mil litros
  • Boeing 737-600: 26.020 litros
  • Boeing 747-400: 216.840 litros
  • Boeing 777-200: 117.340 litros
  • Embraer E195: 16.153 litros
De acordo com a Anac, nos aviões a jato, o combustível utilizado é o querosene de aviação, também conhecido como QAV. Outro combustível usado é a gasolina de aviação, que, segundo a Petrobras, "é o combustível utilizado predominantemente em aviões de pequeno porte, equipados com motor a pistão de combustão interna, com ignição por centelha para movimentação de sua hélice".

Tanque de combustível de um Airbus A320; estrutura foi aberta para alunos da escola de
mecânicos da Latam em São Carlos (SP) (Foto: Fábio Munhoz/CNN)

8) Turbina e motor não são a mesma coisa


Apesar de os motores dos aviões a jato serem frequentemente chamados de turbinas, os dois termos não são sinônimos.

"A turbina é a sessão final do motor", diz o engenheiro Marcos Melchiori, gerente-sênior do Latam MRO –o centro de manutenção de aeronaves da companhia, localizado em São Carlos (SP), para onde a equipe da CNN foi a convite a companhia.

Ele explica que, após entrar no motor, o ar passa pelo estágio de compressão, onde ganha pressão. "Em seguida, vai para a câmara de combustão, onde ele explode, e finalmente passa pela turbina, onde gera a energia que gira todo o sistema de pás para captar mais ar, nesse processo cíclico de geração de energia."

"Então, quando se fala na turbina da aeronave, é só essa sessão final, que pega esse ar impulsionado depois da câmara de combustão e faz o sistema todo rotacionar", acrescenta Melchiori.

Parte lateral do motor de um Airbus A320 (Foto: Fábio Munhoz/CNN)

9) Quanto tempo leva para encher um avião cargueiro?


A Latam informa que o tempo estimado para o carregamento de um Boeing 767 é de 30 minutos, considerando uma média de 1 minuto por pallet.

A organização da carga a bordo é feita por meio de pallets aeronáuticos. Os compartimentos de carga são equipados com trilhos laterais, guias centrais e travas fixas para cada posição, permitindo o deslocamento dos pallets aeronáuticos.

Interior de um avião cargueiro em manutenção; trilhos ajudam no deslocamento da carga
(Foto: Fábio Munhoz/CNN)
"Nossos cargueiros são divididos em três compartimentos distintos: o main deck, localizado na parte superior; o lower deck, na parte inferior e subdividido em porão dianteiro e traseiro; e o bulk, um compartimento único situado na parte traseira da aeronave", explica a companhia.

No main deck e no lower deck, há trilhos laterais, guias centrais e travas fixas para cada posição, que permitem o deslocamento dos pallets.

A decisão sobre como a carga será distribuída na aeronave é tomada de acordo com o peso, levando em conta o balanceamento e o centro de gravidade. "O objetivo é distribuir o peso de forma equilibrada ao longo da aeronave, buscando o centro de gravidade ideal dentro dos limites estabelecidos no gráfico de balanceamento e garantindo o equilíbrio lateral entre os lados esquerdo e direito", diz a empresa.

Carga é acomodada em pallets aeronáuticos antes de ser colocada nos aviões (Divulgação/Latam)

10) O que é o alfabeto fonético?


Na comunicação entre pilotos e controladores de tráfego, as letras não são citadas como no alfabeto tradicional.

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) explica que "alfabeto fonético internacional se destina a padronizar o processo de soletrar certas expressões com o objetivo de prevenir qualquer possibilidade de equívoco no entendimento".

Veja como ficam as letras no alfabeto fonético:
  • A: Alfa
  • B: Bravo
  • C: Charlie
  • D: Delta
  • E: Echo
  • F: Foxtrot
  • G: Golf
  • H: Hotel
  • I: India
  • J: Juliett
  • K: Kilo
  • L: Lima
  • M: Mike
  • N: November
  • O: Oscar
  • P: Papa
  • Q: Quebec
  • R: Romeo
  • S: Sierra
  • T: Tango
  • U: Uniform
  • V: Victor
  • W: Whiskey
  • X: X-Ray
  • Y: Yankee
  • Z: Zulu
Por exemplo: Um avião com o prefixo PS-ABC se apresentaria à torre de controle como Papa Sierra Alfa Bravo Charlie.

Com informações de Bruno Teixeira e Fábio Munhoz (CNN)

O mito do voo 513 de Santiago: explorando uma lenda moderna


Poucas histórias captam tanto a imaginação humana como aquelas que ultrapassam as fronteiras da realidade e se aventuram no reino do estranho e do inexplicável. Uma dessas histórias é a do voo 513 de Santiago, uma história tão convincente que se infiltrou na cultura popular, apesar de estar firmemente enraizada como um mito urbano.


O incidente do voo 513 de Santiago envolveu um Lockheed Super Constellation, uma aeronave quadrimotora conhecida por sua confiabilidade e amplo alcance. Tripulado por uma tripulação qualificada, o voo completou com sucesso inúmeras viagens antes de sua infeliz decolagem.

A história do voo 513 de Santiago começa



Segundo a lenda, o voo Santiago 513, um avião comercial operado por uma companhia aérea chamada Santiago Airlines, partiu de Aachen, na Alemanha, em 4 de setembro de 1954, com 88 passageiros e quatro tripulantes a bordo. A aeronave, um Lockheed Super Constellation, tinha como destino Porto Alegre, no Brasil.


Reza a história que, após a descolagem, o avião desapareceu sem deixar rasto, causando profundo pesar e confusão entre os familiares dos passageiros e tripulantes, bem como na indústria da aviação em geral. Supostamente, esforços de busca e resgate foram realizados, mas nenhum destroço ou sinal do avião foi encontrado.

Um retorno inesperado


A história do voo 513 de Santiago dá uma guinada extraordinária com a afirmação de que em 12 de outubro de 1989, 35 anos após seu desaparecimento, o avião reapareceu repentinamente. Segundo a história, ele pousou perfeitamente no aeroporto de Porto Alegre, surpreendendo os controladores de tráfego aéreo e despertando o interesse imediato das autoridades e da mídia.

A história fica ainda mais assustadora com as descrições do que foi encontrado dentro do avião: os restos mortais de 92 pessoas, todas em seus assentos e aparentemente intactas, com exceção do piloto que ainda segurava os controles.

O artigo de notícias sobre a lenda (Wikimedia)

A natureza das lendas urbanas


Normalmente, histórias como a do voo 513 de Santiago ganham força porque misturam a realidade – viagens aéreas, desaparecimentos, acontecimentos inexplicáveis ​​– com elementos do fantástico. A história tem todas as características de uma lenda urbana, um gênero de folclore moderno que inclui histórias não verificadas circulando como verdade.

As lendas urbanas muitas vezes contêm elementos de humor, horror ou mistério e podem ter lições morais subjacentes. A história do voo 513 de Santiago certamente se alinha com os elementos de terror e mistério, contribuindo para o seu apelo.

Fato versus ficção



Para testar a veracidade da história do voo 513 de Santiago, devemos considerar os fatos. Existem vários sinais de alerta significativos que sugerem fortemente que é fictício:

Companhia aérea inexistente

Não existem registros históricos relativos a uma companhia aérea chamada Santiago Airlines. Além disso, Aachen é uma cidade na Alemanha que não é conhecida pelo seu aeroporto principal, nem por ter um aeroporto internacional significativo de onde pudesse partir um voo transatlântico.

Falta de registros oficiais

Não há registros oficiais de aviação ou relatos do suposto desaparecimento do voo 513 de Santiago em 1954 ou reaparecimento em 1989.

Ausência de reportagens

Incidentes graves, como o desaparecimento ou reaparecimento de um voo, atraem considerável atenção da mídia. No entanto, não se sabe de nenhum meio de comunicação confiável que tenha noticiado o voo 513 de Santiago na época, seja na década de 1950 ou em 1989. Apenas o Weekly World News publicou sobre o assunto. Mas a história da Santiago Airlines não foi a primeira vez que o Weekly World News inventou algo. Quatro anos antes, um jornalista chamado Derek Clontz escreveu uma história estranhamente semelhante sobre um voo desaparecido, embora desta vez não tenha inventado o nome da companhia aérea. Veja imagem a seguir.

Voo 914 da Pan Am: Outra fake news divulgada pelo Weekly World News
O voo 914 da Pan Am era (supostamente) um Douglas DC-4 que decolou de Nova York com destino a Miami em 1955. Ele nunca chegou ao destino e ficou perdido até se materializar nos céus de Caracas, Venezuela, trinta anos depois. Após fazer um pouso exemplar, o piloto entrou em pânico e decolou novamente, tornando convenientemente impossível entrevistar os ocupantes. A história, claro, era completamente falsa.

O Weekly World News nunca negou ter inventado muitas de suas histórias, mas o fez de uma forma que as tornou quase plausíveis. É uma prova da estranheza da publicação que, até hoje, muitas de suas histórias continuem a ressurgir e a fazer as pessoas se perguntarem: "Isso realmente aconteceu?"

Violação das leis físicas

Desnecessário dizer que a história também desafia as leis conhecidas da física e da biologia. É impossível um avião permanecer no ar 35 anos sem reabastecer, sem falar na impossibilidade de corpos humanos se transformarem em restos de esqueletos no ambiente controlado de um avião.

Resumindo

Embora a história do voo 513 de Santiago tenha cativado a imaginação de muitos, a falta de provas tangíveis deixa claro que esta história é um mito urbano convincente e não um fato histórico. A sua persistência reflete o nosso fascínio humano pelo misterioso e inexplicável, proporcionando uma narrativa que simultaneamente intriga e perturba.

Em última análise, é um lembrete de que as histórias, sejam elas baseadas na verdade ou tecidas a partir dos fios da imaginação, têm um poder significativo. 

Edição de texto e imagens por Jorge Tadeu (com informações de Aerotime Hub)

Vídeo: MRO 2025 Feira de manutenção Aeronáutica


MRO 2025 o maior evento de manutenção da América Latina 
trazendo novidades no mundo da manutenção aeronáutica.

Via Canal Porta de Hangar de Ricardo Beccari

História: Doolittle Raid - O ataque americano a Tóquio na Segunda Guerra Mundial

O Doolittle Raid foi uma operação de bombardeio de 1942 contra a capital do Japão, em retribuição ao ataque a Pearl Harbor.

Jimmy Doolittle, o homem responsável pela operação
(Imagem: Getty/Hulton Archive/Stringer)
O Doolittle Raid foi um ataque de bombardeio realizado pelas Forças Aéreas do Exército dos EUA (USAAF) contra Tóquio durante a Segunda Guerra Mundial. Em 18 de abril de 1942, 16 bombardeiros norte-americanos baseados em porta-aviões atacaram a capital japonesa, decolando do convés voador do USS Hornet.

O Doolittle Raid foi concebido, planejado e executado cinco meses após o ataque japonês a Pearl Harbor em dezembro de 1941, que levou os EUA à Segunda Guerra Mundial. Foi um grande impulso moral para o público americano e um choque para os japoneses, que não previram que os bombardeiros norte-americanos pudessem atingir o Japão continental.

Antecedentes do Ataque Doolittle


Pearl Harbor inspirou diretamente o Doolittle Raid (Imagem: Getty/Keystone)
O Doolittle Raid foi realizado em resposta a uma série de vitórias japonesas durante os primeiros meses da Guerra do Pacífico . Após Pearl Harbor , os japoneses tomaram a Ilha Wake, Guam e as Índias Orientais Holandesas. As forças japonesas avançavam pelas Filipinas e avançavam em todas as frentes. O Doolittle Raid tinha como objetivo reforçar o moral americano e desferir um golpe contra os japoneses, de acordo com o Departamento de Defesa dos EUA.

O presidente Franklin D. Roosevelt expressou seu interesse pessoal em bombardear o Japão no início da Guerra do Pacífico, de acordo com a Casa Branca. Contudo, a distância envolvida na travessia da extensão do Oceano Pacífico e o risco para os meios militares dos EUA fizeram com que as perspectivas de tal ataque parecessem remotas.

No entanto, o capitão Francis S. Low, que era oficial de operações do comandante-em-chefe da Marinha dos EUA, propôs que os bombardeiros da USAAF pudessem ser lançados do convés de um porta-aviões para atacar as ilhas japonesas, de acordo com o Comando de História e Patrimônio (NHHC) da Marinha dos EUA . .

Planejando o ataque


Um grupo de trabalho conjunto Exército-Marinha foi destacado para elaborar um plano para o ataque, de acordo com o NHHC. Pilotos e tripulantes voluntários seriam recrutados para pilotar bombardeiros da USAAF a partir de um porta-aviões e bombardear a capital japonesa, Tóquio, juntamente com os centros industriais próximos de Nagoya, Osaka, Yokohama, Yokosuka e Kobe.

A aeronave poderia transportar apenas combustível suficiente para atingir os alvos a partir de um alcance ideal de aprox. 400 milhas (643 km) da costa japonesa. Os invasores completariam seus bombardeios contra alvos industriais nas cidades e depois voariam para pousar em campos de aviação amigos na China . Não haveria voo de retorno ou recuperação a bordo do porta-aviões.

Junto com os bombardeiros médios B-25 Mitchell, uma aeronave tipicamente terrestre, 24 tripulações, cada uma com cinco homens, foram escolhidas para treinar e potencialmente executar o ataque. Essas tripulações foram destacadas para a Base Aérea de Eglin, na Flórida, para treinamento intensivo durante março de 1942.

Os pilotos da Marinha demonstraram os procedimentos de decolagem e pouso de porta-aviões, e as tripulações do Exército praticaram em um trecho de pista pintado para simular uma cabine de comando de porta-aviões, com apenas 152 metros de comprimento. Os B-25 foram despojados da maior parte de seu armamento para transportar cargas modestas de bombas, incluindo três bombas de uso geral de 500 libras e um único conjunto de bombas incendiárias, junto com o maior número possível de contêineres de combustível de aviação de reserva.

Jimmy Doolitte


O ataque foi liderado pelo piloto experiente, tenente-coronel Jimmy Doolittle.k. Doolittle era um ex-boxeador peso galo de 45 anos, executivo de uma empresa de petróleo, engenheiro de minas, veterano da Primeira Guerra Mundial e um aviador pioneiro, de acordo com o livro de Benjamin W. Bishop "Jimmy Doolittle The Commander Behind the Legend" (Air University Press, 2015).

Doolittle serviu como instrutor de voo durante a Grande Guerra e atuou como piloto acrobático durante a década de 1920. De acordo com Bishop, ele também era um piloto aéreo, competindo pelo prestigiado Troféu Schneider contra aviadores internacionais, vencendo o Troféu Bendix em 1931 e, no mesmo ano, conquistando o Troféu Thompson em uma competição em Cleveland, Ohio, ao estabelecer um recorde mundial de velocidade. de 252,68 milhas por hora (407 km/h) pilotando o avião Gee Bee Super Sportster de 800 cavalos de potência.

Doolittle permaneceu nas reservas do Army Air Corps e foi chamado para o serviço ativo em julho de 1940 com o posto de major. Antes de planejar o bombardeio a Tóquio, ele visitou as instalações da Força Aérea Real Britânica na Europa e na Ásia. Ele foi promovido a tenente-coronel em janeiro de 1942 e logo foi escolhido para liderar o ataque.

“Tinha três propósitos reais”, disse Doolittle mais tarde a um entrevistador. Um dos objetivos era dar às pessoas de casa as primeiras boas notícias que tivemos na Segunda Guerra Mundial. Isso fez com que os japoneses questionassem seus senhores da guerra. E do ponto de vista tático, causou a retenção de aeronaves no Japão para a defesa das ilhas natais quando não tínhamos intenção de atingi-las novamente, a sério num futuro próximo. Esses aviões teriam sido muito mais eficazes no Pacífico Sul, onde a guerra estava acontecendo", segundo o Museu Nacional da Força Aérea dos Estados Unidos (NMUSAF).

Treinamento e execução


O USS Hornet, o porta-aviões usado no ataque (Imagem: Getty/Corbis Historical)
Após o treinamento, 16 tripulações foram escolhidas para a missão histórica e, em 1º de abril de 1942, embarcaram no porta-aviões USS Hornet na Estação Aérea Naval Alameda, na Baía de São Francisco. Os B-25 foram amarrados ao convés do porta-aviões, pois eram grandes demais para serem guardados no convés do hangar abaixo. Dois dias depois, o Hornet partiu para o mar, navegando sob a icônica ponte Golden Gate e entrando no Pacífico. O Hornet foi acompanhado por uma escolta de dois cruzadores, quatro contratorpedeiros e um petroleiro da frota.

Somente após embarcar no Hornet. Doolittle dirigiu-se a eles: "Para o benefício daqueles que estão adivinhando, vamos bombardear o Japão. A Marinha nos levará o mais perto possível e nos lançará para fora do convés." Ele perguntou se algum dos homens queria desistir da missão perigosa, e nenhum o fez, de acordo com a Warfare History Network.

Em 8 de abril, uma segunda força-tarefa da Marinha dos EUA saiu de Pearl Harbor, rumo a um encontro no Pacífico com Hornet e seus consortes. O porta-aviões U.S.S. O Enterprise, dois cruzadores, quatro destróieres e outro petroleiro, encontraram o grupo Hornet em mar aberto em 13 de abril, e a Força-Tarefa 16 combinada dirigiu-se para águas inimigas.

Às 7h38 do dia 18 de abril, a Força-Tarefa 16 estava a aproximadamente 650 milhas da costa japonesa. Na neblina da manhã, um barco patrulha japonês de 70 toneladas, nº 23 Nitto Maru, foi avistado no horizonte. Sem dúvida, os vigias a bordo do navio tinham visto a grande força-tarefa americana e estavam ocupados alertando o comando superior no Japão. Imediatamente, o cruzador ligeiro U.S.S. Nashville foi aos postos de batalha e enfrentou o inimigo, afundando o barco patrulha com tiros e tirando 11 sobreviventes da água.

Os americanos estavam diante de um dilema. Eles foram descobertos, mas não tinham certeza se o aviso de Nitto Maru havia chegado a Tóquio e, mesmo assim, se os japoneses tomariam outras medidas. As opções eram abortar a missão e partir, ou lançar os B-25 imediatamente, a uma distância de 320 quilômetros do Japão e dez horas antes do planejado. Eles escolheram o último curso de ação, de acordo com o NHHC.

O ataque começa


Às 8h20 do dia 18 de abril de 1942, o tenente-coronel Doolittle acelerou os motores duplos do primeiro bombardeiro B-25 a ser lançado do Hornet. Ele ganhou velocidade enquanto o avião descia pela cabine de comando. O B-25 mergulhou precipitadamente em direção ao topo das ondas e depois abriu caminho no ar, com a espuma do oceano chicoteando em todas as direções. Um por um, os outros B-25 o seguiram. Eles se formaram em meio a nuvens baixas e depois seguiram para o Japão a 360 quilômetros por hora, com os aceleradores inclinados para economizar combustível.

Os aviões americanos voaram baixo e abraçaram a costa japonesa depois de pousarem. Sobrevoando Honshu, a maior das ilhas natais, eles subiram a 3.600 metros de altura em céu limpo enquanto se aproximavam das cidades-alvo. Os aviadores estavam sob ordens específicas para evitar largar as suas cargas no Palácio Imperial, na residência do Imperador Hirohito, ou em quaisquer alvos civis, como escolas, mercados, hospitais ou áreas residenciais.

Quando os bombardeiros americanos varreram os subúrbios de Tóquio, a surpresa foi completa. Enquanto brincavam nos pátios das escolas, as crianças acenavam para os aviões que voavam baixo. As ruas lotadas fervilhavam de atividade e os civis praticamente não prestaram atenção às poucas aeronaves, pensando que eram amigáveis. Os exercícios de ataque aéreo eram comuns, assim como os exercícios militares, então eles cuidavam de seus negócios.

Doolittle e seus colegas aviadores atingiram alvos em Tóquio, Yokosuka, Yokohama, Kobe e Nagoya, de acordo com o NHHC. A defesa aérea era quase inexistente. Algumas rajadas de fogo antiaéreo foram disparadas e os caças foram mobilizados tarde, mas foram ineficazes.

"Alguns relatos do ataque afirmam que os aviões de Doolittle atacaram áreas civis. "Embora os alvos fossem militares e industriais, houve danos colaterais", escreveu o contra-almirante Samuel J. Cox, da Marinha dos EUA (aposentado), diretor do NHHC. Cox afirma que uma escola, um hospital e áreas residenciais foram acidentalmente "metralhados", matando 87 e ferindo 151 civis.

A passagem perigosa


Os bombardeiros americanos foram dispersos durante o ataque e tentaram se reagrupar da melhor maneira possível a caminho dos campos de aviação chineses. Os tripulantes esperavam particularmente chegar à pista de pouso em Chuchow, na província de Guangdong, a cerca de 1.600 milhas aéreas (2.963 km) de Tóquio, e evitar as tropas japonesas no continente asiático. O mau tempo forçou os pilotos do B-25 a voar baixo no início, alguns descendo até 600 pés (182 metros) antes de optarem por subir nas nuvens escuras e continuar com os instrumentos.

Quando os americanos chegaram ao continente chinês, seus tanques de combustível estavam quase esgotados após 13 horas no ar, e Chuchow não pôde ser contactado por seus rádios. Minutos cruciais se passaram e vários pilotos foram obrigados a mergulhar em águas costeiras ou aterrissar. Um avião pousou em um campo de aviação em Vladivostok, na União Soviética, e sua tripulação ficou internada durante a guerra.

“Quando você faz uma missão de bombardeio, você gosta de levar seus aviões para casa”, lembrou Doolittle, que caiu de paraquedas em um arrozal encharcado. "Eu espalhei os meus por diferentes partes da China." Doolittle contou a um membro de sua equipe, de acordo com o LA Times. "Você sabe o que vai acontecer? Serei colocado na prisão de Leavenworth por ter perdido a missão."

Apenas um dos 80 aviadores envolvidos foi morto durante o ataque surpresa, enquanto oito homens foram capturados pelos japoneses. Após um julgamento-espetáculo na China, estes prisioneiros foram transportados para Tóquio, onde três foram decapitados e um morreu na prisão. Os japoneses conduziram uma busca de três meses por pessoal americano, brutalizando a população chinesa e matando milhares de pessoas enquanto incendiavam aldeias.

Os sobreviventes restantes do Doolittle Raid encontraram o caminho para fora da China, ajudados por agricultores e habitantes da cidade amigáveis ao longo do caminho. Eles viajaram em segredo e vários evitaram a captura enquanto tentavam chegar a Chungking, a capital chinesa do tempo de guerra. Doolittle passou a ocupar o alto comando das Forças Aéreas do Exército dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo o comando da Oitava Força Aérea na Inglaterra.

As notícias do Doolittle Raid não foram divulgadas imediatamente. No entanto, o presidente Roosevelt concedeu a Distinguished Flying Cross a 79 aviadores. Doolittle, para sua grande surpresa, recebeu a Medalha de Honra do Congresso. Quando o Presidente finalmente reconheceu publicamente o ataque, foi-lhe perguntado de onde tinham vindo os bombardeiros atacantes. Roosevelt sorriu e respondeu: "Shangri-La!" em referência ao reino mítico do romance best-seller do autor James Hilton, "Lost Horizon" (Harper Perennial, 2012).

A resposta japonesa


Destroços de um avião dos EUA após o ataque (Imagem: Getty/Corbis Historical)
Para a hierarquia militar e política japonesa tornou-se bastante claro que a nação insular não era inexpugnável e poderia ser novamente atacada pelo ar. A decisão foi tomada para estender ainda mais o perímetro defensivo japonês através da extensão do Pacífico.

O almirante Isoroku Yamamoto, comandante da Frota Combinada da Marinha Imperial Japonesa de acordo com History.com, elaborou apressadamente planos para tomar Port Moresby, na ponta sudeste da ilha da Nova Guiné, e ameaçar a Austrália. Em seguida, ele pretendia avançar rapidamente contra a base americana no Atol de Midway, a 1.100 milhas (1.770 km) do Havaí.

Em ambos os casos, os japoneses foram derrotados, primeiro na Batalha do Mar de Coral em maio de 1942, de acordo com History.com, e depois na épica Batalha de Midway no mês seguinte. As perdas japonesas em Midway foram devastadoras e a derrota das forças imperiais é considerada o ponto de viragem da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

As consequências estratégicas do ataque Doolittle foram muito maiores do que os danos táticos causados pelas poucas bombas americanas. As ambições japonesas no Pacífico foram suspensas por uma postura defensiva que acabou por levar à sua derrota.

Leitura adicional

A Smithsonian Magazine tem um artigo sobre a resposta japonesa ao ataque Doolittle que pode ser lido aqui. A Força Aérea dos Estados Unidos tem uma página sobre Harold Doolittle.

Aconteceu em 5 de outubro de 1991: Queda de avião da Força Aérea da Indonésia em Jacarta deixa 135 mortos


No sábado, 5 de outubro de 1991, o Lockheed C-130H-30 Hercules, prefixo A-1324, da Força Aérea da  Indonésia, partiu do Aeroporto Jakarta-Halim Perdana Kusuma, em Jacarta, na Indonésia, com destino ao Aeroporto Bandung-Husein Sastranegara, em Bandung, Java Ocidental, também na Indonésia.

A aeronave (foto acima) levava a bordo 12 tripulantes e 122 passageiros aviadores, os "Paskhas" (também chamados de Boinas Laranja), que estavam retornando à base após participar de uma cerimônia do Dia das Forças Armadas da Indonésia .

A aeronave decolou às 15 horas locais, quando, logo em seguida, segundo testemunhas oculares no solo, um dos motores pegou fogo. O fogo provavelmente danificou o mecanismo da asa, causando a falha do motor esquerdo. 

A aeronave perdeu o controle, colidiu com o Centro de Treinamento do Ministério do Trabalho e explodiu. 


As operações de resgate foram prejudicadas por fortes chuvas que começaram uma hora após o acidente. 

Um dos pilotos, Major Samsul Ilham, foi encontrado vivo nos destroços, mas gravemente ferido. Mais tarde, ele morreu no hospital no mesmo dia. Duas pessoas em solo também morreram. 


Com o total de 135 mortos, o acidente foi o desastre de aviação mais mortal a ocorrer na Indonésia até a queda do voo 152 da Garuda Indonesia em 1997. Agora, já é o sexto mais mortal.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com ASN, baaa-acro e Wikipédia

Aconteceu em 5 de outubro de 1986: O abate de um avião a serviço da CIA envolvido no escândalo Irã-Contras

Fairchild C-123 Provider similar ao avião envolvido na ocorrência
O Fairchild C-123K Provider, prefixo HPF821, da Corporate Air Services, era uma aeronave de transporte que entregava armas por meio de lançamento aéreo clandestino aos Contras da Nicarágua, que foi abatida sobre a Nicarágua em 5 de outubro de 1986 por um míssil terra-ar.

Dois pilotos americanos, Wallace "Buzz" Sawyer e William Cooper, e o operador de rádio nacionalista nicaraguense Freddy Vilches morreram quando o Fairchild C-123 Provider foi abatido por um soldado sandinista usando um míssil SA-7 lançado do ombro, enquanto Eugene Hasenfus, o "kicker" americano responsável por empurrar a carga para fora da aeronave, sobreviveu saltando de paraquedas em segurança.

A aeronave transportava "60 rifles AK-47 dobráveis, 50.000 cartuchos de rifle AK-47, várias dezenas de lançadores de granadas RPG-7 e 150 pares de botas de selva".

Hasenfus foi capturado em 24 horas. Ele foi condenado por acusações relacionadas ao terrorismo, sentenciado a 30 anos de prisão e perdoado um mês depois para retornar à sua família em Wisconsin; a pedido do senador Chris Dodd e outros, ele foi libertado em troca de soldados sandinistas capturados pelos Contras. 

Os comentários de Hasenfus sobre o apoio da CIA aos voos foram inicialmente negados pelo governo dos EUA, mas as investigações do que ficou conhecido como o caso Irã-Contra mostraram que os EUA organizaram este e outros voos e financiaram a carga usando vendas ilegais de armas ao Irã.

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O Fairchild C-123K era operado pela Corporate Air Services, uma empresa de fachada para a Southern Air Transport, a proprietária registrada da aeronave. Alguns dos pilotos e tripulantes envolvidos nos voos de suprimentos do caso Irã-Contra, incluindo Eugene Hasenfus, estiveram envolvidos nas atividades de suprimentos aéreos da CIA durante a Guerra do Vietnã, usando a Air America, a Southern Air Transport e outras companhias aéreas de propriedade da CIA. Dois cubano-americanos envolvidos na organização dos voos eram conhecidos por Hasenfus como "Max Gómez" (nome verdadeiro Félix Rodríguez) e "Ramón Medina" (nome verdadeiro Luis Posada Carriles).

Em 5 de outubro de 1986, o avião de prefixo HPF821 partiu do Aeroporto Internacional de Ilopango, em El Salvador, transportando uma carga de "60 rifles AK-47 dobráveis, 50.000 cartuchos de rifle AK-47, várias dezenas de lançadores de granadas RPG-7 e 150 pares de botas de selva". 

Mapa da América Central. A aeronave voou de El Salvador, ao longo da costa oeste da Nicarágua, até a Costa Rica , antes de virar e entrar no espaço aéreo nicaraguense próximo à Costa Rica
A aeronave voou ao longo da costa oeste da Nicarágua até a Costa Rica, entrando na Costa Rica pelo noroeste. Ali, ela virou e seguiu para a Nicarágua. Depois de entrar no espaço aéreo nicaraguense perto da fronteira com a Costa Rica, a aeronave estava manobrando para baixo em direção a 2.500 pés em preparação para deixar sua carga. 

O jovem soldado sandinista de 19 anos chamado José Fernando Canales Alemán avistou o avião de carga. Ele disparou um míssil terra-ar SAM-7 (9K32 Strela-2) montado no ombro, de fabricação russa. A pesada aeronave estremeceu quando o foguete atingiu seu alvo e, em seguida, decolou em espiral em direção à Terra, deixando um rastro de fumaça.

A patrulha do exército Nicaraguense que encontrou os destroços na selva encharcada pela chuva, perto de San Carlos, Río San Juan, também descobriu um achado de propaganda. Não só a aeronave estava carregada com armas do mercado negro – 70 fuzis AK-47 de fabricação soviética, 100.000 cartuchos de munição, granadas de foguete, botas e outros suprimentos – como três dos quatro tripulantes mortos encontrados lá dentro eram os americanos William J. Cooper e Wallace "Buzz" Sawyer e o operador de rádio nacionalista nicaraguense Freddy Vilches. 

O quarto, o americano Eugene Hasenfus, saltou de paraquedas em segurança, mas foi capturado em 24 horas. Hasenfus era um ex-fuzileiro naval que já havia pilotado missões da CIA no Laos e no Vietnã, no infame programa Air America da CIA. Ele estava escondido em um barraco abandonado. Embora estivesse armado com uma pistola e uma faca, ele não ofereceu resistência e foi levado para um acampamento-base sandinista. 

Imagem do ex-fuzileiro naval Eugene Hasenfus capturado na Nicarágua revelou complô da CIA
No dia seguinte, foi levado de helicóptero para Manágua, onde, com a barba por fazer e abatido, fez uma breve declaração à imprensa: "Meu nome é Gene Hasenfus. Venho de Marinette, Wisconsin. Fui capturado ontem no sul da Nicarágua. Obrigado." Ele foi então levado para a prisão e interrogado na prisão de El Chipote. O Capitão Ricardo Wheelock, chefe da inteligência do exército, orgulhosamente chamou Hasenfus de o primeiro "prisioneiro de guerra" dos nicaraguenses nos EUA.

No avião foram encontrados documentos que mostravam que o tenente-coronel Oliver North estava dirigindo o programa ilegalmente a partir da Casa Branca. O incidente revelou que alguns membros do governo Reagan, juntamente com funcionários da CIA, estavam vendendo equipamento militar ao Irã para tentar a libertação de reféns americanos. E o dinheiro dessa transação estava sendo desviado para financiar grupos armados na Nicarágua.

Tenente-coronel Oliver North sendo interrogado pelo Comitê Seleto da Câmara dos Representantes dos EUA em 1987 (Foto: Scott Applewhite/AP)
A queda do avião desencadeou uma onda de recriminações entre Washington e Manágua. "Agora temos americanos morrendo na guerra suja do Sr. Reagan", disse Bendaña, do Ministério das Relações Exteriores. Em Washington, autoridades do governo insistiram que o lançamento de armas era um assunto "privado" sobre o qual nada sabiam. 

O porta-voz do Departamento de Estado, Charles Redman, disse: "O governo dos EUA não tinha nenhuma ligação com o voo, o avião, a tripulação ou a carga". Kathy Pherson, porta-voz da CIA, declarou: "O sujeito não trabalha para nós, e a CIA não está envolvida. Há restrições do Congresso à assistência aos contras, e nós não as violamos."

Havia, no entanto, muitos motivos para acreditar que as autoridades americanas estivessem dissimulando. Cooper portava uma carteira de identidade emitida pela Southern Air Transport, uma empresa sediada em Miami que já foi propriedade da CIA e que ainda mantém ligações com a agência. 

A empresa negou envolvimento na tentativa de entrega de armas, embora tenha admitido ter empregado Cooper como piloto. Hasenfus e Sawyer portavam carteiras de identidade emitidas pelo exército salvadorenho que os identificavam como conselheiros militares.

Ronald Reagan durante a apresentação do projeto de lei para financiar a oposição armada na Nicarágua
Parecia altamente improvável que os aventureiros americanos pudessem ter obtido a ajuda de El Salvador, beneficiário este ano de cerca de US$ 500 milhões em ajuda federal, sem o conhecimento e o consentimento de autoridades americanas. 

O presidente salvadorenho, José Napoleón Duarte, negou formalmente que o avião tivesse decolado de San Salvador. Mas há muito tempo é segredo para todos que a base aérea salvadorenha de Ilopango é um importante ponto de abastecimento para os contras.

Qualquer dúvida de que o avião tivesse conexões com a CIA foi dissipada pela Agência Antidrogas dos EUA (DEA), que confirmou no final da semana que a aeronave havia sido usada em uma sofisticada operação policial em 1984, projetada para mostrar que autoridades sandinistas estavam envolvidas no tráfico internacional de drogas. 

Câmeras ocultas instaladas no avião pela CIA filmaram um funcionário do Ministério do Interior da Nicarágua carregando sacos de cocaína no porão de carga. Em março passado, o presidente Reagan mostrou uma foto da operação policial para uma audiência de TV nacional durante um discurso defendendo a retomada da ajuda militar dos EUA aos contras.

Autoridades do governo tentaram rebater as acusações de que os EUA teriam patrocinado o voo de Hasenfus, sugerindo que ele e a tripulação trabalhavam para o major-general aposentado do Exército John K. Singlaub, de 65 anos, o controverso chefe de um grupo sediado em Phoenix chamado Liga Mundial Anticomunista, que arrecada fundos para apoiar insurgentes anticomunistas em todo o mundo. Visitante frequente de El Salvador, Singlaub teria ajudado os contras a comprar armas, mas nega qualquer ligação com o avião abatido ou com sua infeliz tripulação.


Em sua segunda entrevista coletiva, Hasenfus disse que foi recrutado para trabalhar na América Central em junho passado por Cooper, o piloto do avião, que fontes de inteligência dos EUA descrevem como um veterano das operações da CIA e líder do grupo aéreo de contra-ajuda em El Salvador. Hasenfus disse que ele e Cooper voaram em missões no Sudeste Asiático para a Air America, uma transportadora de propriedade da CIA, durante a era do Vietnã. Hasenfus afirmou que voou em dez missões, quatro de Aguacate, uma base de contra em Honduras, e seis de Ilopango. Ele disse que recebia US$ 3.000 por mês para trabalhar como "kicker", o tripulante que empurra fardos de carga para fora dos aviões em voo. Diários de bordo e outros documentos encontrados nos destroços do C-123K mostraram que ele havia lançado cerca de 130.000 libras de suprimentos militares na Nicarágua.

Autoridades do governo insistiram que Hasenfus estava falando sob coação. O Secretário de Estado Adjunto Elliott Abrams disse: "Estou confiante de que estão dizendo a ele: 'Se você disser as coisas que queremos ouvir, você será solto em um piscar de olhos. Se não cooperar, ficará preso por 30 anos.' Espero que ninguém acredite em nada do que Hasenfus diz até que ele possa falar livremente." Hasenfus foi autorizado a se encontrar brevemente com sua esposa Sally Jean, que viajou de Wisconsin para a Nicarágua. 

Os caixões contendo os corpos dos mortos na queda da aeronave foram jogados sem cerimônia em frente à embaixada dos EUA por nicaraguenses logo após uma manifestação antiamericana. Funcionários da embaixada denunciaram a ação sandinista como "macabra". Os corpos foram posteriormente transportados de volta para os EUA.

Hasenfus foi condenado por um tribunal nicaraguense a 30 anos de prisão. A pedido do senador Chris Dodd e outros que investigavam o caso Irã-Contras, ele foi libertado em troca de soldados sandinistas capturados pelos Contras. 

Hasenfus foi perdoado e libertado em 17 de dezembro e retornou aos EUA com Dodd, no que o presidente nicaraguense Daniel Ortega descreveu como um "gesto de paz do povo da Nicarágua".

Os diários de bordo recuperados dos destroços da aeronave listavam vários voos com pessoal da Southern Air Transport.

A captura de Hasenfus enquanto entregava armas e suprimentos aos rebeldes de direita do caso Irã-Contras, deu ao mundo o primeiro vislumbre do escândalo Irã-Contras começando a se desenrolar. Primeiro, a CIA, o Pentágono, o Departamento de Estado e a Casa Branca negaram qualquer ligação com ele. O motivo foi que o Congresso dos EUA havia votado a "Emenda Boland" para proibir a assistência americana aos Contras – incluindo a proibição de que todos os "fundos disponíveis para a CIA e o Departamento de Defesa fossem usados ​​na Nicarágua para fins militares".

Cynthia Arnson, diretora do Programa Latino-Americano do Centro Internacional de Académicos Woodrow Wilson, escreveu em Crossroads: Congress, the President, and Central America 1976-1993: "A divulgação do engano da administração na execução da política da Nicarágua convidou o Congresso a tomar medidas drásticas para restaurar o equilíbrio entre os dois poderes, mesmo que apenas para reafirmar a primazia da lei num governo constitucional."


Uma observação interessante sobre a história é a vida bem-sucedida do gêmeo do avião Hasenfus abatido em 1986. A CIA havia comprado dois Fairchild C-123K Providers, e o outro agora é a peça central de um pub exclusivo na Costa Rica. 

De acordo com o site do Hotel Costa Verde, “Como resultado deste ataque sandinista bem-sucedido ao avião irmão do nosso Fairchild, a operação de carga foi suspensa e um dos C-123 foi abandonado no Aeroporto Internacional de San José. 


Em agosto de 2000, compramos o Fairchild abandonado e enviamos as peças da relíquia do Irã-Contra para Quepos [na costa central do Pacífico]. A fuselagem foi transportada por balsa oceânica porque era 25 centímetros larga demais para as antiquadas pontes ferroviárias Chiquita Banana! Depois de transportar sete seções morro acima, Manuel Antonio, o C-123 finalmente encontrou seu atual local de descanso na encosta do penhasco. Agora, nosso C-123 foi aposentado para empreendimentos menos ousados ​​como restaurante, bar e uma relíquia duradoura da Guerra Fria.”

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN, BBC e Times

Aconteceu em 5 de outubro de 1945: A queda do voo 16 da National Airlines na Flórida (EUA)


Em 5 de outubro de 1945, o voo 16 da National Airlines foi um voo regular de passageiros doméstico (EUA) de Miami, na Flórida, para Lakeland, também na Flórida, operado pelo Lockheed 18-50 Lodestar, prefixo NC18199, da National Airlines, que foi fabricado em 1942 para o US Army Air Corps.

Um Lockheed 18 Lodestar da National Airlines, semelhante ao envolvido no acidente
A aeronave pertencia à Defense Plant Corporation e foi alugada à National Airlines. A fuselagem acumulou um total de 1798 horas de tempo de antena, 628 horas das quais ocorreram desde sua última revisão. A aeronave era uma das 13 variantes Lodestar 18-50s construídas de um total de 625 Lodestar 18's.

A aeronave era pilotada pelo capitão William Merrill Corry, funcionário da National Airlines desde novembro de 1943. O capitão Corry tinha um total de 4800 horas de voo e 851 horas em um Lockheed 18-50. O copiloto era o primeiro oficial William Hawley Conrad, funcionário da National Airlines desde 7 de maio de 1945. O primeiro oficial Conrad tinha 5247 horas de voo, com 409 em um Lockheed 18-50. A aeromoça era Ethel Katherine McCoy.

O mapa de rotas do voo 16 da National Airlines (Imagem: GCmaps)
A aeronave decolou de Miami às 21h12 do dia 4 de outubro de 1945, com 1 hora e 15 minutos de atraso devido a atrasos em voos anteriores. O voo progrediu normalmente durante paradas em Fort Myers, Sarasota, St. Petersburg e Tampa. O avião partiu de Tampa às 12h45 e continuou em direção a Lakeland, levando a bordo 12 passageiros e três tripulantes. O Aeroporto de Lakeland relatou 9 milhas de visibilidade com nuvens dispersas a 500 pés (150 m).

Às 12h58, a sete milhas do campo de aviação, os pilotos estabeleceram uma descida direta para a pista nordeste. A descida continuou normalmente até que a aeronave atingiu 600 pés (180 m), quando a aeronave entrou abruptamente em uma nuvem inesperada. Isso levou o capitão a retrair o trem de pouso e dizer ao primeiro oficial que ele iniciaria uma aproximação falhada e faria uma segunda tentativa de pouso.

Testemunhas no solo observaram que a aeronave continuou ao longo da pista a aproximadamente 30 a 40 pés (9,1 a 12,2 m) acima da superfície. Ele passou pelo final da pista e atingiu a superfície do lago adjacente ao aeroporto de Lakeland, aproximadamente 300 m além do final da pista. 

A aeronave saltou mais 1.000 pés (300 m), desprendendo a cobertura da fuselagem à medida que avançava, antes de afundar em 10 pés (3,0 m) de água.

Dois passageiros morreram afogados. Todos os outros ocupantes escaparam dos destroços e foram resgatados pelos moradores em trinta minutos.


Os investigadores do Conselho de Aeronáutica Civil examinaram os destroços e determinaram que não houve mau funcionamento ou falha no equipamento da aeronave. O estado dos destroços indicava que o avião havia atingido a água pela primeira vez com a barriga nivelada.

O Conselho de Aeronáutica Civil determinou que: "O testemunho do pessoal de voo e os resultados dos voos de verificação do piloto conduzidos pela CAB e pelos pilotos de verificação da companhia subsequentes à audiência revelaram uma falta de familiaridade definitiva de alguns comandantes da National Airlines com a limitação operacional do Lodestar. Embora legalmente qualificados para pilotar a aeronave, sua proficiência não estava de acordo com os padrões aceitos. O programa de treinamento da empresa e as instalações de treinamento eram inadequados para a manutenção de competência suficiente do pessoal piloto em relação ao Lockheed 18-50." (Conselho de Aeronáutica Civil , Protocolo nº SA-108. Arquivo # 3452-45).

Por não estar familiarizado com as especificações da aeronave, o comandante esperou demais para se comprometer com o procedimento de arremetida, condenando a aeronave quando uma ação imediata era necessária. O CAB também determinou que o piloto dispunha de procedimentos alternativos que o teriam permitido realizar a manobra com segurança. A causa do acidente foi finalmente determinada como sendo devido a um erro do piloto.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia e ASN

Aconteceu em 5 de outubro de 1945: Queda do avião Consolidated da RAF - O acidente aéreo de Elvetham

O "acidente aéreo de Elvetham" ocorreu em 5 de outubro de 1945, quando a aeronave Consolidated B-24J Liberator GR Mk VI, prefixo KG867, do 311o Esquadrão da RAF (Royal Air Force) caiu em Elvetham, a leste de Hartley Wintney, no Condado de Hampshire, na Inglaterra, após um incêndio em um de seus motores e falta de combustível para outro.

Um Consolidated B-24J Liberator similar ao avião acidentado
A aeronave estava a cerca de cinco minutos de voo da RAF Blackbushe para o Aeroporto Ruzyně, em Praga, na Tchecoslováquia. 

O acidente matou todas as 23 pessoas a bordo: cinco tripulantes, 17 passageiros oficiais e um clandestino.  

Todas as 23 vítimas eram tchecoslovacas que estavam sendo repatriadas no final da guerra. Eles incluíam nove mulheres e cinco crianças muito pequenas. O acidente foi a maior perda de vidas em um acidente envolvendo os tchecoslovacos que serviam na reserva de voluntários da RAF. 

Após a queda, o governo da Tchecoslováquia mudou o repatriamento de seus cidadãos do transporte aéreo para o terrestre.

Por Jorge Tadeu (Desastres Aéreos) com ASN, Wikipedia, fcafa.com, wikiwand.com