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quinta-feira, 13 de março de 2025

Pico de acidentes com aviões particulares preocupa o Brasil

Número de mortes na aviação privada voltou a crescer no país em 2024. Investir no treinamento de pilotos, no uso de simuladores e na estrutura dos aeroportos são alternativas para aumentar a segurança.

Acidente de 07/02/2025 com King Air F90 em São Paulo resultou em dois mortos, além de
sete feridos em solo (Foto: Oslaim Brito/TheNEWS2/ZUMA Press Wire/picture alliance)
Um avião bateu num ônibus ao tentar pousar numa avenida movimentada de São Paulo. Outro não conseguiu aterrissar no aeroporto, cruzou uma praça e parou na areia da praia, em Ubatuba (SP); uma aeronave colidiu com uma chaminé antes de atingir uma casa e uma loja de móveis, em Gramado (RS), às vésperas do Natal. Além de explosões e mortes, esses acidentes têm outro ponto em comum: fazem parte da aviação privada.

Ser dono de um avião é como ter um carro, compara Raul Marinho, diretor técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag). O proprietário precisa ter habilitação ou contratar um piloto habilitado, enquanto a aeronave deve passar por uma revisão anual. Também há fiscalizações esporádicas, semelhantes a uma blitz da Polícia Rodoviária.

Quase 60% das mortes na aviação privada


Acidentes na aviação privada
A aviação privada ou particular faz parte da aviação geral, que abrange outras modalidades, como a agrícola, o táxi aéreo e a instrução de voo. Já a regular ou comercial engloba os voos operados por companhias aéreas, nos quais os passageiros compram as passagens.

Nos últimos meses, acidentes com aviões particulares têm chamado atenção no Brasil. Além das mortes de pilotos e passageiros, ocasionaram destruição e deixaram feridos. A aviação privada lidera o ranking de mortes por acidentes aéreos no Brasil, sendo responsável por 470 (quase 60%) de um total de 789, desde 2015, de acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Mortes na aviação privada
Na segunda colocação aparece o táxi aéreo, com 65 mortes. Em seguida vem a aviação regular, com as 62 vítimas a bordo do avião da VoePass, que caiu em Vinhedo (SP) em 9 de agosto de 2024.

Após um período de decréscimo em 2022 e 2023, as mortes na aviação privada voltaram a aumentar em 2024, chegando a 58. Neste ano, já foram sete, só nos meses de janeiro e fevereiro. Embora o número não seja tão expressivo – só nas rodovias federais morreram mais de 6 mil pessoas em 2024 –, especialistas apontam medidas que poderiam aumentar a segurança e evitar esses acidentes.

Simuladores de voo: um assunto controverso


Os acidentes fatais de 2024 acenderam um sinal de alerta, avaliou Joselito Paulo, diretor-presidente da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo). Uma das formas de analisar os acidentes aéreos é olhar para o fator contribuinte – a ação ou omissão que pode aumentar a chance de um acidente – e "a maioria tem por trás o fator humano".

De acordo com Joselito Paulo, investir em simuladores pode ajudar a evitar acidentes: "O simulador é como uma cabine que está no solo, onde você simula como voar em dias de chuva, em caso de uma pane ou quando um dos motores falhar, por exemplo." No entanto, isso não é obrigatório para muitos aviões.

"Sua família e seus funcionários vão voar naquela aeronave. Não é melhor você investir no simulador, pagando um pouco mais para que o piloto treine nesse simulador de voo e esteja mais bem preparado?", questiona Paulo.

Para Raul Marinho, da Abag, a obrigatoriedade do uso de simuladores deve ser discutida. Ele cita o King Air F90, que caiu na avenida paulista em 7 de fevereiro e deixou dois mortos – além de sete feridos que não estavam no avião – e tem uma operação complexa.

"Não é recomendado treinar emergências num avião como aquele. Por isso, nos aviões mais sofisticados, você treina em simulador, porque senão pode converter o treino num acidente. Naquele avião, o uso de simulador não é obrigatório. Será que faz sentido?"

Piper PA-42-1000 Cheyenne pilotado por empresário resultou em 10 mortes, além de 17 feridos no local da queda, em Gramado (RS), dezembro de 2024 (Foto: Dirk Daniel Mann/CHROMORANGE/picture alliance)

Dois pilotos em jatos


O Cessna Citation 525 CJ1 que caiu em Ubatuba em 9 de janeiro, resultando na morte do piloto e ferindo quatro passageiros, é um jato. Na análise de Marinho, é necessário discutir se aeronaves desse tipo deveriam ter dois pilotos.

"Será que faz sentido um jato, como aquele que se acidentou em Ubatuba, ser operado por um único piloto? Ou melhor: será que se tivesse dois pilotos, ia acontecer aquele pouso numa pista que não tinha o comprimento necessário? É impossível responder a essa pergunta. Mas eu acho que, provavelmente, a chance seria menor."

Já o acidente que ocorreu em Gramado em 22 de dezembro de 2024 traz reflexões sobre a estrutura dos aeroportos. O Piper PA-42-1000 Cheyenne era pilotado por um empresário, que morreu junto com outras nove pessoas da sua família, além de deixar 17 feridos que estavam no local da queda.

O avião havia decolado em condições meteorológicas desfavoráveis do aeroporto de Canela, que não possuía torre de comando. "Se houvesse uma torre naquele aeroporto, ela não autorizaria a decolagem. Se a questão meteorológica foi realmente um fator contribuinte para aquele acidente, ele poderia ter sido evitado. Então, a infraestrutura aeroportuária no Brasil é um fator que agrava o risco de acidentes", aponta Marinho.

Segundo ele, a instalação de torres em todos os aeroportos não seria viável devido ao custo, mas seria possível implementar procedimentos de pouso e decolagem baseados em GPS, tecnologia já presente na maioria das aeronaves.

Disciplina e qualificação são essenciais


O professor de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), James Rojas Waterhouse, costuma dizer que as normas de fabricação de aviões foram "escritas com sangue", "porque há 100 anos, elas evoluem a partir de acidentes graves".

"Hoje nós temos uma normalização muito madura, muito avançada e que mostra que a maior parte dos acidentes tem como fator contribuinte outros problemas que não a máquina em si. É muito difícil ter o problema no avião que foi mal desenvolvido ou mal projetado", explicou o professor.

Nesse contexto, Waterhouse sugere duas soluções principais para diminuir os acidentes: "O primeiro é disciplina operacional. Ou seja, o piloto deve pousar na pista que é adequada para o seu equipamento. Não deve voar em condição meteorológica se não estiver apto. É seguir as regras. Com isso já é possível evitar quase todos os acidentes do Brasil."

A segunda sugestão, complementar, é a melhora na qualificação dos pilotos. Segundo o professor, muitos profissionais, embora tenham muita prática, sequer leram o manual do avião. Mas também há uma questão cultural: assim como motoristas de carros e caminhões, muitos voam no limite, podendo gerar acidentes.

"Não quero um piloto que vá no limite de tudo. A primeira pergunta que faço para os meus alunos, quando eles estudam projeto de avião, é qual a primeira missão do avião. Não é chegar mais rápido. A primeira missão é pousar com todo mundo vivo. Esse é o primado da aviação civil, que é a segurança."

segunda-feira, 10 de março de 2025

Aviação na América Latina decola em 2025 com crescimento no tráfego de passageiros em janeiro

A região inicia o ano com 42,3 milhões de passageiros transportados, impulsionada pela reativação de rotas e aumento da demanda turística.


A Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA) divulgou os dados de tráfego da região para janeiro de 2025, que registrou um total de 42,3 milhões de passageiros, um crescimento de 2,4% em relação ao mesmo período de 2024. Esse aumento foi impulsionado pela reativação de rotas, pela adoção de políticas de céu aberto e pela maior demanda por viagens turísticas. O mercado doméstico brasileiro teve um papel fundamental nesse avanço, adicionando 438 mil passageiros, o que representou 44% do crescimento total da região.

O tráfego intra-regional também registrou um aumento expressivo, atingindo 5,3 milhões de passageiros, com destaque para a rota Lima – Santiago, que se consolidou como a mais movimentada da América Latina, com quase 156 mil passageiros. No mercado doméstico, o Brasil liderou em crescimento absoluto, registrando 8,6 milhões de passageiros, 5,3% a mais do que em 2024, com CNF-GRU (+25%) e CGH-GRU (+30%), com mais de 361.000 passageiros.

O mercado internacional manteve sua trajetória de crescimento, totalizando 15,6 milhões de passageiros, um avanço de 0,7% em relação ao ano anterior. O tráfego entre Brasil e França foi um dos grandes destaques, com um crescimento de 33,5%, impulsionado pela adição da rota Paris – Salvador. As conexões entre Panamá e Estados Unidos também tiveram um desempenho positivo, adicionando mais de 2.500 frequências, um aumento de 12% na comparação anual. Além disso, o número total de voos na região cresceu 4,8%, chegando a 345.331 operações, enquanto a taxa média de ocupação atingiu 84,7%, um avanço de 1,1 ponto percentual em relação a 2024.

Dentre os mercados que mais se destacaram, o Brasil e a República Dominicana atingiram recordes históricos no tráfego internacional. Florianópolis registrou um crescimento de 175% nas conexões com Buenos Aires, como resultado da entrada de uma nova companhia aérea. Já a República Dominicana alcançou o maior volume de passageiros internacionais de sua história, somando 1,8 milhão no mês de janeiro, um crescimento de 3% em relação ao ano anterior. No México, aeroportos como Santa Lucia apresentaram um forte crescimento, avançando 78%, enquanto na Argentina, Tucumán teve um salto de 116% no tráfego internacional.

“Com esses resultados, 2025 começa com um horizonte otimista para a aviação na região. A consolidação de novas rotas, o crescimento da conectividade e o compromisso do setor com o desenvolvimento sustentável continuarão sendo fundamentais para manter a trajetória positiva”, afirma José Ricardo Botelho, CEO da ALTA.

O relatório também destaca o impacto dos custos de combustível para a aviação. Em janeiro de 2025, o preço médio do Jet Fuel foi de US$ 98,05 por barril, enquanto o combustível sustentável para aviação (SAF) permaneceu cerca de 2,1 vezes mais caro, atingindo uma média de US$ 208,05 por barril. Esse diferencial de custo segue como um grande desafio para a adoção em larga escala do SAF na região, tornando essencial o desenvolvimento de políticas que incentivem sua produção e viabilizem sua competitividade frente ao querosene de aviação convencional.

Os dados reforçam a resiliência do setor aéreo na América Latina e no Caribe, evidenciando uma recuperação contínua da demanda e o papel fundamental da aviação para a conectividade da região. O crescimento expressivo de mercados domésticos e internacionais, aliado ao aumento da oferta de voos e à ampliação da malha aérea, demonstra um cenário positivo para o setor. No entanto, desafios como o custo do combustível e a necessidade de políticas que incentivem a modernização da infraestrutura aeroportuária seguem no radar da indústria para garantir um desenvolvimento sustentável e eficiente.

Via Luiz Fara Monteiro (R7)

domingo, 2 de março de 2025

Brasil registra 2.100 colisões de aviões com aves por ano

“Bird strikes” podem danificar aeronaves e em casos raros provocar acidentes; empresas aéreas reclamam de falta de proteção.

Na imagem, dianteira de avião da Latam depois de uma colisão com pássaros
O Brasil registra uma média de 2.100 bird strikes –termo técnico para colisões de aviões com pássaros– por ano desde 2021. Esse número representa cerca de 6 episódios do tipo por dia. Embora seja uma situação que raramente resulta em acidentes ou até mesmo danos às aeronaves, existem registros no Brasil de bird strikes que adiaram voos e tiraram aviões de operação. 

Na semana passada, houve ao menos 2 casos que ganharam notoriedade nacional por terem influenciado a operação de voo. O 1º envolveu um avião da Latam que ficou com a parte dianteira danificada e precisou voltar ao aeroporto. No 2º, um avião da GOL também teve que retornar ao aeroporto de origem depois de atingir pássaros. Em nenhum dos casos houve feridos, mas os voos foram cancelados e os passageiros precisaram ser realocados.

Leia mais no texto original AQUI no site poder360