Mostrando postagens com marcador Guerra. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Guerra. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Aconteceu em 27 de novembro de 1989: Avião armado pela CIA cai em Angola; 5 americanos morrem

Um Lockheed L-100-30 Hercules da Tepper Aviation, semelhante ao que caiu
E
m 27 de novembro de 1989, a aeronave Lockheed L-100-20 Hercules, prefixo N9205T, da Tepper Aviation Inc.uma empresa de fachada da CIA (Agência Central de Inteligência, em português), operava um voo entre o Zaire e Angola, transportando armas para a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), rebeldes apoiados pelos EUA.

A aeronave L-100, uma versão do avião de transporte quadrimotor turboélice C-130, partiu de uma base militar em Kamina, no Zaire, na noite de segunda-feira e caiu não muito longe da cidade de Jamba, no sudeste de Angola, onde os rebeldes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) têm seu quartel-general. 

Ao se aproximar de Jamba, a tripulação desceu muito baixo para evitar a detecção pelo radar do MPLA e, na aproximação final, a aeronave colidiu com árvores e caiu em chamas. Todos os cinco tripulantes morreram. No momento do acidente, a visibilidade era ruim devido à noite e a pista não estava iluminada. 
O acidente matou "Bud" Petty, chefe da Tepper Aviation (foto ao lado), que pilotava a aeronave. 

Questionado sobre o assunto, o porta-voz da CIA, Mark Mansfield, disse: "Por política, nunca confirmamos nem negamos tais relatos."

As fontes não conseguiram identificar os americanos mortos, mas um funcionário do Departamento de Defesa teria notificado na terça-feira a família de James Spessard, de 31 anos, de Hagerstown, Maryland, de que ele havia morrido em um acidente de avião "perto do Zaire".

Desde 1986, os Estados Unidos fornecem ajuda militar à UNITA. O grupo, liderado por Jonas Savimbi, trava há anos uma luta contra o governo de Angola, apoiado pelos soviéticos.

Aviões de reabastecimento dos EUA têm usado secretamente o Zaire como base de operações para o envio de material às forças rebeldes, mas o presidente zairense, Mobutu Sese Seko, ordenou a suspensão dessa atividade em junho passado, quando lançou uma iniciativa de mediação de paz.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia e ASN

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Aconteceu em 25 de novembro de 1985: O Abate do An-12 da Força Aérea Russa na Guerra Civil de Angola

Um Antonov An-12 similar ao envolvido no abate
Em 25 de novembro de 1985, o avião 
Antonov An-12BP, prefixo CCCP-11747, da Força Aérea Soviética, operando na Guerra Civil de Angola, realizava o voo entre o Aeroporto Cuito Cuanavale, e o Aeroporto de Luanda, levando a bordo 21 ocupantes, sendo 13 passageiros e oito tripulantes.

O avião era oficialmente uma aeronave civil, que fazia parte de um destacamento militar de transporte aéreo composto por vários aviões An-12 e suas tripulações, sob o comando direto do Conselheiro Militar Chefe Soviético em Angola. 

O destacamento fazia parte do 369º Regimento de Aviação de Transporte Militar, 7ª Divisão de Aviação de Transporte Militar, Aviação de Transporte Militar, baseado naquela época na cidade de Jankoi/Dzhankoy, na Crimeia, na Ucrânia. 

Os An-12 foram usados ​​principalmente para apoiar as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) e suas operações militares. Todos os oito tripulantes e quatro passageiros eram cidadãos soviéticos. Outros nove passageiros eram angolanos.


A tripulação de voo era composta por (foto acima): Capitão: Sergei Vasilievich Lukyanov; Primeiro Oficial: Alexei Nikolaevich Nikitin; Engenheiro de Voo: Viktor Viktorovich Osadchuk; Navegador: Vladimir Borisovich Zhurkin; Operador de voo: Sergei Nikolaevich Grishenkov; Intérprete de Voo: Vladimir Alekseevich Shibanov; e Estagiário de Intérprete de Voo: Sergei Nikolaevich Sholmov.

O incidente ocorreu no rescaldo da operação 2 Congresso do Partido das Forças Armadas Populares para a Libertação de Angola (FAPLA), apoiada pela União Soviética, conduzida contra unidades da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, que recebeu apoio da África do Sul).

De acordo com relatos de testemunhas oculares e gravações da caixa-preta, o An-12BP decolou de Cuito Cuanavale às 11h20. Com cerca de 15 minutos de voo, na altitude de aproximadamente de 10.000 pés (3.000 m), o piloto relatou uma explosão ao controle de tráfego aéreo a bombordo da aeronave, próximo à asa e aos motores. O avião havia sido atingido por um míssil terra-ar.


Segundos depois, o piloto também informou que a aeronave estava com problemas nos motores três e quatro e manifestou a intenção de virar em direção ao aeroporto de Menongue, localizado a menos de 50 quilómetros (31 milhas) de distância, para uma aterrissagem de emergência. 

Após a explosão, a carga (dois enormes motores) se soltou e se deslocou, alterando o centro de gravidade da aeronave e fazendo-a inclinar-se para bombordo. As gravações da caixa negra indicavam que a tripulação tentou nivelar o An-12 e direcioná-lo para o aeroporto de Menongue para uma aterrissagem de emergência; no entanto, 47 segundos após a detonação do míssil, a asa de bombordo explodiu e separou-se da aeronave. 

A aeronave em chamas caiu então num campo a cerca de 43 quilómetros (27 milhas) de distância de Menongue, tendo a maior parte dos destroços caído nas proximidades da estrada Menongue-Cuito Cuanavale. 


No dia seguinte, vários oficiais da Missão Militar Soviética em Menongue, acompanhados por tropas cubanas e angolanas, chegaram ao local do acidente onde encontraram todos os 21 corpos – a tripulação de 8 e 13 passageiros – no local. 

Os restos mortais foram primeiro transportados para Menongue para identificação e posteriormente para Luanda, a capital de Angola. Caixões contendo os restos mortais da tripulação e dos passageiros soviéticos foram então transportados para a União Soviética.


Civis das aldeias locais e membros da organização de defesa popular local (ODP – Organização de Defesa Popular), que testemunharam a explosão no ar e a queda, disseram ter ouvido e visto o que acreditavam ser um míssil terra-ar sendo lançado imediatamente antes do acidente. 

Eles descreveram os rastros de som e fumaça que se originavam do solo até o ponto de impacto no ar. As gravações da conversa de tráfego aéreo da tripulação do An-12BP com os operadores de radar de defesa aérea de Menongue foram obtidas pelas autoridades angolanas. Posteriormente, eles foram repassados ​​aos investigadores soviéticos que conduziam sua própria investigação sobre o acidente. 

As gravações revelaram que a tripulação havia relatado uma explosão de míssil a bombordo da aeronave. Na União Soviética, foi criada uma comissão especialmente designada, sob a supervisão direta do Chefe do Comando de Transporte Militar Aéreo das Forças Armadas Soviéticas, para estabelecer a causa do acidente. O exame da comissão de partes da fuselagem da aeronave revelou vários vestígios de matéria explosiva e fragmentos do míssil terra-ar.

Em seu livro 'Journey Without Boundaries', o coronel da SADF André Diedericks, ex- oficial das Forças Especiais sul-africanas, afirma que foi ele quem deu a ordem de lançamento do míssil que derrubou o An-12. 

O que aconteceu neste dia,  Andre Diederiks relembra: “Era de manhã e tínhamos acabado de orar. Todos foram para suas posições e ficamos com nosso médico para fazer café . tivemos tempo de cozinhar, ouvimos o som dos motores inconfundivelmente reconhecíveis do avião de transporte russo An-12. O avião vinha do Cuito Cuanavale. Estamos prontos. Logo vimos o avião. Ele estava em baixa altitude, e rapidamente percebemos que era estava ao alcance dos SAMs . Christy Smith, nossa fotógrafa oficial, pronta para filmar o lançamento do míssil. Assim que Hammer Stride (operador SAM - SK) informou que o foguete atingiu o objetivo, dei a ordem de partida. O míssil atingiu um dos motores na asa esquerda, a mais próxima da fuselagem. A princípio parecia que a entrada não afetava o voo do Antonov, mas depois de alguns segundos apareceu uma nuvem de fumaça e o avião mudou de rumo. Observei o transportador caindo com binóculos. Vi quase o plano terrestre virar e desaparecer entre as árvores. No momento seguinte, vimos uma enorme nuvem de fumaça negra subindo para o céu. O Antonov foi completamente destruído. Rapidamente nos viramos e seguimos para a base."           

Durante o início do verão de 1985, um dos sistemas Strela-l (SA-9) anteriormente capturados, tripulado e operado por um grupo sul-africano Recce sob o comando do então capitão Diedericks, cruzou para a província de Cuando Cubango, em Angola, e com a ajuda, proteção e escolta da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) foram secretamente distribuídas pela área de Menongue.


A principal missão do grupo era realizar operações de combate secretas, codinomes "Catamaran 1" e "Catamaran 2", com o objetivo de perturbar o tráfego aéreo na província do Cuando Cubango, abatendo transportes cubanos e angolanos, combatendo aeronaves e navios de guerra com o Strela-l (SA-9) (foto acima).

O relato de Diedericks é reiterado por Koos Stadler, outro soldado do Regimento de Reconhecimento (coloquialmente conhecido como "Recces") em seu livro de 2015, 'RECCE: Small Team Missions Behind Enemy Lines'.
      
As vítimas foram todos os 21 tripulantes da Força Aérea e os passageiros militares. A tripulação do SSSR-11747 composta por cinco oficiais, dois suboficiais Força Aérea Soviética, um tradutor do Instituto Militar Soviético de Línguas Estrangeiras, quatro oficiais do exército soviético e nove oficiais das FAPLA.

Nas 12 horas após o acidente, os noticiários depois da meia-noite emitidos pela BBC, pelo Serviço Africano da Voz da América e pela estação de rádio Galo Negro da UNITA fizeram anúncios quase idênticos: A UNITA foi noticiada como tendo abatido um avião militar de carga cubano com aviões cubanos pessoal a bordo, na mesma área em que o An-12BP foi abatido, por meio de um míssil terra-ar. 

No dia seguinte, 26 de Novembro de 1985, a UNITA assumiu oficialmente a responsabilidade pelo abate da aeronave. No entanto, vários meses depois, informações obtidas através de várias fontes de inteligência indicaram que o An-12 foi derrubado por um míssil lançado de um 9K31 Strela-1 de fabricação soviética, um sistema de mísseis terra-ar guiado de curto alcance montado em veículo. Vários Strela-1 foram capturados pelas Forças de Defesa Sul-Africanas (SADF) durante uma incursão anterior em Angola.

O veterano angolano Andrew Babayan, então em Angola, recordou: “Naquele trágico dia 25 de Novembro de 1985, lembro-me que era uma segunda-feira, tinha o dever de interceder pela nossa missão militar. para preparar os dados para a informação política que “retiramos” da rádio. Antes do noticiário “Beacon” fiz uma audição e treinei o telejornal angolano. Mas lembro-me bem que depois da meia-noite a votação do “inimigo”, primeiro da Força Aérea em português, e depois da “Voz da América”, e informou que na província do Cuando Cubango os rebeldes da UNITA tiveram outra operação bem sucedida: o avião de transporte cubano abatido AN-12. Não acreditei na notícia, sabendo que tipo de informação “precisa” passava para essas agências.  Todos sabíamos muito bem que não poderia ser um An-12 cubano, os cubanos voavam no AN-26. na madrugada do dia 26 de Novembro , ouvi novamente a notícia "Farol" - ainda nada, mas às 9h00 a agência 'Angop' deu a terrível notícia de que o avião foi abatido pelo AN-12 com militares do MPLA a bordo, mas nada mais específico foi disse. Na noite do “Farol” transmitiu a mesma notícia, mas desta vez, indicando que abateu um avião de transporte militar da Força Aérea de Angola. E não há nada sobre o nosso povo! Nem uma palavra sobre a tripulação ou conselheiros - enfim, estávamos lá, em Angola, então algo assim não existia! ". 

Após o acidente, em 5 de dezembro de 1985, um helicóptero Mil Mi-8 foi abatido. Duas tripulações do Mi-8 foram encarregadas de fornecer apoio aéreo aproximado a um batalhão de infantaria reforçado por Cuba que tinha ordens de proteger a área do acidente para a chegada de uma equipe para conduzir uma investigação no local e ajudar a remover os destroços para uma investigação mais aprofundada. 

À medida que o batalhão se aproximava da área do acidente, foi emboscado por uma força combinada SADF/UNITA muito superior, posicionada ao longo da estrada Menongue-Cuito Cuanavale. Seguiu-se uma luta feroz, resultando em um grande número de mortos e feridos de ambos os lados. 

Os dois Mi-8, ambos tripulados por tripulações da Força Aérea Soviética, foram chamados para prestar apoio ao batalhão cubano. Ao chegarem, eles foram alvo de forte fogo terrestre antiaéreo. Um foi abatido; ele caiu e pegou fogo, matando a tripulação soviética. Havia também dois soldados angolanos da recém-formada 29ª Brigada de Assalto Aerotransportada, que manejavam armas montadas nas portas do helicóptero, que também morreram no acidente.


Em 1987, um monumento comemorativo (foto acima), com imagens dos tripulantes do An-12BP e seus nomes, foi erguido na cidade de Dzhankoy (atualmente disputada entre a Ucrânia e a Rússia devido à anexação russa da Crimeia em 2014), onde a maioria deles estava estacionada. e havia vivido.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e veteranangola.ru

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Hoje na História: 21 de novembro de 1970 - "Operação Kingpin", uma missão de resgate de prisioneiros no Vietnã

“The Raid, Blue Boy Element”, de Michael Nikiporenko. Nesta pintura, um helicóptero HH-3E Jolly Green Giant da USAF, Sikorsky, 65-12785, do 37º Esquadrão de Resgate e Recuperação Aeroespacial, indicativo de chamada 'BANANA 01', pousou intencionalmente dentro do complexo da prisão às 02h19 para inserir o elemento BLUE BOY dos Boinas Verdes (Imagem: Tay Raiders)

Em 21 de novembro de 1970, a 'Operação Kingpin' foi uma missão para resgatar 61 prisioneiros de guerra americanos no Campo de Prisão de Sơn Tây, a 37 quilômetros a oeste de Hanói, no Vietnã do Norte. Havia mais de 12.000 soldados norte-vietnamitas estacionados em um raio de cinco milhas da prisão. A missão ultrassecreta foi realizada por 56 soldados das Forças Especiais do Exército dos EUA e 98 aviadores a bordo de 28 aeronaves.

Meses de coleta de informações, planejamento de missão e treinamento meticuloso precederam a missão. O pessoal foi selecionado entre mais de 500 voluntários. O treinamento foi conduzido no Duke Field, um campo auxiliar na Base da Força Aérea de Eglin, Flórida. Uma réplica em tamanho real da prisão foi construída e o treinamento com fogo real foi conduzido. As formações de aeronaves voavam dia e noite, seguindo os cursos e distâncias precisos que seriam voados durante a missão real. Originalmente planejado para outubro, a missão teve que ser adiada para novembro.

Fotografia de reconhecimento mostrando a prisão de Sơn Tây e arredores (Imagem: USAF)

Dois Lockheed C-130E (I) Combat Talons (uma variante de operações especiais do transporte Hercules de quatro motores), indicativos de chamada CHERRY 01 e CHERRY 02, cada um liderou uma formação de aeronaves para o ataque. 

Soldados do elemento BLUE BOY a bordo do gigante Sikorsky HH-3E Jolly Green, BANANA 01, no início da Operação Kingpin (Foto: Tay Raiders)

O grupo de assalto, consistindo de um gigante Sikorsky HH-3E Jolly Green, 65-12785, (BANANA 01) e cinco helicópteros Sikorsky HH-53B / C Super Jolly Green Giant (APPLE 01-05), transportou a equipe das Forças Especiais. 

Força de resgate a caminho de Sơn Tây (Foto: USAF)

A segunda formação foi um grupo de ataque de cinco Douglas A-1E Skyraiders (PEACH 01-05) para apoio aéreo aproximado. Os Combat Talons forneceram navegação e comunicações para seus grupos e iluminação sobre a prisão.

Um C-130 Combat Talon lidera o grupo de assalto durante o treinamento em Duke Field, perto da Base Aérea de Eglin, Flórida, de outubro a novembro de 1970 (Foto: USAF)

Como não havia espaço suficiente para pousar um helicóptero dentro da prisão, foi planejado que o BANANA 01, pilotado pelo Major Herbert D. Kalen e o Tenente Coronel Herbert R. Zehnder, transportasse uma equipe de assalto de 14 homens, BLUEBOY, para uma aterrissagem forçada dentro do perímetro. Os soldados das Forças Especiais foram encarregados de localizar e proteger os prisioneiros e matar todos os guardas que pudessem interferir. 

Os helicópteros maiores atiraram primeiro nas torres de guarda com suas miniguns e depois pousaram seus soldados fora da prisão. Os A-1 Skyraiders bombardearam e metralharam pontes próximas a pé e de veículos para impedir que reforços chegassem à prisão.

Equipe de assalto BLUEBOY (Foto: USAF)

Uma vez dentro da prisão, foi rapidamente descoberto que não havia prisioneiros de guerra americanos lá. As forças de assalto então se retiraram. O tempo total do início ao fim do assalto foi de apenas 26 minutos. Um soldado americano sofreu um ferimento à bala na perna. O chefe da tripulação do BANANA 01 quebrou um tornozelo ao ser atingido por um extintor de incêndio caindo durante o pouso forçado. Como esperado, o BANANA 01 foi cancelado. Entre 100–200 soldados norte-vietnamitas foram mortos.

Um Sikorsky HH-53B Super Jolly Green Giant, iluminado pelo flash de um míssil superfície-ar explodindo, deixa a Prisão de Sơn Tây, 21 de novembro de 1970. Banana 01, o Sikorsky HH-3E, é visível dentro do complexo da prisão (Imagem: Air University, USAF)

Durante a retirada da área, o Vietnã do Norte disparou mais de 36 mísseis terra-ar contra a aeronave. Nenhum foi atingido, embora um Republic F-105G Wild Weasel, 62-4436, indicativo de chamada FIREBIRD 05, tenha sido danificado por um quase acidente. Esta aeronave ficou sem combustível pouco antes de seu encontro com o tanque e a tripulação saltou sobre o Laos. Eles foram resgatados por Super Jolly Green Giants APPLE 04 e APPLE 05, após terem sido reabastecidos por um HC-130P Combat Shadow, LIME 02.

Embora meticulosamente planejada e executada, a missão falhou porque os prisioneiros de guerra foram transferidos para outro campo de prisioneiros, mais perto de Hanói (“Campo Fé”). Três dias após o ataque a Sơn Tây, eles foram transferidos novamente, desta vez para o infame Hanoi Hilton.

Com informações de thisdayinaviation.com

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Tem submarinos, mas por que não existem aeronaves nucleares?

NB-36H com símbolo de radioatividade na cauda: Avião levou reator a bordo
como teste de avião nuclear (Imagem: Divulgação)
Embora existam submarinos e navios movidos com propulsão nuclear, não há aeronaves que possuem esse sistema hoje em dia. Em um cenário ideal, aviões do tipo poderiam voar por longos períodos de tempo sem precisar parar, mas a ideia de levar um reator nuclear a bordo não ganhou muitos adeptos.

Desenvolvimento


Diversos programas tentaram criar um avião nuclear. Estados Unidos e Rússia lideravam as pesquisas, com vários modelos sendo estudados para essa finalidade.

Avião teria, em resumo, um motor movido por meio de um reator nuclear portátil. Interesse nesse tipo de propulsão cresceu após o Projeto Manhattan, programa de pesquisa e desenvolvimento das bombas atômicas na Segunda Guerra Mundial.

NB-36H

  • O modelo de teste de maior destaque talvez tenha sido o NB-36H. Ele usava como base um bombardeiro Convair B-36.
  • Cabine foi reforçada com chumbo. O objetivo era evitar que a radiação afetasse os pilotos.
  • Avião realizou 47 voos de teste. Em nenhum o reator foi usado para dar propulsão à aeronave, mas, apenas, para testar se era viável ter um equipamento do tipo dentro de um avião em voo.
  • Cabine de comando do NB-36H encapsulada com chumbo para evitar contaminação por radiação.
Cabine de comando do NB-36H encapsulada com chumbo para evitar
contaminação por radiação (Imagem: Divulgação)

Programa nos EUA


Em 1946, os EUA iniciaram um projeto para criar uma aeronave do tipo. Era o Programa de Propulsão Nuclear, ou, Programa de Aeronaves Nucleares Tripuladas, um dos projetos que o país atuaria nos anos seguintes.

Projeto durou de 1946 a 1961. Seu custo estimado à época foi de US$ 1 bilhão, e nenhum avião do programa chegou a voar movido a energia nuclear.

Durante a década de 1950, alguns motores foram adaptados com relativo sucesso. Empresas como General Eletric (GE) e Pratt e Whitney eram responsáveis pelos projetos.

O motor


Esquema do sistema de propulsão nuclear de ciclo indireto que foi projetado
para o governo dos EUA (Imagem: Divulgação)
Além de ter um avião todo adaptado, o motor era o coração do projeto. Desenvolver a tecnologia mais adequada e definir qual o tipo seria usado tomou anos de empresas contratadas pelo governo.

Conceito seria plenamente viável. David F. Shaw, gerente geral dos programas de propulsão nuclear na GE, era otimista com a possibilidade.

"Não é mais uma questão de saber se podemos construir um sistema aeronáutico movido a energia nuclear, mas quando poderemos colocar tal sistema numa aeronave. Chegamos ao ponto em que podemos dizer que quando uma fuselagem estiver pronta, poderemos ter o local de energia nuclear do ciclo aéreo direto pronto para instalação", disse David F. Shaw, da General Eletric.

De fato, aviões comportaram os reatores em seus interiores. Entretanto, eles não chegaram a ter propulsão nuclear na prática, como era desejado, antes do fim dos projetos.

Lançamento de satélite russo freou projetos


Em 1957, a URSS lançava o satélite Sputnik I. O projeto do avião nuclear se tornaria uma questão de honra para recuperar o prestígio dos EUA.

Presidente Dwight D. Eisenhower não considerava os programas como prioridade. Mesmo assim, ele destinou cerca de US$ 150 milhões ao ano para os projetos continuarem.

Em 1961, quando John F. Kennedy assumiu a presidência dos EUA, contratos militares passaram a ser revisados. Com isso, os acordos com as empresas envolvidas foram rescindidos e os projetos, abandonados.

"[...] A possibilidade de uma aeronave militarmente útil num futuro próximo ainda é muito remota", declarou John F. Kennedy, então presidente dos EUA.

Por que não prosperaram?


Quedas seriam problemas. Caso um avião caísse ou se acidentasse, não havia garantia de que não ocorreria vazamento do material radioativo.

Cabine precisaria ser blindada. O local onde os pilotos ficam teria de ser protegido com escudos de chumbo espessos, aumentando significativamente o peso do avião, podendo tornar sua operação inviável.

Novos armamentos da época tornavam aviões alvos mais fáceis. Como voariam mais pesados e mais lentos devido ao peso do reator e da blindagem, esses aviões poderiam se tornar alvos mais facilmente atingíveis por inimigos.

Desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais tornou projeto obsoleto. Como um dos principais objetivos dos aviões nucleares seria conseguir viajar longas distâncias para realizar bombardeios sem precisar reabastecer, com o novo tipo de armamento sendo implementado, esse tipo de voo deixaria de ser tão necessário.

Aceitação popular também seria um entrave. Embora os projetos fossem secretos, havia o receio de que a opinião da população sobre os riscos pudesse colocar o projeto em xeque. Caso o motor fosse usado em aviões comerciais, por exemplo, seria difícil convencer os passageiros a se sentarem a uma curta distância de um reator nuclear ativo.

Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL) - Fontes: FAS (Federation of American Scientists - Federação de Cientistas Americanos); Força Aérea dos EUA; Aopa (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves dos EUA)

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Quais são os caças de quinta geração?

(Foto: Divulgação/United Aircraft Corporation)
Tecnologia de ponta, radares precisos, armamentos de última geração, capacidade de manobras de altíssimo grau de dificuldade, fusão de dados em redes de sensores, velocidade e resistência extremas. Esses são os principais atributos dos chamados caças de quinta geração, aviões que reúnem o que há de mais moderno em termos de combate aéreo.

A característica que pode ser considerada a mais importante entre os caças de quinta geração, no entanto, é a furtividade. Esses aviões foram projetados para desviar e absorver ondas eletromagnéticas. E o que isso significa, a grosso modo? Que estes aviões são muito difíceis de serem detectados por radares inimigos. Esta tecnologia recebeu o nome de Stealth.

Os sistemas de aviônica também evoluíram muito em relação aos caças de quarta geração e até mesmo no comparativo com os poucos modelos que se encaixam na “subgeração” 4.5, que já mostramos por aqui. Os caças de quinta geração, portanto, se modernizaram a ponto de deixar os pilotos 100% concentrados em suas tarefas.

F-22 Raptor: o 1º caça de quinta geração


F-22 Raptor foi o primeiro caça de quinta geração (Imagem: Força Aérea dos Estados Unidos)
Os caças de quinta geração começaram a entrar em serviço de forma oficial a partir de 2005, mas oito anos antes, em 1997, um avião F-22 Raptor, da Lockheed Martin, fez seu voo-teste inaugural. Depois do sucesso da estreia, mais 194 aeronaves da mesma família foram fabricadas, ao custo médio de US$ 150 milhões por unidade. Cinco destes aviões sofreram acidentes e não puderam ser recuperados.

O F-22 Raptor faz parte do chamado ATF da Força Aérea dos Estados Unidos (Advanced Tactical Fighter, ou Tática Avançada de Luta, na tradução para o português). Ele atinge 2.410 km/h e, segundo dados da Força Aérea dos Estados Unidos, mantém 1.963 km/h em velocidade de cruzeiro. Apenas para dar uma ideia do que estes números representam, a velocidade do som (Mach 1) é de “somente” 1.234,8 km/h.

O caça de quinta geração deu mais uma prova de eficiência recentemente. O 94º Esquadrão e o 94º Esquadrão de Caça dos EUA carregaram e dispararam com êxito um total de 28 mísseis em uma mesma atividade. Desta forma, o avião quebrou dois recordes de uma só vez durante testes na base aérea de Tyndall, na Flórida.

Esquadrão responsável por quebrar recordees com o F-22 (Imagem: Força Aérea dos Estados Unidos)

Outros caças de quinta geração


Agora que já contamos um pouquinho a história do F-22 Raptor e de seus recordes, vamos elencar outros bons exemplos de caças de quinta geração. O F-35, também da Força Aérea dos Estados Unidos, é um deles.

O F-35 custou cerca de US$ 1 trilhão desde que começou a ser projetado e teve quatro variações: A, B, C e Lightning II, este um modelo multifunção. O caça tem o que há de mais moderno em termos de software e hardware em seus equipamentos, com capacidade de fusão e compartilhamento de dados muito superior a qualquer outro em atividade.

Entre os principais destaques estão as câmeras instaladas na fuselagem. Elas compilam os dados e projetam imagens diretamente no capacete do piloto, dando ao combatente visão 360º e noção completa do que ocorre ao redor do jato. Ele também é o único caça do mundo que conta com canhão montado internamente: um GAU-22/A de 25 mm, com capacidade para 180 disparos em sequência.

F-35 Lightning II é um caça de quinta geração multi-tarefas
(Imagem: Divulgação/Força Aérea dos Estados Unidos)

Rússia tem “xeque-mate”


Se os Estados Unidos contam com dois caças de quinta geração da linhagem “F”, a Força Aérea Russa trabalha para dar um “xeque-mate” nos inimigos nas batalhas aéreas. Literalmente. O Sukhoi Su-75 Checkmate teve sua quinta geração apresentada na última edição do Dubai Airshow, em novembro de 2021. E monopolizou as atenções.

Ele herdou alguns componentes do Su-57, como o motor e a aviônica, mas, até a data oficial de “estreia”, prevista para 2023, deverá incorporar o que há de mais moderno na aviação do país. Assim, poderá se tornar um dos caças de quinta geração com maior capacidade para missões furtivas do mundo.

O Sukhoi Su-75 Checkmate apresentará capacidade para voar com velocidade duas vezes maior do que a do som. Terá ainda diversas inovações em relação aos modelos anteriores da fabricante, como novas entradas de ar e tecnologias de camuflagem inéditas, além do “nariz” levemente apontado para baixo.

Componentes do Su-57 fizeram parte da estrutura do Sukhoi Su-75 Checkmate
(Imagem: Anna Zvereva/Wikimedia/CC)
Fora do eixo Rússia e Estados Unidos há outros caças de quinta geração que deverão em breve entrar em ação. Eles estão em estágio de desenvolvimento, mas praticamente prontos para reforçar a aviação militar de seus países. São eles:
  • Chengdu J-20 e Shenyang J-31 (China);
  • Mitsubishi X-2 Shinshin (Japão);
  • TAI T-FX (Turquia);
  • HAL AMCA (Índia).

Via Paulo Amaral | Editado por Jones Oliveira (Caneltch)

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Quais são os caças de quarta geração?

(Foto: Divulgação/Ministério da Defesa do Japão)
Os caças, aviões de combate que surgiram na época da Primeira Guerra Mundial, evoluíram em armamentos, tecnologias e manobrabilidade com o passar do tempo, como mostramos por aqui em uma série de conteúdos. As aeronavas que abordaremos logo mais tiveram tanta representatividade que ganharam até mesmo uma "subgeração".

Estamos falando dos caças de quarta geração, que surgiram no início da década de 1980 e, até hoje, são utilizados por muitas Forças Aéreas ao redor do planeta. Os caças de quarta geração são baseados em conceitos retirados das aeronaves usadas nos anos 1970, de terceira geração, mas (muito) aprimorados.

A capacidade de manobras, os motores, os armamentos e a aviônica elevaram o padrão a um nível de excelência jamais visto. Nos Estados Unidos, a evolução foi além e o país viu nascer, após alguns anos da quarta geração de caças em ação, uma subgeração, chamada de 4.5.

Caças do tipo F-15 são considerados da "geração 4.5"
(Imagem: Divulgação/Mike Freer,Touchdown Aviation)
Neste seleto grupo estão inclusos os modelos F-15 e F-16, além dos russos MiG-35 e Su-30 e o Eurofighter Typhoon, de origem alemã. Estes caças da geração 4.5 tinham como principal característica a tecnologia furtiva, ou seja, recursos que ajudavam o avião a ficar mais escondido e, portanto, mais difícil de ser detectado por radares inimigos.

Computadores melhores, caças melhores


A evolução no universo dos computadores durante as décadas de 1980 e 1990 influenciou diretamente na aviação. A maior velocidade na transferência de dados permitiu que os sistemas dos caças de quarta geração, como os de busca e rastreamento por infravermelho (IRST), fossem cada vez mais ágeis.

Os caças de quarta geração também passaram a ter a manobrabilidade aprimorada pela estabilidade estática relaxada, graças à introdução do chamado sistema de controle de voo fly-by-wire. Tudo isso, claro, também combinado com a já citada evolução dos computadores digitais e das técnicas de integração de sistemas.

Foram os caças de quarta geração que também mostraram ao mundo pela primeira vez o supercruise, ou supercruzeiro, capacidade de voar em velocidades supersônicas sem o uso constante do pós-combustor. Isso reduziu o consumo de combustível, aumentou o alcance e não prejudicou o desempenho das aeronaves.

MiG-31 tinha capacidade de interceptar e eliminar inimigos a longas distâncias
(Imagem: Divulgação/Ministério da Defesa da Rússia)
A chamada tecnologia furtiva também evoluiu consideravelmente nos caças de quarta geração. Os Estados Unidos equiparam seus modelos com radares AESA APG-63, livres de partes móveis e que conseguem projetar feixes menores e executar varreduras mais rápidas. Aeronaves de outros países, como a Dassault Rafale e a Thales Spectra também utilizavam tecnologia furtiva para ficarem “invisíveis” aos radares.

Caças de quarta geração têm Rússia como expoente


Os caças de quarta geração têm modelos de destaque em Forças Aéreas de todo o mundo, mas a Rússia, derivada da extinta União Soviética, é quem domina o ranking dos 5 melhores aviões de combate deste segmento.

Segundo a revista especializada Military Watch, três dos cinco melhores caças pertencentes à quarta geração dos aviões de combate foram fabricados pelos russos. O top 5 conta ainda com um representante da China na terceira posição e um dos Estados Unidos, considerado o quarto melhor do mundo.

Su-35 foi primeiro caça do mundo produzido após o fim da União Soviética
(Imagem: Aleksandr Markin/Wikipedia/CC)
Os caças de quarta geração citados pela Military Watch como melhores representantes desta era são os seguintes:
  • MiG-31 BSM (Rússia): Tem como principal atributo a capacidade de interceptar e eliminar caças inimigos em longas distâncias e altitudes extremas. Era equipado com mísseis ar-ar R-37, que carregavam o triplo da carga considerada padrão;
  • Su-35 (Rússia): Primeiro caça do mundo produzido após o fim da União Soviética. Entre suas principais armas destaca-se o radar Irbis-E, capaz de detectar alvos furtivos a até 80 km de distância e os tradicionais a até 400 km;
  • J-16 (China): O J-16 não é russo, mas foi construído com base no Su-27. O avião faz parte de uma remodelada frota de aeronaves do país asiático e conta com alta capacidade furtiva e mísseis PL-15;
  • F-15SA (EUA): O F-15SA foi fabricado pelos Estados Unidos com base no F-15E Stryke Eagle, mas, na verdade, foi usado pelas forças da Arábia Saudita. O caça de quarta geração podia carregar até 12 mísseis de uma só vez, além de ter a bordo um radar de última geração e sistemas de busca por alvos inimigos altamente sensíveis;
  • Su-27SM3 (Rússia): Fechando o top 5 de caças de quarta geração temos o terceiro representante da Rússia. O Su-27SM3 utiliza também a tecnologia desenvolvida para o Su-35, como o radar Irbis-E e outros sistemas avançados. A capacidade de manobras, no entanto, era um pouco inferior a do “irmão” e, por isso, sua colocação no ranking também foi pior.

Via Paulo Amaral | Editado por Jones Oliveira (Canaltech)

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Quais foram os caças de segunda geração?

(Foto: Divulgação/Força Aérea dos Estados Unidos)
Os aviões caça surgiram com motores movidos a pistão e armamentos rudimentares. Evoluíram para os caças a jato, mais velozes e letais e, com o passar do tempo, se tornaram ainda mais tecnológicos. Esse avanço começou a ficar mais rápido e mais significativo a partir dos caças de segunda geração.

Os caças de segunda geração nasceram em meados da década de 1950 e foram eficazes nos combates aéreos até o início dos anos 1960. A segunda geração ficou caracterizada pela enorme evolução, não apenas em termos de motor, mas também pela implementação de grandes avanços tecnológicos em aerodinâmica e matéria-prima.

Outro ponto determinante para rotular quais foram os caças de segunda geração diz respeito não apenas a aeronave propriamente dita, mas ao modo como ela era pilotada. As estratégias mudaram no comparativo com as utilizadas na Guerra da Coreia, e a preocupação com um ambiente novo, em nível nuclear, foi levada em conta no momento de projetar os caças para que pudessem realizar determinadas manobras.

Vought F-8 Cruzader é um caça de segunda geração utilizado pela Marinha dos EUA
(Imagem: Divulgação/Marinha dos Estados Unidos)

Inovações eletrônicas e armamentos


Os caças de segunda geração também ficaram marcados por carregarem dentro deles radares consideravelmente menores do que os utilizados na geração anterior. Essa inovação permitia aos pilotos detectar aviões inimigos fora do alcance de visão e, assim, ter maiores chances de êxito na batalha.

As chances de êxito também ficaram melhores por conta de uma nova arma, mais letal: foram os caças de segunda geração que utilizaram pela primeira vez os mísseis guiados por infravermelho (IR). Como toda arma nova, porém, ela tinha uma sensibilidade baixa e um campo de visão estreito, algo que só evoluiu com o tempo.

Os mísseis guiados por radar, chamados de RF, também se mostraram pouco efetivos, mas abriram caminho para que os chamados radar homing (SARH) conseguissem rastrear e alvejar uma aeronave inimiga que aparecesse “pintada” no radar.

Gloster Javelin foi um caça de segunda geração utilizado pela Força Aérea do Reino Unido
(Imagem: Reprodução/RuthAS)
A prioridade dos caças de segunda geração passou a ser a defesa aérea. Por isso, a agilidade foi deixada de lado em prol da velocidade, e os aviões passaram a ter uma especialização maior em duas vertentes: interceptores e caça-bombardeiros.

Os caças de segunda geração


Agora que explicamos um pouco melhor o que são os caças de segunda geração, vamos elencar os mais importantes desta era da aviação militar. França, China, União Soviética, Reino Unido, Suécia e Estados Unidos desenvolveram alguns dos principais modelos.

Poderio soviético

A extinta União Soviética tinha em seu armamento os poderosos MiG-19, MiG-21, Sukhoi Su-7, Sukhoi Su-9 e Sukhoi Su-11.

O MiG-19 foi o primeiro caça soviético capaz de atingir velocidades supersônicas e era comparável ao F-100 Super Sabre, dos Estados Unidos.

O MiG-21, por sua vez, teve duas versões distintas. A primeira fez parte dos caças de segunda geração e a última, mais evoluída, já foi classificada como um caça de terceira geração, mas estes nós abordaremos em outro conteúdo.

MiG-21 foi um caça que fez parte da segunda e da terceira geração (Imagem: Gojanovic/Wikimedia)
A família Sukhoi, por sua vez, teve como principal destaque o Su-11, que era um avião caça interceptador. Ele era uma versão evoluída do Su-9, que, por sua vez, foi construído a partir do Sukhol Su-7.

Força norte-americana

Inimigo histórico da União Soviética, os Estados Unidos tinham caças de segunda geração poderosos, como o já citado F-100 Super Sabre, supersônico que serviu a Força Aérea do país entre 1954 e 1971. Depois dele, surgiu o F-105 Thunderchief, considerado classe Mach 2 e projetado para missões de ataque ao Vietnã.

Outros caças de segunda geração de origem estadunidense que merecem citação são o Vought F-8 Crusader, utilizado pela Marinha do país, e o F-4D Skyray, mais tarde rebatizado como F-6 Skyray, primeira aeronave lançada de um porta-aviões a bater o recorde mundial de velocidade.

F-100 Super Sabre serviu a Força Aérea dos Estados Unidos por quase 20 anos
(Imagem: Divulgação/Força Aérea dos Estados Unidos)

Outros países


Além dos rivais da Guerra Fria, podemos citar como caças de segunda geração que marcaram o nome na história o Gloster Javelin (Reino Unido), os Saab 32 Lansen e Saab 35 Draken (Suécia) e os Dassault Mirage III e Dassault Mirage 5, ambos da França.

Dassault Mirage III, caça utilizado pela Força Aérea francesa
(Imagem: Divulgação/Força Aérea dos Estados Unidos)
Índia, Israel, Itália, China, Argentina, Canadá e Egito também utilizaram caças considerados de segunda geração, mas sem a mesma capacidade dos fabricados nos Estados Unidos e principais países europeus.



Via Paulo Amaral | Editado por Jones Oliveira (Canaltech)

sábado, 8 de novembro de 2025

Hoje na História: 8 de novembro de 1950 - A primeira vez que um caça a jato foi abatido por outro caça a jato

Esta pintura do famoso artista da aviação Keith Ferris retrata a estrela cadente Lockheed F-80C do 1º Tenente Russell Brown enquanto ele abatia um inimigo Mikoyan-Gurevich MiG 15 sobre a Coreia, em 8 de novembro de 1950 (Keith Ferris)

Em 8 de novembro de 1950, o Primeiro Tenente Russell J. Brown, Força Aérea dos Estados Unidos, 16º Esquadrão Interceptador de Caças, 51ª Asa Interceptadora de Caças, é creditado por abater um caça a jato Mikoyan-Gurevich MiG 15 de fabricação russa perto do rio Yalu enquanto voava em um Lockheed Estrela cadente F-80C-10-LO. Esta pode ter sido a primeira vez que um caça a jato foi abatido por outro caça a jato.

As fontes variam, relatando o número de série do lutador do Tenente Brown como 49-713 ou 49-717.

Lockheed F-80C-10-LO Shooting Star 49-432 em exibição no Museu de Armamento da Força Aérea, Base da Força Aérea de Eglin, Flórida. O lutador é marcado como F-80C-10-LO 49-713, atribuído ao 16º Esquadrão de Caça, 51º Grupo de Interceptadores de Caça, Kimpo, Coreia, 1950

Brown deu uma descrição colorida da luta na primeira batalha jato-contra-jato da história na semana passada. Ele disse: “Tínhamos acabado de completar uma corrida de metralhamento nas posições antiaéreas de Sinuiju e estávamos subindo quando soubemos que jatos inimigos estavam na área."

"Então os vimos do outro lado do Yalu, fazendo acrobacias. De repente, eles chegaram a cerca de 400 milhas por hora. Estávamos fazendo cerca de 300. Eles romperam a formação bem na nossa frente a cerca de 18.000 ou 20.000 pés. Eles eram aviões bonitos - brilhantes e novos.” - INS , Tóquio, 13 de novembro.

1º Tenente Russell J. Brown. (Times da Força Aérea)

Os registros soviéticos relataram que nenhum MiG 15 foi perdido em 8 de novembro. O tenente Kharitonov, 72ª Unidade de Aviação de Caça dos Guardas, relatou ter sido atacado por um F-80 sob circunstâncias que sugerem que este foi o engajamento relatado pelo Tenente Brown, no entanto Kharitonov conseguiu escapar do caça americano após mergulhar e jogar fora seus tanques de combustível externos.

Técnicos russos fazem manutenção em um MiG 15 bis do 351º IAP na Base Aérea de Antung, China, em meados de 1952 (Reprodução)

Um piloto soviético do MiG 15, o tenente Khominich, também da 72ª Guarda, afirmou ter abatido um F-80 americano em 1º de novembro, mas os registros dos EUA indicam que esse caça foi destruído por fogo antiaéreo.

O que está claro é que o combate aéreo havia entrado na era do jato e que a União Soviética não estava apenas fornecendo seu MiG 15 de asa varrida para a Coreia do Norte e a China, mas que os pilotos da Força Aérea Soviética estavam ativamente engajados na guerra na Coreia.

Uma estrela cadente Lockheed F-80C do 16º Esquadrão de Interceptadores de Caças, 51ª Asa de Interceptores de Caças, faz uma decolagem assistida por JATO de um campo de aviação na República da Coreia do Sul, por volta de 1950 (Força Aérea dos EUA)

O Lockheed F-80C-10-LO Shooting Star 49-713, voado por Albert C. Ware, Jr., foi perdido 10 milhas ao norte da Base Aérea de Tsuiki, Japão, em 23 de março de 1951.

Fonte: thisdayinaviation.com

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Soviéticos já tentaram colocar asas em um tanque para ele voar na guerra

Concepção do Antonov A-40 Krylya Tanka, um tanque com asas para ser lançado
diretamente no campo de batalha (Imagem: Reprodução)
Diversos aviões tiveram o apelido de tanque de guerra voador na história, mas um em particular era, de fato, isso. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a União Soviética testou uma espécie de tanque aéreo para ser usado no campo de combate.

Tecnicamente, era um tanque convencional, mas com asas. Apesar de promissor, o projeto não saiu como o esperado.

A origem


Após estudos de um conceito novo de aeronave pedido em 1941, o avião foi batizado A-40 Krylya Tanka (KT, ou tanque de asas). O objetivo era ter uma arma de guerra que chegasse mais rápido nos locais de batalha e que estivesse pronta para o combate.

Tanques pequenos já voavam como carga do lado de fora de alguns aviões em caráter experimental, mas nada parecido com o projeto do A-40. Lançar veículos de aviões, seja diretamente no solo ou por paraquedas, requeria um certo tempo para estivessem prontos para a ação, já que as tropas teriam de chegar ao local separadamente.

Colocar asas em um tanque, por sua vez, permitia que os veículos ficassem aptos para o combate imediatamente após o pouso, já que levariam as tropas a bordo do tanque.

Funcionamento


O escolhido foi o tanque T-60. Ele foi adaptado para se transformar em um biplano, com extensas asas. Apenas assim para conseguir sustentar o peso do tanque, que era elevado.

O A-40 seria rebocado por outro avião, mais especificamente, bombardeiros pesados soviéticos. Sobre o campo de batalha, ele seria solto e planaria até o local do pouso.

Nesse momento, não haveria nenhuma propulsão, já que o tanque contaria apenas com as asas e estruturas para permitir suas manobras, sem nenhum motor como o de um avião convencional.

Ao tocar no solo, o piloto do tanque (que também comandava o voo) acionava uma alavanca para soltar a estrutura das asas e da cauda do planador, que permitiam ao veículo voar.

Não deu certo...


Embora parecesse que teria sucesso, o projeto (assim como tantas outras ideias de aviões durante as guerras) não deu certo. Diversas tentativas de decolagem falharam.

Teria sido estudado se o tanque ficaria com as esteiras em ponto morto para acompanhar a velocidade de decolagem do avião rebocador ou se ele teria alguma adaptação especial para fazê-lo chegar à velocidade de decolagem, de 160 km/h.

Foram realizadas diversas tentativas de decolagem, sendo que muitas não deram certo. Em um voo, o bombardeiro que rebocava o A-40 precisou largá-lo antecipadamente pois o tanque gerava um arrasto muito grande, o que colocou ele em risco de queda.

O projeto acabou abandonado devido à dificuldade de levar o tanque alado em segurança e na velocidade necessária. Além disso, para ficar mais leve, o tanque perdeu parte de seus armamentos e decolava apenas com uma fração pequena de combustível, colocando em dúvida sua capacidade de ação no campo de batalha.

Ficha técnica
  • Modelo: A-40 Krylya Tanka
  • Fabricante: Antonov
  • Tripulação: Dois
  • Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 18 metros
  • Comprimento: 12 metros
  • Peso da parte aérea (asas, cauda, entre outros): 2 toneladas
  • Peso do tanque: 5,8 toneladas
  • Peso total: 7,8 toneladas
Diagrama de como seria o Antonov A-40 Krylya Tanka (Imagem: Reprodução)
Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Vídeo: Beriev Be-12 - A Esquecida Gaivota de Moscou

Quando se fala de uma aeronave militar soviética na Guerra Fria, este talvez esteja entre os últimos aviões a serem mencionados ou lembrados... se for lembrado! Ele não tem a aura de Apocalipse Nuclear de um Tu-95 Bear; nem o glamour de caças como os MiG-25, MiG-21 ou outros. Não evoca o medo de jatos de ataque como um Su-24. Mas, nos tensos anos da Guerra Fria, a sua missão não foi de menos relevância que a de nenhum dos tipos citados! Afinal, a ele cabia combater aqueles que estavam entre os mais terríveis inimigos – os submarinos do Ocidente armados com mísseis nucleares. E, passados aqueles tempos, enquanto muitos dos mais famosos jatos soviéticos já foram relevados a museus e ferros-velhos aeronáuticos, este bimotor turboélice de formas brutas e antiquadas – continua ainda a operar! Conheça o Beriev Be-12 e sua história! Com Claudio Lucchesi e Kowalsky, no Canal Revista Asas, o melhor do Jornalismo de Aviação, e da História e Cultura Aeronáutica no YouTube! Porque pensar – faz bem!

Via Canal Revista Asas Cultura e História da Aviação

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Hoje na História: 23 de outubro de 1911 - Pela primeira vez, o avião é usado em uma guerra

Capitão Carlo Piazza na cabine de seu Blériot XI (Foto: Aeronautica Militaire)
No dia 23 de outubro de 1911, o exército italiano executou o que é considerada a primeira operação militar da história com uma aeronave. Nesse dia, o capitão italiano Carlo Piazza voou com um Blériot XI sobre o interior de Trípoli, hoje na Líbia e na época um território otomano, em missão de reconhecimento para marcar as posições inimigas.

Nove dia depois da missão de Piazza, em 1 de novembro, a Itália realizou o primeiro bombardeiro aéreo. O militar responsável pela proeza foi o tenente Giolio Gavotti, que lançou pequenas bombas manualmente sobre tropas otomanas em Trípoli, a partir de um Etrich Taube, avião fabricado na Alemanha – e também o primeiro avião militar alemão.

As bombas lançadas pelos bombardeiros italianos pesavam cerca de 1,5 kg. No Taube, era possível carregar quatro desses artefatos, com explosivos compostos de dinamite. O ataque era como o de uma granada de mão: o piloto puxava um pino (geralmente com a boca) e lançava a bomba em baixa altitude com uma mão para fora do avião, enquanto a outra permanecia no manche.


O Taube, que em alemão significa “Pomba”, era um pouco maior que o Blériot XI e também mais potente, com motor de 85 hp. Já o tecido que revestia a fuselagem era tão fino que o avião praticamente ficava invisível no céu quando voava a mais de 400 metros de altitude, fator que também o tornava uma plataforma ideal para operações de reconhecimento.

Após as primeiras experiências, o exército italiano continuou com os voos de reconhecimento e bombardeiro contra o Império Otomano, cujos combates ficaram concentrados na região costeira da Líbia. Invariavelmente, os italianos também tiveram a primazia de ter o primeiro avião abatido da história. Em 1912, soldados otomanos derrubaram um Taube a tiros de fuzil. Foi o único abate no conflito.

Os danos causados pelos aviões italianos contra as forças otomanas são desconhecidos, mas levam a crer que foram positivos. Em 18 de outubro de 1912, o conflito foi encerrado e a Itália incorporou o território da Líbia ao seu reino. Cerca de 12.000 militares e civis das duas nações morreram durante o conflito – a Líbia se tornou independente da Itália somente em 1952.

Com informações de airway.com.br, thisdayinaviation.com e wearethemighty.com