Seis dos oito acusados no Reino Unido de um plano para cometer atentados contra aviões em vôos em 2006 gravaram vídeos nos quais se apresentavam como mártires em nome do Islã, disse hoje a Promotoria britânica no segundo dia do julgamento.
A Polícia descobriu vídeos no porta-malas de um carro durante as revistas feitas em Walthamstow (leste de Londres) em agosto há dois anos, explicou o promotor Peter Wright.
Em uma das gravações, que foi exibida aos membros do júri, um dos acusados, Umar Islam, aparece com um lenço na cabeça ao estilo árabe e sentado diante de uma bandeira preta com inscrições nessa língua.
Ele descreve seus planos como uma "vingança" pelos atos dos Estados Unidos e "seus cúmplices, como os britânicos e os judeus".
"Fazemos isto para servir nosso Senhor, satisfaz a Alá que morramos e matemos em seu nome", afirma, e convida todos aqueles que neguem isso a ler o Corão.
"Não abandonaremos este caminho até que deixem nossa terra, até que sintam o que nós estamos sentindo", disse.
O acusado adverte os "não crentes" de que se não se retirarem das terras ocupadas, haverá mais gente disposta a morrer como eles, até que "a lei de Alá se imponha sobre a Terra".
As forças ocupantes morrerão nas chamas do inferno, enquanto "os muçulmanos que perecerem devido a vossos atos irão o paraíso", defende.
Perguntado por uma voz em "off" sobre o que diria se fosse acusado pela morte de civis, o protagonista do vídeo responde: "Digo a vocês, infiéis, que se bombardearem, serão bombardeados. Se assassinarem, serão assassinados".
No que parece ser uma mensagem aos britânicos, Islam critica os que estão "sentados, financiando o Exército, sem ter mudado o líder, sem ter lhes pressionado o suficiente".
"A maioria deles está muito ocupado assistindo (as séries de televisão) 'Home and Away' e 'EastEnders', reclamando e bebendo para se preocupar com nada", prossegue.
Ao mostrar a fita, o promotor ressaltou que Islam tinha em mente uma "guerra santa", uma luta "violenta e sangrenta" contra os não muçulmanos.
A Polícia também encontrou uma fita na garagem de um dos acusados, Assad Sarwar, que incluía gravações de cinco dos acusados.
Em uma delas, Abdullah Ahmed Ali lembra aos invasores que Osama bin Laden advertiu "muitas vezes" para que abandonem os territórios ou correm risco de "destruição".
Segundo Wright, nas gravações "cada um dos homens pretendia morrer em um ato violento perpetrado por eles mesmos como um suposto ato de martírio em nome do Islã".
Na garagem de Sarwar foi encontrado também um contêiner com 18 litros de peróxido de hidrogênio, arames, seringas, um termômetro e luvas de látex.
Os oito detidos são acusados de conspirar em 2006 para derrubar aviões em vôo entre o Reino Unido e Estados Unidos e Canadá com explosivos líquidos que seriam introduzidos a bordo na bagagem de mão.
Os supostos terroristas, que negam as acusações, são, em sua maioria, de origem paquistanesa e foram detidos em agosto de 2006 em operações realizadas em Londres e Birmingham.
A conspiração provocou um grande aumento da segurança nos aeroportos europeus, onde foi restringida notavelmente a quantidade de líquido que pode ser transportada na bagagem de mão antes de passar pelos controles de segurança.
Os acusados por conspirar para o assassinato entre janeiro e agosto de 2006 são Abdullah Ahmed Ali (apelidado de Ahmed Ali Khan), de 27 anos; Assad Sarwar, de 27; Tanvir Hussain, também de 27; e Mohammed Gulzar, de 26 anos.
São acusados ainda Ibrahim Savant, de 27 anos; Arafat Waheed Khan, de 26; Waheed Zaman, de 23 anos; e Umar Islam (apelidado de Brian Young), de 29 anos.
Fonte: EFE