Treinamento envolveu duas aeronaves e 45 vítimas em São Paulo.
Bombeiros, voluntários, médicos e helicópteros foram usados no resgate.
Voluntários participam de simulação, que teve quatro 'mortos'
As vítimas, os gritos, o sangue e o fogo foram colocados de maneira proposital, mas serviram para deixar alertas os voluntários para possíveis situações semelhantes na realidade. Por isso, o simulado de acidente aéreo realizado na tarde desta sexta-feira (26) pela Infraero no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, foi considerado um sucesso, mesmo tendo um balanço final de quatro 'mortos', entre as 45 vítimas.
"É um balanço bastante positivo, porque sabemos que a tendência dos acidentes desse tipo é ter muitos óbitos", explicou Samuel Conceição da Silva, coordenador de prevenção, emergências e combate a incêndios da Infraero em Cumbica.
O simulado treinou 150 voluntários do Corpo de Voluntários de Emergências, recém-formados no curso ministrado no aeroporto. O acidente reproduziu a colisão de um Focker 27 com 40 passageiros em um A340 com dois tripulantes, cedido pela TAM, estacionado na pista. Três mecânicos que trabalhavam na aeronave também foram atingidos. Apenas os dois tripulantes saíram ilesos na simulação, e a maior parte das vítimas teve ferimentos graves.
Para testar a ação do corpo de voluntários, tudo é muito real. O fogo e a fumaça ao lado do avião menor eram de verdade, e as vítimas – soldados da Base Aérea de São Paulo, foram maquiadas para mostrar os ferimentos. Elas também agiam de acordo, com gritos de dor e de socorro.
Após o alerta, o Corpo de Bombeiros do aeroporto chegou ao local, apagou o fogo e liberou a ação para CVE, que passou a socorrer as vítimas. Desse momento ate o último ferido ser levado, foram 1h06. "Foi considerado um sucesso, com um tempo de resposta dos recursos adequados. Foi tudo dentro do planejado", explicou Silva. Funcionários de diversos setores da Infraero e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) acompanharam o processo, que será discutido posteriormente para a adoção de possíveis melhorias.
Ao atender as vítimas, os voluntários – divididos em maqueiros, socorristas e líderes – precisavam identificar a gravidade dos ferimentos para encaminhá-los ao atendimento dos médicos. As vítimas foram divididas em quatro lonas – verde, para ferimentos leves, amarela, para ferimentos médios, vermelha para os feridos muito graves e preta para os óbitos.
Apesar de tudo ser uma grande simulação, um incidente inusitado fez com que precisasse haver socorro real. Um dos soldados que atuava como vítima, deitado no mato, acabou sendo picado por um inseto e teve uma reação alérgica. "Ele teve que ter atendimento real, foi levado para o nosso posto e está bem", contou Silva.
O resgate também foi auxiliado pelas ambulâncias do aeroporto, do 190 e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e pelos helicópteros do Exército, da Polícia Militar e da Polícia Civil, que fizeram o "transporte virtual" das vítimas para hospitais da região.
Para os voluntários que participaram do resgate – todos funcionários do aeroporto – a simulação deu uma boa noção de como proceder em uma situação do tipo. "Só quando está exercitando que dá para ter noção do tamanho. Você se entrega, não sente nada, enfrenta mato, se coloca no lugar das vítimas", explica Ana Lúcia de Carvalho Calhau, que trabalha da área de planejamento de segurança da Infraero.
Para Cristiane Nobre, funcionária da companhia aérea Lan Chile, a atuação dos soldados que fizeram o papel de vítimas também ajudou. "Eles foram bem preparados, tiveram reações verdadeiras. É uma experiência única, só assim é possível ter uma noção desse tipo de acidente".
Fonte: G1 - Foto: Juliana Cardilli