quinta-feira, 20 de julho de 2023

Não foi só o 14-Bis: Santos Dumont também inventou 1º avião feito em série

Santos Dumont voa seu Demoiselle na França na primeira década do século 20 (Imagem: Acervo/FAB)
Os 150 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont são celebrados no próximo dia 20 de julho. O brasileiro, além de ter criado o 14-Bis, também inventou uma série de outras aeronaves, como o Demoiselle, primeiro avião esportivo do mundo e o primeiro a ser fabricado em série.

O Demoiselle


Após o voo inaugural do 14-Bis em 1906, Santos Dumont continuou a desenvolver outros projetos. O mais bem-sucedido foi o Demoiselle, que teve seu voo inaugural já em 1907.

Esse avião teve quatro versões diferentes identificadas. Como as invenções de Dumont eram numeradas, os Demoiselles são as aeronaves de número 19 a 22, as últimas criadas pelo brasileiro.

Seu nome pode ser traduzido de duas formas, "libélula" ou "senhorita". Acreditava-se que o formato das asas e o material de seda que as cobriam traziam graça para o invento, por isso seu nome.


Tinha estrutura de bambu e metal, com telas feitas de tecido. Demorava cerca de 15 dias para ser construído individualmente.

Primeiro produzido em série


Réplica do Demoiselle em exposição no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro
(Imagem: Suboficial Johnson Barros/FAB)
Construção em série foi facilitada pelo fato de Santos Dumont não ter patenteado o projeto. Antes disso, os aviões costumavam ser apenas protótipos ou exemplares únicos.

Desenhos do modelo foram divulgados em várias publicações. A revista Popular Mechanics, de junho de 1910, trazia em destaque na sua capa destacada a frase "Como construir um monoplano de Santos Dumont".

Apenas um fabricante, Clément-Bayard, teria produzido 50 unidades. A ideia era a fabricação de 100 exemplares, mas foi abandonada após a venda de apenas 15 unidades ao preço de 7.500 francos franceses cada à época.

Outras fontes afirmam que foram construídos 300 exemplares, sem contar aquelas produzidas por construtores individuais. Entretanto, não há registros oficiais de quantas unidades teriam sido feitas, já que a patente era livre e os projetos do avião circulavam abertamente e qualquer um poderia utilizá-las.

Quanto custava?


Os Demoiselles produzidos tinham diversos preços. Eles oscilavam dependendo dos materiais usados, do fabricante, motor, entre outros fatores.

O próprio Santos Dumont disse que sua construção não chegava a 5.000 francos. Em uma entrevista declarou que não tinha intenção de patentear sua invenção e que ele forneceria os desenhos da aeronave a quem os solicitasse.

Com o valor de 5.000 francos dava para comprar entre 10 e 50 cavalos do tipo exportação à época, ou cinco cavalos de alto padrão. A média salarial de um trabalhador homem francês girava em torno de 40 francos por dia naquele período.

Demoiselle, de Santos Dumont: Brasileiro estacionava o avião em frente à sua residência em Paris
 (Imagem: Acervo/FAB)
Clément-Bayard, que também fabricava automóveis, vendia seus Demoiselles na Europa por US$ 1.250. Ele também abriu uma escola de aviação que levava o nome do avião.

Nos Estados Unidos, um fabricante vendia Demoiselles sem motor por US$ 250. Em outro local do país, uma empresa comercializava a versão motorizada por US$ 1.000.

Como comparação, o carro Ford T, considerado um dos mais baratos à época, custava US$ 825 em 1908. Nos anos seguintes, com a produção em massa, esse valor cairia para US$ 290, ainda mais caro que um Demoiselle sem o motor.

Apesar do sucesso, Dumont nunca chegou a produzir em série seus inventos. Ele dizia que queria popularizar a aviação e que, a melhor forma para isso, era deixar seus projetos no domínio público.

Desenho do Demoiselle disponibilizado na revista Popular Mechanics em 1910
 (Imagem: Reprodução/Popular Mechanics)

Desaparecimento, acidente e fim dos voos


Santos Dumont, a bordo do Demoiselle, chegou a "desaparecer" durante um voo. Em uma tarde de 1909, ele decolou dos arredores de Paris e sumiu entre as nuvens de chuva.

Após horas sem notícias do brasileiro, seu mecânico avisou a polícia do sumiço. Este seria o primeiro caso de um desaparecimento de avião em voo da história.

Logo mais, descobriram que ele estava bem. Dumont havia pousado em um castelo após voar por 18 km e dormira na propriedade a convite de seus residentes.

Em 1910, Santos Dumont sofreu um acidente sério em um Demoiselle. Apesar das poucas testemunhas, informações constam que a aeronave caiu de uma altura de 33 metros.

Essa teria sido a última vez que ele pilotou um avião. Tempos depois, descobrira que, aos 36 anos, sofria de esclerose múltipla, momento em que dispensou toda sua equipe de mecânicos.

Morreu em julho de 1932, aos 59 anos, ao cometer suicídio. Seu coração foi removido secretamente e encontra-se em exposição no Musal (Museu Aeroespacial), no Rio de Janeiro até os dias de hoje.

Ficha técnica


Santos Dumont em um Demoiselle (Imagem: Acervo/FAB)
  • Demoiselle (Nº 20)
  • Comprimento: 6,2 metros
  • Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 5,5 metros
  • Altura: 1,3 metro
  • Peso vazio: 110 kg
  • Velocidade máxima: Cerca de 96 km/h
  • Capacidade: Um (apenas o piloto)
  • Autonomia: 15 quilômetros
O especialista em aviação Ricardo Padovese disponibiliza uma experiência em 3D onde é possível ver como era estar dentro do avião. Ela pode ser conferida aqui.


Fontes:

Musal (Museu Aeroespacial), da FAB (Força Aérea Brasileira)

Livros

"As lutas, a Glória e o Martírio de Santos Dumont", de Fernando Jorge; "Asas da Loucura: A Extraordinária Vida de Santos Dumont", de Paul Hoffman; "Clément-Bayard, Sem Medo e Sem Censura", de Gérard Hartmann; "Nas Alturas: Uma Biografia de Santos Dumont", de Rodolfo Nunhez; "Os Meus Balões", de Santos Dumont, com tradução e adendos de Arthur de Miranda Bastos; "Santos-Dumont, Aviador Esportista: O Primeiro Herói Olímpico do Brasil", de Lamartine Dacosta e Ana Miragaya.

Revistas

L'Aérophile, Popular Mechanics e Flight, todas da época.

Os sequestros de aviões mais infames do mundo

Listamos alguns dos mais infames sequestros de aviões da história da aviação (Foto: Government Press Office)
Embora as pessoas geralmente associem o sequestro de aviões aos trágicos eventos de 11 de setembro, o ataque ao World Trade Center e ao Pentágono foi um incidente isolado, mas ocorreu depois de uma longa lista de sequestros. Listamos alguns dos mais infames sequestros de aviões da história da aviação.

O 11 de setembro é considerado coletivamente o pior sequestro da história da aviação, não apenas por causa do número de vítimas que criou, mas também porque foi um divisor de águas para os EUA e o mundo inteiro.

Os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono custaram a vida de quase 3.000 pessoas - 265 morreram a bordo de todos os quatro aviões sequestrados, enquanto mais de 2.700 morreram nas Torres Gêmeas e no Pentágono.

Apesar de sua magnitude, o 11 de setembro é um dos últimos em uma longa lista de sequestros, que remonta aos primeiros dias da aviação. Aqui estão mais três dos sequestros de aviões mais chocantes do mundo.

1976 - voo 139 da Air France


Partindo de Tel Aviv a caminho de Paris, o voo 139 da Air France foi sequestrado em 27 de junho de 1976 por quatro pessoas. Dois deles eram membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina, uma organização militante palestina famosa por realizar sequestros durante as décadas de 1960 e 1970, enquanto os outros pertenciam à Facção do Exército Vermelho, uma organização terrorista de esquerda alemã.

A programação do voo incluía uma escala em Atenas e foi quando os quatro terroristas armados assumiram o avião, exigindo que o capitão Michel Bacos voasse para a Líbia para reabastecimento antes de pousar em Uganda, onde foram recebidos pelo ditador Idi Amin de Uganda, que sabia sobre sequestro desde o início.


Assim que chegaram a Entebbe, os perpetradores separaram passageiros judeus e israelenses dos demais, mantendo os primeiros como reféns e libertando os últimos. Suas demandas foram de US$ 5 milhões e a libertação de vários militantes palestinos e pró-Palestina das prisões israelenses e de outros países. Se não fossem atendidos, disseram os sequestradores, eles começariam a matar os reféns.

Em 4 de julho, as forças israelenses enviaram uma força-tarefa de comando para libertar os passageiros em uma missão contra-terrorista chamada “Operação Entebbe”. Durante a operação, as forças israelenses conseguiram libertar todos os passageiros, exceto três que morreram no fogo cruzado.

1985 - voo TWA 847


O voo 847 da Trans World Airlines voava do Cairo para San Diego, passando por várias cidades, quando foi sequestrada depois de parar em Atenas a caminho de Roma.

Os sequestradores, Mohammed Ali Hamadei ao lado de outra pessoa, mantiveram os 153 passageiros e a tripulação do avião como reféns por 17 dias, forçando o capitão do avião a ir e vir várias vezes entre a Argélia e o Líbano antes de pousar em Beirute.


Durante o sequestro, os criminosos espancaram vários reféns e ameaçaram matá-los se suas exigências, a libertação de centenas de libaneses das prisões israelenses, não fossem atendidas.

Um passageiro - o mergulhador da Marinha dos Estados Unidos, Robert Dean Stethem - foi morto e seu corpo foi deixado na pista do aeroporto de Beirute. Conforme relatado pela BBC, as negociações foram realizadas e resultaram na libertação de todos os outros reféns.

O caso ressurgiu em 2019, quando um libanês foi preso em conexão com o incidente, mas foi posteriormente libertado por causa de um caso de identidade trocada.

1985 - voo da EgyptAir 648


Até os eventos de 11 de setembro, o voo 648 da EgyptAir era considerado o sequestro mais infame da história da aviação devido ao número de vítimas - 60 mortos - e ao número de partes envolvidas.

O sequestro - que tomou um avião direcionado ao Cairo de Atenas - começou dez minutos após a decolagem, quando três membros do grupo militante palestino Abu Nidal Organization assumiram o controle do avião e começaram a dividir passageiros israelenses e americanos do resto do país. reféns.


No avião, também havia um segurança egípcio que matou um dos terroristas antes de ser alvejado de volta. O incidente fez com que a cabine perdesse a pressão, obrigando o comandante a realizar um pouso de emergência em Malta, ao invés de voar para a Líbia, conforme exigido pelos criminosos.

Assim que chegaram, começaram as negociações entre o governo maltês e os sequestradores - que disseram que matariam uma pessoa a cada 15 minutos se o governo não permitisse o processo de reabastecimento.

Ali Rezaq, que se tornou o sequestrador responsável, matou cinco pessoas - dois israelenses e três americanos - como resultado de suas condições não serem cumpridas.

O incidente provocou forte reação de governos ocidentais que, após uma série de negociações diplomáticas com Malta, conseguiram enviar um comando de soldados egípcios treinados pelos EUA para resgatar os reféns.

A força-tarefa egípcia, porém, atacou diretamente o avião detonando uma quantidade excessiva de explosivos.

“Eles não precisaram usar essa quantidade de explosivos”, disse Abela Medici, chefe da equipe forense da polícia na época, em uma entrevista ao The Malta Independent no domingo . “No processo, como era um dia de vento, a explosão alimentou um incêndio que tomou conta da fuselagem e se moveu ao longo do topo e também acendeu os compartimentos superiores da cabine.”

Os soldados também começaram a atirar dentro do avião, matando passageiros e também o copiloto, mas perdendo Ali Rezaq - que se disfarçou de refém e foi levado ao hospital.

O conspirador foi inicialmente condenado a 25 anos de prisão, mas cumpriu apenas sete anos antes de ser extraditado para os Estados Unidos, onde ainda cumpre pena de prisão perpétua.

Edição de texto e imagens por Jorge Tadeu

Aconteceu em 20 de julho de 1981: 50 mortos na queda do voo 40 da Somali Airlines


Em 20 de julho de 1981, o voo 40 da
Somali Airlines, operado pelo um Fokker F27 Friendship 600RF, prefixo 6O-SAY (foto acima), decolou do Aeroporto Internacional de Mogadíscio com destino ao Aeroporto Internacional Hargeisa, ambas localidades da Somália.

Posteriormente, ele retornou ao aeroporto de Mogadíscio para alguns reparos, antes de partir pela segunda vez. Poucos minutos após o voo 40 decolar novamente, com 44 passageiros e seis tripulantes, a aeronave entrou em uma área de forte chuva e forte turbulência.


O avião perdeu o controle e mergulhou. Devido ao excesso de carga G, a asa direita se desprendeu e o avião caiu em um campo localizado próximo a Balad, cerca de 38 km a nordeste do Aeroporto de Mogadíscio, oito minutos após a decolagem. Todos os 50 ocupantes morreram no acidente.


Foi determinado que a aeronave entrou em um mergulho em espiral após encontrar fortes rajadas verticais. As cargas durante o mergulho aumentaram para aproximadamente 5,76 g, excedendo os limites de tensão do projeto da aeronave e fazendo com que sua asa direita se separasse. Acredita-se que a tripulação de voo cometeu um erro ao decolar durante condições conhecidas de tempestade.

Este foi o maior número de fatalidades em um único acidente de aeronave no espaço aéreo da Somália.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipedia e ASN

Aconteceu em 20 de julho de 1977: A queda do voo B-2 da Aeroflot durante tentativa de aterrissagem

Um Ilyushin Il-14 (Avia 14) semelhante à aeronave acidentada
Em 20 de julho de 1977, o avião 
Avia 14, prefixo CCCP-52096, da Aeroflot (Diretório do Leste da Sibéria), realizava o voo B-2, um voo regular de passageiros do Aeroporto de Vitim, na República de Sakha, para o Aeroporto Internacional de Irkutsk, perto de Irkutsk, ambos na Antiga União Soviética. 

A construção desse Avia 14, número de série 806109, foi concluída na fábrica de aeronaves Avia em 28 de junho de 1958, como 14-32, a variante de 32 lugares do Avia 14. Dois dias depois, o avião foi comprado pela Czech Airlines e registrado OK -MCP. Em 28 de outubro de 1975, o avião foi adquirido pela União Soviética e registrado novamente como CCCP-52096 para a Aeroflot e convertido para um Avia 14M. No momento do acidente, a aeronave tinha um total de 20.464 horas de voo e 20.467 ciclos de pouso e decolagem.

No momento da decolagem o vento era de 120 graus a 3 metros por segundo, chovia e a pista estava com água parada. O piloto em comando optou por decolar da pista 34 com vento de cauda de quadrante e usar o lado esquerdo (oeste) da pista, pois ali era mais seco. 

Alinhados 35 metros à esquerda do centro, a tripulação iniciou a decolagem levando a bordo 34 passageiros e seis tripulantes. 

A 225 metros do início da corrida de decolagem, os pneus esquerdos do trem de pouso principal passaram por cima de um cone de marcação da borda da pista. 120 metros adiante na pista, a tripulação rodou a aeronave e 105 metros ainda passou por cima de outro cone.

Cem metros adiante, e quase completamente fora da pista, os pneus do trem de pouso principal direito passaram por um terceiro cone. A aeronave ainda estava acelerando com o nariz para cima quando um quarto cone foi achatado. 

A 945 metros do início da decolagem, o avião decolou e voou 185 metros antes de atingir a cerca do perímetro do aeroporto com a cauda. Voando mais 200 metros a uma altitude de 14 metros, a aeronave chocou-se com árvores na orla de uma floresta, perdendo parte da ponta da asa esquerda e do aileron mais externo. 

Após o impacto com as árvores, a aeronave conseguiu subir até 25–30 metros de altitude, mas depois de voar 300 metros adiante com um ângulo de inclinação elevado, a aeronave estolou, rolando para a direita, tombou e desceu rapidamente. Em seguida, rolou 50–55 graus para a direita e em um ângulo de inclinação negativo de 45–50 graus, a aeronave caiu na floresta a 500 metros do final da pista, 225 metros à esquerda do centro. 

Trinta e três passageiros e todos os seis tripulantes morreram devido ao impacto e ao incêndio pós-colisão, enquanto um passageiro de 21 anos sobreviveu com ferimentos.


A Comissão de Investigação de Acidentes Aéreos colocou a maior parte da culpa no capitão por decidir decolar de uma pista com uma grande quantidade de água parada e tentar usar apenas parte da pista. A falta de cautela dos controladores de tráfego aéreo em permitir o uso de pista molhada com vento de cauda e informações meteorológicas incompletas também foram fatores determinantes para o acidente. 

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipedia e ASN

Aconteceu em 20 de julho de 1973: O sequestro do voo 404 da Japan Airlines


Em 20 de julho de 1973, o voo 404 da Japan Airlines (JAL) partiu do Aeroporto Internacional Amsterdam-Schiphol, na Holanda, com destino ao Aeroporto Internacional de Tóquio (Haneda), no Japão, com escala no Aeroporto Internacional de Anchorage, no Alasca. A aeronave era um Boeing 747-246B, prefixo JA8109com 123 passageiros e 22 tripulantes a bordo.

O Boeing 747 da JAL envolvido no sequestro
O Controlador de Tráfego Aéreo Jan de Haas olhou severamente para a tela do radar na torre do Aeroporto Schiphol de Amsterdã: algo estava terrivelmente errado com o voo 404 da Japan Air Lines, que acabara de decolar para Anchorage, no Alasca, a caminho de Tóquio. Alertado por um sinal secreto codificado do piloto do 747, De Haas tinha certeza de que um sequestro estava em andamento.

Então veio a confirmação: "Controle de Amsterdã, estamos no comando total do voo 404. Eu sou El Kassar. A partir de agora, o seguinte indicativo deve ser usado: 'Mount Carmel'. Somos as forças de ocupação do Movimento de Libertação da Palestina. Estamos lutando por nossos filhos e irmãos nas prisões do estado fascista de Israel. Isso está claro para você, Controle de Amsterdã?"

De Haas respondeu com muita calma: "Roger, Mount Carmel, Roger."

Com essas palavras, o primeiro sequestro palestino de 1973 estava em andamento. Os 123 passageiros do jumbo - todos, menos nove japoneses - e 22 tripulantes eram prisioneiros de uma equipe terrorista que evidentemente incluía palestinos e membros do fanático grupo esquerdista japonês chamado Rengo Sekigun (Exército Vermelho), que em 1972 efetuou um massacre no Aeroporto Lod de Tel Aviv, que custou 26 vidas. 

Surpreendentemente, as autoridades do aeroporto de Amsterdã foram avisadas com antecedência pelo serviço secreto israelense de que uma tentativa de sequestro de avião poderia ser iminente, mas não tomaram precauções especiais. "Às vezes fazemos verificações pontuais", disse um policial do aeroporto, "mas não nesses voos para o norte."

A bordo do grande jato, o terror atingiu rapidamente. Enquanto os guerrilheiros se preparavam para assumir o controle do avião, uma granada explodiu na mão de uma mulher da quadrilha. Ela morreu na explosão.

O comissário-chefe da JAL, Nobuhisa Miyashita, 37, ocupado servindo champanhe aos passageiros, ficou ferido. Enquanto o jato voava para o sul e leste sobre a Holanda, Alemanha Ocidental, Suíça e Itália, a voz aguda e com sotaque árabe de El Kassar (um pseudônimo) voltava ao ar repetidas vezes, às vezes descrevendo os terroristas como pertencentes ao Exército Vermelho Japonês, às vezes como comandos palestinos. Em Beirute, porta-vozes da organização guerrilheira palestina Al-Fatah negou que seus membros estivessem envolvidos.

À medida que o avião se aproximava do Oriente Médio, novos problemas começaram a aparecer. Depois que os aeroportos de Beirute e Damasco recusaram a permissão de pouso (provavelmente com medo de represálias israelenses posteriores), o 747 voou para a cidade iraquiana de Basra, perto da cabeça do Golfo Pérsico. 

Os terroristas podem muito bem ter recebido uma recepção calorosa nas mãos dos iraquianos que odeiam israelenses, mas o aeroporto de Basra era pequeno demais para permitir a aterrissagem do jumbo. Por fim, o avião pousou em Dubai, um dos sete minúsculos estados que formam os Emirados Árabes Unidos, na foz do Golfo Pérsico. O aeroporto de Dubai, uma bela mistura recém-construída de vidro e concreto, era o mais novo e maior da área.

Quase imediatamente, a polícia e os soldados isolaram o avião na área de carga do aeroporto. Os terroristas permitiram que o comissário ferido saísse do avião para tratamento médico; o corpo de seu companheiro morto também foi descarregado.

Então, os terroristas fizeram sua primeira exigência: "250 sanduíches e gelo".

As negociações foram iniciadas pelo ministro da Defesa dos Emirados, Sheik Mohammed Bin Rashid, que teve permissão para embarcar no avião, mas nenhum progresso foi relatado.

Enquanto isso, os terroristas avisaram que explodiriam o avião se qualquer tentativa de resgate fosse feita. Eles recusaram um pedido para que mulheres e crianças pudessem desembarcar.

O Sheik Mohammed Bin Rashid relatou sua conversa com o líder do sequestro: "Minha primeira conversa com um terrorista foi em julho de 1973. Seu nome era Osamu Marouka. Ele era um conhecido líder de uma organização armada chamada 'Exército Vermelho Japonês', que pretendia se livrar do imperador japonês e iniciar uma revolução.

O avião estava em más condições quando uma granada de mão explodiu, matando instantaneamente uma sequestradora. Após o desembarque, veio a voz de Osamu Marouka, exigindo falar com um líder do país.

Sheik Mohammed Bin Rashid negociando com os terroristas
Peguei o rádio e disse a ele: "Fala, estou com você".

Ele perguntou: “Quem é você?”

Eu disse: “Mohammad Bin Rashid”.

Ele respondeu: “Você é árabe, deveria apoiar a causa palestina, é a sua causa”.

Eles queriam sair do avião e se refugiar nos Emirados Árabes Unidos. Pela voz dele, consegui decifrar sua ansiedade e estresse no link de rádio.

Eu disse a ele: “Antes de começarmos, deixe-me perguntar sobre os passageiros, comida e água. Você precisa de comida?”

Ele respondeu: “Não mude de assunto. Temos explosivos, armas e vamos matar todos os passageiros ”.

Eu o acalmei. Três dias de negociações se passaram - até que chegamos a uma solução: "reabasteça o avião e vá embora". Ele chegou à Líbia, libertou os passageiros e a tripulação e explodiu o avião.

Esse incidente me ensinou uma lição importante na vida: um inimigo sábio é melhor do que um amigo tolo e ignorante.", completou o relato.
Voltando um pouco, ainda no Aeroporto de Dubai: funcionários do aeroporto temiam que o pequeno gerador auxiliar conectado ao avião não fosse potente o suficiente para operar seu sistema de ar condicionado adequadamente - e as temperaturas sob o sol quente de Dubai subiram para 102°C durante o primeiro dia de cativeiro. Disse um policial: "Eles realmente devem estar cozinhando lá agora." 


Outro problema era o saneamento: quando os palestinos em setembro de 1970 forçaram três jatos estrangeiros a pousar no deserto da Jordânia (e eventualmente os explodiram), uma das principais queixas dos reféns foram os vasos sanitários transbordando a bordo.

No final da semana, ainda não havia uma palavra clara dos terroristas sobre seus objetivos, exceto uma demanda pela libertação de Kozo Okamoto, o único sobrevivente da equipe de assassinos japoneses de três homens que executou o massacre de 1972 em Lod. Seus dois companheiros foram mortos; Okamoto foi capturado e condenado à prisão perpétua por um tribunal israelense 

Na época, um colunista do jornal israelense Ha'aretz fez um argumento profético perturbador para a execução de Okamoto: "Enquanto o assassino japonês estiver nas mãos de Israel, ele se torna um objetivo operacional, um convite para assassinato e extorsão contra Israel e seus cidadãos." À luz da prática de longa data de Israel de não ceder à chantagem, a libertação de Okamoto era improvável. 

Em um ponto durante o longo voo do 747, os controladores israelenses indiretamente alertaram o piloto de que a aeronave seria derrubada se invadisse o espaço aéreo israelense.


Em Tóquio, os japoneses mais uma vez foram pegos pelo clima de vergonha e raiva mescladas que surgiram após a catástrofe de Lod. Disse chocado o primeiro-ministro Kakuei Tanaka: "Isso é terrível. O governo fará tudo ao seu alcance para garantir a segurança dos passageiros." 

No Aeroporto Internacional de Tóquio, parentes preocupados esperavam por notícias. Mas, com o fim da semana, do 747 sufocando ao sol em Dubai, veio apenas a notícia de que os terroristas estavam "esperando instruções". De quem? Ninguém sabia.

Depois que o governo israelense se recusou a libertar Okamoto, os sequestradores voaram com a aeronave primeiro para Damasco, na Síria, e depois para Benghazi, na Líbia. 

Em 23 de julho, 89 horas após o início do sequestro, os passageiros e a tripulação foram libertados; os sequestradores explodiram a aeronave, tornando o incidente a segunda perda do casco de um Boeing 747.


Maruoka escapou e, em 1977, liderou o sequestro do voo 472 da Japan Airlines. Ele permaneceu foragido até 1987, quando foi preso em Tóquio depois de entrar no Japão com um passaporte falso. Ele foi condenado à prisão perpétua e morreu na prisão em 29 de maio de 2011.

Passageiros libertados do vôo 404 sequestrado da Japan Airlines saem de um avião na
chegada ao Aeroporto Internacional de Atenas em 26 de julho de 1973

O primeiro grupo de passageiros do voo 404 da Japan Airlines sequestrado sai de um avião na chegada ao aeroporto de Haneda em 27 de julho de 1973 em Tóquio, Japão (Foto de The Asahi Shimbun via Getty Images)
Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipedia, Times e ASN

Aconteceu em 20 de julho de 1965: A queda do avião da Cambrian Airways sobre uma fábrica em Liverpool


Em 20 de julho de 1965, o Vickers 701 Viscount, prefixo G-AMOL,
 da Cambrian Airways (foto abaixo), partiu do Aeroporto de Ronaldsway, na Ilha de Man, às 16h49 para um voo com destino a Liverpool, ambas localidades do Reino Unido. A bordo estavam apenas o piloto e o copiloto.


O voo foi feito no nível de 70 e, às 17h08, a aeronave foi identificada pelo radar de Liverpool sobre Wallasey e posicionada para uma abordagem de radar de descida contínua PPI para a pista 26 de Liverpool. 

A meia milha do toque, a abordagem de radar foi concluída e a aeronave foi em seguida, observada (no radar) como visivelmente à direita da linha central. Nenhuma mensagem de rádio foi recebida da aeronave após o início do pouso. 

A 550 metros da soleira, a tripulação estimou estar a uma altura entre 30 e 60 metros e cerca de 40 metros à direita da linha central. Neste ponto, as testemunhas viram a aeronave virar à direita. 

Se dirigindo na direção oposta à pista, o Viscount rolou de costas e bateu no telhado de uma fábrica a cerca de 365 metros à direita da linha central estendida da pista e a cerca de 550 metros da soleira. 

Depois de penetrar no teto, a aeronave bateu em uma viga de aço pesada que fez tombar "a cauda sobre o nariz". Ela então pousou da maneira correta no chão da oficina, com a cauda apoiada nas treliças de aço do telhado. 


Imediatamente irrompeu um intenso incêndio que consumiu quase toda a estrutura da fuselagem. Ambos os membros da tripulação e dois funcionários da fábrica morreram.

Uma investigação foi realizada e ficou determinado que a aeronave saiu de controle durante o estágio final de uma aproximação para pousar, mas o motivo para isso não foi determinado.


Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com ASN e baaa-acro

Hoje na História: 20 de julho de 2006 - Varig encerra suas operações


A VARIG - Viação Aérea Rio-Grandense
, primeira companhia aérea do Brasil e principal transportadora de 1965 a 1990, encerrou suas operações em 20 de julho de 2006.

A história da VARIG remonta a 1927, quando a companhia aérea foi fundada pelo aviador alemão Otto Ernst Meyer-Labastille. Seu primeiro trajeto, conhecido como “Linha da Lagoa”, que ligava Porto Alegre, onde seria sua sede, Pelotas e Rio Grande.

O PP-VJD, segundo Caravelle da Varig, em 1961, já convertido em modelo III, como se pode ver pelo motor
Com o passar dos anos, a operadora se expandiu para se tornar a maior companhia aérea da América Latina. Lançou voos para os Estados Unidos em 28 de julho de 1955, ligando o Rio de Janeiro a Nova York. A companhia aérea, então, entrou na era do jato em setembro de 1959, com a chegada do Caravelle, de construção francesa.

Porém, foi a chegada do Boeing 747 que realmente marcou um novo amanhecer para a Varig, quando seu primeiro exemplar chegou em 12 de fevereiro de 1981. Por mais de 20 anos, a empresa foi a única companhia aérea internacional.

Boeing 747-200, PP-VNA, o primeiro utilizado pela Varig, no aeroporto de Orly
Mas quando o setor aéreo brasileiro foi desregulamentado na década de 1990, a transportadora começou a sofrer. Rotas não lucrativas foram cortadas e aeronaves mais antigas foram retiradas. Uma nova pintura foi lançada em 15 de outubro de 1996, e a companhia aérea.

Entrando no novo milênio, a Varig era uma sombra de si mesmo. Com dívidas de US$ 118 milhões, a companhia aérea pediu concordata em 2005. Tão apaixonados eram seus funcionários que muitos até trouxeram de casa itens como o café para fornecer aos passageiros.

Mas essa paixão não salvou a companhia aérea. Em 20 de julho de 2006, a transportadora encerrou suas operações com apenas dez aeronaves voando em sete rotas.

Boeing 737-8HX, PR-VBJ, da VRG Linhas Aéreas em Buenos Aires
Nessa data, após ter entrado com processo de recuperação judicial, teve sua parte estrutural e financeiramente boa vendida para a Varig Logística através da constituição da razão social VRG Linhas Aéreas, a qual, em 9 de abril de 2007, foi cedida para a Gol Linhas Aéreas Inteligentes. 

Devido ao fato de não poder operar voos com a própria marca, a Fundação Ruben Berta, administradora da companhia, criou a marca Flex Linhas Aéreas, que chegou a operar voos regulares comissionados pela Gol, mas teve sua falência decretada no mesmo dia do decreto da falência da Varig.

Hoje na História: 20 de julho - Os 150 anos de Santos Dumont - As invenções do Pai da Aviação

Balão a gás de pequeno porte


O aeronauta brasileiro Alberto Santos-Dumont, (1873 - 1932), residente na França, famoso
por construir dirigíveis e aeronaves, na cesta de seu balão (Foto de Ollivier/Getty Images)
Em 1897, aos 24 anos e herdeiro de uma imensa fortuna, Santos Dumont se estabeleceu em Paris. Um ano depois, no dia 4 de julho de 1898, as cores verde e amarelo ganharam os céus da cidade. Sua criação chamada de “Brazil”, o menor balão criado até então, desafiava os conceitos da época, quando os balões mediam de 500 a 2 mil metros cúbicos. O de Dumont tinha apenas 100 metros cúbicos, 150 a menos do que o menor concebido até aquele dia.Para a confecção, ele decidiu substituir a seda chinesa pela japonesa, o que provocou ainda mais a desconfiança da oficina responsável pela construção. Por sorte, o peso do brasileiro, de apenas 50kg, o ajudava nessas peripécias. Na capital francesa, ele foi apelidado mais tarde de ’Petit Santos’ (’pequeno Santos’, em português). Assim, o balão seria apenas a primeira revolução do pequeno Santos.

Dirigível


Santos Dumont contornando a Torre Eiffel com o dirigível n-5, em 13 de julho de 1901
(Foto: Smithsonian Institution via Wikimedia Commons)
A experiência foi importante para o passo seguinte. Como os balões não ofereciam boa dirigibilidade, Santos Dumont sabia que ele precisava incrementá-los para obter maior eficiência no voo. Com esse intuito, ele construiu os primeiros dirigíveis com motor a gasolina. No dia 13 de novembro de 1889, a bordo da terceira versão de seu dirigível, o N-3, o inventor levantou voo do Parque de Aerostação de Vaugirard e contornou a Torre Eiffel, para delírio dos milhares de parisienses que assistiam à performance. Com balão alongado, inflado a gás de iluminação, o dirigível mostrou-se um sucesso. “A partir desse dia, não guardei mais a menor dúvida a respeito do sucesso da minha invenção. Reconheci que iria, para toda a vida, dedicar-me à construção de aeronaves”, afirmou mais tarde, conforme o livro “Os meus balões” (Fundação Rondon, 1986).

Relógio de pulso

(Imagem via Defesa em Foco)
Por estar sempre com as mãos ocupadas ao voar em seus balões, Santos Dumont não podia verificar as horas em seu relógio de bolso, comum na época. Assim, em 1904, pediu a seu amigo Louis Cartier para desenvolver um modelo que pudesse ser utilizado no pulso, com pulseira de couro. Essa situação levou muita gente a achar que o brasileiro fosse o responsável pela criação do relógio de pulso. Na verdade, ele foi o responsável pela popularização entre os homens, já que algumas mulheres abastadas já utilizavam relógio no pulso desde o século 19. A Primeira Guerra Mundial, em 1914, tratou de sedimentar o uso desse acessório entre o homens, pois os combatentes não tinham como desviar a atenção da batalha e tatear no bolso para procurar o relógio.

Hangar


O primeiro hangar do mundo (Foto via Museu Aeroespecial/FAB)
Devido ao sucesso dos dirigíveis e à certeza de que se dedicaria às aeronaves por muito tempo, Santos Dumont decidiu que seria necessário construir uma grande oficina. O inventor construiu então o primeiro hangar do mundo, comprido e alto o suficiente para abrigar o dirigível N-3 e todos os componentes e ferramentas necessários para o trabalho. A construção foi concluída em 1900, com 30 metros de comprimento, 7 metros de largura e 11 metros de altura. Para facilitar a abertura do grande portão, o aviador teve a ideia de colocar rolamentos embaixo da estrutura, outra novidade para a época. 

Avião


Santos Dumont voando em seu 14-Bis (Foto: Reprodução)
Para o restante do mundo, quem inventou o avião não foi o brasileiro Santos Dumont, e sim os irmãos Orville e Wilbur Wright, dos Estados Unidos. A história tem diversas nuances, como a conceituação de avião, mas o fato é que o primeiro a demonstrar publicamente que podia levantar voo com uma aeronave mais pesada do que o ar foi o brasileiro. No dia 12 de novembro de 1906, Santos Dumont, a bordo de seu 14-Bis (em uma versão chamada “Oiseau de Proie III”), amealhou o Prêmio do Aeroclube da França, destinado a quem conseguisse tal façanha. 

O 14-Bis chega a Bagatelle em 12 de novembro de 1906 (Foto: Reprodução)
Os defensores dos Irmãos Wright dizem que os inventores realizaram tal empreendimento três anos antes. Não houve, porém, uma exibição pública, pois eles tinham medo de que outros pudessem copiar sua aeronave. Além da falta de registro, os voos executados pelos irmãos tinham outra peculiaridade: o avião era lançado ao ar por uma espécie de catapulta, já que não possuía rodas. No livro ’O que eu vi, O que nós veremos’, de 1918, Santos Dumont comenta a situação: “Eu não quero tirar em nada o mérito dos irmãos Wright, por quem tenho a maior admiração; mas é inegável que, só depois de nós, se apresentaram eles com um aparelho superior aos nossos, dizendo que era cópia de um que tinham construído antes dos nosso”. Mesmo assim, as exibições posteriores dos Wright convenceram o mundo todo, inclusive Paris, cidade que Santos Dumont adotara desde que seu pai o levara para lá quando convalescia de uma doença.

Precursor do ultraleve


Santos-Dumont em 1909, com o 'Demoiselle' em um campo coberto de neve
(Foto de Hulton Archive/Getty Images)
Os ultraleves como nós os conhecemos hoje surgiram no fim da década de 1970. Mas Santos Dumont desenvolveu o precursor desse tipo de aeronave. Construído em 1907, o pequeno avião nº 19 foi apelidado pelos franceses de Demoiselle (“senhorita”, em francês, devido a seu tamanho diminuto e a sua graciosidade). Pesava pouco mais de 100 kg, possuía estrutura de bambu e continha motor de 35 HP. Com essa primeira versão, Santos Dumont empreendeu voos de menos de 200 metros em Saint-Cyr, em Paris. Dois anos depois, a aeronave já tinha evoluído bastante. O Demoiselle IV apresentava motor Dutheil-Chalmers de 18 cavalos-vapor e asas arqueadas. No primeiro teste, o ultraleve caiu após a decolagem, contudo o aeronauta não se feriu. No dia 8 de abril, a aeronave, já reparada, realizou voo de 2,5 mil metros, a 20 metros de altura e 90 km/h. Em 4 de janeiro de 1910, no entanto, o aviador sofreu outro acidente: na estreia do Demoiselle VIII, um problema nas asas derrubou o avião, em uma queda de 30 metros de altura. Mais uma vez, o aeronauta não teve ferimentos sérios. Esse acidente marcou o fim de sua carreira de 11 anos como piloto.

Chuveiro de água quente


O chuveiro criado por Santos Dumont (Foto: Reprodução)
O chalé ’A Encantada’, a residência de verão de Santos Dumont, no Rio de Janeiro, é um exemplo da inventividade de seu criador. Foi projetada pelo próprio aviador em 1918, como resultado de uma aposta com amigos, os quais achavam que ele não conseguiria construir uma casa naquele pequeno espaço de um terreno íngreme. Os três andares da casa estão repletos de ideias novas para a época, como o chuveiro de água quente, até então inédito no Brasil. O chuveiro era aquecido a álcool e funcionava com um balde perfurado e dividido ao meio, com entrada para água quente e fria e duas correntes de temperatura.

Conversor marciano


(Imagem via Defesa em Foco)
Conversor marciano, ou transformador marciano, é uma invenção de Alberto Santos Dumont para auxiliar alpinistas. O equipamento era colocado nas costas, como uma mochila, e, ao se ligar uma hélice motorizada, reduzia o peso do corpo na subida de montanhas. O nome deste que foi considerado um "estranho aparelho" vem da ideia de Santos Dumont de reproduzir a gravidade de Marte, mais baixa do que a da Terra. Santos Dumont realizou em 1932 uma demonstração do equipamento no Museu Nacional. Considera-se que, com o advento dos teleféricos, o invento tenha se tornado obsoleto e tido impacto econômico negativo para seu criador.

Com informações do site Visite Petrópolis e Wikipédia

Hoje na História: 20 de julho - 150 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont, o Pai da Aviação


Alberto Santos Dumont ficou conhecido mundialmente por ser o “Pai da Aviação” quando, em 12 de novembro de 1906, decolou com seu avião 14-Bis e sobrevoou o Campo de Bagatelle em Paris. O voo cobriu 220 metros de distância a uma altitude de seis metros. Neste dia 20 de julho de 2023, Santos Dumont completaria 150 anos.

A Vida


Há 150 anos, nascia no interior de Minas Gerais um dos maiores inventores brasileiros: o notável Alberto Santos Dumont, considerado um dos precursores da aviação e da criação de aeronaves no mundo. A história de vida, as obras e os valores do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira são fontes de inspiração não só no nosso país, mas em várias regiões do planeta. Suas inovações e contribuições para a aviação são celebradas até hoje.

O homem que deu asas à humanidade nasceu no dia 20 de julho de 1873, no sítio Cabangu – local que, em 1890, passou a pertencer ao município de Palmyra (MG), um dos bens tombados sob tutela da Força Aérea Brasileira (FAB).

Filho de Francisca Santos Dumont, de tradicional família portuguesa vinda para o Brasil com D. João VI, em 1808, e de Henrique Dumont, engenheiro civil de obras públicas e, mais tarde, cafeicultor em Ribeirão Preto (SP). Henrique Dumont, de ascendência francesa, teve papel fundamental na trajetória do filho Alberto, pois, percebendo nele o fascínio pelas máquinas – que existiam em grande quantidade na fazenda Arindiúva –, direcionou os estudos do rapaz para a mecânica, a física, a química e a eletricidade, não fazendo questão que ele se formasse em engenharia, como foi o caso dos outros filhos.


O sonho de voar de Alberto surgiu aos 15 anos quando ele teve uma visão: um balão livre nos céus de São Paulo. No caso, balões livres são aqueles que fazem sua ascensão sem possuir nenhum tipo de dirigibilidade, ficando ao sabor das correntes aéreas.

Aos 18 anos, emancipado pelo pai, Alberto foi para Paris completar os estudos e perseguir o seu sonho de voar. Ao chegar à capital francesa, o jovem se admira com os motores de combustão interna a petróleo que começavam a aparecer impulsionando os primeiros automóveis e compra um para si, investigando todo o seu funcionamento. Logo estava promovendo e disputando as primeiras corridas de automóveis na Cidade-Luz.

Em 31 de julho de 1932, a cidade de Palmyra, em Minas Gerais, passou a denominar-se Santos Dumont, em homenagem ao Pai da Aviação.

A Obra


Um verdadeiro herói da engenhosidade. A obra do brasileiro Santos Dumont está diretamente vinculada a várias inovações. O filho de Francisca e Henrique Dumont viveu em um período de grandes revoluções na tecnologia e foi o nosso maior protagonista dos ares.

Aos 24 anos, Santos Dumont tinha sua primeira decolagem bem sucedida a bordo de um balão livre alugado. Um ano depois, em 1898, projeta e constrói, com a ajuda de operários e construtores de balões franceses, seu primeiro balão livre: o Brasil, o menor balão tripulado já feito, homenageando sua pátria. Logo em seguida, associando os leves motores de combustão interna a petróleo a seus leves balões e construindo engenhosos lemes, Santos Dumont inventa os balões dirigíveis.

Em 1901, Santos Dumont pilotou seu balão, o Número 6, que era movido a gasolina, sobre Paris, e ganhou um prêmio de 100 mil francos por seu feito. As suas realizações foram frutos de sucesso na imprensa europeia, na imprensa norte-americana e no Brasil. O inventor, nesse momento, torna-se o centro das atenções, despertando o interesse militar para seus balões.


Após o sucesso com balões e dirigíveis, Santos Dumont partiu para outra linha de pesquisa: queria, agora, voar com um veículo mais pesado que o ar. O protótipo era composto por uma fuselagem longa, com a nacele do balão número 14 na parte de trás – um biplano com uma construção parecida com pipas japonesas, portando um motor de oito cilindros e sobre três rodas: o primeiro trem de pouso que se tem notícia. A inovação era pulsante desde os testes. O aviador construiu um sistema de cabos inclinados para testar a dirigibilidade do 14-Bis: um inovador simulador de voo.

Em 1905, na plateia de uma corrida de lanchas num quente verão no Rio Sena, Santos Dumont avista uma potente lancha com motor Antoinette de 24 HP e começa aí a planejar “o mais pesado que o ar”. Aproveitando o sucesso dos planadores e, em especial, o planador com células de Hargrave, o inventor constrói o primeiro avião, o 14-Bis, com o motor Antoinette, usando o balão nº 14 para testes de estabilidade.

Foi no dia 7 de setembro de 1906 que o 14-Bis deu um primeiro salto no ar, mas faltou potência. Já em 23 de outubro, com motor Antoinette de 50 HP, o 14 Bis voou, decolando, mantendo-se no ar por uma distância de 60 metros, a três metros de altura, e aterrissou. Era o primeiro voo homologado do “mais pesado que o ar” para uma multidão de testemunhas eufóricas no campo de Bagatelle, em Paris. No dia seguinte, toda a imprensa francesa louvou o fato histórico, o triunfo de um obstinado brasileiro, que, pelo feito, conquistou o prêmio Archdeacon oferecido pelo Aeroclube de França. O dinheiro do prêmio foi distribuído para seus operários e os pobres de Paris, como era o costume do inventor.

Assim, Santos Dumont se tornou uma celebridade conhecida mundialmente e continuou a trabalhar em aviões, tendo feito muitas outras contribuições importantes para a aviação. Em 1909, ele voou em seu avião Demoiselle, um dos primeiros aeroplanos do mundo, e que se tornou um sucesso comercial. Santos Dumont também trabalhou em melhorias no design do avião, como a adição de cauda vertical para melhor estabilidade e controle.

Santos Dumont recebeu diversas homenagens por toda a Europa, nos EUA, na América Latina e, em especial, no Brasil, onde foi recebido com festas e euforia. Seus projetos foram aperfeiçoados por outros aviadores e projetistas, já que ele não os patenteava e não desejava adquirir bens materiais com suas invenções, mas idealizava dotar a humanidade com meios de facilitar as comunicações, desgostando-se com o uso agressivo que o avião teve na Primeira Guerra Mundial.

Como podemos observar, Santos Dumont dedicou sua vida à aviação. Foi o primeiro aeronauta a alcançar, definitivamente, a dirigibilidade dos balões e a voar num aparelho mais pesado que o ar com propulsão própria. O desenvolvimento da aviação ensejou a criação do Ministério da Aeronáutica e, desde então, com o avanço da tecnologia, a Força Aérea Brasileira tem renovado seus vetores. Foram suas ideias e seus feitos que tornaram possível, hoje, nas Asas que protegem o País, a atuação da nossa Força em diversas missões nacionais e internacionais.

Homenagem no Brasil

O livro de Heróis e Heroínas da Pátria reúne, em uma obra com páginas de aço, nomes que entraram para a história nacional. O exemplar encontra-se em exposição no Panteão da Pátria Tancredo Neves, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF) e, para fazer parte da coletânea, é preciso que o Senado e a Câmara dos Deputados aprovem um projeto de lei com o pedido de inclusão. O Pai da Aviação está entre um dos heróis homenageados no livro, desde o ano de 2006.

Os Valores


Sem dúvida, Santos Dumont foi um homem à frente de seu tempo e será eternamente motivo de orgulho para nosso país. Um brasileiro que, genuinamente, mudou a trajetória mundial. Sua inquietude e força de vontade são exemplos para muitas gerações de brasileiros: militares, civis, estudantes e trabalhadores nos mais diversos rincões do nosso país.

Decisivamente, a figura do cientista, do aeronauta, do inventor e do visionário Santos Dumont representa os valores da FAB, a cultura organizacional e as tradições da Instituição. São valores como Patriotismo, Integridade, Comprometimento e Profissionalismo que devem ser internalizados por todos os militares e civis do Comando da Aeronáutica.

A inquietude e a força de vontade do herói nacional convidam a todos a saírem de suas rotinas. E esse é um dos maiores valores que Santos Dumont poderia ter deixado: sem sua persistência, a aviação não seria a mesma.

Embora Santos Dumont tenha vivido e trabalhado na Europa, ele sempre manteve um forte vínculo com sua terra natal, o Brasil. Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, Santos Dumont retornou ao Brasil, tendo sido recebido com festa pela população. Santos Dumont acreditava que a aviação poderia ser usada para fins pacíficos e para promover a igualdade social, o que ajudou a Força Aérea Brasileira a estabelecer esses princípios. Hoje, a FAB é uma das principais instituições aeronáuticas do mundo e um dos principais órgãos responsáveis pela defesa do país.

O Pai da Aviação morreu em 23 de julho de 1932, em Guarujá (SP), mas seu legado vive até hoje. Seu coração está preservado sob a custódia da Força Aérea Brasileira e encontra-se em exposição no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro (RJ). Antes e depois da sua morte, ele recebeu muitas e merecidas homenagens no Brasil e no exterior, inclusive o justo epíteto de “O Pai da Aviação”. Ele é lembrado não somente como um pioneiro da aviação, mas também como um visionário que mudou a história da humanidade.

Em 4 de julho de 1936, a Lei n° 218 declarou o dia 23 de outubro como o Dia do Aviador, homenageando, assim, o primeiro voo do “mais pesado que o ar” da história. No mesmo ano, o primeiro aeroporto da cidade do Rio de Janeiro recebeu o nome do aeronauta. Na década de 1970, ele foi considerado Engenheiro Honoris Causa pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Historicamente, a Força Aérea Brasileira honra a memória de Santos Dumont e sua contribuição para a aviação brasileira, e muitas de suas unidades e instalações militares foram nomeadas em sua homenagem. Em 2023, celebramos os 150 anos de Alberto Santos Dumont, uma ocasião importante para comemorar o trabalho e o legado desse grande brasileiro. Seus esforços pioneiros na aviação não só inspiraram outros a seguir seus passos, mas também tornaram o mundo mais conectado e acessível do que nunca.


Com informações do Portal da FAB

Clima influencia segurança do avião. É melhor voar no frio ou no calor?

Clima influencia principalmente nos pousos e decolagens (Divulgação)
Para voar, os aviões precisam que o ar passe em velocidade pelas asas. Os motores precisam do ar para poder funcionar e gerar a máxima potência. É natural, então, que a condição do ar influencie diretamente no desempenho do avião. Mas qual a condição ideal do ar para o avião voar melhor? Frio ou calor?

A qualidade do ar para o voo sofre diversas influências, como temperatura local, altitude da pista de decolagem, umidade e pressão atmosférica. A condição ideal é que o conjunto de todas essas variáveis proporcione um ar com densidade elevada. Com um ar mais denso, há mais partículas em contato com as asas e alimentando os motores do avião, gerando mais sustentação e potência.

O maior problema para os aviões ocorre nas fases críticas de decolagem e pouso. Na decolagem, o avião precisa de potência para ganhar velocidade e sustentação o mais rápido possível. No pouso, é necessário ter sustentação com a menor velocidade possível para facilitar a frenagem.

As condições ideais do ar para pousos e decolagens são:
  • Ar seco
  • Baixa temperatura
  • Baixa altitude
  • Alta pressão
Quando encontra todas essas situações, o avião consegue decolar e pousar percorrendo uma menor extensão da pista. Isso garante mais segurança às operações aéreas.

No momento da decolagem, os pilotos têm de estar atentos a diversas velocidades do avião. A principal é chamada de V1. É a velocidade limite para que o avião consiga abortar a decolagem em caso de alguma pane e frear com segurança ainda dentro da pista. Esse cálculo é feito levando em consideração o peso do avião, o tamanho da pista, a altitude do aeroporto e as condições do ar, como temperatura, pressão e umidade.

Durante o verão, é comum casos de voos cancelados ou nos quais o avião precisa decolar com menos peso por conta da baixa densidade do ar. Como não é possível alterar as condições do ar, é necessário diminuir o peso do avião para que a velocidade de segurança seja atingida no ponto ideal da pista.

No inverno com baixas temperaturas e geralmente com o ar mais seco, a densidade do ar aumenta. Assim, os aviões conseguem decolar e pousar com mais facilidade.

Além de mais seguro, o voo também costuma ser mais confortável para os passageiros nos dias frios. Com a temperatura mais baixa, a atmosfera tende a ser mais calma, gerando menos turbulência no avião especialmente nas fases de pouso e decolagem.

Voo de cruzeiro


Em altitude de voo de cruzeiro (geralmente a cerca de 10 quilômetros de altitude), os aviões encontram uma condição de ar rarefeito. Quanto maior a altitude, menor a temperatura e a densidade do ar. Essa é uma condição da própria atmosfera terrestre, e os aviões são projetados para voar nessas condições.

Quando atingem a altitude de cruzeiro, os aviões precisam de menos potência nos motores para manter a velocidade, já que a resistência do ar (arrasto) também é menor. Além disso, com o ar rarefeito há uma maior economia de combustível. Como existem menos moléculas de ar na altitude, também são necessárias menos moléculas de combustível.

Por Vinícius Casagrande (UOL)