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sábado, 11 de janeiro de 2025

Caixas-pretas de avião que caiu na Coreia do Sul pararam de gravar 4 minutos antes da explosão

Acidente aéreo matou 179 pessoas em 28 de dezembro do ano passado. Piloto reportou colisão com pássaros, segundo informações do Ministério dos Transportes sul-coreano.


As caixas-pretas do Boeing 737-800, que caiu na Coreia do Sul em 29 de dezembro, pararam de funcionar quatro minutos antes de a aeronave atingir um barranco no fim da pista do aeroporto de Muan e explodir. A informação do Ministério dos Transportes sul-corenano foi divulgada pela agência de notícias Reuters na madrugada deste sábado (11).

A aeronave da Jeju Air levava 181 pessoas; 179 morreram e as outras duas saíram com vida. A aeronave partiu de Bangkok, na Tailândia, em 28 de dezembro, e sofreu o acidente por volta das 9h no horário local (21h de sábado, no Brasil) ao pousar em Muan.

As caixas-pretas gravam registros do voo e de voz da cabine. Agora, as autoridades sul-coreanas tentam descobrir o que levou os equipamentos a pararem de gravar, informou o ministério em um comunicado.

O gravador de voz foi inicialmente analisado na Coreia do Sul e, ao ser constatada a ausência de dados, foi enviado para um laboratório do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos, segundo o ministério.

Já o gravador de dados de voo, também danificado, foi levado aos Estados Unidos para análise em cooperação com o regulador de segurança americano, acrescentou o ministério.

A tripulação do voo declarou emergência após receber um alerta da torre de comando sobre o risco de colisão com pássaros. O piloto reportou a colisão com pássaros dois minutos depois de receber o alerta, segundo informações do Ministério dos Transportes sul-coreano.

'Mayday, colisão com pássaro'


O piloto do Boeing 737-800 da Jeju Air declarou emergência e emitiu avisos de "mayday" e de colisão com pássaros aos controladores de voo da Coreia do Sul minutos antes do avião se chocar contra um muro de concreto e explodir, no sábado (29).

Esta foi a primeira vez desde o acidente que há a confirmação de que a aeronave colidiu contra pássaros. O sinal de "Mayday" é um termo universalmente conhecido para comunicar situações de emergência. A palavra faz parte do Código Internacional de Sinais e do Código Fonético Internacional e tem origem no termo francês "venez m'aider", que significa "socorra-me" em português.

No aviso à torre de comando do aeroporto, o piloto falou a palavra "mayday" três vezes, e "bird strike" (colisão com pássaros) duas vezes.

Linha do tempo da queda


Veja como foram os momentos anteriores ao acidente na linha do tempo abaixo, começando às 8h54 de domingo no horário local (20h54 de sábado, no horário de Brasília):

8h54 - O controle de tráfego aéreo do aeroporto de Muan autoriza a aeronave a pousar na pista 01, orientada a 10 graus a leste do norte.

8h57 - O controle de tráfego aéreo emite um alerta de "cuidado - atividade de pássaros".

8h59 - O piloto do voo 7C2216 relata uma colisão com pássaros e declara emergência com o chamado "Mayday, Mayday, Mayday (...) colisão com pássaros, colisão com pássaros, arremetendo".


9h00 - O voo 7C2216 inicia a manobra de arremetida e solicita autorização para pousar na pista 19, localizada na extremidade oposta da única pista do aeroporto.

9h01 - O controle de tráfego aéreo autoriza o pouso na pista 19.

9h02 - O voo 7C2216 toca a pista aproximadamente no ponto de 1.200 metros de uma pista com 2.800 metros de extensão.

9h02m34s - O controle de tráfego aéreo ativa o "sinal de acidente" na unidade de resgate e combate a incêndios do aeroporto.

9h02m55s - A unidade de resgate e combate a incêndios do aeroporto conclui a implantação dos equipamentos de resgate.

9h03 - O voo 7C2216 colide com o barranco após ultrapassar o final da pista.

9h10 - O Ministério dos Transportes recebe o relatório do acidente das autoridades aeroportuárias.

9h23 - Um homem é resgatado e transportado para uma instalação médica temporária.

9h38 - O aeroporto de Muan é fechado.

9h50 - O resgate de uma segunda pessoa é concluído; ela foi encontrada dentro da seção da cauda do avião.


O avião aterrissou com o trem de pouso recolhido, mas ainda não está claro se isso tem relação com a possível colisão com pássaros.

A Coreia do Sul iniciou nesta segunda uma "inspeção especial e completa" de todos os aviões Boeing 737-800 utilizados por companhias aéreas do país. São 101 aviões do modelo operados por linhas aéreas sul-coreanas.

Uma investigação sobre o acidente também foi aberta para apurar exatamente o que aconteceu. O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês) participará das investigações.

A caixa-preta do avião que explodiu foi recuperada e será transferida para o Centro de Testes e Análises do Aeroporto de Gimpo, onde será verificada a possibilidade de análise, segundo o ministério dos Transportes sul-coreano.

O novo presidente interino da Coreia do Sul, Choi Sang-mok, afirmou que a prioridade no momento é recuperar todos os corpos das vítimas e fazer suas identificações, para que possam ser devolvidos às famílias.

Questões ainda sem resposta


Uma aterrissagem "de barriga" (sem o trem de pouso acionado) e indícios de uma colisão com pássaros levantam questões ainda sem resposta sobre o que causou a explosão de um Boeing 737-800 da Jeju Air, na Coreia do Sul.

Uma das dúvidas, por ora, é: tanto o pouso com o trem recolhido quanto a colisão com pássaros são ocorrências comuns na aviação comercial mundial e, isoladamente, não costumam resultar em mortes.

Esses dois pontos suscitam outras questões: um avião cujo trem de pouso não abaixa normalmente joga combustível fora antes de tentar a aterrissagem —o que não ocorreu no voo da Jeju Air. Isso porque um avião com menos combustível fica menos propenso a explosões. E a colisão com pássaros não tem relação aparente com o não funcionamento do trem de pouso.

Outra incerteza está na velocidade em que o avião atingiu o solo. Vídeos mostram o Boeing 737-800 com dificuldade para frear e aparentemente sem o funcionamento dos flaps, superfícies aerodinâmicas usadas para aumentar a sustentação.

"Neste momento, há muito mais perguntas do que respostas. Por que o avião estava tão rápido? Por que os flaps não estavam abertos? Por que o trem de pouso não estava acionado?", disse à Reuters Gregory Alegi, especialista em aviação e ex-professor da academia da força aérea italiana.

Christian Beckert, especialista em segurança de voo e piloto da Lufthansa, disse que as imagens sugerem que, além dos reversores, a maioria dos sistemas de frenagem do avião não foi ativada, criando um "grande problema" e resultando em um pouso em velocidade alta.

Beckert afirmou que uma colisão com pássaros era improvável de ter danificado o trem de pouso enquanto ele ainda estava recolhido, e que, se tivesse ocorrido com o trem acionado, seria difícil o recolher novamente.

"É realmente muito raro e incomum não baixar o trem de pouso, porque há sistemas independentes que permitem baixá-lo com um sistema alternativo", disse ele.
Acidentes aéreos geralmente são causados por uma combinação de fatores e que pode levar meses para reconstruir a sequência de eventos dentro e fora da aeronave.

As autoridades sul-coreanas disseram que estão investigando a causa do acidente do voo 7C2216 da Jeju Air, incluindo a possibilidade de colisão com pássaros.

Um porta-voz da Jeju Air não preferiu não comentar. A empresa se recusou a especular sobre a causa do acidente durante entrevistas coletivas, afirmando que uma investigação está em andamento.

De acordo com regras globais de aviação, a Coreia do Sul vai liderar a investigação sobre o acidente e automaticamente envolverá o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) dos Estados Unidos, onde o avião foi projetado e fabricado.

O gravador de dados de voo, também conhecido como "caixa preta", foi encontrado cerca de duas horas e meia após o acidente, e o de voz da cabine foi localizado quase três horas depois, segundo o Ministério dos Transportes da Coreia do Sul.

"Esses gravadores fornecem todos os parâmetros dos sistemas do avião. O 'batimento cardíaco' da aeronave está no gravador de dados de voo", disse Geoffrey Thomas, editor da Airline News. "O gravador de voz provavelmente fornecerá a análise mais detalhada sobre o que aconteceu nesse trágico acidente."


Com informações de g1, UOL e CNN

Aconteceu em 11 de janeiro de 1995: Aconteceu em 11 de janeiro de 1995: Queda do voo Intercontinental de Aviación 256 na Colômbia


O voo 256 da Intercontinental de Aviación (RS256/ICT256) era um voo regular do Aeroporto Internacional El Dorado, Bogotá, em um serviço para o Aeroporto Internacional Rafael Núñez, Cartagena e San Andrés, na Colômbia. 

Em 11 de janeiro de 1995, o McDonnell Douglas DC-9-14 que operava o vôo caiu durante sua aproximação ao aeroporto de Cartagena, matando todas as 51 pessoas a bordo, exceto uma. O único sobrevivente foi uma menina de nove anos que sofreu ferimentos leves.

Aeronave e tripulação 



A aeronave envolvida era o McDonnell Douglas DC-9-14, prefixo HK-3839X, da Intercontinental de Aviación (foto acima), com número de série 45742,que fez seu voo inaugural em 15 de fevereiro de 1966 e foi inicialmente registrada com o prefixo N8901E

A aeronave foi inicialmente equipada com dois motores Pratt & Whitney JT8D-7A, que desenvolveram 12.600 libras de empuxo. O avião foi entregue à Eastern Air Lines em 26 de abril do mesmo ano. Em 27 de abril de 1970, a aeronave foi alugada para a Delta Air Lines e devolvida à Eastern em 23 de abril de 1971. 

Em 31 de maio de 1979, a aeronave foi transferida para a Texas International Airlines, que se fundiu com a Continental Airlines em 1982. Em 31 de outubro no mesmo ano, a Continental Airlines nomeou a aeronave como Cidade do México. Também neste último os motores foram atualizados, os quais foram modificados para o modelo JT8D-7B. Além disso, a configuração da cabine da aeronave foi alterada para 83 assentos (8 assentos na primeira classe e 75 na classe econômica). 

A aeronave permaneceu registrada como N8901E. Em 29 de abril de 1993, a aeronave foi transferida para Intercontinental de Aviación, onde a aeronave foi registrada novamente como HK-3839X. A aeronave tinha quase 29 anos e 65.084 horas de vôo e 69.716 ciclos de decolagem e pouso no momento do acidente.

O capitão do voo 256 foi Andrés Patacón, de 39 anos, e o primeiro oficial foi Luis Ríos (36). Na cabine estavam três comissários de bordo: Claudia Duarte, Dalia Mora e Zaida Tarazona. A bordo estavam 47 passageiros, todos colombianos.

Voo e o acidente 


O voo estava programado para partir às 12h10, mas foi atrasado devido a uma falha no voo anterior. O voo finalmente decolou às 18h45. A aeronave subiu para o nível de voo (FL) 310 (31.000 pés (9.400 m)) às 19h09.

Durante a aproximação a Cartagena, o centro de controle de tráfego aéreo em Barranquilla autorizou o voo 256 para descer para o FL 140 (14.000 pés (4.300 m)) e reportar quando passar o FL 200 (20.000 pés (6.100 m)) às 19:26. 

A aeronave passou pelo FL 200 às 19:33. O último contato de rádio ocorreu quando o voo foi liberado mais abaixo para 8.000 pés (2.400 m).

Às 19h38, a tripulação de uma aeronave Cessna Caravan, que operava o voo 209 da Aerocorales, entrou em contato com os controladores. A tripulação relatou ter visto as luzes de uma aeronave descendo rapidamente, seguido de uma explosão no solo. 

O avião colidiu com o solo em uma lagoa pantanosa perto de María La Baja, a 56 km (35 mi; 30 nm) do aeroporto de Cartagena. 

O avião explodiu com o impacto e se dividiu em três partes. 51 pessoas morreram: 46 dos 47 passageiros e todos os 5 membros da tripulação.


O único sobrevivente do acidente foi uma menina de nove anos. Ela estava voando com seus pais e irmão mais novo, que morreram no acidente. A garota quebrou um dos braços no acidente. Ela afirmou que sua mãe sobreviveu ao impacto inicial e empurrou-a para o lado em uma pilha de vegetais para protegê-la do fogo.

A menina foi encontrada por um dos residentes locais que veio correndo para o resgate. Ela explicou que houve saques no local do acidente e que um dos saqueadores roubou um colar que foi dado a ela por seu pai. O saque foi confirmado posteriormente, e a garota pediu que o colar fosse devolvido a ela, mas sem sucesso.

A menina Erika Delgado, a única sobrevivente do acidente
Durante os dias de Delgado no hospital, sua amiga de escola de oito anos Diana Carolina Hincapie mal saiu de seu lado. Hincapie provou ser uma figura chave para ajudar Delgado a superar sua provação. 

A psicóloga Juanita Gempeler diz que, devido à situação pela qual Delgado viveu, sua amiga serviu de âncora para sua história pessoal. Hincapie se tornou a muleta na qual Delgado se apoiava. 

Sem quase todos os outros vínculos com o passado de Delgado, sua jovem amiga não apenas a consolou em meio à sua tristeza, mas também lhe deu a oportunidade de conversar, sorrir e, às vezes, até mesmo esquecer a tragédia.


Investigação 


Como a tripulação do Cessna relatou uma explosão, surgiram as primeiras suspeitas sobre um ataque terrorista, semelhante ao bombardeio do voo 203 da Avianca em 1989. No entanto, os investigadores determinaram que o avião explodiu ao atingir o solo e não foram encontrados vestígios de explosivos. 

A causa provável do acidente foi uma configuração incorreta do altímetro. O altímetro número 1 indicou 16.200 pés (4.900 m) no impacto. O altímetro número 2 (do primeiro oficial) funcionou normalmente, mas suas luzes não funcionaram e, portanto, a tripulação não pôde comparar suas leituras. 


Outros fatores que contribuíram foram a falta de observação por radar na área e a perda de consciência situacional dos tripulantes (devido ao bom tempo relaxando-os), bem como o treinamento insuficiente das tripulações da companhia aérea nesta situação. 

Além disso, não foi possível determinar se o sistema de alerta de proximidade do solo funcionou corretamente, ou a tripulação foi incapaz de responder a tempo.

Clique AQUI e assista reportagem no local do acidente.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e baaa-acro.com

Aconteceu em 11 de janeiro de 1983: Troca de funções entre os tripulantes causa acidente com o voo United Airlines 2885


O voo 2885 da United Airlines foi um voo de carga programado de Cleveland para Los Angeles, com escala em Detroit. Em 11 de janeiro de 1983, o voo 2885 caiu após a decolagem de Detroit, matando todos os 3 tripulantes. A investigação do National Transportation Safety Board (NTSB) determinou que a causa do acidente foi um erro do piloto.


A aeronave envolvida no acidente, o McDonnell Douglas DC-8-54F, prefixo N8053U, da United Airlines (foto acima), com 14 anos de operação, partiu do Aeroporto Metropolitano de Detroit às 22h15 (CST) de 10 de janeiro de 1983, operando o voo 2894 da United Airlines com destino a Cleveland, Ohio.

Em Cleveland, o voo tornou-se United 2885. O DC-8, então, partiu de Cleveland às 01h15 do dia 11 de janeiro, chegando ao aeroporto de Detroit às 01h52. Após parada de carga e reabastecimento, a aeronave iniciou nova decolagem às 02h51. Apenas os três tripulantes estavam a bordo.

Na cabine de comando naquela noite estavam três membros da tripulação de voo: Capitão William Todd (55 anos), Primeiro Oficial James Day (51) e Engenheiro de Voo Robert Lee (50).

Antes da segunda partida noturna de Detroit, a tripulação teve uma conversa bastante incomum enquanto a carga era carregada no porão da aeronave atrás deles. Os detalhes desta conversa só seriam divulgados após a investigação do National Transportation Safety Board (NTSB) que resultou dos eventos que se seguiram a essa conversa.

Durante a conversa, enquanto os pilotos discutiam o próximo setor na cabine de comando com seu engenheiro de voo, o comandante perguntou ao primeiro oficial se ele consideraria trocar de assento com o engenheiro de voo para permitir-lhe realizar a decolagem.

Para esclarecimento, tais ações eram estritamente contrárias às regras estabelecidas tanto pela United Airlines quanto pela Federal Aviation Administration. 

O primeiro oficial aceitou a proposta, embora o engenheiro de voo tenha expressado sua preocupação em relação a esta proposta absurda. No entanto, após mais persuasão, ele concordou em trocar de lugar com o primeiro oficial.

Após a decolagem, as testemunhas descreveram que o nariz da aeronave subiu para uma posição anormalmente alta, causando oscilações temporárias do motor (testemunhas no solo relataram ocasionais erupções de fogo dos motores). 

A tripulação do voo 2885 da United decidiu trocar de assento com resultados catastróficos
(Foto: Michal Kral via Wikimedia Commons)
Logo depois, o DC-8 começou a rolar gradualmente para a direita, eventualmente entrando em uma condição de perturbação. Quando as asas atingiram uma inclinação de quase 90 graus e a uma altitude de aproximadamente 1.000 pés (300 m), a aeronave estolou e caiu no solo, explodindo com o impacto.

Os três tripulantes morreram no acidente.


A investigação do National Transportation Safety Board (NTSB) revelou que, durante a parada da carga em Detroit, os pilotos conversaram na cabine. A certa altura, o capitão perguntou ao copiloto se ele gostaria de trocar de assento com o engenheiro de voo e permitir que ele realizasse a decolagem, contrariando as regras da United Airlines e da Federal Aviation Administration (FAA). O copiloto aceitou a proposta; o engenheiro de voo expressou suas dúvidas, mas acabou cedendo e trocando de lugar.

Como os investigadores descobriram, o engenheiro de voo havia entrado em um treinamento de atualização de primeiro oficial DC-8 em junho de 1979; no entanto, os instrutores consideraram suas habilidades menos do que adequadas e o treinamento foi encerrado dois meses depois.

O engenheiro de voo retomou seu treinamento de primeiro oficial em fevereiro de 1980, desta vez para o Boeing 737. Enquanto melhorava, suas habilidades ainda eram inadequadas - como afirmou seu instrutor, "sua atitude não poderia ser melhor e ele era um trabalhador muito esforçado, no entanto, não fez progressos normais em seu primeiro ano completo como primeiro oficial". 

Depois de várias verificações de proficiência e em rota fracassadas, o engenheiro de voo fez um acordo para não concorrer mais a vagas de piloto e permanecer como engenheiro de voo até o final de sua carreira.

Descobriu-se que a razão direta para uma posição de nariz para cima anormal era um ajuste excessivamente alto do compensador do estabilizador (7,5 unidades de nariz para cima); provavelmente, na confusão devido à troca de assentos, os pilotos falharam em redefinir a configuração do compensador durante a execução das listas de verificação de decolagem (Foi relatado que o primeiro oficial cometeu esse erro ocasionalmente).

Decolando à noite, sem referências visuais, o inexperiente engenheiro de voo não conseguiu corrigir a atitude a tempo, levando a surtos de motor, inclinação da aeronave e, eventualmente, uma virada e estol irrecuperável. 


Não se sabe por que o capitão não conseguiu corrigir a situação. Uma possibilidade é que o engenheiro de voo congelou nos controles ao colocar o DC-8 em uma inclinação gradual, e as entradas opostas do capitão não tiveram efeito no movimento do estabilizador. A decisão do capitão de permitir que o engenheiro de voo realizasse a decolagem foi considerada um fator contribuinte para o acidente.

Durante uma investigação, outros pilotos da United admitiram anonimamente que a troca de assentos e engenheiros de voo realizando decolagens e/ou pousos, embora uma ocorrência rara, não era algo inédito em voos de balsa ou carga.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia e ASN

Aconteceu em 11 de janeiro de 1947: A trágica cadeia de eventos que levou a queda do Douglas C-47 da BOAC British Overseas Airways Corporation


Em 11 de janeiro de 1947, a aeronave quando Douglas C-47A-1-DK (DC-3), prefixo G-AGJX, da British Overseas Airways Corporation (BOAC), caiu em uma colina em Stowting, Kent, no sudeste da Inglaterra, matando cinco pessoas imediatamente, com mais três morrendo de ferimentos recebidos.

A aeronave estava operando um voo internacional programado para a África Ocidental via França. O mau tempo fez com que a aeronave tentasse desviar. Após tentativas de pousar em vários aeroportos franceses, o piloto decidiu retornar ao Reino Unido por estar com pouco combustível. A aeronave caiu ao tentar pousar no aeroporto de Lympne.

A aeronave


A aeronave acidentada era Douglas C-47A, prefixo G-AGJX, c/n 12014. A aeronave foi construída em 1942 e serviu nas Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos como 42-92236 . Posteriormente, foi transferido para a Royal Air Force como FL604. Em 7 de julho de 1944, foi vendido para a BOAC e registrado como G-AGJX.

Um Douglas DC-3 da British European Airways, semelhante à aeronave acidentada
No momento do acidente, a aeronave havia voado por 3.898 horas. Ela havia sido revisada no mês anterior, e um novo certificado de aeronavegabilidade foi emitido em 31 de dezembro de 1946.

O voo


A aeronave operava um voo internacional programado de Londres Heathrow para a África Ocidental, com escala em Bordeaux. Tanto o capitão quanto o primeiro oficial estavam operando seu primeiro voo operacional desde o verão anterior. A bordo estavam 11 passageiros e cinco tripulantes.

A aeronave decolou de Heathrow às 09h48 GMT. Às 12h09, a aeronave era a 4ª da fila para pousar em Bordeaux. Às 12h28, um boletim meteorológico para Bordeaux foi transmitido à aeronave. Este declarava "Visibilidade 1500 metros, 10/10 60–100 metros, WSW 20 km, QFE 1007,6". A direção de pouso foi dada como 235°. 

Por volta das 12h30, a aeronave era a próxima a pousar. Às 12h40, a prioridade foi dada a um Avro York da Força Aérea Real, que voava com apenas três motores. 

A aeronave foi ordenada a fazer um circuito do aeródromo enquanto o York pousava. Às 12h54, o York pousou, mas teve que recuar ao longo da pista porque a pista do perímetro estava inoperante. 

Às 12h58, o capitão perguntou como estava o tempo em Toulouse. Às 12h59, o tempo em Toulouse foi enviado para a aeronave. Este afirmava "Teto 300 metros, visibilidade 2 km, vento E 10 km". 

Com este relatório, o capitão foi informado de que seria o próximo da fila a desembarcar em Bordéus. O capitão então disse ao controle de tráfego aéreo que estava desviando porque o tempo estava abaixo das condições mínimas permitidas e perguntou sobre o tempo em Toulouse. 

Em provas fornecidas ao inquérito (que foi corroborado pela tripulação do Dakota prefixo G-AGZX da British European Airways), foi confirmado que o tempo de Toulouse foi solicitado. No entanto, o operador de rádio registrou em seu diário de bordo "13h, rumo a Londres". 

A aeronave voltou para a Inglaterra, mas depois mudou de rumo para Paris. Às 13h08, o tempo em Bordeaux havia piorado e a mensagem QGO foi enviada à aeronave, indicando que agora estava proibido de pousar em Bordeaux. As alternativas listadas para Bordeaux foram Toulouse e Marignane, embora a aeronave não carregasse informações de aeródromo para nenhum dos dois. 

Às 13h13, uma mensagem foi enviada por rádio ao Controle de Tráfego Aéreo (ATC) em Gloucester informando que a aeronave estava voltando para Londres. Pedaços de papel encontrados nos destroços da aeronave diziam "ETA London 15:18" e "ETA Le Bourget14h43". 

Às 13h30, a aeronave mudou de rumo para Le Bourget. O capitão então contatou Le Bourget e pediu a previsão do tempo. Gloucester não foi informado da mudança de plano até 14h06, quando foi enviada uma mensagem informando a aeronave estava desviando para Le Bourget porque a reserva de combustível era inadequada para chegar a Londres. 

Em algum momento entre 14h10 e 14h15, o capitão relatou a Gloucester que sua resistência era de 1 hora e 20 minutos e sua posição era 47° 25 'N 1 ° 20′ E. ETA em Le Bourget era 14h45. 

Às 14h14, Gloucester contatou o ATC em Uxbridge e relatou que a aeronave estava desviando para Le Bourget com pouco combustível e solicitou que a mensagem fosse repassada ao aeroporto de Orly . Orly contatou Le Bourget e solicitou que a aeronave tivesse prioridade para o pouso.

Às 14h34, o capitão ligou para Le Bourget e deu seu ETA como 14h40, com resistência de apenas 45 minutos. Às 14h45, Le Bourget sugeriu que a aeronave pousasse em Cormeilles. Le Bourget teve uma tempestade naquele momento. 

A aeronave não carregava nenhuma informação sobre Cormeilles, embora a BOAC tivesse sido informada da adequação do aeródromo como um local de pouso alternativo na área de Paris em uma tradução de um aviso francês aos aviadores datado de 21 de outubro de 1946. 
O rádio operador foi incapaz de levantar Cormeilles por rádio, em parte porque ele estava usando o indicativo errado de HTU ( Morse· · · · — · · — · — ) em vez de HXA (Morse · · · · — · · — · ). 

Cormeilles estava controlando um de Havilland Dragon Rapide na época, e só podia controlar uma aeronave por vez por rádio, no caso o Dragon Rapide de prefixo G-AGWC, que estava em um voo do Aeroporto de Basileia, na Suíça e também estava com falta de combustível. 

Às 15h07, Cormeilles tentou fazer contato com a aeronave. Às 15h14, o contato foi estabelecido e o capitão afirmou erroneamente que sua resistência era de cinco minutos. Às 15h15, um QDM foi solicitado de Cormeilles, que foi dado como 219°. Cormeilles relatou que o QSA era 1. O relatório concluiu que a aeronave partiu para a Inglaterra por volta das 15h00 ou pouco depois.

Ao entrar no cockpit, um comissário foi informado de que a aeronave poderia desviar para a Base da RAF Manston, que estava equipada com FIDO. Às 15h24, a aeronave contatou a RAF Manston e solicitou a previsão do tempo. Manston teve dificuldade em se comunicar com a aeronave, que deveria estar se comunicando via Uxbridge ATC. 

Foi só às 15h45 que Manston conseguiu localizar a posição da aeronave, que estava a 9 milhas (14 km) a sudeste de Cap Gris Nez. Às 15h52, o capitão disse a Lympne que tinha apenas 25 minutos de combustível restante. 

Uma chamada PAN foi feita às 15h58, seguida de uma chamada SOS às 16h02, informando a posição da aeronave: 50°55′N 1°21′E. Uma nova chamada de SOS foi feita entre as 16h03 e as 16h04 foi abruptamente interrompida. Isso foi causado pela queda da antena traseira no solo e quebrando cerca de 2 milhas (3,2 km) antes da queda da aeronave.

O SOS foi recebido por Manston e Uxbridge e os botes salva-vidas de Deal, Dungeness e Ramsgate foram chamados. Um Dakota belga foi solicitado a ficar de vigia. Dois Avro Ansons da RAF Thorney Island também foram enviados para se juntar à busca.

O acidente e as consequências


Ao tentar pousar em Lympne, às 16h06, a aeronave colidiu com Barley Hill, Hammond's Farm, Stowting, em Kent, na Inglaterra. A aeronave atingiu o solo em um ângulo raso e saltou por 50 jardas (46 m) antes de bater nas árvores. 

O local da queda da aeronave (imagem via inyourarea.co.uk)
Devido aos tanques de combustível vazios, não houve incêndio pós-acidente. A fuselagem dianteira até a porta da cabine foi aberta. O lado de estibordo da fuselagem também foi rasgado quando a aeronave balançou violentamente para bombordo. 

A cauda da aeronave estava praticamente intacta. Todos os assentos foram arrancados de suas fixações no piso da aeronave, embora os cintos de segurança tenham permanecido presos. Dois tripulantes e três passageiros morreram no acidente, que foi o primeiro da BOAC desde 1944.

O alarme foi disparado por um telefonema para a polícia em Ashford de um oficial em Lyminge, que foi recebido às 16h20, seguido alguns minutos depois por outro telefonema de um oficial em Folkestone. 

Às 17h12, os destroços foram informados como tendo sido localizados. Aldeões de Stowting ajudaram no resgate. Ambulâncias de Ashford, Canterbury, Folkestone e Hythe compareceram. Os feridos foram levados para o Hospital Willesborough. O primeiro dos feridos chegou ao hospital às 18h00 e todos os mortos e feridos foram retirados dos destroços da aeronave às 19h00.


Um dos tripulantes feridos morreu em 12 de janeiro. Entre os feridos estava Tom Horabin. Outro dos tripulantes feridos foi transferido para o Hospital Joyce Green, em Dartford, onde morreu em 14 de janeiro. A morte de um passageiro em 15 de janeiro elevou o saldo final para oito mortos.

Um inquérito foi aberto em 13 de janeiro em Ashford. Foi adiado até 3 de fevereiro. [4] Após um novo adiamento, foi concluído em 28 de maio de 1947. Um veredicto de "morte acidental" foi dado a cada uma das vítimas.

Investigação


Uma investigação preliminar sobre o acidente foi aberta em 13 de janeiro pelo Ministério da Aviação Civil . A investigação foi presidida por Lord Nathan, que afirmou estar considerando se deveria ou não ser realizado um inquérito público sobre o acidente. Em sua edição de 16 de janeiro de 1947, a revista Flight pediu a realização de um inquérito público. Nesse dia, foi anunciado que um Inquérito Público seria realizado.

O Inquérito Público foi aberto a 23 de Janeiro. O comodoro do ar Vernon Brown estava no comando. Ele afirmou que o objetivo da investigação não era apontar culpados, mas descobrir fatos. Era uma investigação normal do Departamento de Investigação de Acidentes sobre um acidente, com a exceção de que não estava sendo mantido em segredo por instruções de Lord Nathan. Não haveria interrogatório de testemunhas. 


As autoridades francesas cooperaram fornecendo evidências relevantes e Max Hymans, chefe da Direction Générale de l'Aviation Civile, representou o governo francês junto com outros funcionários. 

O inquérito foi encerrado em 27 de janeiro, concluindo-se que falha mecânica não foi a causa do acidente. A ligação entre as autoridades britânicas e francesas era uma área de preocupação. 

Em 29 de janeiro, Edward Smith perguntou no Parlamento por que o inquérito estava ocorrendo quando nem todos os sobreviventes estavam aptos o suficiente para depor. Em uma resposta por escrito, o secretário parlamentar do ministro da Aviação Civil, George Lindgren , respondeu que as declarações foram coletadas de quase todos os sobreviventes e que era do interesse público prosseguir sem demora. Em 14 de fevereiro, o inquérito foi reaberto para ouvir novas provas.

O relatório final do acidente foi publicado em 7 de maio. Foi estabelecido que não havia nada mecanicamente errado com a aeronave no momento em que caiu, embora os motores estivessem operando em marcha lenta. 


Uma série de questões foram levantadas, incluindo a escalação da tripulação, a falha do capitão em garantir que ele tivesse todas as informações de navegação necessárias, a decisão do capitão de desviar para Le Bourget em vez de retornar direto para a Inglaterra, a incapacidade de Cormeilles de lidar com duas aeronaves ao mesmo tempo, e a decisão do capitão de retornar à Inglaterra foi tomada tarde demais. 

Cinco recomendações foram feitas como resultado da investigação. Estes foram em relação à tripulação, familiarização da rota da tripulação, fornecimento de informações de rota para as tripulações, a capacidade dos aeródromos de lidar com mais de uma aeronave ao mesmo tempo por rádio e a introdução de novos sistemas de trabalho entre o Reino Unido e a França em relação a o controlo do tráfego aéreo e a transferência de voos entre os dois países. Este último foi relatado como já sendo considerado no momento em que o relatório foi publicado.

As fotos abaixo são de partes de uma aeronave encontrada "em algum lugar da Inglaterra" (segundo o autor da postagem no Fórum Key Aero). Ele alega que encontrou em ambas as partes o registro de números que estariam relacionados com o avião envolvido neste acidente.


Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e key.aero

Aconteceu em 11 de janeiro de 1938: O misterioso acidente do hidroavião Samoan Clipper da Pan Am


Em 11 janeiro de 1938, o hidroavião Sikorsky S-42B, prefixo NC16734, da Pan American Airways, batizado como 'Samoan Clipper' (foto acima), um que afundou perto de Pago Pago, Samoa Americana, em com toda a tripulação, incluindo o piloto-chefe da companhia aérea, Edwin C. Musick.

Pano de fundo


A partir do final da década de 1920, a Pan American estava na vanguarda de um esforço audacioso para estabelecer ligações aéreas entre os EUA e o resto do globo, o que acabaria por ajudar a definir a moderna indústria de transporte aéreo. As rotas mais desafiadoras e altamente romantizadas eram aquelas que se estendiam pelo vasto Oceano Pacífico e os “Clippers” voadores que as percorriam passaram a simbolizar a Era de Ouro da Aviação.

O Samoan Clipper foi construído na fábrica da Sikorsky Aircraft em Bridgeport, Connecticut, como o oitavo dos dez barcos voadores do tipo S-42 vendidos exclusivamente para a PAA e projetado para transportar rapidamente 32 passageiros por milhares de quilômetros em luxo incomparável. 

O número de série 4207 (como era então conhecido) seria a primeira de três aeronaves S-42 modificadas como modelos “B”, com maior capacidade de combustível e instalações de tripulação expandidas para fazer voos especiais de pesquisa de longo alcance e abrir ainda mais novos caminhos. 

Após o parto em 1936, ela recebeu o número de registro federal NC16734 e no ano seguinte foi incumbida de pesquisar a rota entre os Estados Unidos e a Nova Zelândia por meio de Alameda, Honolulu, Kingman Reef, Pago Pago (Samoa Americana) e Auckland, sob o comando do lendário piloto-chefe da Pan American, Edwin C. Musick.

Para este primeiro teste executado dos EUA para a Nova Zelândia e de volta em março e abril de 1937, ela carregava o orgulhoso nome de Pan American Clipper II. Após esse voo de pesquisa bem-sucedido, o grande Sikorsky foi adaptado como um avião de passageiros, rebatizado de Hong Kong Clipper e transferido para preencher a necessidade de serviço de transporte entre Manila e sua nova base homônima no distante posto avançado britânico na China. 

Em dezembro daquele ano, veria o registro NC16734 retornar à sua configuração original de pesquisa de longo alcance. Desta vez, a viajada força de trabalho foi escolhida para inaugurar voos regulares de correio aéreo entre Auckland e o território americano do Havaí, na mesma rota que ela havia comprovado apenas oito meses antes.

O NC16734 Samoan Clipper em Pago Pago, em 24 de dezembro de 1937 (Coleção PAHF)
Musick estava com a Pan American desde o início quando, como “piloto número 1”, ele voou o primeiro voo de correio aéreo programado da nova companhia aérea de Key West para Havana em 28 de outubro de 1927. 

Ele iria liderar quase todos os voos da Pan Am de todos os tempos. - expansão de rotas para o Caribe, América Latina e Pacífico. Ao mesmo tempo, Musick detinha mais recordes e honras do que qualquer outro piloto ativo, incluindo o Troféu Harmon de 1935, que o reconheceu como “o melhor aviador do mundo”. 

Totalmente profissional e escrupulosamente cuidadoso com as almas e aviões sob seus cuidados, “Tio Ed” conquistou o respeito eterno de seus pares como o modelo ideal de piloto de transporte.

Ed Musick em 1935 (Pan Am Historical Foundation Collection)
Em 23 de dezembro de 1937, Musick e sua equipe partiram de Pearl City, Oahu, no que seria a segunda viagem de ida e volta da Pan Am dos EUA para a Nova Zelândia, uma primeira etapa crítica na garantia de contratos governamentais vitais que exigiam o serviço de correio aéreo entre os dois países a começar antes do final do ano. 

Aterrissando em Auckland em 26 de dezembro de 1937, os aviadores pan-americanos foram calorosamente recebidos por uma multidão animada de kiwis entusiasmados, que se alinhavam na costa aos milhares. 

A importante chegada do Samoan Clipper coincidiu com uma aparição quase simultânea do hidroavião britânico Centaurus, para iniciar o serviço da Imperial Airways para a isolada nação da Commonwealth do lado oposto do globo. Uma semana depois, Musick e sua equipe começaram o ano novo enfrentando o difícil voo de volta ao Havaí,

Pago Pago Harbour tirado do topo do Monte. 'Alava voltado para W/NW. Você pode ver a área de pouso estreita para o clipper em primeiro plano e o cume alto que o capitão Musick precisava limpar antes do pouso está à direita (Foto: Russ Matthews)

O voo final


Depois de apenas seis dias de descanso, o Samoan Clipper estava preparado para repetir a performance na longa e exigente corrida até Auckland, passando pelo minúsculo Kingman Reef e pelo assustador porto rodeado de montanhas de Pago Pago. 

Esse cronograma acelerado foi considerado essencial para concluir o correio expresso de ida e volta da Nova Zelândia e reivindicar esse importante contrato. 

As duas primeiras etapas transcorreram sem intercorrências e na manhã de 11 de janeiro de 1938 o Samoan Clipper decolou do cais da Pan Am em Pago Pago, onde às 05h32 (horário local) Musick acelerou e decolou para a etapa final e fatídica deste terceira viagem de ida Down Under.


O primeiro sinal de problema surgiu uma hora depois do voo, quando “NC34” (como os operadores de rádio da Pan Am observaram) relatou um vazamento de óleo no motor número 4. Musick declarou que havia decidido desligar o motor teimoso e retornar à Samoa Americana. 

Às 07h59, o avião foi avistado sobre Apia (no que era então o território sob tutela da Samoa Ocidental administrado pela Nova Zelândia) e se dirigiu para Tutuila (a principal ilha da Samoa Americana) a 75 milhas de distância. 

Outro contato de rádio foi recebido a partir das 08h27 informando à estação PAA que Musick estaria despejando combustível para aliviar seu navio agora com pouca potência e ainda muito carregado antes de tentar pousar nas águas severamente restritas do porto de Pago Pago a uma curta distância à frente.

A última mensagem do Samoan Clipper (Cortesia Taylor Collection, Pan Am Historical Foundation)
Depois das 08h35, todo o contato foi perdido com o Samoan Clipper e sua tripulação.


As buscas


Em poucas horas, chegaram a Pago Pago relatórios de que “pescadores nativos” haviam avistado fumaça na costa noroeste da ilha. Um avião da Marinha dos EUA foi enviado para vasculhar a área e rapidamente avistou uma mancha de óleo que “parecia vir do fundo do oceano”. O concurso de caça-minas/hidroaviões USS Avocet (AVP-4) partiu de Pago Pago e foi direcionado para o local a cerca de “12 milhas ao norte de Tapu Tapu Point” (a ponta mais a oeste da Ilha de Tutuila).

Baía de Fagasa. O último avistamento do Samoan Clipper foi feito perto da costa daqui, onde uma testemunha viu o avião voando baixo na “direção de Apia” (leste para oeste .. ou direita para esquerda aqui), arrastando combustível antes de virar para o mar e mergulho para a água (Foto: Russ Matthews)
Pouco depois da primeira luz de 12 de janeiro, a tripulação do Avocet avistou o brilho revelador de combustível misturado com vários detritos flutuando na superfície. O barco de um navio foi lançado para coletar o que pudessem. 

Os itens recuperados compreendiam principalmente pequenos pedaços carbonizados de “piso, divisórias, livros, papéis, partes de paredes internas e a bandeja de alvos de deriva do navegador”. 

O mais revelador e comovente de tudo foi uma jaqueta esfarrapada de oficial da Pan American Airways com seu distintivo logotipo “PAA” alado, identificado como pertencente ao oficial de rádio da Samoan Clipper, TJ Findley.

USS Avocet (AVP-4) estava no local no dia seguinte (Foto cortesia da Air/Sea Heritage Foundation)
A posição dessas descobertas foi registrada e preservada em um relatório de acidente do Bureau of Air Commerce (datado de 1º de abril de 1938) que concluiu que a perda do Samoan Clipper foi provavelmente devido a “incêndio e explosão associados ao despejo de combustível, a causa precisa do sendo a ignição indeterminável”. 

A especulação se concentrou em uma carga estática, exaustão do motor ou uma faísca dos atuadores dos flaps acionados eletricamente quando eles foram acionados antes do pouso, mas sem a oportunidade de examinar de perto o corpo principal dos destroços, a razão exata para a destruição do NC16734 foi relutantemente deixada um mistério.


Nos dias que se seguiram ao acidente, foram feitas diligências para recuperar o avião e sua tripulação. Trabalhando com a Air/Sea Heritage Foundation e SEARCH, Inc., foi lançanda uma expedição em 2019 para localizar, identificar e documentar os destroços do Samoan Clipper. 

Mergulhadores foram considerados, bem como uma ideia de arrastar os destroços de um cruzador da Marinha dos EUA ou talvez contratar uma embarcação de reparo/colocação de cabos para a tarefa. 

O E/V Nautilus foi utilizado na busca pelo Samoan Clipper (Foto: Ocean Exploration Trust)
No entanto, sondagens realizadas na área mostraram que a profundidade da água no local do naufrágio era de “1.000 braças”, colocando o Samoan Clipper muito além do alcance de qualquer tecnologia disponível na época.

Os pesquisadores de hoje se beneficiarão muito com esses esforços diligentes feitos há oitenta e um anos, combinados com a geração atual de ferramentas de busca submarina que agora abriu o acesso a essas águas profundas como nunca antes. Finalmente pode ser possível escrever o capítulo final da história do Samoan Clipper.


Edição de texto e imagens por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Pan Am Historical Foundation, Wikipedia e nautiluslive.org

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Vídeo: Mayday Desastres Aéreos - Voo Crossair 498 Interferências no Voo


Aconteceu em 10 de janeiro de 2000: Voo Crossair 498 Capitão confuso faz uma curva errada


O voo Crossair 498 foi um voo regional de Zurique, na Suíça, para Dresden, na Alemanha, que caiu dois minutos após a decolagem no município suíço de Niederhasli, em 10 de janeiro de 2000. Os sete passageiros e três tripulantes a bordo da aeronave Saab 340B com dois motores turboélice todos morreram com o impacto. Foi o primeiro acidente fatal da companhia aérea regional suíça Crossair em seus 25 anos de história.

A aeronave que realizava o voo era o Saab 340B, prefixo HB-AKK, da Crossair (foto abaixo), um avião turboélice bimotor. Antes da perda do casco do voo Crossair 498, houve apenas quatro acidentes em todo o mundo dos 400 tipos de aviões Saab-340 desde 1984, dos quais dois foram perdas do casco. As duas perdas de casco foram um acidente do KLM Cityhopper em 1994 que matou três na Holanda e um acidente da Formosa Airlines em 1998 que matou 13 em Taiwan.

A aeronave envolvida no acidente
A Crossair estava em processo de eliminação gradual de sua frota de 34 aviões do tipo Saab-340; na época do acidente havia substituído 17 deles por jatos regionais Embraer ERJ-145 . O restante de sua frota Saab foi aposentado durante o curso de 2001 e 2002. 

O avião Saab 340B de 33 lugares usado para o voo 498 da Crossair foi alugado para a Crossair da Moldavian Airlines desde 1º de outubro de 1999. Acumulou 24.000 horas de voo desde seu primeiro voo em novembro de 1990. Este tipo de avião tinha um histórico de segurança muito bom. O avião não transportava frete ou correio. Não havia indícios de que algo estivesse errado com a aeronave. A próxima verificação de manutenção regular estava prevista para 21 dias depois, em 31 de janeiro de 2000.

A tripulação de três pessoas era composta pelo piloto moldavo Pavel Gruzin, de 41 anos, que era o piloto no comando, o copiloto eslovaco Rastislav Kolesár, de 35 anos, que servia como primeiro oficial, e Severine Jabrin, uma comissária de bordo francesa. Gruzin tinha 8.100 horas de voo, com 1.900 no tipo Saab 340. Kolesár tinha cerca de 1.800 horas totais, com 1.100 horas no tipo Saab 340.

O avião estava programado para partir do aeroporto de Zurique na segunda-feira, 10 de janeiro de 2000, por volta das 18h, e chegar ao aeroporto de Dresden algumas horas depois. O clima frio e chuvoso era normal para a área.

Após os sete passageiros e os três tripulantes embarcarem, o avião foi liberado para decolagem pontualmente às 17h54 (16h54 UTC). A aeronave partiu da pista 28 em direção ao oeste. 

Desde a decolagem, o avião subiu normalmente. Mas depois de 7,2 quilômetros (4,5 mi), o avião repentinamente começou a perder altitude e virar para a direita em vez de seguir a rota de voo aprovada para a esquerda.


Quando os controladores de tráfego aéreo perguntaram ao piloto se ele pretendia virar à direita, eles responderam com "Aguarde", seguido de perda de contato por rádio.

Às 17h56 (16h56 UTC), um minuto e 56 segundos de voo, o avião desapareceu das telas de radar e caiu em um campo. As autoridades determinaram posteriormente que o avião fez uma curva à direita antes de desaparecer das telas de radar. 

Destroços em chamas foram espalhados por 200 a 300 metros (660 a 980 pés; 220 a 330 jardas) perto de casas em Niederhasli, cerca de 5 quilômetros (3 milhas) a noroeste da pista do aeroporto Kloten, de Zurique, na Suíça. Não houve sobreviventes.


Quatro dos passageiros eram alemães, enquanto os outros três passageiros eram franceses, suíços e espanhóis. Os dados de voo e os gravadores de voz da cabine foram recuperados da cena do acidente, ambos fortemente danificados.

Na época do acidente, a Crossair era uma subsidiária majoritária do SAirGroup. A queda do voo Crossair 498 foi a primeira vez em 25 anos de história da Crossair que a companhia aérea regional perdeu uma aeronave, e foi o acidente mais mortal a atingir o SAirGroup desde a queda do voo Swissair 111, um MD -11 voando de Nova York para Genebra que caiu no Oceano Atlântico ao largo da Nova Escócia em 2 de setembro de 1998, matando todos os 229 a bordo.

O acidente ocorreu em meio a uma amarga disputa trabalhista entre a Crossair e seus pilotos sobre um possível aumento salarial e mudanças nas regras de trabalho. O sindicato dos pilotos havia cancelado os acordos salariais com a Crossair em dezembro de 1999, com rescisão efetivada no verão de 2000. 


Além disso, e antes do acidente, dois pilotos da Crossair disseram à mídia suíça que alguns pilotos estrangeiros empregados pela Crossair representavam um risco à segurança porque de um conhecimento insuficiente de inglês. Esses dois pilotos foram demitidos pela Crossair, mas foram eleitos para chefiar o sindicato dos pilotos, "Crossair Cockpit Personnel (CCP)". 


Uma investigação do acidente revelou posteriormente que o piloto Gruzin e o copiloto Kolesár só conseguiam se comunicar em inglês, mas a capacidade de Gruzin de falar inglês era muito limitada para manter mais do que uma conversa básica.


Após o acidente, tanto a Crossair quanto a CCP, incluindo os pilotos que já haviam falado com a mídia e foram demitidos, declararam publicamente que a coincidência entre o acidente e a disputa foi muito infeliz e que relatos sobre erro do piloto envolvido no acidente eram especulações, embora esta conclusão tenha sido posteriormente estabelecida como a provável causa do acidente.


Um exame do corpo do piloto Pavel Gruzin revelou vestígios da droga Phenazepam, um sedativo da classe dos benzodiazepínicos em seu tecido muscular. Os investigadores também encontraram um pacote aberto da droga de fabricação russa na bagagem pertencente a Gruzin.

Cartela de Phenazepam encontrada na bolsa da tripulação do piloto moldavo Pavel Gruzin
De acordo com o relatório de investigação do Swiss Aircraft Accident Investigation Bureau, o acidente foi atribuído à perda de controle da aeronave pela tripulação de voo pelos seguintes motivos:
  • A tripulação de voo reagiu de forma inadequada quando a autorização de partida foi ordenada pelo controle de tráfego aéreo.
  • O copiloto efetuou uma entrada sem ser instruído a fazê-lo pelo comandante, que se relacionava com a alteração da saída por instrumentos do padrão SID ZUE 1. Ao fazer isso, ele omitiu a seleção de uma direção de curva.
  • O comandante dispensou o uso do piloto automático em condições de voo por instrumentos e durante a fase de trabalho intensivo de subida do voo.
  • O comandante levou a aeronave a um mergulho em espiral para a direita porque, com probabilidade beirando a certeza, havia perdido a orientação espacial.
  • O primeiro oficial tomou apenas medidas inadequadas para prevenir ou se recuperar do mergulho em espiral.

Segundo este mesmo Relatório de Investigação, os seguintes fatores podem ter contribuído para o acidente: 
  • O comandante manteve-se unilateralmente firme nas percepções que lhe sugeriam uma direção de conversão à esquerda.
  • Ao interpretar os instrumentos de exibição de atitude sob estresse, o comandante recorreu a um padrão de reação (heurística) que havia aprendido anteriormente.
  • A capacidade de análise e avaliação crítica do comandante sobre a situação possivelmente foi limitada em decorrência dos efeitos do benzodiazepínico fenazepam encontrado em seu tecido muscular.
  • Após a mudança para a partida padrão por instrumentos SID ZUE 1Y, a tripulação estabeleceu prioridades inadequadas para suas tarefas e sua concentração permaneceu unilateral.
  • O comandante não foi sistematicamente familiarizado pela Crossair com as características específicas dos sistemas ocidentais e procedimentos do cockpit.

A investigação analisou a possibilidade de interferência eletromagnética e testou uma aeronave semelhante usando telefones celulares. Concluiu que não havia "nenhuma indicação de que os sistemas da aeronave foram afetados negativamente pela interferência eletromagnética (EMI)".


O episódio da 12ª temporada "Lost in Translation" da série de TV canadense Mayday (também conhecida como 'Air Disasters and Air Emergency' nos Estados Unidos e 'Air Crash Investigation' no Reino Unido e no resto do mundo) retrata o desastre. Esse epiódio você assiste na postagem seguinte.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e baaa-acro