domingo, 12 de julho de 2009

Queda de pequeno avião faz um morto em Portugal

Fotos: Arménio Belo (Agência Lusa)

Foto: Artur Machado (JN)

O piloto de um pequeno avião perdeu a vida neste domingo (12) quando o aparelho que pilotava caiu no solo. Aconteceu numa freguesia de Ponte de Lima (vila portuguesa no Distrito de Viana do Castelo, região Norte).

As causas do acidente estão ainda por apurar mas a falta de visibilidade pode estar na origem do acidente.

O alerta foi dado pelas 12h14, Um avião tinha caído no Alto da Vacariça, freguesia de Refóios do Lima, distrito de Ponte de Lima.

O Centro Distrital de Operações de Socorro da Protecção Civil de Viana do Castelo confirma um morto. "Existe a confirmação de um cadáver", afirmou fonte da Proteção Civil.

O morto é o piloto da avioneta, Valentim Pastor, um espanhol de 68 anos, que tinha decolado do aeródromo de Cerdal, em Valença, ao aeródromo de Ávila, nos arredores da cidade de Madrid.

O corpo do piloto foi encontrado a cerca de cem metros dos destroços. O celular que tinha no bolso, resistiu ao choque, tendo sido fundamental para identificar Valentim Pastor e comunicar à família, em Madrid, o trágico desfecho de alguns dias de aventura sobrevoando o Alto Minho.

A investigação do acidente está entregue ao Instituto Nacional de Aviação Civil, a quem caberá apurar as circunstâncias do acidente.

De acordo com os bombeiros a causa provável terásido o nevoeiro que fez com que o piloto tivesse perdido a visibilidade e chocado contra o monte. Foi aliás ao ouvir o estrondo que um individuo que por ali passava deu o alerta para as autoridades.

Fontes: RTP Notícias / Manuela Teixeira (Correio da Manhã)

Parentes de vítimas de avião iemenita acidentado irão a Comores

Um grupo de familiares das vítimas do avião da companhia Yemenia Airway que caiu em 30 de junho quando aterrissaria em Comores viajará amanhã a esse país, anunciou hoje o Governo francês.

Cerca de 150 pessoas solicitaram ir a Comores em um voo especial que sairá de Paris e fará escala em Marselha (sudeste da França), fretado pelos seguradores da Yemenia com a companhia francesa Blue Line, afirmou o Ministério de Assuntos Exteriores francês.

Dos 153 passageiros que viajavam no avião, só sobreviveu uma menina de 12 anos, que foi transferida dias depois à França para ser hospitalizada e continuar o tratamento médico.

Ela é a única sobrevivente das pessoas que viajavam a bordo do A310 que tinha saído de Sana, a capital do Iêmen, em direção a Comores.

As causas do acidente ainda não foram esclarecidas, mas tudo leva a crer que o mau tempo na área naquele momento foi o motivo principal.

Para a maior parte dos passageiros, a viagem tinha começado na França, onde outro avião (um Airbus A330) os tinha transportado de Paris ou Marselha até Sana.

O A310 da Yemenia estava proibido de operar na França, depois que, em 2007, especialistas franceses em segurança detectaram uma série de defeitos.

O primeiro-ministro francês, François Fillon, já anunciou a saída do voo com os familiares das vítimas no sábado passado, durante uma visita a Comores na qual apresentou às autoridades dessas ilhas "as condolências" da França.

Fonte: EFE via IG

A saga do Luverdense, time da Série C, e o extravio de sua bagagem

Sábado, 11

Várzea! Time da Série C tem material esportivo roubado

O Luverdense (clube de futebol da cidade de Lucas do Rio Verde no estado de Mato Grosso) viveu uma situação inusitada no desembarque em Marabá-PA na sexta-feira (10).

A bagagem, em três containers, sumiu e é exatamente todo o material esportivo do time (chuteiras, uniformes, luvas, estojos de primeiros socorros, fichários etc.) que que terá que se virar, ainda neste sábado, em lojas de Marabá para repor as peças.

Se não conseguir esse material, já que a companhia ainda não informou o paradeiro do material ( chuteiras, uniformes, luvas, estojos de primeiros socorros, fichários etc.) o time pode até perder por W.O ou ter que pedir uniforme emprestado para entrar em campo neste domingo, contra o Águia, às 16 horas.

Mas o problema começou no embarque para a cidade paraense. O avião da TAM não decolou por apresentar pane, ainda no pátio, após uma aterrissagem proveniente de Brasília, na escala Brasília-Cuiabá-Marabá e o elenco do Luverdense teve que viajar dividido em duas aeronaves.

Fonte: Orlando Antunes - Futebolpress (Futebol Interior)

Domingo, 12 (manhã)

Luverdense recupera material esportivo e quer vencer

Reapareceram na madrugada deste domingo, os containners com todo o material esportivo do Luverdense, que havia sido desviado - e chegou a ser tido como roubado - pela companhia aérea no embarque da sexta-feira, para Marabá (PA), onde o Luverdense joga neste domingo partida decisiva contra o vice-líder Águia, pelo segundo turno da Chave A do Brasileiro da Série C.

Ainda no Aeroporto Marechal Rondon (Cuiabá/Várzea Grande), três containners com artigos e materiais esportivos do clube ( chuteiras, uniformes, agasalhos, pranchetas, estojos médicos etc) foram embarcados em outra aeronave, depois de uma pane no voo da Tam, que, inclusive, provocou a divisão da delegação em duas turmas. Parte dos jogadores seguiu para Marabá (PA) e outros integrantes da delegação ficaram em Cuiabá aguardando um novo voo. Esse fato é que pode ter gerado a confusão, já que toda a bagagem do clube foi para São Paulo (SP) e teria o destino do México - já que a aeronave faria essa escala.

Tudo em ordem!

Na madrugada deste domingo, o presidente do clube, Helmut Lawisch, apareceu no hotel onde a equipe está hospedada com os produtos recuperados, após ter seguido para São Paulo. Não foi preciso emprestar uniforme ou comprar o material em lojas locais porque Helmut manteve contato por telefone, avisando da recuperação dos containners.

Fonte: Jorge Maciel - Futebolpress (Futebol Interior)

Domingo, 12 (19:32h)

Luverdense vence Águia no Pará e tem chance de classificação

O Luverdense reagiu na Série C e venceu o líder Águia, em Marabá (PA), esta tarde, por 2 a 0, e saiu da zona de rebaixamento do grupo A. Com dois gols de Simião, o time de Lucas do Rio Verde surpreendeu o adversário em sua casa e a vitória volta a deixar o Luverdene com chances de se classificar. O Paysandu lidera com 10, mesmo número de pontos do Águia -que está em 2º- e o Luverdene subiu para 3º com 7 pontos. Rio Branco é terceiro com 9 pontos e o Sampaio Corrêa (MA) fica em quinto, na zona de rebaixamento, com 4 pontos. O primeiro tempo terminou empatado, sem gols. No segundo tempo, brilhou a estrela de Simião. De cabeça, ele marcou o primeiro aos 5 minutos. O Luverdense jogava melhor, criava várias oportunidades e conseguiu o segundo gol aos 42 minutos. Simião recebeu passe e mandou para o fundo das redes, garantindo a segunda vitória da equipe de Lucas em 6 jogos.

Agora, o Luverdense vai enfrentar o Paysandu, em Belém, no próximo dia 19. Se conseguir repetir o desempenho do último dia 27, quando venceu o Papão, em Lucas, por 3 a 2, ficará bem mais perto de uma das duas vagas classificatórias para a próxima fase. Semana passada, diretoria do Luverdense anunciou que o objetivo é evitar o rebaixamento para a Série D.

Fonte: Só Notícias

MAIS:

Site do Luverdense: http://www.luverdenseec.com.br/

Avião militar faz pouso de emergência em Tampa (EUA)

Um avião militar americano fez na sexta-feira (10) às 10:52 (hora local) um pouso de emergência na cidade de Tampa, no estado americano da Flórida.

O Boeing KC-135, um avião de reabastecimento aéreo, teve que pousar. depois que uma fumaça tomou conta da cabine do piloto, 4 minutos depois da decolagem. A aeronave havia deixado a base aérea de MacDill, na Flórida, e seguia para a Carolina do Norte, com 19 pessoas a bordo. O avião desceu no Aeroporto Internacional de Tampa e passa por avaliação técnica.

Fontes: Band / TBO (Tampa Bay Online) / Bay News 9 - Fotos: Channel 8 / Bay News 9

Site recria missão Apollo 11 em tempo real

No dia 20 de julho de 1969, Neil Armstrong entrou para a história como o primeiro homem a pisar na Lua.

A veracidade das imagens divulgadas na data para o mundo ainda é contestada por muitos, mas fato incontestável é que, por causa daquele pequeno passo dado na superfície lunar, a Terra parou para admirar o céu. Ou melhor, a tela de um aparelho de TV. Agora, quarenta anos depois, será possível reviver essa experiência por meio de uma outra tela: a do computador.

Neil Armstrong em 1969: chegada à Lua será recriada em tempo real na internet

A biblioteca e museu presidencial John F. Kennedy irá disponibilizar, a partir de quinta feira, toda a missão Apollo 11 recriada em tempo real. A data escolhida,16 de julho, é a mesma do lançamento da missão quatro décadas atrás.

O site We Choose The Moon, ou “nós escolhemos a Lua”, irá mostrar a rota da nave desde o momento em que ela deixa a Terra até a caminhada de Armstrong. Os visitantes poderão seguir no Twitter as mensagens entre a torre de controle e a cápsula e se cadastrar para receber um alerta de e-mail quando o módulo lunar aterrisar.

Animações também recriam os principais eventos dos quarto dias da missão, incluindo a órbita da espaçonave na Lua e a separação do módulo lunar do restante da nave. Também há vídeos, fotos e até mesmo trechos das transmissões de rádio efetuadas entre os astronautas Edwin Aldrin, Michael Collins e Neil Armstrong e os controladores da NASA.

O nome do site remete ao presidente americano John Kennedy, assassinado seis anos antes do lançamento da Apollo 11. Em 1961, ele estabeleceu a meta de chegar à Lua até o fim da década e, no ano seguinte, fez um discurso que dizia: “Nós escolhemos ir à Lua nesta década, e fazer também as outras coisas, não porque elas sejam fáceis, mas porque são difíceis, porque a meta servirá para organizarmos e medirmos o melhor de nossas energias e habilidades, porque esse desafio é um que queremos aceitar, que não iremos adiar e que vamos vencer”.

Caso ainda não tenha se decidido se acredita ou não na história e queira dar mais uma olhada nos eventos, o We Choose the Moon iniciará a transmissão às 8h02 da manhã de quinta, ou 9h02 no horário de Brasília - exatamente 90 minutos antes do horário original de partida da Apollo 11. Quem acessar agora, verá que a contagem regressiva já começou...

Fonte: Paula Rothman (INFO Online) - Foto: Getty Images

Nasa adia mais uma vez o lançamento do ônibus espacial 'Endeavour'

Mau tempo na Flórida impede o início da operação.

Partida foi remarcada para esta segunda-feira (13).

Nuvens pesadas perto do Centro Espacial Kennedy, na Flórida (EUA) forçaram a Nasa (agência espacial americana) a adiar mais uma vez o lançamento do ônibus espacial Endeavour, rumo à Estação Espacial Internacional (ISS). O lançamento foi remarcado para esta segunda-feira (13), às 22h51 (19h51, horário de Brasília).

"A acumulação de nuvens e relâmpagos violam as normas para o lançamento", explicou a agência, enquanto os sete tripulantes estavam prontos, dentro da nave, para iniciar uma missão de 16 dias. Durante a missão, os astronautas do "Endeavour" completarão, entre outras atividades, a instalação do laboratório "Kibo".

Esse foi o quarto atraso do lançamento do Endeavour. Neste sábado (11), a operação foi abortada após uma série de raios ser registrada na região. Duas tentativas no mês passado foram canceladas devido a vazamentos de hidrogênio no tanque externo do ônibus espacial.

A Nasa decidiu cancelar o lançamento pela proximidade de tempestades, que colocavam em perigo uma possível aterrissagem de emergência no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, se o ônibus espacial tivesse que voltar para a Terra.

Até terça-feira

A agência tem somente até esta terça-feira (14) para lançar o "Endeavour", senão terá que esperar a conclusão da missão de um foguete não-tripulado russo, que se dirigirá à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

Fonte: G1 (com informações da EFE e da Reuters) - Foto: NASA

Alta tecnologia poderia ter revertido a II Guerra

Os nazistas chegaram perto de desenvolver um bombardeiro invisível a radares que poderia ter mudado o curso da história. A conclusão é de um grupo de engenheiros da Northop-Grumman, conhecida fabricante de materiais bélicos, que conseguiu reconstruir o Ho 2-29, protótipo de um bombardeiro alemão do final da II Guerra Mundial.

Através de moldes e partes remanescentes do Ho 2-29, a equipe de engenheiros construiu uma réplica em tamanho real do bombardeio. O projeto custou 154.000 libras e levou 10 semanas para ser concluído. Todo o processo é descrito em um documentário da National Geographic Channel, que pode ser visto, em inglês, através do site da emissora.

O Ho 2-29, cuja réplica é incapaz de voar, não é completamente invisível a radares, mas foi o primeiro avião a utilizar a chamada "tecnologia furtiva", hoje empregada nos famosos bombardeiros B-2 americanos. Ele foi solicitado em 1943 pelo chefe da Luftwaffe (a Força Aérea alemã), Hermann Goering, interessado em algo que atendesse aos requisitos "1.000, 1.000, 1.000", ou seja, que carregasse 1.000 quilos por 1.000 quilômetros e a uma velocidade de 1.000 quilômetros por hora.

Idealizado pelos irmãos Horten, o Ho 2-29 chegou a realizar um teste bem sucedido em 1944, mais de 30 anos antes dos Estados Unidos usarem um avião do gênero pela primeira vez, o F-117A Nighthawk. No entanto, a derrota da Alemanha já era iminente, e não houve tempo para que a tecnologia fosse aperfeiçoada.

Assista a um trecho do documentário abaixo (em inglês):


Fonte: Veja.com

Trecho do livro "Um Minuto para a Meia-Noite - Kennedy, Kruchev e Castro à beira da guerra nuclear"

13:45, SÁBADO, 27 DE OUTUBRO (9:45 NO ALASCA)

Fora uma manhã febril, mas o presidente decidira não perder a nadada de sempre. Em geral ia duas vezes por dia, pouco antes do almoço e outra vez antes do jantar, com o auxiliar Dave Powers. Os médicos haviam-lhe prescrito exercícios de natação para o problema das costas, mas era também uma forma de relaxar. A princípio construída para Franklin Roosevelt como parte do tratamento da pólio, a piscina interna no porão da Ala Oeste fora reformada e decorada com o mural de uma gloriosa cena de navegação nas ilhas Virgens, doado por Joe Kennedy. Os dois amigos entraram num papo agardável enquanto praticavam nado de peito de um lado para o outro dos 80 metros d´´agua, mantida em constantes 32 graus.

Ao voltar do exercício, Kennedy passou pelo Salão Oval e dirigiu-se à sala de refeições para um almoço leve. O telefone tocou à 13:45. Era McNamara, com a notícia do U-2 desaparecido no Alasca.

Poucos minutos depois, o chefe de espionagem do Departamento de Estado subiu às pressas a escada, vindo do escritório de Bundy no porão. Roger Hilsman acabara de saber da corrida de jatos soviéticos e americanos. Após passar dois dias sem dormir, sentia-se exausto, mas entendeu na hora o significado do que acontecera.

- As implicações eram tão óbvias quanto horrendas: os soviéticos bem podiam encarar aquele vôo de U-2 como um reconhecimento de última hora em preparação para a guerra nuclear.

Hilsman esperava uma exploração de fúria do presidente, ou pelo menos algum sinal do pânico que ele próprio começava a sentir. Mas Kennedy quebrou a tensão com uma risada curta e amarga e um truísmo de seus dias na Marinha:

- Tem sempre um filho da puta que não recebe a notícia.


A calma exterior traía uma profunda frutração. Ao contrário de outros membros da família, em particular o irmão Bobby, Kennedy ficava calado quando zangado. Os auxiliares mais próximos temiam mais o ranger de dentes que as ocasionais explosões. Quando realmente fora de si, ele batia nos dentes da frente com as unhas ou agarrava os braços da cadeira com tanta força que os nós dos dedos ficavam brancos.

Kennedy descobria os limites do poder presidencial. Era impossível um comandante em chefe saber tudo que se fazia em seu nome. Havia tantas coisas que só descobria quando "algum filho da puta" estragasse tudo; a máquina militar operava segundo uma lógica e impulso interno próprios. O Pentágono garantia-lhe que os vôos para coleta de amostras de ar ao pólo Norte haviam sido planejados e aprovados muitos meses antes. Ninguém pensara na possibilidade de um U-2 acabar do outro lado da fronteira soviética no dia mais perigoso da Guerra Fria.

Não apenas a extensão de sua própria ignorância perturbava Kennedy. Às vezes pedia que fizessem alguma coisa e nada acontecia. Um exemplo desse fenômeno, pelo menos para ele, eram os mísseis Júpiter na Turquia. Quisera tirá-los de lá havia meses, mas a burocracia sempre encontrava um motivo obrigatório para ignorá-lo. Manifestara essa exasperação durante ima caminhada no Jardim das Rosas com Kenny O'Donnel pela manhã. Mandara-o descobrir "a última vez que pedi a retirada daqueles malditos mísseis da Turquia. Não as primeiras vezes que pedi a retirada, apenas a data da última". Revelou-se que o presidente instruía o Pentágono a examinar a remoção dos Júpiteres em agosto, mas a ideia fora arquivada por receio de irritar os turcos. Bundy depois insistiu que jamais recebera uma "ordem presidencial" formal para retirar os mísseis, e os registros arquivados parecem confirmar isso.

A remoção dos mísseis complicava-se mais agora que Kruchev tentava usá-los como moeda de barganha pública. Mas Kennedy tinha certeza de uma coisa: não ia à guerra, pois de outro modo "a coisa toda vira cinzas". Isso resumia muito bem a maneira como se sentia 20 anos depois, agora que ele próprio decidia "os porquês e portantos".

Mas o drama naquela tarde de sábado pouco tinha a ver com os desejos de Kennedy ou Kuchev. Os fatos moviam-se mais rápido do que os líderes políticos podiam controlar.

Um avião espião americano fora derrubado sobre Cuba. Outro se perdera sobre a Rússia. Uma bateria de mísseis de cruzeiro soviética tomara posição diante de Guantánamo, pronta para cumprir a ameaça feita por Kruchev de "varrer" a base naval. Um comboio de ogivas nucleares dirigia-se a um dos regimentos de mísseis R-12. Castro ordenara ao exército que abrisse fogo sobre aviões americanos em vôo baixo e exortava os soviéticos a pensarem num primeiro ataque nuclear.

O presidente nem sequer exercia completo controle sobre suas próprias forças. Tinha apenas um vago senso de confronto em formação no Caribe, onde navios de guerra americanos tentavam forçar submarinos soviéticos a irem à superfície e os exaustos tripulantes imaginavam se já começara a Terceira Guerra Mundial.

O paradoxo da era nuclear era que os americanos tinham um poder maior que nunca - mas tudo seria posto em risco por um único e fatal erro de cálculo. Os erros não passavam de uma consequência inevitável da guerra, mas nas anteriores haviam sido mais fácies de consertar. As apostas eram muito mais altas agora, e a margem de erro, muito mais estreita. "A possibilidade de destruição da humanidade" não lhe saía da cabeça, segundo Bobby. Ele sabia que a guerra "raras vezes é intencional". Perturbava-o mais a ideia de que, "se erramos, não erramos apenas para nós mesmos, nossos futuros, nossas esperanças e nosso país", mas para os jovens em todo o mundo "que não tiveram papel, nem voz, que não sabiam sequer do confronto, mas cujas vidas seriam apagadas como as de todos os demais".


Um fraco fulgor surgiu no horizonte ao lado do bico do avião de Maultsby. Ele sentiu o ânimo elevar-se pela primeira vez em horas. Agora tinha certeza de que se dirigia para o leste, de volta ao Alasca. O navegador em Eilson vira o mesmo fulgor rubro uma hora e meia antes, quando ainda estava escuro sobre Chukotka. Maultsby decidiu manter o rumo até descer a 20 mil pés. Se não houvesse nuvens, desceria para 15 mil e olharia em volta. Se houvesse, tentaria manter a altitude o máximo possível. Não queria bater numa montanha.

A 25 mil pés, o traje pressurizado começou a desinflar-se. Não se viam nuvens nem montanhas. A essa altura, havia apenas luz suficiente para permitir a Maultsby ver o chão. Coberto de neve.

Dois F-102s com a típica pintura vermelha na cauda e na fuselagem apareceram na ponta de cada asa. Pareciam voar a uma "velocidade quase nula", num ângulo perigosamente inclinado. Maultsby tinha apenas energia de bateria suficiente para entrar em contato com os caças na freqüência de emergência do rádio. Uma voz americana atravessou o ar em estalos:

- Bem vindo ao lar.

Os dois interceptadores F-102 entravam e saíam disparados das nuvens, circulando o abalado avião espião como insetos a zumbir. Se tentassem igualar a lenta velocidade de planador do U-2, se incendiariam e cairiam. Pelo menos não havia sinal de MiGs soviéticos, que tinham voltado para Anadir muito antes de Maultsby alcançar águas internacionais.

O aeroporto mais próximo ficava numa primitiva faixa de gelo num lugar chamado estreito de Kotzebue, posto militar de radar pouco acima do Círculo Polar Ártico. Faltavam cerca de 20 milhas. Os pilotos dos F-102s sugeriram que Maultsby tentasse pousar ali.

- Vou fazer uma curva à esquerda, por isso é melhor se mandarem - ele falou pelo rádio ao avião da esquerda.

- Não tem problema, vamos lá.

Quando Maultsby virou à esquerda, um dos F-102s desapareceu sob a asa esquerda do seu avião. O piloto falou de volta para dizer que ia procurar a pequena faixa de gelo.


Roger Herman esperava na porta da pista na base McCoy da Força Aérea nos arredores de Orlando, Flórida, vasculhando céu do sul em busca de algum sinal de Rudy Anderson. O oficial móvel tinha um papel crucial na ajuda ao piloto para pousar o avião. O U-2 já era bastante difícil de pilotar; mais ainda de pousar. O piloto tinha de fazer as longas asas pararem de gerar força ascensional exatos dois pés acima da pista. O oficial móvel corria atrás do avião num veículo de controle, gritando a altitude a cada dois palmos. Se o piloto e ele fizessem o trabalho direito, o avião pousaria de barriga. De outro modo, continuaria a planar.

Roger esperara Anderson por mais de uma hora. Perdia rápido a esperança. O piloto não mandara uma mensagem de rádio codificada para avisar que tornara a entrar no espaço aéreo americano. Talvez um erro de navegação o houvesse feito desviar-se. Mas só tinha combustível suficiente para um vôo de quatro horas e meia. Partira às 9:09. O tempo se esgotava.

De pé na ponta da pista, Herman sentia-se como alguém num filme sobre a II Guerra Mundial, contando os minutos até a volta do amigo. Esperou até receber um chamado do comandante da ala, coronel Dês Portes:

- É melhor você voltar.

Por: Michael Dobbs

Livro aprofunda história sobre o dia em que a Terra quase acabou

AMIGOS? - Nikita Kruchev se reúne com John Kennedy (à esq.) e abraça Fidel Castro. Eles foram os atores do conflito

A atual ameaça nuclear vinda do Irã ou da Coreia do Norte soa até inocente diante dos 13 dias de outubro de 1962 em que americanos e soviéticos estiveram muito perto de um embate atômico de proporções assustadoras, separados apenas pela estreita faixa de mar entre a Flórida e Cuba, então recém-alinhada ao comunismo soviético. O relato desse episódio da história, conhecido como Crise dos Mísseis, ganha uma valiosa contribuição com Um Minuto Para A Meia- -Noite – Kennedy, Kruchev E Castro À Beira Da Guerra Nuclear (Rocco, 448 páginas, R$ 58, tradução de Jussara Simões e Marcos Santarrita).

A obra, do veterano jornalista americano Michael Dobbs, do The Washington Post, se aprofunda na tensão vivida pelas duas principais figuras da crise: o presidente americano John Kennedy (que viria a ser assassinado um ano depois) e o secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética Nikita Kruchev. Por isso, quase metade do livro se volta para um só dia do conflito, por ter sido o mais nervoso de todos: sábado 27 de outubro.

O trunfo de Dobbs, que faz um relato hora a hora do chamado Sábado Negro, com fotos e documentos inéditos, é desfazer a impressão histórica de que Kennedy fora um líder com uma visão privilegiada durante todo o conflito. Embora determinado a evitar a hecatombe, não tinha controle total de seus comandados, assim como Kruchev. Daí a importância dada aos incidentes daquele sábado, que poderiam ter iniciado a guerra nuclear à margem do conhecimento dos dois.

O dia começa com o presidente cubano, Fidel Castro, ditando um telegrama em que incitava Kruchev a usar o arsenal nuclear instalado em Cuba. Sem autorização expressa de Kruchev, ogivas nucleares são deslocadas para mais perto dos mísseis que as lançariam – a descoberta desses mísseis por missões americanas de espionagem foi o que deflagrou a crise, 12 dias antes. Mais tarde, um avião espião U-2, dos Estados Unidos, é abatido ao sobrevoar o território cubano. Já pego de surpresa por essa notícia, Kennedy é informado horas depois que outro U-2 invadira, sem propósito militar, o espaço aéreo soviético pelo Alasca. Com seu sarcasmo peculiar, Kennedy reage com a seguinte frase: “Tem sempre um filho da p... que não recebe o recado”. O frenético sábado termina com um acordo em que Kennedy se compromete (não publicamente) a se desfazer de mísseis americanos na Turquia cinco meses depois do início da retirada do arsenal soviético de Cuba, que deixou Fidel inconformado.

O autor conclui que, mesmo se uma “sorte cega” contribuiu para o fim pacífico do confronto, Kruchev e Kennedy tiveram o mérito de esperar até onde foi possível para não tomar uma decisão desastrosa. “A verdadeira boa sorte é que homens sadios e equilibrados (...) ocupavam a Casa Branca e o Kremlin em outubro de 1962.”

ATAQUE - Nesta foto inédita, feita a partir de um filme de espionagem, um avião dos EUA sobrevoa uma base soviética em Cuba (destaque) em 26 de outubro de 1962. No dia seguinte, essa mesma base abateu um avião espião americano. A faixa preta é uma fita usada para colar dois fotogramas

Fonte: Juliano Machado (Revista Época) - Fotos: Reprodução

A única sobrevivente de um acidente de avião que deixou 152 mortos

A história da menina encontrada viva 13 horas após a queda de aeronave nas Ilhas Comores mostra a capacidade do ser humano de sobreviver às condições mais adversas

REENCONTRO - O pai de Bahia, Kassim Bakari, com a filha em um avião de resgate. Ele perdeu a mulher no acidente - Clique na foto para ampliá-la

Bahia lembra-se do alerta para afivelar os cintos, de uma sensação repentina semelhante a um choque elétrico e de ter sido ejetada do avião. Ao recuperar os sentidos, a menina teve a impressão de ouvir pessoas falando, mas não conseguia enxergar nada na escuridão. Agarrada a uma parte do avião em que viajava, boiava no Oceano Índico. A adolescente de 12 anos foi a única sobrevivente entre os 153 ocupantes do Airbus 310 da companhia aérea Yemenia, que caiu na madrugada da terça-feira, 20 quilômetros ao norte da ilha principal do Arquipélago de Comores. Testemunhas afirmam que viram a aeronave abortar a aterrissagem e sumir em direção ao mar.

A garota que mal sabe nadar passou mais de 13 horas agarrada a um destroço do Airbus. Ao avistar um dos navios de resgate, Bahia acenou. Uma boia foi jogada, mas ela não conseguiu segurá-la. Um homem pulou na água e salvou a adolescente. De uma cama de hospital em Comores, para onde foi levada, com cortes no rosto, queimaduras e uma clavícula fraturada, Bahia narrou ao pai aquilo que pôde lembrar do acidente.

Por mais detalhes que pudesse dar, ainda é impossível explicar como Bahia se salvou. Setenta e duas horas depois do acidente, nem corpos nem partes grandes do Airbus haviam sido encontrados, o que pode sugerir que todos os outros ocupantes do voo IY 626 afundaram com a aeronave. “É um milagre”, disse ao jornal francês Le Figaro o diretor do Museu do Ar e do Espaço, Gerard Feldzer, especialista em história da aviação. “Tudo depende da maneira como o avião cai.” Feldzer especula que uma brecha na fuselagem possa ter se aberto exatamente onde estava o assento dela. O impacto da queda teria sido amortecido pela baixa altitude. Acredita-se também que crianças tenham uma probabilidade ligeiramente maior de sobreviver nesse tipo de acidente porque seu corpo menor estaria menos sujeito a impactos e, conforme a posição na hora da queda, protegido pelos objetos à volta.

Acredita-se que crianças tenham mais chances de sobreviver, protegidas pelo corpo menor.

Bahia entrou para a pequena lista de sobreviventes únicos em acidentes aéreos (leia o quadro na próxima página). Segundo Todd Curtis, diretor da Fundação Airsafe.com, desde 1970 e excluído o caso de Bahia, apenas 12 pessoas haviam sobrevivido sozinhas a desastres com aviões.

O acidente guarda algumas semelhanças com o ocorrido há um mês com o voo AF 447, da Air France, que caiu no Atlântico quando fazia a rota Rio-Paris. Os dois aviões eram da mesma empresa, a Airbus, caíram no mar em condições meteorológicas desfavoráveis e levavam grande número de franceses – as Ilhas Comores foram colônia da França, e a linha da Yemenia é muito usada por imigrantes. “Estou dividido entre o alívio e a tristeza”, disse Kassim, o pai da adolescente. O mesmo BEA, o órgão francês de investigação de acidentes aéreos que está apurando as causas da tragédia do AF 447, enviou especialistas a Comores.

As semelhanças terminam aí. Acredita-se que tenha contribuído para a tragédia a falta de segurança dos voos da Yemenia, que pertence aos governos do Iêmen e da Arábia Saudita. Em algumas aeronaves, não haveria cintos de segurança e passageiros voariam em pé. Antes mesmo do acidente, já existia uma associação chamada SOS Travel to Comoros (SOS Viagem para Comores), dedicada a alertar para o que chamam de “aviões- -sucata”. Um desses “caixões voadores” seria o aparelho que caiu. Fabricado em 1990, estava proibido de aterrissar na França desde 2007, por descumprimento dos procedimentos de manutenção (a aeronave pertenceu, entre outras, à pequena companhia aérea brasileira Passaredo). Após o acidente, a Yemenia cancelou todos os voos na França para “garantir a segurança” de passageiros e funcionários. As autoridades iemenitas culparam o mau tempo.

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Fonte: José Antonio Lima e Liuca Yonaha (Revista Época) - Foto: Stephane de Sakutin - Imagem: Reprodução