Objetivo das medidas é preparar o país para enfrentar 'ameaças terroristas'.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou nesta terça-feira (17) uma reforma nas forças armadas do país, que pretende preparar a França para "enfrentar novas ameaças terroristas".
Segundo Sarkozy, a reforma inclui o reforço dos serviços de inteligência, principalmente na área espacial.
O presidente anunciou que o orçamento do setor espacial militar irá dobrar em relação ao montante atual, de 380 milhões de euros (cerca de R$ 950 milhões) por ano.
"Hoje, a ameaça imediata é a de um ataque terrorista. Essa ameaça é presente, real, e nós sabemos que ela poderá ter uma nova forma, ainda mais grave, com meios radiológicos, químicos e biológicos", declarou Sarkozy, ao expor o plano de reforma a mais de 3 mil militares.
Sarkozy também anunciou a criação do cargo de coordenador Nacional dos Serviços de Inteligência, que será assumido pelo atual embaixador da França na Argélia.
Para o presidente francês, a defesa do país deve ser mais ágil e mais bem equipada.
Planos
Ao anunciar os planos para as Forças Armadas, o presidente afirmou que, dentro dos próximos seis ou sete anos, fará uma redução significativa no contingente das três forças.
Com a redução, o número de postos do Exército, Marinha e Aeronáutica passará dos atuais 271 mil para 224 mil.
Apesar da redução de pessoal, Sarkozy prometeu ampliar de maneira significativa os investimentos em equipamentos militares.
"Nós devemos aumentar a capacidade de resistência do país, ou seja, sua capacidade de encontrar novamente um funcionamento aceitável, normal, diante de uma crise maior", declarou o presidente.
O orçamento da defesa irá totalizar 377 bilhões de euros (R$ 945 milhões) até 2020.
Destes, 200 bilhões de euros (cerca de R$ 500 bilhões) serão destinados à modernização dos equipamentos militares, já que, segundo o ministro da Defesa, Hervé Morin, os atuais estão "totalmente desgastados".
De acordo com Sarkozy, os novos investimentos representam um acréscimo de quase 3 bilhões de euros (R$ 7,5 bilhões) no gasto anual com equipamentos, que hoje chega a 15,5 bilhões de euros (R$ 38,7 bilhões).
A França irá modernizar, por exemplo, 300 aviões de combate polivalentes, como o Rafale e o Mirage 2000, utilizados pela Marinha e pela Força Aérea.
"A proliferação (armamentista) continua e um número crescente de países irá dispor de mísseis balísticos, cujo alcance pode atingir vários milhares de quilômetros e atacar a Europa", afirmou o presidente francês.
Europa
Sarkozy também disse esperar que a Presidência francesa da União Européia, que começa no dia primeiro de julho, seja a "primeira etapa de uma retomada do projeto de defesa" comum.
O presidente francês afirmou que espera que o bloco europeu seja capaz de enviar simultaneamente 60 mil homens a operações no exterior.
Ele acrescentou que a França se reintegrará, em breve, ao comando militar da Otan (Aliança do Tratado do Atlântico Norte), ressalvando que o país não colocaria tropas à disposição da aliança em tempos de paz.
Segundo o presidente, a dissuasão nuclear francesa continuará algo "estritamente nacional".
A França, embora membro da Otan, não faz parte do comando militar da organização desde 1966, por decisão do general Charles de Gaulle, que retirou os oficiais franceses dessa estrutura da aliança.
Fonte: BBC