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quinta-feira, 14 de março de 2024

A misteriosa morte do empregado da Boeing que denunciou irregularidades na empresa

Nos dias que antecederam sua morte, John Barnett estava testemunhando em um processo movido contra a gigante da aviação.

John Barnett trabalhou na Boeing por 32 anos, até sua aposentadoria em 2017 (Foto: John Barnett)
Um ex-funcionário da Boeing, conhecido por levantar preocupações sobre os padrões de produção da empresa, foi encontrado morto nos Estados Unidos. John Barnett trabalhou na Boeing por 32 anos, até sua aposentadoria em 2017.

A Boeing lamentou a notícia da morte de Barnett. O legista do Condado de Charleston confirmou sua morte à BBC na segunda-feira. 

Barnett trabalhou para a gigante aeroespacial americana por 32 anos, até sua aposentadoria em 2017 por motivos de saúde. 

A partir de 2010, ele atuou como gerente de qualidade na fábrica de North Charleston, onde eram fabricados os 787 Dreamliner, uma aeronave de última geração usada principalmente em rotas de longo alcance.

Em 2019, Barnett informou à BBC que trabalhadores sob pressão estavam intencionalmente instalando peças de qualidade inferior nas aeronaves em produção. Ele também revelou sérios problemas nos sistemas de oxigênio, o que poderia resultar em um quarto das máscaras de respiração não funcionando em uma emergência.

Barnett afirmou que, logo após começar a trabalhar na Carolina do Sul, ficou preocupado com a pressa para construir novas aeronaves, comprometendo a segurança, algo negado pela empresa. Posteriormente, ele disse à BBC que os trabalhadores não seguiram os procedimentos para rastrear componentes pela fábrica, permitindo que peças defeituosas desaparecessem.

Ele afirmou que, em alguns casos, peças de qualidade inferior foram retiradas até mesmo de lixeiras e instaladas em aviões em construção para evitar atrasos na linha de produção. O ex-funcionário também alegou que testes nos sistemas de oxigênio de emergência destinados ao 787 mostraram uma taxa de falha de 25%, significando que um em cada quatro poderia falhar em um verdadeiro cenário de emergência.

Funcionários e convidados assistem à primeira decolagem do novo Boeing 787-10 Dreamliner no Aeroporto Internacional de Charleston em North Charleston, na Carolina do Sul (EUA) (Foto: Randall Hill/Reuters)
Ele disse que alertou os gerentes sobre suas preocupações, mas nenhuma ação foi tomada. A Boeing negou suas alegações. No entanto, uma revisão de 2017 pela agência reguladora dos EUA, a Administração Federal de Aviação (FAA), corroborou algumas das preocupações de Barnett.

Foi estabelecido que a localização de pelo menos 53 peças "não conformes" na fábrica era desconhecida, sendo consideradas perdidas. A Boeing foi ordenada a tomar medidas corretivas.

Sobre o problema dos cilindros de oxigênio, a empresa afirmou que, em 2017, havia "identificado alguns cilindros de oxigênio recebidos do fornecedor que não estavam funcionando corretamente". No entanto, negou que algum deles tenha sido realmente instalado em aeronaves.

Após se aposentar, Barnett iniciou uma ação judicial prolongada contra a empresa, acusando-a de difamar seu caráter e prejudicar sua carreira devido aos problemas que apontou — acusações rejeitadas pela Boeing.

Quando morreu, Barnett estava em Charleston para entrevistas legais relacionadas a esse caso. Na semana passada, ele prestou depoimento formal, sendo questionado pelos advogados da Boeing antes de ser interrogado por seus próprios representantes legais.

Ele deveria passar por mais questionamentos no sábado. Quando não compareceu, investigações foram feitas em seu hotel. Ele foi encontrado morto em seu caminhão no estacionamento do hotel. Seu advogado descreveu sua morte como "trágica" em entrevista à BBC.

Em comunicado, a Boeing disse: "Estamos tristes com a morte do Sr. Barnett, e nossos pensamentos estão com sua família e amigos". Sua morte ocorre em um momento em que os padrões de produção tanto da Boeing quanto de seu principal fornecedor, a Spirit Aerosystems, estão sob intenso escrutínio.

Isso segue um incidente no início de janeiro, quando uma porta de emergência não utilizada se soltou de um novo Boeing 737 Max pouco depois de decolar do Aeroporto Internacional de Portland.

Um relatório preliminar da Junta Nacional de Segurança no Transporte dos EUA sugeriu que quatro parafusos principais, projetados para manter a porta firmemente no lugar, não foram instalados.

Na semana passada, a FAA afirmou que uma auditoria de seis semanas na empresa encontrou "várias instâncias em que a empresa supostamente não cumpriu os requisitos de controle de qualidade na fabricação".

Via g1

quinta-feira, 7 de março de 2024

'Oficinas do crime': operação revela esquema de pilotos e mecânicos de helicópteros a serviço do tráfico de drogas e do garimpo ilegal

O Fantástico teve acesso a áudio e vídeos que mostram como funcionava o esquema. Oficinas clandestinas guardavam peças, faziam manutenção e até montavam helicópteros a serviço do crime.


Uma operação da Polícia Federal em cinco estados desmantelou uma quadrilha que atuava em garimpos ilegais e transportava drogas para o tráfico internacional.

O Fantástico teve acesso a áudio e vídeos que mostram como funcionava o esquema. Oficinas clandestinas guardavam peças, faziam manutenção e até montavam helicópteros a serviço do crime. 


A descoberta do esquema

Em um vídeo, um homem, identificado como o piloto Silvio Sant'Anna oferece voo ilegal para as crianças indígenas. De acordo com a polícia, a gravação foi feita na região Norte do Brasil, em uma área de garimpo ilegal. 

As imagens foram encontradas no celular do piloto, depois que ele foi preso em uma operação, no dia 22 de fevereiro. Segundo as investigações, Sílvio faz parte de uma organização criminosa que atua em garimpos ilegais e transporta drogas para o tráfico internacional.

“Pilotos dedicados a esse transporte da cocaína. E contando com a estrutura em solo, contando com o apoio logístico”, ressalta Edmar Rogério Dias Caparroz, delegado da Polícia Civil-SP.

Os planos dessa quadrilha começaram a dar errado em agosto do ano passado, quando a polícia apreendeu mais de 600 quilos de cocaína no interior de São Paulo e em Goiás, pertencentes ao grupo criminoso PCC.

Construção e negociação de aeronaves

Segundo a Polícia Federal, além das atividades de manutenção, a organização criminosa utilizava uma empresa de metalurgia em Goianira, na região metropolitana de Goiânia, como fachada para uma oficina clandestina que também construía aeronaves. No local, a PF encontrou um helicóptero que ainda estava sendo montado e apreendeu várias peças.

Durante as investigações os agentes descobriram a existência de outra oficina clandestina a serviço do crime organizado, equipada com um hangar e um heliponto, operando sem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

“São aeronaves que já há a suspensão da documentação pela ANAC ou está avariada ou está abatida, ela não pode estar em voo", afirma.

Quase todos os sinais de identificação foram removidos ou foram raspados para evitar rastreamento. Além disso, a quadrilha realizava gambiarras, como a instalação de galões de combustível nas aeronaves para voarem por mais tempo e mais longe, sem a documentação adequada.

Um áudio revelou uma negociação feita pelo piloto Silvio Sant'Anna. Um modelo de helicóptero que custa em média R$ 2,9 milhões é vendido por um valor inferior ao mercado.

Silvio: "O cara quer quanto? R$ 1,4 milhão?"

Homem não identificado: "R$ 1,4 milhão, o mecânico me passou aqui."

Silvio Sant'Anna foi preso quando pousava no aeroporto de Macaé, no Rio de Janeiro.

Apreensões de helicópteros e prisões de suspeitos

Desde o início da investigação, a polícia já apreendeu 8 helicópteros usados pela organização, incluindo uma aeronave que foi furtada no interior do Paraná e apreendida dias depois no Paraguai.

"A cor vermelha que é a cor que ele se encontrava no momento do furto, mais acima características de uma cor azul, que é a cor do fabricante e por sua vez ele já estava todo pintado de branco acinzentado, na semelhança de nuvens para dissimular o seu voo no céu", ressalta Adriana - delegada da Polícia Civil/SP.

Por nota, a defesa do piloto Silvio Sant'Anna diz que ele não praticou e não tem ciência de nenhuma conduta criminosa, alegando que Silvio tem emprego fixo e conduta reconhecida perante a sociedade.

A defesa do mecânico Junior Batista de Oliveira diz que Junior não mantém qualquer vínculo com a organização criminosa, apenas presta serviços de reparação mecânica nas aeronaves.

Na operação realizada há 10 dias, 240 agentes da Polícia Civil e da Polícia Federal foram para as ruas de 13 cidades, em cinco estados do Brasil. Dos 18 mandados de prisão, 16 foram cumpridos. Duas pessoas ainda estão foragidas. Entre elas, o piloto que teria roubado e adulterado um helicóptero.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Outro avião é encontrado queimado em fazenda na fronteira Brasil - Paraguai

Aeronave brasileira estava na zona rural do povoado paraguaio de Laurel, a 64 km de Sete Quedas.

Avião encontrado queimado em povoado paraguaio perto da linha internacional (Foto: ABC Color)
Outro avião de propriedade desconhecida foi encontrado queimado na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul. É o segundo caso na mesma região em 2024. Desta vez, a aeronave consumida pelo fogo foi encontrada por volta de meio-dia de hoje (6) em uma fazenda nos arredores do povoado de Laurel, a 64 quilômetros do município de Sete Quedas (MS).

De acordo com a polícia paraguaia, o monomotor, possivelmente branco e grená e de fabricação brasileira, tinha na fuselagem a inscrição “Paradise 4”. A parte traseira não foi queimada, mas as chamas destruíram completamente as asas e a cabine.

Os destroços do avião estavam em área de pastagem da Fazenda Bengli, localizada da divisa dos departamentos de Canindeyú e Alto Paraná. Conforme a delegacia local da Polícia Nacional, o avião experimental tinha matrícula PP-ZAN. Equipe da Dinac (Direção Nacional de Aeronáutica Civil) é esperada no local.

O outro caso

No dia 21 de janeiro, outro avião monomotor experimental foi incendiado na zona rural de Curuguaty, povoado a 85 km de Paranhos (MS). Nelson Mendoza, diretor da Dinac, informou que aquela aeronave também tinha matrícula brasileira.

Segundo ele, o avião era experimental e apesar de possuir registro provisório, fazia voo ilegal no momento em que pousou na pista clandestina na colônia Rio Verde. Apesar de pequena capacidade de transporte de cargas, o monomotor era potente, com capacidade para voos rápidos.

Policiais paraguaios acreditam que aquele avião estava lotado de droga e por causa do excesso de peso não conseguiu decolar da pista clandestina. A carga teria sido retirada e levada pelos traficantes de caminhonete. Dois dias depois, a pista foi destruída pelo governo paraguaio. A região tem forte atuação de narcotraficantes que trazem cocaína da Bolívia e enviam ao Brasil e depois à Europa.

Via Helio de Freitas (Campo Grande News)

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Homens invadem hangar, rendem piloto e roubam avião próximo à fronteira Brasil-Paraguai

Imagem de arquivo do monomotor Cessna roubado em área do tráfico
Nesta quinta-feira (1), a polícia paraguaia registrou o roubo de uma aeronave de pequeno porte no interior da fazenda Teicheira, no município de San Alberto, na região leste do Paraguai, próximo à Santa Helena, na costa oeste do Paraná.

O avião é o Cessna 172L Skyhawk, matrícula ZP-TNJ, cor branca, faixa vermelha e sem GPS.

O piloto, Mário Daniel Miranda Duarte, de 43 anos, informou que ao entrar no hangar, foi rendido por dois homens com armas curtas. Uma mulher também acompanhava os suspeitos dentro de um veículo no interior do galpão.

Os indivíduos embarcaram na aeronave e decolaram da pista. A polícia paraguaia, a Direção Nacional de Aeronáutica Civil (DINAC) e o Departamento de Crime Organizado e o Comando Tripartido foram acionados. A situação será apurada pelas autoridades.

Via ric.com.br e Campo Grande News

Vídeo: Homem em fuga da PM invade aeroporto de Guarulhos e avião chega a arremeter

Polícia usou um helicóptero para tentar prender o suspeito e as operações no terminal tiveram alterações por alguns minutos.

Helicóptero da PM sobrevoa próximo de pista no aeroporto de Guarulhos atrás de fugitivo
(Imagem: Reprodução/Golf Oscar Romeo)
Um homem invadiu uma área de mata no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, e interferiu nas operações do local. Ele fugia da Polícia Militar. Segundo a PM, um homem foi abordado em uma viela nas proximidades do aeroporto, por volta das 15h30 desta terça-feira (30). Ao verificar os antecedentes do suspeito, de acordo com a PM, foi constatado que ele era procurado pela Justiça. Neste momento, o suspeito conseguiu fugir e começou a perseguição.

Conforme a corporação, as buscas, que não haviam terminado às 18h, estavam sendo feitas nas proximidades e no próprio aeroporto. Um vídeo do canal Golf Oscar Romeo, que faz transmissão ao vivo de Guarulhos, mostrou quando o helicóptero Águia, da PM, sobrevoou próximo a uma das pistas do aeroporto. Um carro da polícia também passou próximo a uma cerca.


A gravação mostra quando o helicóptero Águia 11 informa a torre de controle sobre uma operação de segurança pública e que havia uma ocorrência em uma das cabeceiras, com "ingressos de marginais em sua área controlada", e que iria "interferir no eixo".

O controlador de voo, também conforme a gravação, orienta outros aviões sobre a presença do helicóptero da polícia. O PM, então, avisa que iria voar baixo, próximo ao gramado.

Na conversa, o controlador pergunta se seria necessário alterar operações de aviões para outra cabeceira e alerta um outro piloto sobre a operação policial. Um dos aviões chega a arremeter.

"O indivíduo adentrou na área aeroportuária", afirmou o PM no helicóptero. Um outro piloto informou à torre ter visto policiais militares à pé - à reportagem, a PM disse que as buscas iriam continuar dentro e fora do aeroporto. Os pousos e decolagens passaram a ser feitos alternadamente apenas pela pista 28R.

Em nota, a GRUAirport, que administra o aeroporto, afirmou que foi notificada das operações e está colaborando com as autoridades policiais. E que não houve impacto no aeroporto. A operação na pista 28L voltou após alguns minutos.

Guarulhos é o aeroporto mais movimentado do país. De acordo com a concessionária, no ano passado cerca de 275 mil pousos e decolagens foram realizados no local, que teve a movimentação de 41,3 milhões de passageiros, o número é quase 20% superior aos 34,5 milhões de 2022.

Via Fábio Pescarini/Folhapress e Golf Oscar Romeo

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Vídeo: História - Roubou um MIG 23 em Cuba e pousou nos Estados Unidos


O amor de Orestes Lorenzo pela aviação começou quando ele era um menino pequeno, nos primeiros anos da década de 60. Pouco antes do Natal, um tio de Orestes, que morava nos Estados Unidos, lhe deu um avião de brinquedo.

Aquele presente simples transformou a vida do menino. A partir daí, sempre que alguém perguntava o que ele queria ser quando crescesse ele respondia sem pensar “Quero ser piloto!”

Doutrinado por seu pai e pelo sistema educacional cubano pós-Revolução Castrista, Orestes, quando criança e depois como adolescente, abraçou os ideais do socialismo.

À medida que crescia, o dia a dia da vida na ilha e as lições aprendidas no início da idade adulta iam acabando com as ilusões transmitidas pela mídia e pelos governos cubanos e soviéticos.

Assim que foi possível ele ingressou na Força Aérea Revolucionária de Cuba onde teve a chance de ser um piloto de caça

Seu treinamento foi realizado na antiga União Soviética, e em seus anos por lá aprendeu a pilotar jatos militares. Primeiro, ele pilotou o treinador checo Aero L-29 Delfín e posteriormente, o caça supersônico Mikoyan-Gurevich MiG-21M.

Orestes considerou que o conteúdo do treinamento em sala de aula na URSS era excelente, com 3 meses na escola básica durante a primavera e os voos iniciando no verão. Assista o vídeo para a história completa!

Via Canal Aviões e Músicas de Lito Sousa

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Hoje na história: 11 de dezembro de 1978 - O assalto à Lufthansa


Neste dia, nas primeiras horas de 11 de dezembro de 1978, seis homens armados em uma van Ford roubada estacionaram em frente ao depósito de carga da Lufthansa Airlines no Aeroporto Internacional John F. Kennedy da cidade de Nova York.

Em poucas horas, os homens fugiriam, tendo cometido um dos maiores roubos de dinheiro nos Estados Unidos, iniciando uma investigação que duraria décadas e passaria a ser chamada de 'Assalto da Lufthansa'.

Os homens, todos membros e associados da máfia americana, cortaram os portões do prédio de carga e fizeram vários funcionários da Lufthansa como reféns, algemando-os na cantina.

O alvo eram notas de banco sem identificação e joias que a Lufthansa transportava regularmente para o depósito. Na noite, a quadrilha estimou um valor total de roubo de cerca de US$ 2 milhões.

Sob a mira de uma arma, os assaltantes obrigaram um funcionário a abrir o cofre de onde retiraram 72 caixas de dinheiro. Pouco mais de uma hora depois, eles escaparam com aproximadamente US$ 5 milhões em notas bancárias e US$ 875.000 em joias.


Apesar dos muitos suspeitos, apenas uma pessoa, Louis Werner, foi condenada pelo roubo e muito pouco do dinheiro e das joias foi recuperado.

Werner, que trabalhava como agente de carga para a Lufthansa, devia milhares de dólares em dívidas de jogo e acredita-se que tenha ajudado a planejar o ataque.

Henry Hill, ligado à Família Lucchese 
Acredita-se que o arquiteto do roubo tenha sido James 'Jimmy' Burke, um associado da notória Família Lucchese.

Suspeita-se que Burke posteriormente planejou ou cometeu pessoalmente o assassinato da maioria dos agressores nos meses seguintes ao roubo, a fim de evitar implicação.


Em dinheiro de hoje, o valor do roubo é estimado em mais de US$ 24 milhões e mais tarde inspirou o enredo do premiado filme de 1990 'Os Bons Companheiros'.


Os assaltos a aeroportos ao longo dos anos totalizaram centenas de milhões de dólares.

Em 2005, o Aeroporto Schiphol de Amsterdã foi alvo de um roubo de diamantes, onde um total de US$ 80 milhões foi roubado.

Mais recentemente, em 2013, nos aeroportos de Bruxelas, oito pistoleiros mascarados disfarçados de policiais roubaram US$ 50 milhões em diamantes de uma aeronave Fokker 100 com destino a Zurique.

Edição de texto e imagens por Jorge Tadeu

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Aconteceu em 15 de novembro de 1972: O sequestro do voo Ansett Australia 232 - O caso do sequestrador suicida

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Em 15 de novembro de 1972, uma quarta-feira, o avião Fokker F-27 Friendship 200, prefixo VH-FNI, da Ansett Airlines of Australia - ANA (foto abaixo), operava o voo 232, um voo entre o Aeroporto de Adelaide, e o Aeroporto de Alice Springs, no Território do Norte, ambos na Austrália.


O Aeroporto de Alice Springs é conhecido hoje por ser uma instalação no deserto com uma extensa capacidade de armazenamento de aeronaves . Hoje em dia, esta rota doméstica é operada por transportadoras como a Qantas e a Virgin Australia.

A aeronave tinha 32 pessoas a bordo, sendo esse número composto por 28 passageiros, dois pilotos e dois comissários de bordo. 

Kaye McLachlan, 25 anos, não foi escalada para trabalhar em 15 de novembro de 1972. Mas quando uma colega ligou dizendo que estava doente, ela concordou em se preparar para um voo de Adelaide para Alice Springs.

comissária de bordo da Ansett – ou hostie, como eram conhecidas na época – nunca poderia ter adivinhado o que se seguiria a bordo do Fokker F27 Friendship.

Um passageiro do sexo masculino, posteriormente identificado como Miloslav Hrabinec, um migrante tcheco, embarcou no voo em Adelaide com um rifle ArmaLite .22 serrado escondido e uma faca na bainha amarrada à perna.

As armas escondidas de Hrabinec incluíam um rifle ArmaLite .22 serrado, munição e uma faca
Hrabinec havia comprado uma passagem com um nome falso e não houve varredura no aeroporto que pudesse detectar a arma e a faca que ele havia amarrado ao corpo.

Miloslav Hrabinec (foto ao lado) sentou-se calmamente no assento 4A, sem chamar a atenção da tripulação durante o serviço de chá da manhã. “Ele apenas ficava curvado olhando pela janela”, lembrou McLachlan.

“Fizemos um serviço de refeições e ele não estava interessado em café, chá ou qualquer coisa para comer... ele apenas ficava olhando pela janela. "Ele era um passageiro muito fácil do nosso ponto de vista."

Enquanto as aeromoças recolhiam as últimas xícaras de chá e café antes da descida, um surto de turbulência perfurou a cabine. Então, a comissária McLachlan olhou e viu Hrabinec saindo do banheiro.

Eram 13h40, cerca de meia hora antes do horário programado de pouso, quando o voo estava descendo para o aeroporto de Alice Springs, o sequestrador saiu do banheiro, sacou a arma e disse a um comissário de bordo chamado Gai Rennie: "Isso é um sequestro".

“Ele estava bastante calmo'”, lembrou Beth Young, que estava sentada na cabine do avião, observando seu marido, o piloto Ralph Young, enquanto ele se preparava para pousar em Alice Springs. “Fiquei absolutamente chocada. Achei que ele iria atirar em todo mundo." Foi a primeira vez que o piloto Ralph Young levou Beth, a filha Sharon, então com 9 anos, e o filho Peter, de 4, num voo de ‘trabalho’, para férias em Alice Springs. 

A comissária de bordo Gai Rennie caminhou pela cabine seguido pelo sequestrador. Ela então explicou à comissária de bordo Kaye Goreham que o homem atrás dela tinha uma arma. Todos os três então foram para a frente da aeronave. 

“Foi um pouco surreal. Fiquei um pouco confusa sem saber se isso estava realmente acontecendo ou não”, lembrou a comissária de bordo Kaye McLachlan. “Na Austrália, não era algo esperado.”

Gai então informou ao capitão Young e ao primeiro oficial Walter Gowans que havia um homem querendo conversar e que ele tinha uma arma e disse que era um sequestro. 

No entanto, o capitão disse que estava em modo de pouso e falaria com ele no solo. O capitão perguntou a Gai 'O que ele quer?'. Gai respondeu que não sabia. Hrabinec foi informado pela tripulação que precisava sentar-se para pousar e ele obedeceu.

O avião pousou em segurança no aeroporto de Alice Springs e parou no final da pista, onde Hrabinec finalmente conseguiu delinear suas demandas.

O avião da Ansett no aeroporto de Alice Springs enquanto o sequestrador negociava com a polícia
Ele disse ao capitão para decolar novamente e voar para o deserto, para que pudesse saltar de paraquedas do avião. O sequestrador disse que era seu desejo sobreviver o máximo que pudesse e depois tirar a própria vida “de uma forma espetacular”.

"Ele disse: 'Eu não quero dinheiro, isso te surpreende, não é?'"

O capitão disse-lhe, porém, que não havia paraquedas a bordo e que não havia combustível suficiente para voar novamente.

O capitão Ralph pediu ao primeiro oficial Walter Gowans que ajustasse secretamente o medidor de combustível do avião Fokker Friendship para quase vazio e disse a Hrabinec que o avião precisava ser reabastecido.

Piloto Ralph Young trabalhando na Alemanha em 1991
Uma transcrição das conversas na cabine mostra que Hrabinec apontava uma arma para o piloto Ralph, ameaçando atirar, enquanto Ralph tentava acalmá-lo, dizendo “você parece um cara bastante razoável”. 
Hrabinec disse que perdeu dinheiro num negócio de terras.

Ralph convenceu Hrabinec de que, se ele saltasse de paraquedas do Fokker, atingiria as hélices e que precisava de um avião menor.

Hrabinec liberou a maioria dos passageiros do voo. Ele então exigiu o uso de uma aeronave pequena, que poderia levar para as planícies do Centro Vermelho para realizar seus desejos.

As negociações começaram, com o piloto local e gerente do aeroclube Ossie Watts se oferecendo como voluntário e com sua aeronave Cessna.

Watts taxiou seu avião nas proximidades, acompanhado por um policial disfarçado chamado Paul Sandeman, que se passou por seu navegador.

Quando o Cessna chegou, a tripulação e os restantes passageiros tinham sido mantidos reféns durante mais de quatro horas, num calor sufocante de 40 graus Celsius.

Hrabinec forçou a comissária McLachlan a sair pela traseira da aeronave em direção ao Cessna, onde viu o policial Paul Sandeman sentado na parte de trás.

“Ele ficou muito desconfiado e deu sinal para aquela pessoa sair”, disse ela. “Depois de vários gestos, Paul saiu do pequeno avião e o sequestrador me pediu para revistá-lo.

“Senti no bolso direito dele – que estava de frente para mim – uma pequena arma, mas não contei ao sequestrador que ela estava lá.”

Enquanto continuava a negociar, o jovem policial disfarçado aproximou-se lentamente do sequestrador, a ponto de estar perto o suficiente para atacar a arma de Hrabinec. Mas o sequestrador foi muito rápido e agarrou o braço do policial, puxando-o para baixo.

O policial Sandeman levou um tiro na mão no processo, e então Hrabinec o empurrou para trás e disparou em seu estômago.

Pessoas se aglomeram em torno do policial ferido Paul Sandeman
Em meio à confusão, a arma escondida do policial caiu de seu bolso. Apesar dos ferimentos, ele se levantou e começou a fugir em busca de abrigo, ofegando enquanto se movia.

“Quando ele começou a correr, eu corri para o outro lado, atrás da aeronave leve”, disse a comissária McLachlan. "Tudo aconteceu em questão de minutos."

O gerente do aeroclube Ossie Watts, a quem o agente Sandeman tinha entregado uma arma minutos antes, desceu do seu avião Cessna e começou a disparar.

Enquanto isso, atiradores da polícia se aproximaram e se juntaram, ferindo Hrabinec na perna em meio a uma rajada de tiros. O sequestrador saiu mancando da beira da pista e entrou em alguns arbustos, onde se escondeu.

“Então ouvimos outro tiro”, lembrou McLachlan. "Ele colocou a arma sob o queixo e tentou tirar a própria vida." 

Hrabinec morreu no hospital naquele dia.

Um artigo no The Age de 17 de novembro de 1972 sobre o sequestro
Milagrosamente, Hrabinec foi a única vítima fatal daquele dia. O policial Sandeman – que foi baleado quatro vezes no total – sofreu ferimentos graves, mas sobreviveu e mais tarde foi aposentado da força policial.


Como um sinal dos tempos, a comissária McLachlan disse que ficou surpresa quando sua equipe recebeu uma oferta de folga no dia seguinte. “Aconselhamento não era algo que se fazia naquela época”, disse ela. "Fomos levados de volta para Adelaide, o que nos surpreendeu bastante. Achamos que teríamos que continuar nossa viagem até Darwin no dia seguinte."

Membros da tripulação e alguns passageiros foram mantidos como reféns
por mais de quatro horas no dia sufocante de verão de 1972
McLachlan disse: “O médico da empresa nos encontrou com alguns comprimidos para dormir e disse ‘se você não consegue dormir, tome-os, e se você realmente precisar de uma folga, podemos lhe dar uma semana’. 

"Então todos nós dissemos: 'Sim, gostaríamos de uma semana', e então voltamos ao trabalho." 

As aeromoças participaram de uma cerimônia de premiação em 1973, onde foram reconhecidas por suas ações
Demorou vários meses até que a polícia conseguisse identificar o autor do crime como Hrabinec. Um inquérito em 1973 concluiu que o tiro que o matou foi auto-infligido.

Em 1º de maio de 1973, o Sydney Morning Herald relatou: "O policial Paul Sandeman, o policial baleado pelo sequestrador de Alice Springs, identificou uma fotografia de um migrante tcheco como sendo do sequestrador. E dois jovens tchecos e um dentista voarão para Alice Springs esta semana para examinar o corpo do sequestrador. Os checos, Jindrich Raus e Jan Hedanek, conheciam Miloslav Hrabinec, o homem suspeito de ser o sequestrador. Eles voarão para Alice Springs hoje. Dr. Robert Tong, um dentista de Marrickville que tratou Hrabinec, voará para Alice Springs amanhã. Os três homens entraram em contato com a polícia depois que o “The Sydney Morning Herald” publicou a fotografia de Hrabinec no sábado. Um dos checos passou um ano com Hrabinec numa universidade checoslovaca, onde estudava economia agrícola. O sequestrador foi baleado duas vezes pela polícia enquanto corria em direção ao mato e depois deu um tiro no queixo."

Não houve aconselhamento para Beth, a esposa do piloto  Ralph Young, ou seus filhos. A família passou férias em Alice Springs e, após uma reunião, Ralph voltou ao trabalho.

Foto de família: Sharon, Peter e Beth Young em Alice Springs logo após o sequestro
O piloto  Ralph Young continuou voando pela Ansett até a disputa dos pilotos em 1989. Ele voou para uma companhia aérea alemã por alguns anos até se aposentar e falecer em 1998.

O policial Sandeman foi premiado com a Comenda da Rainha por Bravura em Alice Springs em 1973.

Um recorte de jornal de Paul Sandeman recebendo a Comenda da Rainha por Bravura em 1973
Refletindo sobre o dia fatídico, a comissária McLachlan disse que se sentiu imensamente sortuda por ter sobrevivido e vive cada dia de acordo. 

“Tentei viver minha vida com gratidão”, disse ela. "Poderia facilmente ter dado errado e eu poderia não estar aqui hoje. Tive uma vida de sorte e estou muito grato por todos termos saído dela.”

Gai Rennie (à esquerda) e Kaye McLachlan no aeroporto de Alice Springs em 1997,
marcando 25 anos desde o sequestro
Apesar da provação traumática, McLachlan continuou a trabalhar no setor aéreo até se aposentar, passando várias décadas como aeromoça e agente de reservas.

Gai Rennie e Kaye McLachlan (segundo à direita) se reagrupam com o resto da tripulação após o sequestro
Este foi o segundo sequestro de uma aeronave na Austrália (depois do primeiro em 1960).

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN, ABC News (Aiustrália), The Age e Sydney Morning Herald

sábado, 11 de novembro de 2023

Fazenda de Leonardo é invadida por avião com 400kg de drogas em Goiás; veja vídeo

Pelo menos 11 pessoas invadiram a fazenda do cantor para descarregar avião com drogas. Duas pessoas morreram em confronto com a polícia.


Nesta sexta-feira (10), um avião carregado com quase meia tonelada de drogas invadiu a fazenda do cantor Leonardo, no município Jussara, região noroeste do estado, e descarregou a droga, que posteriormente foi transportada em uma caminhonete até ser interceptada pela polícia. Dois suspeitos morreram em confronto. O caso é investigado.

A aeronave é um Cessna C182RG de matrícula boliviana (forjada) CP-2588 ou CP-2586, não sendo possível distinguir pelas fotos divulgadas até agora.

O crime aconteceu nesta sexta-feira (10) e foi descoberto por meio do monitoramento da fazenda. Em seguida, Alessandro Costa, o irmão do cantor, informou à Polícia Militar da situação.

Segundo a polícia, o piloto pousou com a desculpa que ia reabastecer o avião, mas mesmo assim não teve autorização dos funcionários da fazenda. Os funcionários, então, filmaram a droga sendo transferida para uma caminhonete e chamaram a polícia.

A PM e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) iniciaram buscas pelo veículo, que foi localizado na BR-070, entre as cidades de Jussara e Montes Claros de Goiás

O avião com droga que invadiu a fazenda de Leonardo veio da Bolívia, segundo informações da Polícia Federal.

Após deixar o carregamento de quase meia tonelada de pasta base de cocaína, o avião conseguiu escapar e voltou a decolar. O serviço de inteligência nacional está em busca da aeronave.

Além do piloto do avião que conseguiu decolar sem ser interceptado, havia, possivelmente, 11 pessoas armadas que receberam e transportaram a droga.

Durante um confronto, segundo a polícia, duas pessoas foram baleadas e socorridas, mas não resistiram aos ferimentos e morreram. Já um terceiro suspeito fugiu para uma região de mata e continua sendo procurado pelos policiais.

A polícia ainda não informou a identificação do homem e da mulher que foram baleados no confronto, mas sabe que os dois têm passagem por tráfico e homicídio.

A polícia não sabe quem são os outros envolvidos no descarregamento e transporte da droga. Ainda não foi encontrado nenhum outro envolvido no crime.

Segundo as últimas informações da PRF, três veículos participaram da ação, sendo duas caminhonetes, que serviram para o transporte da droga, e um carro, que levava combustível para reabastecer o avião.

(Imagem: Reprodução/TV Anhanguera)
A polícia conseguiu encontrar uma caminhonete, que transportava 436 kg de pasta base de cocaína, momento que, segundo a polícia, resultou no confronto e com o casal que ocupava o veículo baleado e morto.

Outra caminhonete foi encontrada abandonada na cidade de Montes Claros de Goiás e não havia drogas no veículo. Até a última atualização desta reportagem, o carro não tinha sido localizado, assim como o avião.

Segundo a assessoria do cantor, ele e os demais integrantes da família não estavam na fazenda na hora da ocorrência. Ainda segundo a assessoria, o cantor Leonardo está em São Paulo. Ele ainda não se manifestou sobre o ocorrido.

O avião estava sobrevoando a região de Jussara e solicitou autorização para pousar na Fazenda Talismã, pois precisava abastecer, nesse momento funcionários da fazenda ligaram para Alessandro Costa, irmão do Leonardo informando que uma aeronave pedia autorização para pousar na fazenda, Alessandro não autorizou e informou a inteligência da Polícia Militar em Goiânia.

“A gente não tinha nem noção de que tudo isso iria acontecer na sequência. O gerente que tava (sic) fora, como comunicaram ele via rádio... ele foi e trancou a entrada da fazenda pro pessoal não sair e dar tempo da polícia chegar pra ver do que que tratava. Eles arrancaram os portões da entrada do trilho e foram embora. Evadiram do local, entendeu? Tudo isso aí, vou te falar... 10 minutos”, declarou Alessandro.

A Fazenda Talismã fica em Jussara, na região noroeste de Goiás. A cidade de Jussara está localizada a 270 km de Goiânia. A fazenda é uma das três propriedades de Leonardo, sendo duas em Goiás e uma em Tocantins, e leva o nome do maior sucesso da dupla Leandro e Leonardo.

Via UOL, Aeroin e g1

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Avião faz pouso forçado em estrada em Mato Grosso e polícia encontra 470 kg de drogas

Durante buscas na região de mata onde o avião caiu, os policiais encontraram 16 fardos de drogas.

Durante buscas na região de mata onde o avião caiu, os policiais encontraram a droga (Foto: Gefron)
O Grupo Especial de Fronteira (Gefron) apreendeu, nesta quinta-feira (9), mais de 460 kg de pasta base de cocaína, no distrito de Itanorte, na Reserva do Cabaçal, a 412 km de Cuiabá. Na ação, a polícia também encontrou uma aeronave Cessna 210 Centurion, com características de uso para transporte de entorpecente.

Segundo o Gefron, no amanhecer desta quinta, houve a queda da aeronave. A equipe foi até o local, onde encontrou o avião e, durante as buscas na região de mata, encontrou 16 fardos de drogas.


De acordo com os policiais, o piloto da aeronave fez um pouso de emergência e em seguida fugiu. As equipes estão fazendo buscas para tentar localizá-lo.

A ação faz parte da força-tarefa do Gefron, com apoio da Força Tática de Tangará da Serra. As equipes continuam no local, fazendo varredura pela mata, para encontrar possíveis suspeitos.

(Foto: Sesp)

Além dos agentes de fronteira, ajudaram na operação a 2ª Companhia Independente de Comodoro, 16ª Companhia Independente de Campo Novo do Parecis, 6ª Companhia Independente de Sapezal, 17º Batalhão de Mirassol d’Oeste, 7º Comando Regional de Tangará da Serra, Polícia Federal e Exército Brasileiro.

O trabalho faz parte das operações Hórus – Guardiões da Fronteira e Ágata, que buscam reprimir quadrilhas em atividades ilícitas de tráfico de drogas na divisa entre Mato Grosso e a Bolívia.

Via g1 e Cenário MT

domingo, 29 de outubro de 2023

Aconteceu em 29 de outubro de 1972: O sequestro do voo Lufthansa 615 por terroristas do Setembro Negro

O sequestro do voo 615 da Lufthansa foi um ato de terrorismo cometido por um grupo palestino ocorrido em 29 de outubro de 1972 e que visava a libertação de uma prisão na Alemanha Ocidental dos três perpetradores sobreviventes do massacre de Munique.


Em 5 de setembro de 1972, durante os Jogos Olímpicos de Munique, oito membros do grupo terrorista palestino Setembro Negro fizeram reféns nove membros da equipe olímpica israelense, depois de matar dois outros atletas israelenses. 

Durante um tiroteio após uma tentativa fracassada de resgate da polícia na Base Aérea de Fürstenfeldbruck, todos os reféns foram mortos. Cinco dos oito times de ataque palestinos também foram mortos. Os três perpetradores sobreviventes foram Adnan Al-Gashey, Jamal Al-Gashey e Mohammed Safady, que foram presos e mantidos sob custódia pré-julgamento.


Imediatamente após o massacre de Munique, as autoridades da Alemanha Ocidental estavam preocupadas com o fato de terem sido arrastadas para o conflito árabe-israelense. Como disse o ministro das Relações Exteriores, Walter Scheel, em outubro de 1972, era preciso "nos defendermos das ações de ambos os lados do conflito". Em Israel, a política alemã de apaziguamento que se seguiu levou a comparações com o Acordo de Munique de 1938.

De fato, desde que Willy Brandt se tornou chanceler em 1969, houve uma mudança na atitude da Alemanha Ocidental em relação ao conflito árabe-israelense. Os primeiros governos conservadores foram considerados claramente pró-Israel (especialmente em meados da década de 1960, com a Guerra dos Seis Dias), o que resultou em vários estados árabes rompendo relações diplomáticas com a Alemanha Ocidental. Com o Egito e a Tunísia, eles só foram restaurados pouco antes das Olimpíadas de 1972.

As autoridades da Alemanha Ocidental estavam cientes do alto perfil dos prisioneiros e do fato de que o grupo tinha numerosos simpatizantes, de forma que atos terroristas visando a libertação dos agressores de Munique eram temidos.

Aviões da (então) companhia aérea nacional Lufthansa ou de sua contraparte israelense El Al foram identificados como alvos prováveis. Em 9 de setembro, uma carta anônima foi recebida alegando que tal sequestro era de fato iminente, o que levou o Ministério Federal do Interior (então liderado por Hans-Dietrich Genscher) a considerar se os cidadãos de estados árabes deveriam ser negado embarque em voos da Lufthansa.

Já durante a crise dos reféns em Munique, tornou-se evidente que os agressores estavam cientes de possíveis tentativas de libertação em caso de prisão. Questionado se ele tinha medo de ser pego e colocado em uma prisão alemã, seu líder Luttif Afif (que mais tarde foi morto no tiroteio de Fürstenfeldbruck) respondeu que não havia nada a temer, porque "não há pena de morte na Alemanha , e nossos irmãos nos libertariam."

Um Boeing 727-100 da Lufthansa, semelhante à aeronave envolvida no sequestro do voo 615
Em 29 de outubro de 1972 (um domingo), o Boeing 727-100, prefixo D-ABIG, da Lufthansa foi sequestrado. O voo 615 realizava a rota Damasco - Beirute - Ancara - Munique - Frankfurt.

O voo teve origem no Aeroporto Internacional de Damasco no início da manhã, com sete tripulantes, mas inicialmente sem nenhum passageiro. Na primeira escala no Aeroporto Internacional de Beirute, 13 pessoas embarcaram no voo: nove cidadãos de países árabes desconhecidos, dois americanos, um alemão, um francês; e um jornalista espanhol que mais tarde escreveu o relato de uma testemunha ocular dos eventos. 

A partida de Beirute foi atrasada em cerca de uma hora. Originalmente programado para decolar às 05h45,  a decolagem ocorreu às 06h01. Menos de 15 minutos depois, dois passageiros árabes ameaçaram explodir a aeronave usando explosivos que estavam escondidos na cabine da primeira classe (e que provavelmente foram contrabandeados para Damasco). Eles exigiram a libertação dos membros do Setembro Negro da prisão alemã.

Após uma parada para abastecimento no Aeroporto Internacional de Nicósia, os pilotos foram forçados a voar em direção ao Aeroporto de Munique-Riem, onde os sequestradores inicialmente pretendiam que a troca ocorresse. 

Quando a aeronave chegou ao espaço aéreo austríaco por volta do meio-dia, tornou-se evidente para os sequestradores que suas demandas não poderiam ser atendidas a tempo. O plano foi alterado e a tripulação da Lufthansa teve que desviar para Zagreb, no que era então a República Federal Socialista da Iugoslávia, circulando sobre o aeroporto de Zagreb até que os membros do Setembro Negro fossem trazidos para lá. Isso colocou os alemães em uma crise de tempo, já que a aeronave acabaria ficando sem combustível.

Assim que a notícia do sequestro foi recebida na sede da Lufthansa em Colônia, o presidente Herbert Culmann embarcou em uma Hawker Siddeley HS.125, de propriedade da então subsidiária Condor (registrada D-CFCF) e voou para Munique. Ele então se juntou ao prefeito Georg Kronawitter e ao chefe de polícia Manfred Schreiber, bem como ao ministro do Interior da Baviera, Bruno Merk no comitê de crise local.


A resposta governamental da Alemanha Ocidental foi coordenada por um conselho de crise em Bonn, que incluiu o vice-chanceler, o ministro das Relações Exteriores Walter Scheel e os ministros do Interior e dos Transportes, Hans-Dietrich Genscher e Lauritz Lauritzen.

Relembrando a tentativa fracassada de resgate durante a crise dos reféns olímpicos e a (então) falta de uma unidade de polícia de operações especiais, como a mais recente GSG 9, as autoridades da Alemanha Ocidental rapidamente decidiram atender às demandas dos sequestradores. 

Às 14h00, os três membros do Setembro Negro foram transportados para o aeroporto de Riem. Philipp Held, o ministro da Justiça da Baviera, ordenou a revogação do mandado de prisão e fez com que os membros do Setembro Negro emitissem documentos oficiais de emigração. Os três foram trazidos a bordo do avião que Culmann usara para chegar a Munique e foram acompanhados por dois policiais à paisana. Culmann decidiu ir para Zagreb a fim de ajudar diretamente nas negociações lá.

O avião saiu de Munique, mas o piloto recebeu ordens de permanecer dentro do espaço aéreo da Alemanha Ocidental. Os negociadores alemães pediram que o jato Lufthansa sequestrado pudesse pousar primeiro em Zagreb, mas não tiveram sucesso em suas tentativas.

A situação ficou tensa quando a aeronave Lufthansa sequestrada chegou perigosamente perto do ponto de ficar sem combustível. No que Culmann mais tarde chamou de "estado de emergência", devido a uma suposta perda de comunicações com Munique, Culmann ordenou pessoalmente que o piloto da aeronave que transportava os atacantes de Munique libertados se dirigisse e pousasse no Aeroporto de Zagreb. Essa direção ia contra as ordens de autoridades superiores. Como consequência, uma investigação legal contra Culmann foi iniciada, mas abandonada logo depois.

Vinte minutos depois de os três membros do Setembro Negro terem chegado ao aeroporto de Zagreb, o jato Lufthansa sequestrado também pousou lá e algum tempo depois, às 18h05, a transferência ocorreu. Isso aconteceu sem quaisquer medidas recíprocas: Os 18 reféns ainda não haviam sido libertados.


Outra situação crítica se desenrolou quando as autoridades iugoslavas responsáveis ​​pelo aeroporto atenderam às demandas de suas contrapartes em Bonn e impediram o jato da Lufthansa de decolar novamente. Percebendo que o avião não seria reabastecido, os sequestradores ameaçaram novamente matar todos a bordo.

O impasse foi quebrado por Kurt Laqueur, o cônsul da Alemanha Ocidental em Zagreb, que assinou a ordem de reabastecimento sem ter sido autorizado a fazê-lo. O jato da Lufthansa decolou às 18h50, desta vez com destino a Trípoli. Às 21h03, chegou ao Aeroporto Internacional de Trípoli , onde os reféns foram finalmente libertados.

Na Líbia e em outros países da região, as celebrações em massa eclodiram, com os sequestradores da Lufthansa e os perpetradores libertados de Munique sendo tratados como heróis. Logo após sua chegada ao aeroporto, foi realizada uma coletiva de imprensa, que foi transmitida ao vivo para todo o mundo. 

Os três homens armados sobreviventes dão uma entrevista coletiva em Trípoli, na Líbia,
em outubro de 1972, depois que os alemães os libertaram
O governo líbio liderado por Muammar Gaddafi permitiu que os atacantes de Munique se refugiassem e se escondessem, ignorando as exigências do ministro das Relações Exteriores da Alemanha Ocidental, Scheel, para levá-los a julgamento. 

Em uma operação secreta em grande escala apelidada de Ira de Deus, Israel posteriormente teria como objetivo que eles fossem rastreados e mortos.

Os políticos alemães dos partidos do então governo (sociais-democratas e liberais), bem como da oposição (os partidos conservadores da União ), em geral elogiaram o resultado não violento do sequestro. Isso refletiu a opinião pública de que a libertação dos atacantes de Munique reduziria o risco de novos atos terroristas contra alvos alemães. 

As críticas evoluíram em torno da falta de segurança suficiente no aeroporto para evitar que explosivos fossem contrabandeados para aviões de passageiros, e a Lufthansa não empregava marechais do céu, que naquela época já eram comuns em certos voos da El Al, Pan Am, Swissair e outros.

Israel condenou veementemente a libertação dos perpetradores de Munique e acusou a Alemanha Ocidental de ter "capitulado ao terrorismo". A primeira-ministra Golda Meir afirmou no dia seguinte: "Estamos deprimidos desde ontem, ofendidos e diria insultados, que o espírito humano, tão fraco e indefeso, se rendeu à força brutal." O ministro das Relações Exteriores, Abba Eban, apresentou uma nota oficial de protesto ao governo da Alemanha Ocidental, e o embaixador israelense em Bonn foi temporariamente chamado de volta, oficialmente devido a consultas.

Imediatamente após o sequestro do voo 615, e também em várias ocasiões posteriores, foram levantadas preocupações de que o evento poderia ter sido encenado ou pelo menos tolerado pelo Ocidente Governo alemão para "livrar-se de três assassinos, que se tornaram um fardo para a segurança" (como Amnon Rubinstein escreveu no jornal israelense Haaretz sob a manchete "A desgraça de Bonn" logo após a libertação do prisioneiro). 

Argumentos frequentemente feitos durante tais alegações são os "suspeitos" baixo número de passageiros (havia apenas 13 passageiros do sexo masculino a bordo do Boeing 727-100 sequestrado, um tipo de aeronave com capacidade para 130-150 lugares), a "surpreendentemente" decisão rápida de libertar os prisioneiros, bem como supostos contatos do Serviço Federal de Inteligência da Alemanha Ocidental com a Organização para a Libertação da Palestina.

Os interesses comerciais da Alemanha Ocidental nos países árabes, bem como o desejo de ser poupado de futuros atos de terrorismo, foram alegados como motivos para o envolvimento do governo.

Pouco depois dos eventos em torno do voo 615, Haim Yosef Zadok acusou a Alemanha Ocidental em um discurso no Knesset de ter "aproveitado a oportunidade para melhorar suas relações com o mundo árabe." 

Em sua autobiografia de 1999, Abu Daoud (o mentor por trás do massacre de Munique) afirma ter recebido uma oferta de US$ 9 milhões pelos "alemães" por fingir a libertação do prisioneiro. No entanto, anos mais tarde, ele se recusou a repetir ou elaborar essa alegação. Em uma entrevista de 2006 com Frankfurter Allgemeine Zeitung, Zvi Zamir, chefe do Mossad de 1968 a 1974, afirma estar certo de que houve algum tipo de acordo entre a Alemanha Ocidental e o Setembro Negro.


O documentário vencedor do Oscar "One Day in September" (que foi lançado em 1999 e cobre o massacre de Munique) apoia a tese de que o sequestro do voo 615 da Lufthansa foi "uma armação, organizada pelo governo alemão em conluio com os terroristas", que corresponde às observações de Jamal Al-Gashey sobre as consequências de sua libertação. 

O filme apresenta uma entrevista com Ulrich Wegener, um especialista alemão em contraterrorismo e comandante fundador do GSG 9, que chama tais alegações de "provavelmente verdadeiras". Wegener também é citado com a opinião de que as considerações das autoridades da Alemanha Ocidental sobre como lidar com a situação dos reféns provavelmente foram motivadas principalmente pelo desejo de evitar que o país se tornasse o foco de novos atos de terror.

Em 2013, jornalistas investigativos do programa de televisão alemão Report München citaram uma carta do chefe da polícia de Munique, enviada ao Ministério do Interior da Baviera onze dias antes do sequestro do voo 615. Descreve medidas que foram tomadas em a fim de "acelerar a deportação" dos agressores de Munique, em vez de preparar para que sejam julgados.

Um contra-argumento às acusações de uma libertação pré-arranjada de prisioneiros inclui destacar a falta de planejamento e comunicação que os negociadores alemães tiveram durante a crise dos reféns. A situação tinha sido caótica e confusa às vezes, tornando improvável que as negociações fossem planejadas. 

"LH 615 - Operação München", um documentário de 1975 produzido por Bayerischer Rundfunk, atribui o resultado não violento do sequestro ao presidente da Lufthansa, Culmann, e ao cônsul Laqueur: Eles agiram em seus próprios termos em vez de obedecer às ordens de funcionários do governo.

Quando o avião da Lufthansa foi apreendido por simpatizantes da Organização do Setembro Negro durante o Beirute - Ancara, parte de um voo com escalas múltiplas de Damasco a Frankfurt, as autoridades da Alemanha Ocidental atenderam à exigência de libertar os prisioneiros. Eles foram entregues no aeroporto de Zagreb, e o avião sequestrado foi levado para Trípoli , onde todos os reféns foram libertados. Os atacantes libertados de Munique receberam asilo do líder líbio Muammar Gaddafi.

Por suas ações, o governo da Alemanha Ocidental foi criticado por Israel e outros partidos. Em alguns casos, foram feitas alegações de que o sequestro havia sido encenado ou pelo menos tolerado com teorias de um acordo secreto entre o governo alemão e o Setembro Negro - libertação dos terroristas sobreviventes em troca de garantias de nenhum novo ataque à Alemanha.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia e ASN

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Hoje na História: 18 de outubro de 1977 - Voo Lufthansa 181 - Grupo antiterror invade avião, mata 3 sequestradores e salva 86 pessoas

A ação é considerada uma das mais exitosas da história, pois, apesar de resultar na morte dos três sequestradores, não deixou um só passageiro ou tripulante ferido.


Integrantes das forças especiais, pertencentes ao grupo antiterror federal da Alemanha, invadiram um avião da empresa Lufthansa, que operava o voo 181, matando os três sequestradores que haviam tomado a aeronave e transformando os 86 passageiros e tripulantes em reféns. 

A ação libertadora das forças policiais alemãs ocorreu em 18 de outubro de 1977, passados hoje 44 anos. A ação é considerada uma das mais exitosas da história, pois, apesar de resultar na morte dos três sequestradores, não deixou um só passageiro ou tripulante ferido, ao contrário, libertando todos eles. O quarto sequestrador cometeu suicídio.


A aeronave, conhecida como 'Landshut', transportava 86 passageiros e cinco tripulantes, e durante cinco dias vagou entre a Europa, o Oriente Médio e a África, enquanto se desenrolavam as negociações, até ser invadida por um comando antiterrorista alemão em Mogadíscio, na Somália, na noite de 17 de outubro 1977, os passageiros libertados ilesos e três dos quatro sequestradores foram mortos.


Trinta minutos depois de iniciado o voo, quando sobrevoavam Marselha, na França, o avião foi sequestrado por um comando da PFLP, liderado pelo palestino Zohair Youssif Akache, de 23 anos, que chamava a si próprio de "Capitão Martyr Mahmud".

O voo foi desviado para Roma (Itália), onde ficou por algumas horas antes de decolar rumo ao aeroporto de Larnaca, no Chipre. Nessa escala, os sequestradores chegaram a ser contatados por um líder da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que tentou dissuadi-los da ação. Eles não deram ouvidos ao apelo, reabasteceram a aeronave e decolaram rumo ao Bahrein. O aeroporto do país estava fechado, mas o piloto disse que estava sem combustível e que precisaria pousar de qualquer jeito, conseguindo colocar o avião no chão e reabastecer. 

Em 14 de outubro, segundo dia do sequestro, homem negocia com um dos
sequestradores no aeroporto de Dubai
Já era madrugada do dia 14 de outubro. A próxima escala foi em Dubai (Emirados Árabes Unidos), onde o avião permaneceu até o dia 16 de outubro.

Pousar em Dubai quase não foi possível, pois o governo local havia fechado o aeroporto e colocado caminhões na pista para evitar que a aeronave conseguisse tocar o solo. Entretanto, os pilotos alertaram que não tinham combustível e, em um último momento, caminhões que bloqueavam a pista liberaram a passagem. No solo, os sequestradores exigiram que fossem fornecidas água e comida, além de jornais.

O avião é acompanhado por tanque no aeroporto de Dubai:
uma das várias paradas na odisseia do sequestro
Também foi pedido que o lixo fosse retirado, momento em que o capitão conseguiu avisar quantos sequestradores estavam no avião. Pelo rádio, ele conversou com a torre, quando pediu quatro caixas com cigarros: "Misto. Diferentes. Dois desse e dois desse, talvez". Era uma maneira cifrada de dizer que o avião havia sido capturado por quatro terroristas, sendo que dois eram homens e dois eram mulheres. 

O governo local havia se recusado a fornecer combustível para a aeronave, mas, após a ameaça de começarem a matar os passageiros, o avião foi reabastecido e eles partiram rumo a Áden (Iêmen) no dia 16 de outubro.

O pouso no Iêmen foi um dos mais delicados. Sem poder pousar nas pistas asfaltadas, já que estavam bloqueadas para evitar que o avião as utilizasse, a solução foi pousar em um trecho não asfaltado entre elas. 

No momento de partir, o comandante Jürgen Schumann foi autorizado a deixar o Boeing 737 para analisar a extensão dos danos causados ao avião no pouso. Com sua demora em retornar, o que ele fez de maneira voluntária, os sequestradores o mataram na frente dos demais passageiros. 

O primeiro oficial Jürgen Vietor assumiu o controle do avião e decolou rumo a Mogadíscio, capital da Somália, a última parada antes do fim do sequestro.

Em Mogadíscio, o clima se tornou mais tenso. Os terroristas continuavam a exigir que os integrantes do Baader-Meinhof fossem libertados ou explodiriam o avião. Ele havia pousado na madrugada do dia 17 de outubro, com o corpo do capitão a bordo.


Trinta minutos antes do prazo final do acordo de negociação estabelecido pelo governo alemão com os sequestradores, em 18 de outubro de 1977, enquanto 'Mahmud' era comunicado que os prisioneiros exigidos em resgate chegaram ao Cairo e o avião deles estava sendo reabastecido para a viagem até a Somália - nenhum deles jamais deixou suas celas - o grupo de comandos alemães, dividido em pequenos esquadrões, avançou para o Landshut pelo ângulo morto da traseira do mesmo, carregando pequenas escadas, usando-as para atingir e abrir as portas de emergência do avião, enquanto soldados somalis acendiam uma grande fogueira a 200 metros do avião para atrair a atenção dos árabes.

Enquanto isso, uma equipe tática alemã iniciou a operação 'Fogo Mágico', que culminou no fim do sequestro. Os agentes se aproximaram pela traseira da aeronave, onde não seria possível serem vistos por quem estava a bordo. 

Ao mesmo tempo, os sequestradores eram avisados por rádio que os presos haviam sido libertados e estavam sendo transportados para fora da Alemanha em segurança. Era uma mentira para ganhar tempo.

Com a equipe tática posicionada, soldados somalis iniciaram uma labareda a poucos metros da frente do avião. Isso serviu de chamariz, levando três dos sequestradores para a cabine de comando. Os alemães conseguiram entrar nesse momento no avião pelas saídas de emergência, mandando todos se abaixarem e iniciando uma troca de tiros com os sequestradores. Dois morreram na hora, outro após ter sido retirado com ferimentos, e uma sobreviveu.


Nenhum passageiro morreu, e todos foram libertados. Com a notícia do fracasso do sequestro, três dos líderes do grupo que tiveram sua soltura exigida foram encontrados mortos na prisão. A causa da morte apontada nos laudos foi suicídio.

Estas mortes continuam rodeadas de controvérsia e alegadamente foram suicídios dentro dos muros da prisão. Isso forma um enredo chave no filme alemão de 2008 do diretor Uli Edel, "The Baader Meinhof Complex" (clique aqui para assistir ao filme legendado em português).

Depois do sequestro, a aeronave continuou transportando passageiros da Lufthansa até ser vendida pela empresa alemã em 1985. O Landshut teve vários proprietários e passou a levar cargas. Até 2008, ele voou pela TAF, de Fortaleza.

O avião sequestrado com as cores da brasileira TAF Linhas Aéreas
Devido a pendências judiciais da empresa, o avião foi penhorado e ficou parado no cemitério de aviões da capital cearense.

Devido a pendências judiciais, o avião foi penhorado e parado num cemitério de aviões


Em 2017, um grupo de engenheiros aéreos da Alemanha esteve no Brasil para desmontar a aeronave e levá-la para seu país para restaurá-la e colocada num museu como símbolo da luta contra o terrorismo.


Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Meio NorteUOL e Agências Internacionais