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segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Base Espacial Pituffik, a estratégica base militar dos EUA na Groenlândia


A Base Espacial de Pituffik, no noroeste da Groenlândia, desempenha há décadas um papel fundamental no sistema de alerta precoce dos Estados Unidos para detectar ataques de mísseis.

A Groenlândia se tornou uma prioridade para Washington desde que Donald Trump voltou à Casa Branca, uma vez que o presidente considera o território autônomo dinamarquês uma região crucial para a defesa dos EUA, e acusa a Dinamarca de não garantir a segurança desta ilha sob sua soberania.

O que há na base de Pituffik — e por que é importante



Neste recanto remoto do Ártico, a cerca de 1.200 quilômetros do Polo Norte, fica a base mais ao norte de todas as que os EUA têm ao redor do mundo desde o início da Guerra Fria. Ela foi originalmente projetada para detectar possíveis ataques de mísseis da antiga União Soviética a tempo e permitir uma resposta rápida.

Anteriormente chamada de Base John Thule, a instalação é operada pelo 821º Grupo de Base Espacial, que inclui o 12º Esquadrão de Alerta Espacial e o 23º Destacamento de Operações Espaciais.

Vista da base, em 2005
Sua missão é monitorar o espaço, alertar sobre possíveis ataques de mísseis e monitorar satélites de defesa dos EUA.

"A base é estrategicamente muito importante devido à sua localização geográfica", diz Troy J. Bouffard, um oficial aposentado do Exército americano que trabalha em um centro especializado em segurança do Ártico na Universidade do Alasca Fairbanks, à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.

"Durante a Guerra Fria, o Ártico era a rota mais curta para atacar os EUA com mísseis balísticos intercontinentais soviéticos, e continua sendo para qualquer adversário que queira atacar os EUA com mísseis hoje", explica.

A imagem da base é marcada pelas cúpulas brancas dos Radares de Alerta Precoce, os sistemas que detectam o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais e lançados por submarinos (ICBMs e SLBMs, respectivamente).


De acordo com dados publicados pelo Departamento de Defesa americano, o contingente é composto por cerca de 650 pessoas. Duzentas são militares da Força Aérea e da Força Espacial dos EUA. Os demais são civis canadenses, dinamarqueses e groenlandeses que vivem e trabalham na base.

A vida não é fácil para eles. O gelo cobre a base na maior parte do ano, as temperaturas chegam a 34°C abaixo de zero e, no inverno, o Sol desaparece por várias semanas.

O vilarejo mais próximo, Qaanaaq, fica a mais de 100 quilômetros de distância, e é um pequeno assentamento onde os habitantes sobrevivem caçando focas, morsas e, de vez em quando, ursos polares.

Os barcos só conseguem chegar a Pituffik durante as poucas semanas de verão, quando a superfície do mar próximo à base descongela.

Fotografia aérea do Aeroporto de Thule tirada em 1989
Assim, a base permanece conectada ao mundo exterior graças a uma base aérea que permanece operacional o ano todo.

O Corpo de Engenheiros do Exército americano costuma ser encarregado da difícil manutenção das instalações em um terreno tão hostil.

Pesquisas científicas também são realizadas em Pituffik. Desde sua criação, o Exército dos EUA estuda o ambiente para facilitar suas operações, e a Nasa, a agência espacial americana, vem pesquisando a perda de gelo no Ártico a partir da base.

Um especialista da Nasa olhando para a tela do computador em um avião antes da
decolagem da Base Aérea de Pituffik (Crédito: Getty Images)

Por que os EUA têm uma base militar na Groenlândia


Além da Dinamarca, os EUA são o único país que tem uma base militar permanente na Groenlândia. Sua presença militar na ilha remonta à Segunda Guerra Mundial.

Quando a Dinamarca foi tomada pelas tropas alemãs de Hitler, os EUA enviaram tropas para a Groenlândia, que começaram a construir bases aéreas e outras instalações.

O objetivo principal, inicialmente, era monitorar a atividade dos submarinos alemães no Atlântico Norte.

Após o fim da guerra, e em um mundo marcado pela rivalidade entre americanos e soviéticos, Washington e Copenhague assinaram um tratado reconhecendo o direito dos EUA de manter tropas e instalações na Groenlândia.

A criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em 1949, da qual os EUA e a Dinamarca são membros, consolidou ainda mais a cooperação na área de defesa entre os dois países.

A base de Pituffik é a instalação mais ao norte do Exército dos EUA,
e era chamada anteriormente de John Thule
No contexto da Guerra Fria, a então Base John Thule se tornou um marco importante na rota polar, o caminho mais curto para um potencial ataque direto entre as duas potências nucleares rivais.

De lá, os bombardeiros americanos podiam alcançar o território soviético, e os gigantescos sistemas de radar com os quais o Pentágono vigiava o adversário soviético foram construídos ali. 

Os povos indígenas que habitavam a área antes da chegada dos militares dos EUA foram vítimas deste processo. Cerca de 150 deles foram desalojados de suas terras ancestrais e forçados a se mudar para uma área onde a caça, a base do seu modo de vida tradicional, era muito mais difícil. Demorou décadas para que a Justiça dinamarquesa reconhecesse seu direito a receber indenizações financeiras.

O ressentimento por ações como esta parece ser uma das razões pelas quais os groenlandeses rejeitam de forma esmagadora nas pesquisas de opinião tanto permanecer sob a soberania da Dinamarca, quanto se tornar parte dos EUA.

Em 2023, a instalação mudou oficialmente seu nome — de Base Aérea John Thule para Base Espacial de Pituffik, para incluir o nome da planície em que se encontra, que na língua nativa significa "o lugar onde amarramos os cachorros".

Conforme explicou o Departamento de Defesa na época, a mudança buscava "reconhecer os povos nativos da região e seu apoio a uma instalação de segurança nacional" dos EUA.

Um barco de patrulha da Marinha dinamarquesa nas águas da Groenlândia (Crédito,Getty Images)

Pituffik e a nova importância da Groenlândia


A Groenlândia se tornou uma das prioridades da política externa do governo Trump, e ele disse que quer que a ilha pertença aos EUA, afirmando repetidamente que sua segurança é fundamental para Washington, e que a Dinamarca não é capaz de garanti-la. Pituffik é a única base militar americana na Groenlândia.

Se durante a Guerra Fria a base era fundamental para detectar ou interceptar mísseis balísticos intercontinentais, a corrida armamentista entre a Rússia e a China para desenvolver armas hipersônicas reafirma a importância que analistas de defesa atribuem a ela.

Os novos mísseis desenvolvidos pela Rússia tornam os sistemas de alerta
precoce na base de Pituffik ainda mais importantes (Foto: Getty Images)
Diferentemente dos ICBMs, os mísseis hipersônicos não precisam ir ao espaço sideral para se deslocar. Em vez disso, eles podem viajar em velocidades hipersônicas (pelo menos cinco vezes a velocidade do som) em altitudes mais baixas, além de manobrar e mudar de direção, o que os torna impossíveis de interceptar.

De acordo com Bouffard, "com a tecnologia disponível, não há mecanismo de defesa eficaz contra esse armamento" — por isso, "neste momento, a defesa está concentrada na dissuasão".

A maneira de impedir que um adversário usasse armas nucleares na Guerra Fria era convencê-lo de que haveria uma resposta comparável que desencadearia o que a literatura militar da época chamava de "destruição mútua assegurada". Algo semelhante acontece com armas hipersônicas, pois atualmente não há como neutralizá-las.

De acordo com um relatório do Serviço de Investigação dos EUA, a Rússia e a China fizeram "avanços" e "provavelmente" desenvolveram vários programas de armas hipersônicas direcionáveis, capazes de transportar ogivas nucleares, enquanto as armas hipersônicas que os EUA possuem não foram projetadas para serem usadas com ogivas nucleares.

Bouffard acredita que "este governo está hiperfocado na segurança do território nacional" — e "entendeu que mísseis hipersônicos e o Ártico como via de aproximação são uma grande ameaça à América do Norte e aos EUA".

"Mas as soluções virão, e precisaremos de um lugar para implantar esses ativos defensivos quando eles chegarem. É por isso que Pituffik é tão importante — é a solução geográfica."

Com informações da BBC Brasil

sábado, 22 de novembro de 2025

Hoje na História: 22 de novembro de 1955 - Lançada a primeira arma termonuclear da União Soviética

O Tupolev Tu-16, codinome da OTAN “Badger” (Federação de Cientistas Americanos)

Em 22 de novembro de 1955, a primeira arma termonuclear da União Soviética, RDS-37, foi lançada no ar no local de testes de Semipalatinsk, a aproximadamente 150 quilômetros a oeste da cidade de Semipalatinsk, no Cazaquistão SSR (agora, Cazaquistão). 

O bombardeiro, um Tupolev Tu-16A, e sua tripulação estavam sob o comando do Major Piloto de Teste Sênior Fedor Pavlovich Golovashko.

A RDS-37 era uma bomba termonuclear de implosão de radiação de dois estágios, chamada na época de "bomba de hidrogênio". (RDS significa Rossiya delaet sama - significando, na verdade, que "a Rússia faz isso sozinha". Este prefixo de três letras foi aplicado a testes atômicos desde o primeiro, RDS-1, 29 de agosto de 1949.)

Este foi o vigésimo quarto teste de armas nucleares da União Soviética, mas sua primeira bomba termonuclear verdadeira, e foi a primeira "bomba H" lançada no ar do mundo. (O primeiro lançamento aéreo de uma arma termonuclear, Redwing Cherokee, nos Estados Unidos, ocorreu seis meses depois, em 20 de maio de 1956. O teste Grapple I / Short Granite da Grã-Bretanha ocorreu em 15 de maio de 1957.)

O Major Golovashko e sua tripulação haviam feito uma tentativa anterior com o RDS-37. Dois dias antes, 19 de novembro, o carregamento da bomba começou às 6h45. Quatro guinchos foram usados ​​para erguê-la até o compartimento de armas do bombardeiro. O processo demorou cerca de duas horas.

Nesta imagem estática de uma gravação de filme mostra a bomba RDS-37 sendo posicionada sob o bombardeiro Tupolev Tu-16A ("Badger-A")

Neste quadro de uma gravação de filme cinematográfico, a bomba RDS-37 é mostrada sendo posicionada sob o bombardeiro Tupolev Tu-16A para ser carregada no compartimento de bombas.

Às 9h30, o Tu-16 decolou do Aeroporto Zhana Semey (PLX), cerca de 8 quilômetros (5 milhas) ao sul da cidade de Semipaltinsk. Ele começou a subir a uma altitude de 12.000 metros (39.370 pés) enquanto voava em direção ao local de teste. O bombardeiro de Golovashko foi escoltado por pares de caças Mikoyan-Gurevich MiG-17 para evitar o roubo da arma de teste.

Embora a previsão do tempo fosse boa, começou inesperadamente a piorar. O Tu-16 estava acima de uma camada de nuvens com a área de teste obscurecida. Enquanto a equipe se preparava para bombardear por radar, o equipamento de radar falhou e todas as tentativas de repará-lo foram malsucedidas.

Os condutores de teste estavam muito preocupados com o desembarque do Tupolev de volta a Semipalatinsk com uma bomba nuclear totalmente armada ainda a bordo. Houve a consideração de lançar o RDS-37 sobre montanhas remotas, mas não havia certeza de ser capaz de evitar vilas ou cidades, e se a bomba detonasse apenas parcialmente, poderia haver contaminação generalizada por seu combustível radioativo.

Demorou para tomar uma decisão e o combustível do Tupolev estava acabando. Finalmente, foi decidido que o homem-bomba retornaria a Semipaltinsk com a bomba. O pouso ocorreu sem intercorrências e os técnicos removeram o RDS-37 para manutenção antes da próxima tentativa de teste.

A rotação das tripulações dos bombardeiros era normal, mas decidiu-se que a tripulação do major Golovashko fizesse o segundo voo de teste. Em 22 de novembro, o carregamento das armas começou às 4h50, com decolagem às 8h34. Novamente o Tupolev Tu-16A foi escoltado por pares de MiG-17s. Mais uma vez, o bombardeiro chegou ao local de teste a 12.000 metros, voando a 870 quilômetros por hora (541 milhas por hora).

O projetista de armas nucleares soviético Andrei Dmitrievich Sakaharov, cuja “outra ideia” - radiação-implosão - foi usada no projeto do RDS-37, estava em um local de observação a cerca de 70 quilômetros do alvo de teste. Ele observou o Tu-16 voar sobre suas cabeças e o descreveu como "um branco deslumbrante com suas asas inclinadas para trás e a fuselagem delgada estendendo-se muito para frente, parecia um predador sinistro pronto para atacar". Ele também observou que a cor branca é "frequentemente associada à morte".

O "predador sinistro" de Sakharov

Depois de ser libertado do Tupolev do Major Golovashko, o RDS-37 foi retardado por pára-quedas para permitir que o homem-bomba fugisse. Ele detonou a 1.550 metros (5.085 pés) acima do solo. A tripulação descreveu ter visto um flash branco-azulado que durou de 10 a 12 segundos. A onda de choque da detonação, espalhando-se na velocidade do som, atingiu o bombardeiro 3 minutos, 44 segundos após a queda. O Tu-16 experimentou acelerações de 2,5 Gs e foi elevado a uma altitude maior. Não foi danificado.

Após 5 a 7 minutos da detonação, uma nuvem em forma de cogumelo distinta atingiu uma altura de 13 a 14 quilômetros (8 a 8,7 milhas) e seu diâmetro era de 25 a 30 quilômetros (15,5 a 18,6 milhas).

O RDS-37 detonou com um rendimento relatado variando entre 1,6 e 1,9 megatons (dependendo da fonte). A bomba tinha um rendimento projetado de 3 megatons, mas foi intencionalmente reduzido para este teste.

A bomba detonou sob uma camada de inversão de temperatura que refletiu uma grande proporção da força explosiva de volta ao solo. Uma pequena cidade a cerca de 75 quilômetros (47 milhas) de distância sofreu uma destruição significativa. Uma criança pequena foi morta quando um prédio desabou. Em outro local, um soldado em uma observação foi morto quando a trincheira desabou com o choque. Quase 50 outras pessoas ficaram feridas. As janelas quebraram a até 200 quilômetros (124 milhas) de distância.

Vários vídeos deste teste estão disponíveis no YouTube.

Edição de texto e imagens por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos)

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Soviéticos já tentaram colocar asas em um tanque para ele voar na guerra

Concepção do Antonov A-40 Krylya Tanka, um tanque com asas para ser lançado
diretamente no campo de batalha (Imagem: Reprodução)
Diversos aviões tiveram o apelido de tanque de guerra voador na história, mas um em particular era, de fato, isso. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a União Soviética testou uma espécie de tanque aéreo para ser usado no campo de combate.

Tecnicamente, era um tanque convencional, mas com asas. Apesar de promissor, o projeto não saiu como o esperado.

A origem


Após estudos de um conceito novo de aeronave pedido em 1941, o avião foi batizado A-40 Krylya Tanka (KT, ou tanque de asas). O objetivo era ter uma arma de guerra que chegasse mais rápido nos locais de batalha e que estivesse pronta para o combate.

Tanques pequenos já voavam como carga do lado de fora de alguns aviões em caráter experimental, mas nada parecido com o projeto do A-40. Lançar veículos de aviões, seja diretamente no solo ou por paraquedas, requeria um certo tempo para estivessem prontos para a ação, já que as tropas teriam de chegar ao local separadamente.

Colocar asas em um tanque, por sua vez, permitia que os veículos ficassem aptos para o combate imediatamente após o pouso, já que levariam as tropas a bordo do tanque.

Funcionamento


O escolhido foi o tanque T-60. Ele foi adaptado para se transformar em um biplano, com extensas asas. Apenas assim para conseguir sustentar o peso do tanque, que era elevado.

O A-40 seria rebocado por outro avião, mais especificamente, bombardeiros pesados soviéticos. Sobre o campo de batalha, ele seria solto e planaria até o local do pouso.

Nesse momento, não haveria nenhuma propulsão, já que o tanque contaria apenas com as asas e estruturas para permitir suas manobras, sem nenhum motor como o de um avião convencional.

Ao tocar no solo, o piloto do tanque (que também comandava o voo) acionava uma alavanca para soltar a estrutura das asas e da cauda do planador, que permitiam ao veículo voar.

Não deu certo...


Embora parecesse que teria sucesso, o projeto (assim como tantas outras ideias de aviões durante as guerras) não deu certo. Diversas tentativas de decolagem falharam.

Teria sido estudado se o tanque ficaria com as esteiras em ponto morto para acompanhar a velocidade de decolagem do avião rebocador ou se ele teria alguma adaptação especial para fazê-lo chegar à velocidade de decolagem, de 160 km/h.

Foram realizadas diversas tentativas de decolagem, sendo que muitas não deram certo. Em um voo, o bombardeiro que rebocava o A-40 precisou largá-lo antecipadamente pois o tanque gerava um arrasto muito grande, o que colocou ele em risco de queda.

O projeto acabou abandonado devido à dificuldade de levar o tanque alado em segurança e na velocidade necessária. Além disso, para ficar mais leve, o tanque perdeu parte de seus armamentos e decolava apenas com uma fração pequena de combustível, colocando em dúvida sua capacidade de ação no campo de batalha.

Ficha técnica
  • Modelo: A-40 Krylya Tanka
  • Fabricante: Antonov
  • Tripulação: Dois
  • Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 18 metros
  • Comprimento: 12 metros
  • Peso da parte aérea (asas, cauda, entre outros): 2 toneladas
  • Peso do tanque: 5,8 toneladas
  • Peso total: 7,8 toneladas
Diagrama de como seria o Antonov A-40 Krylya Tanka (Imagem: Reprodução)
Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Hoje na História: 16 de outubro de 1964 - A República Popular da China testa sua primeira bomba atômica


596 ou Projeto 596, (Miss Qiu) é o codinome do primeiro teste nuclear da República Popular da China, detonado em 16 de outubro de 1964, sendo o motivo de festa do exército daquela nação, como também pegou de surpresa os Estados Unidos e a União Soviética.

Era um dispositivo de fissão por implosão de urânio-235 feito de urânio para armas (U-235) enriquecido em uma usina de difusão gasosa em Lanzhou.

A bomba atômica fazia parte do programa "Duas Bombas, Um Satélite" da China. Ela tinha um rendimento de 22 quilotons, comparável à primeira bomba nuclear RDS-1 da União Soviética em 1949 e à bomba americana Fat Man lançada em Nagasaki, Japão em 1945. 

Com o teste, a China se tornou a quinta potência nuclear no mundo e a primeira nação asiática a possuir capacidade nuclear. Este foi o primeiro de 45 testes nucleares bem-sucedidos que a China conduziu entre 1964 e 1996, todos ocorridos no local de teste Lop Nur.

Maquete da bomba. Observe a semelhança geral no formato com Fat Man e RDS-1 
A China começou a estudar e desenvolver armas nucleares a partir da década de 1950 sendo por causa da crença do presidente da China que sem uma arma nuclear a China não seria levada a sério como potência nuclear por outras e também estaria a mercê de chantagem nuclear por parte de outras nações principalmente pelos Estados Unidos.

A União Soviética estava ajudando a China lhes dando geradores de processamento de urânio, cíclotrons até que as suas relações foram rompidas nas décadas de 50-60 porém a China continuou o seu programa e se esforçou ainda mais com o teste francês Gerboise Bleue de 60 quilotons.

A China usou urânio pois era mais fácil enriquecê-lo do que produzir plutônio. O plutônio possui rendimento menor porém sem uma fonte de nêutrons originária da fissão é impossível produzi-lo. Três anos depois a China detonou a sua primeira bomba termonuclear.

Especificações
  • Horário: 07h00 GMT de 16 de outubro de 1964
  • Local do ttste: Lop Nur, 40° 48′ 45″ N, 89° 47′ 24″ L, cerca de 70 km a noroeste do lago seco Lop Nor
  • Tipo de teste e altura: Torre, 102 metros
  • Potência: 22 quilotons
Por Jorge Tadeu com informações da Wikipédia

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Hoje na História: 6 de agosto de 1945 - Bomba de Hiroshima: como foi o primeiro bombardeio nuclear da história

Bomba atômica projetada pelo físico norte-americano Oppenheimer foi utilizada pela primeira vez como arma de guerra no Japão, selando o fim da Segunda Guerra Mundial.

Químico e físico teórico J. Robert Oppenheimer é considerado o "pai da bomba atômica"
Projetada pelo físico norte-americano J Robert Oppenhemer, a bomba atômica de Hiroshima explodiu há 77 anos, em 6 de agosto de 1945, no Japão. “Um dia ensolarado virou um inferno”, disse o historiador Mario Marcello Neto, doutor em história pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e autor da tese O brilho de mil sóis: história, memória e esquecimento sobre a bomba atômica nos Estados Unidos e no Japão, em entrevista à National Geographic.

Naquela manhã de verão, sirenes soavam alertando para ataques aéreos na cidade de Hiroshima, no Japão, enquanto caças B-29 norte-americanos cortavam o espaço aéreo do país. Até então, Hiroshima já tinha sofrido mais de 30 ataques durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, ninguém no país estava preparado para o que viria a seguir.

Antiga fotografia do avião B-29 Superfortress, batizado como Enola Gay
(Foto: Divulgação/Departamento de Defesa dos Estados Unidos)
Às 8h15, com “o brilho de mil sóis”, uma bomba atômica foi detonada pela primeira vez em ato de guerra, causando um estrago nunca antes visto. “O projétil explodiu no ar, a aproximadamente 600 metros do solo”, pontua Marcello Netto. “Era carregado pelo Enola Gay, um bombardeiro B-29 pilotado pelo coronel Paul Tibbets, que sobrevoava Hiroshima a cerca de 9,5 km de altura quando soltou a bomba."

A tripulação do Enola Gay
O acontecimento foi um dos momentos mais marcantes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que dividiu as nações do mundo em dois grandes grupos. “Havia os Aliados, cujos principais membros eram os Estados Unidos, Inglaterra, França e, posteriormente, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Do outro lado estava o chamado Eixo, composto pela Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini e o Japão”, explica o historiador.

1. O que levou ao bombardeio de Hiroshima?


Quando as bombas tocaram o solo japonês, o país se encontrava em uma grave crise por causa do conflito. “Estava sem o apoio de seus dois principais aliados, sem dinheiro e enfrentando sozinho a potência que mais cresceu durante a guerra: os Estados Unidos”, diz Marcello Neto.

Naquela altura, as cidades japonesas sofriam com uma intensa onda de fome, enquanto ainda recebiam bombardeios esporádicos, mas recorrentes. “Para contra-atacar, o Japão começou a adotar medidas drásticas de combate, como o uso de pilotos kamikazes, que faziam missões suicidas e jogavam os aviões em seus alvos como forma de ataque”, explica Marcello Neto. Mesmo assim, o país do Eixo estava longe de se render.

Emblemática fotografia tirada após a explosão da bomba atômica Little Boy em Hiroshima,
no Japão (Foto: Domínio Público via Wikimedia Commons)

Dentro do "fascismo japonês", havia estudos que reforçavam a superioridade do Japão em relação às nações ocidentais, e seguiam motivando sua permanência no conflito. No livro Inferno: O mundo em guerra 1939-1945, o historiador britânico Max Hastings afirma que os japoneses acreditavam que a defesa vigorosa de suas ilhas ainda poderia evitar uma rendição em uma derrota absoluta.

“Essa crença seguia existindo mesmo depois do desembarque dos norte-americanos na ilha de Okinawa, em 1944, e das bombas incendiárias lançadas em Tóquio, no início de março de 1945, que mataram mais de 100 mil pessoas em menos de seis horas”, diz Marcello Neto.

2. Como se decidiu lanças a bomba atômica no Japão


A ideia inicial do então presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, era usar a arma atômica como um artefato de barganha em uma negociação diplomática entre os dois países. Entretanto, depois da morte de Roosevelt, em abril de 1945, assumiu o vice-presidente Henry Truman, que tinha uma visão diferente em relação ao uso da arma.

Em seu livro, Hastings escreve que a bomba nuclear passou a ser vista como uma alternativa aos prejuízos que ocorreriam em invasões terrestres ao Japão. “Estava claro para os Aliados que a derrota do Japão era inevitável, por razões tanto militares quanto econômicas, e que, portanto, o uso de armas atômicas seria desnecessário", diz o livro. "Mas, a perspectiva de ser obrigado a manter a luta contra bolsões de resistência fanática em toda a Ásia durante meses, talvez anos, era assustadora."

Foi por isso que, em 16 de julho daquele mesmo ano, a cidade de Alamogordo, no Novo México, tornou-se palco do primeiro teste com a bomba atômica criada por cientistas norte-americanos. Entre eles, Robert Oppenheimer, um dos principais envolvidos em seu desenvolvimento.

Explosão da primeira bomba atômica, nomeada de Teste Trinity, no deserto Jornada Del Muerto,
no Novo México, em 16 de julho de 1945 (Foto: Universal History Archive/Getty Images)
O teste ocorreu no meio do deserto e ganhou o nome de Experiência Trinity. “A potência da explosão foi avaliada em aproximadamente 20 mil toneladas de TNT e coroou o esforço científico e industrial que havia absorvido dois bilhões de dólares, em cerca de cinco anos”, relata Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, doutor pela Universidade Sorbonne, de Paris, e membro titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em seu artigo "Hiroshima e Nagazaki: Razões Para Experimentar a Nova Arma".

No mesmo dia, explica Marcello Neto, Truman se reunia com os principais chefes de governo dos países aliados na chamada Conferência de Potsdam, quando foi informado do sucesso do experimento. “Durante a conferência, a URSS manifestou seu interesse em invadir o Japão por terra a fim de pressionar o país por uma rendição”, diz. Nessa ocasião, os Estados Unidos revelou a existência de sua arma atômica e a possibilidade de uso, contextualiza o historiador.

Em seguida, o Japão recebe um ultimato, segundo conta Hastings em seu livro. “A Declaração de Potsdam dos Aliados Ocidentais, divulgada em 26 de julho, ameaçava o Japão com ‘pronta e total destruição’ se ele não se rendesse de imediato.” A proposta, no entanto, foi negada.

Um teste de bomba atômica subaquática no Atol de Bikini em 1946 (Foto: Marinha dos EUA)
Para Hastings, um dos motivos da rejeição foi que, para os japoneses, a declaração apenas “prenunciava mais do mesmo: ataques com bombas incendiárias e, cedo ou tarde, uma invasão”, enquanto que “para os líderes dos Aliados, que sabiam que a primeira bomba atômica acabara de ser testada com êxito a frase era cheia de significado.”

Como resposta para a negativa, o ataque à bomba se tornou prioridade. “Isto fez com que os Estados Unidos imediatamente iniciassem o processo de análise de cidades e locais onde a bomba atômica deveria ser lançada”, relata o artigo científico de Neto.

3. Por que Hiroshima virou alvo da bomba atômica?


Hiroshima não foi a única cidade escolhida para ser alvo. “Os Estados Unidos tinham alguns critérios bastante específicos. O primeiro é que nenhum dos locais a serem bombardeados poderia ser invadido por terra pelos soviéticos, até o mês de setembro”, diz Marcello Neto.


O segundo critério era que as cidades tinham que ser bastante amplas, ou seja, deveriam ter um diâmetro grande para se ver a dimensão que a radiação poderia chegar. Por fim, também pesou na escolha o fato de as cidades escolhidas carregarem uma importância significativa para o Japão, tanto do ponto de vista estratégico militar quanto do cultural, de modo que o ataque influenciasse a rendição do país.

A tese de Marcello Neto afirma que a lista de cidades-alvo japonesas tinha, inicialmente, cinco nomes:
  • Kokura: escolhida “por se tratar do local onde quase toda a munição japonesa era fabricada”;
  • Yokohama: “cidade onde se produzia boa parte dos derivados de aço japoneses, suas aeronaves e, principalmente, onde estavam as refinarias de petróleo do país”;
  • Niigata: “cidade portuária e produtora de aço e petróleo refinado, e local de diversas indústrias”;
  • Kyoto: “um dos maiores centros comerciais japoneses e uma das cidades mais populosas”;
  • Hiroshima: cidade portuária “com importantes instalações militares”.
Para Richard Rhodes, historiador norte-americano e ganhador do Prêmio Pulitzer pelo livro "The Making of the Atomic Bomb" (A Criação da Bomba Atômica, em tradução livre), cujo trabalho guiou o artigo de Neto, Kyoto foi desconsiderada por se tratar de uma cidade histórica, tendo sido por séculos a capital japonesa. Se uma bomba caísse sobre Kyoto, provavelmente a elite japonesa jamais teria aceitado a derrota. “Veriam a ação como uma desfeita, e o efeito buscado pelo uso da bomba, que era a rendição, seria perdido”, diz Marcello Neto.

Nagasaki foi incluída na lista para substituir Kyoto. Tratava-se de uma cidade portuária e fabril, cercada por montanhas que permitiriam maior concentração da radiação e melhor avaliação de seus estragos por parte dos Estados Unidos.

Ordem de ataque para o bombardeio de Hiroshima publicada em 5 de agosto de 1945
Com os alvos aprovados, as tropas norte-americanas estavam prontas para a missão de bombardeio a qualquer momento.

Segundo Marcello Neto, neste momento entra em jogo o fator de decisão mais importante para a escolha de Hiroshima como alvo: o clima. Era preciso um dia de tempo aberto. “Se houvesse vento, a radiação se espalharia além do esperado. Se chovesse, a radiação também seguiria outro fluxo e poderia atrapalhar o lançamento da bomba", explica o historiador. "O tempo aberto também era importante para a coleta de dados, como fotos da explosão, importantes para o fim científico que a missão tinha."

Em 6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima era a única, entre todas as outras consideradas para o bombardeio, que apresentava um cenário meteorológico adequado.


4. O que aconteceu com Hiroshima depois da bomba?


Hiroshima devastada pela bomba (Foto: Getty Images)
De acordo com o livro A Segunda Guerra Mundial, do escritor e historiador britânico Antony Beevor, milhares de pessoas morreram em Hiroshima com a explosão da bomba, chegando a 200 mil nos dias seguintes, devido às consequências da radiação. “Cerca de 100 mil pessoas morreram instantaneamente, e milhares de outras perderam a vida mais tarde, de queimaduras, choque ou envenenadas pela radiação”, escreve Beevor.

“As pessoas ainda estavam tentando entender o que havia acontecido. Sabiam que não tinha sido um bombardeio normal, mas não tinham noção da radiação e do real estrago”, diz Marcello Neto sobre o que se seguiu após a explosão. “Nem as autoridades japonesas estavam inteiradas, tanto que as ordens para Hiroshima eram para a cidade se reerguer e se preparar para novos ataques.”


Enquanto isso, os jornais dos Estados Unidos enalteciam a missão. O The New York Times, por exemplo, trouxe o anúncio da Casa Branca e do Departamento de Guerra dos Estados Unidos, no dia 6 de agosto, informando que uma bomba atômica, com poder de milhares de toneladas de TNT, tinha sido lançada no Japão.


Em 9 de agosto, uma segunda arma nuclear foi lançada contra o Japão, dessa vez na cidade de Nagasaki.

A ação teve também uma importância política, além de ser um ato de guerra: “Isso porque, no intervalo de lançamento entre uma bomba e outra, a URSS tinha invadido o Japão por terra, o que ligou o alerta para os americanos”, explica Marcello Neto. “Havia um medo de que os soviéticos conseguissem uma rendição japonesa efetiva antes e que isso fizesse com que o país virasse uma nação comunista."

Bombardeios de Hiroshima e Nagasaki e o fim da guerra



A bomba atômica de Hiroshima – que ficou conhecida como Little Boy – e a de Nagasaki – chamada de Fat Man – marcaram o verdadeiro encerramento do maior conflito do século 20, defende Mario Marcello Neto.

Isso porque, após a assinatura da rendição da Alemanha, a principal força do Eixo, e o fim da guerra no continente europeu, em 8 de maio de 1945, o conflito continuou na Ásia. “Nesse momento, o Japão havia feito um expansionismo extremo nas regiões chinesas e ainda travava conflitos constantes com a marinha norte-americana e as tropas inglesas-indianas na Birmânia (Mianmar)”, conta Marcello Neto.

Um dia após o bombardeio de Nagasaki, o Japão finalmente aceita negociar sua rendição. “Os japoneses perceberam três coisas: essas bombas não foram acontecimentos únicos e os Estados Unidos poderiam usá-las quantas vezes quisessem", diz Marcello Neto. "Entenderam também que Tóquio estava em perigo real de destruição total; e, por fim, viram que não havia mais formas de ganhar a guerra."

O anúncio da derrota para o povo japonês foi feito no dia 15 de agosto pelo imperador Hirohito. “Ao meio-dia, as estações de rádio japonesas transmitiram a mensagem gravada do imperador, conclamando as suas forças a se render porque a situação bélica havia evoluído 'não necessariamente em vantagem do Japão'. Oficiais e soldados ouviram aquilo com lágrimas na face", escreveu Antony Beevor. Em 2 de setembro de 1945, o último país do Eixo assinou sua rendição formal, marcando o fim definitivo da Segunda Guerra.

O então ministro do Exterior japonês Mamoru Shigemitsu assina a rendição japonesa
a bordo do navio americano USS Missouri (Foto: Getty Images)
Depois disso, tropas americanas ocuparam o Japão até 1952. “É um exemplo de como as nações ganhadoras impõem o que acontece com as que perdem. Até hoje, o Japão traz alguns traços dessa ocupação, como a Constituição japonesa, escrita em 1947 principalmente por funcionários civis norte-americanos trabalhando a favor da presença Aliada e ainda em vigência”, relata Marcello Neto. “O sistema educacional do Japão e a proibição de o país formar um exército militar também são heranças disso.”

Dia de Hiroshima: como está a cidade


O sol se põe sobre uma vista de Hiroshima (Foto: Hiroki Kobayashi)
Mais de 70 anos depois do bombardeio, Hiroshima não mede esforços para que o evento que dizimou a cidade seja lembrado, segundo o governo da cidade. Quase diretamente abaixo do hipocentro da explosão da bomba atômica existe hoje uma estrutura conhecida como Cúpula da Bomba Atômica de Hiroshima. É a primeira coisa que se vê ao visitar o Parque Memorial da Paz, dedicado à tragédia.
À esquerda: Uma estátua queimada de Buda testemunha silenciosamente o calor escaldante da bomba atômica. À direita: Uma estátua de Buda foi derretida quando a bomba atômica foi lançada em Hiroshima na Segunda Guerra Mundial (Fotos: Hiroki Kobayashi)
Segundo a Unesco, o símbolo não é apenas um lembrete poderoso da força mais destrutiva já criada pela humanidade, mas “também expressa a esperança de paz mundial e a eliminação definitiva de todas as armas nucleares”. O local, preservado no mesmo estado que ficou imediatamente após o bombardeio, foi adicionado à Lista de Patrimônios Mundiais da Unesco em 1996.

Cemitério na encosta abriga as vítimas do ataque da bomba atômica de Hiroshima (Foto: Hiroki Kobayashi)

Via National Geographic, BBC e Aventuras na História

sábado, 14 de junho de 2025

A Alemanha nazista testou uma máquina anti-gravidade?

Esta teoria da conspiração diz que Hitler tinha um OVNI anti-gravidade secreto - e os EUA o roubaram

Acompanhe este mergulho profundo na lenda selvagem de “Die Glocke”.


Os cientistas nazistas, ansiosos para inventar uma arma que pudesse repelir o avanço dos exércitos Aliados, criaram um OVNI que viaja no tempo para vencer a Segunda Guerra Mundial? Quase certamente não. No entanto, a lenda de “Die Glocke” (“O Sino”) persiste em círculos de conspiração e OVNIs.

Um novo vídeo do historiador militar Mark Felton, incluído abaixo, explora o dispositivo em forma de sino que a organização paramilitar Schutzstaffel (SS) de Adolf Hitler supostamente desenvolveu. No entanto, escritores de ficção científica e embusteiros podem ter realmente inventado a máquina, usando a reputação do pós-guerra de cientistas nazistas de serem capazes de quase qualquer façanha tecnológica.

Mesmo que os nazistas tenham perdido a Segunda Guerra Mundial , eles emergiram da guerra com uma reputação quase mítica de armas de alta tecnologia. Os tanques nazistas costumavam ser tecnicamente superiores aos tanques aliados; a Luftwaffe voou em jatos de combate antes dos Aliados; e a série V (for Vengeance) de armas terroristas, incluindo o míssil de cruzeiro V-1 e o míssil balístico V-2, feito para armas aterrorizantes, embora estrategicamente questionáveis.

Os adversários consideraram as conquistas dos cientistas e engenheiros nazistas tão avançadas, de fato, que o Exército dos EUA enviou equipes de reconhecimento à Alemanha nos estágios finais da guerra para proteger cientistas e tecnologia militar antes que outras potências, particularmente a União Soviética, pudessem capturar eles. O esforço, conhecido como Projeto Paperclip, garantiu mísseis V-2 e figuras importantes como Wernher von Braun, o infame engenheiro aeroespacial Wernher von Braun que inventou o V-2 e mais tarde projetou o foguete Saturn V para o programa Apollo da NASA .

De acordo com a lenda, Die Glocke foi supostamente uma dessas “wunderwaffe” (“arma milagrosa” alemã).


Rumores sobre o dispositivo apareceram pela primeira vez como ficção científica nazista no livro Morning of the Magicians, de 1960. Die Glocke também apareceu no livro de 2000 de Igor Witkowski "Prawda o Wunderwaffe" ("The Truth About the Wonder Weapon") —e logo depois, Nick Cook's "The Hunt for Zero Point" —como um “Engenhoca brilhante e giratória” que possivelmente tinha “algum tipo de efeito antigravitacional”, ou mesmo era uma “máquina do tempo” que fazia parte de um “programa de antigravidade SS” para o disco voador “Repulsine”.

Cook chegou a cogitar a possibilidade de que o notório coronel da SS Hans Kammler negociasse o Die Glocke com os militares americanos em troca de sua liberdade. (Kammler desapareceu nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial e nunca mais foi visto.) Enquanto os Aliados mandaram de volta para casa um tesouro de super-armas alemãs durante o Projeto Paperclip, incluindo jatos e mísseis, não há registro de qualquer versão de Die Glocke sendo capturada .

Na foto ao lado, um modelo que descreve o suposto objeto acidentado no "Incidente de Kecksburg" (Foto via Navy2004).

Ainda assim, alguns teóricos da conspiração de OVNIs acreditam que as forças dos EUA capturaram cientistas nazistas - e até o próprio Kammler - e os colocaram para trabalhar no desenvolvimento da tecnologia antigravidade de Die Glocke. 

Segundo a lenda, isso culminou no chamado Incidente de Kecksburg , quando um OVNI em forma de sino supostamente caiu fora de Kecksburg, Pensilvânia, em dezembro de 1965.

Alguma coisa disso confere? É extremamente improvável. Para começar, há uma lacuna óbvia na teoria: se os EUA realmente tinham acesso à tecnologia antigravidade, então onde estão os aviões antigravitacionais?

Além disso, muitos dos oficiais SS supostamente envolvidos no “programa secreto de OVNIs” não estavam em posição de realmente executá-lo, e a NASA atribui o Incidente de Kecksburg à reentrada de uma sonda Vênus soviética fracassada, Cosmos 96.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Vídeo: O que é a tríade nuclear dos EUA?


Os EUA possuem uma tríade nuclear composta por:

- Mísseis balísticos internacionais disparados do solo
- Bombardeiros aéreos estratégicos
- Mísseis balísticos disparados de submarinos

O vídeo é uma tradução minha do original cedido pelo Departamento de Defesa dos EUA.

A música é Evolution, de Benjamin Tissot, via Bensound.

Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)

quinta-feira, 3 de abril de 2025

'Núcleo do demônio': como era a 3ª bomba atômica que os EUA planejavam lançar contra o Japão

Louis Stolin (à esquerda), foi um dos maiores especialistas no manuseio de materiais radioativos
Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram as duas únicas bombas nucleares já usadas em uma guerra, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão.

Juntas, elas causaram os ataques mais mortais que já ocorreram, nos quais cerca de 200 mil pessoas foram mortas.

Da perspectiva dos Estados Unidos, o objetivo era pressionar a rendição do Japão e encerrar a Segunda Guerra Mundial.

E, caso não bastassem, Washington praticamente tinha uma terceira bomba atômica pronta.

O apelido dela era Rufus, e consistia em um núcleo de plutônio, semelhante ao usado na bomba Fat Man — detonada sobre Nagasaki.

A Rufus nunca se converteu em uma bomba funcional, mas causou dois acidentes fatais, razão pela qual a bomba ficou marcada na história como "o núcleo do demônio".

A bomba Little Boy destruiu a cidade de Hiroshima
"Era essencialmente igual ao núcleo da Fat Man", disse Alex Wellerstein, historiador especializado em armas nucleares e autor do blog Nuclear Secrecy, à BBC Mundo.

Isso significa que ela poderia ter se tornado uma bomba capaz de gerar uma explosão de cerca de 20 quilotons, como aconteceu em Nagasaki.

De acordo com as comunicações oficiais dos Estados Unidos, citadas em um artigo de Wellerstein, a bomba Rufus deveria estar pronta para ser lançada no dia 17 ou 18 de agosto de 1945.

Nos primeiros dias de agosto de 1945, não estava claro se duas bombas atômicas seriam suficientes para fazer o Japão se render, explica Wellerstein.

Só depois de sua rendição, no dia 15 de agosto, "ficou claro que duas bombas haviam sido 'suficientes', senão demais", diz o especialista.

Portanto, no final, não foi necessário usar a Rufus.

O que aconteceu entre os dias 15 e 21 de agosto? Não sei", escreve Wellerstein. Mas o que está documentado é que, a partir de 21 de agosto, pesquisadores do Laboratório de Los Alamos, no Novo México, onde as bombas atômicas foram desenvolvidas, começaram a usar esse núcleo de plutônio para experimentos extremamente perigosos.

Os efeitos da radiação podem ser letais para os humanos

Cócegas em um dragão


Em 1945, os únicos núcleos de plutônio já feitos foram Rufus, Fat Man e o da bomba Gadget, que foi usada no teste Trinity, o primeiro de explosão nuclear conduzido pelos Estados Unidos.

Em Los Alamos, os pesquisadores queriam descobrir qual era o ponto limite no qual o plutônio se tornava supercrítico — isto é, eles queriam saber qual era o ponto em que uma reação em cadeia do plutônio desencadeava uma explosão mortal de radiação.

A ideia era encontrar maneiras mais eficientes de fazer um núcleo chegar ao estado supercrítico e otimizar a carga da bomba.

Os estudos com a Rufus foram realizados no Laboratório de Los Alamos
Manipular um núcleo de plutônio é uma manobra extremamente delicada. É por isso que os pesquisadores se referiram a esses exercícios como "fazer cócegas na cauda de um dragão".

"Eles sabiam que, se tivessem o azar de acordar a besta furiosa, acabariam queimados", escreveu o jornalista Peter Dockrill em um artigo no portal Science Alert.

Segundo Wellerstein, quem participou desses experimentos tinha consciência do risco, mas o fez porque era uma forma de obter dados valiosos.

Momentos letais


A primeira vítima do Rufus foi o físico americano Harry Daghlian, na época com 24 anos.

Rufus serviria para ser usada como uma bomba de implosão como a Fat Man
Daghlian tinha trabalhado no Projeto Manhattan, no qual os Estados Unidos desenvolveram suas primeiras bombas nucleares.

Em 21 de agosto de 1945, Daghlian começou a construir uma pilha de blocos de carboneto de tungstênio ao redor da Rufus.

A ideia dele era ver se ele poderia criar um "refletor de nêutrons" no qual os nêutrons lançados pelo núcleo ricocheteariam e, assim, o levariam com mais eficiência ao ponto crítico.

Era noite e Daghlian estava trabalhando sozinho, violando os protocolos de segurança, conforme documentado pelo portal da Atomic Heritage Foundation.

O jovem cientista já havia empilhado vários blocos, mas quando estava terminando de colocar o último, seu dispositivo de monitoramento lhe disse que isso poderia fazer com que o núcleo se tornasse supercrítico.

Era como arriscar a vida em uma jenga mortal.

Ele manobrou para remover o bloco, mas infelizmente o deixou cair no núcleo, que entrou em um estado supercrítico e gerou uma explosão de nêutrons.

Esta é uma reprodução do experimento no qual Daghlian empilhou blocos ao redor do núcleo de plutônio
Além disso, a reação dele foi destruir a torre de blocos, expondo-o a uma dose adicional de radiação gama.

Essas ações foram letais.

Durante 25 dias, Daghlian suportou o doloroso envenenamento radioativo até finalmente morrer no hospital. Estima-se que ele recebeu uma dose de 510 rem de radiação iônica.

O rem é a unidade de medida da radiação absorvida por uma pessoa. Em média, 500 rem são fatais para um ser humano.

"Isso é tudo"


Apenas nove meses depois, o dragão atacou novamente.

Em 21 de maio de 1946, o físico americano Louis Stolin estava testando um experimento que já havia feito várias vezes.

Esta é uma reprodução da sala na qual Stolin realizou seu experimento
Na época, Stolin era o maior especialista mundial no manuseio de quantidades perigosas de plutônio, de acordo com Wellerstein.

Junto a um grupo de colegas, ele estava mostrando como levar um núcleo de plutônio — Rufus, neste caso — ao ponto supercrítico.

O exercício consistia em unir duas metades de uma esfera de berílio, formando uma cúpula na qual os nêutrons saltavam em direção ao núcleo.

A chave para não causar um desastre era evitar que as duas meias esferas cobrissem totalmente o núcleo.

Para fazer isso, Stolin usou uma chave de fenda como separador que servia como válvula de escape para os nêutrons. Dessa forma, ele poderia registrar como a fissão aumentava, sem que a reação em cadeia atingisse o ponto crítico.

Tudo estava indo bem, mas aconteceu a única coisa que não poderia ter acontecido.

No meio da cúpula de berílio estava o "núcleo do demônio"
A chave de fenda de Stolin escorregou e a cúpula se fechou completamente.

Foi apenas um instante, mas o suficiente para o núcleo atingir o ponto crítico e liberar uma corrente de nêutrons que produziu um intenso brilho azul.

"O flash azul foi claramente visível em toda a sala, embora ela fosse bem iluminada", escreveu Raemer Schreiber, um dos físicos que assistiram ao experimento.

"O flash não durou mais do que alguns décimos de segundo."

Stolin reagiu rapidamente e descobriu a cúpula, mas era tarde demais: ele havia recebido uma dose letal de radiação.

Nove meses antes, ele mesmo havia acompanhado seu colega Daghlian durante seus últimos dias de vida, e estava claro para ele que um destino semelhante o aguardava.

"Bem, isso é tudo", foram as primeiras palavras que ele disse, completamente resignado, depois que sua chave de fenda escorregou, como Schreiber relembra em seu relatório, citado por Dockrill na Science Alert.

As estimativas indicam que Stolin recebeu 2.100 rem de nêutrons, raios gama e raios-x no corpo dele.

Esta é uma reprodução do experimento em que Stolin usou uma chave de fenda
para evitar que o núcleo fosse totalmente coberto
A agonia dele durou nove dias.

Durante esse período, ele sofreu náuseas, dores abdominais, perda de peso e "confusão mental", conforme descrito por Wellerstein em uma reportagem na revista The New Yorker.

Ele morreu aos 35 anos, no mesmo quarto de hospital onde seu colega Daghlian tinha morrido.

Ironicamente, observa Wellerstein, Stolin estava fazendo o procedimento para que seus colegas aprendessem a técnica caso ele não estivesse presente.

As bombas nucleares são as armas mais destrutivas e mortais já criadas

O fim da maldição


Os acidentes de Daghlian e Stolin serviram para fortalecer as medidas de segurança em procedimentos envolvendo material radioativo.

A partir de então, esses tipos de exercícios passaram a ser manobrados remotamente, a uma distância de cerca de 200 metros entre as pessoas e o material radioativo.

"Essas mortes ajudaram a criar uma nova era de medidas de saúde e segurança", diz o site da Atomic Heritage Foundation.

De acordo com os arquivos de Los Alamos, o "núcleo do demônio" foi derretido no verão de 1946 e usado para fazer uma nova arma.

"Na verdade, o núcleo do demônio não era demoníaco", diz Dockrill.

"Se há uma presença do mal aqui, não é o núcleo, mas o fato de que os humanos correram para fabricar essas armas terríveis", diz o jornalista.

Via Carlos Serrano (BBC News Mundo)