segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Engenheiro é indicado para diretoria da Anac

O governo encaminhou ao Senado mais uma indicação para a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Foi indicado o nome do engenheiro civil Alexandre Gomes de Barros, atualmente professor assistente na Universidade de Calgary, no Canadá. A mensagem de encaminhamento foi publicada hoje no Diário Oficial da União.

De acordo com a assessoria do Ministério da Defesa, o nome foi sugerido pelo ministro Nelson Jobim ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última quinta-feira. Já foram levados ao presidente outros quatro nomes para a diretoria da Anac: o do brigadeiro-engenheiro Allemander Pereira Filho; o do economista Marcelo Pacheco dos Guaranys; o do engenheiro de infra-estrutura aeronáutica Cláudio Pinto Alves; e o da economista Solange Vieira.

Com a renúncia de quatro dos cinco diretores da Anac, o único que permanece no colegiado é o presidente da agência, Milton Zuanazzi. Segundo a assessoria do Ministério da Defesa, Solange Vieira deverá ocupar o cargo. Por enquanto, ela comanda a recém-criada Secretaria de Aviação Civil do Ministério da Defesa.

As indicações de Cláudio Pinto Alves e Solange Vieira ainda não foram encaminhadas ao Senado, de acordo com a assessoria do Ministério da Defesa.

O Palácio do Planalto encaminha os nomes dos escolhidos para a diretoria da Anac ao Congresso Nacional. Na Comissão de Infra-Estrutura da Casa, eles são submetidos a uma sessão de perguntas sobre a área em que vão atuar. Se forem aprovadas na comissão, as sugestões seguem para votação no plenário da Casa. Por enquanto, nenhuma das indicações foi apreciada pelo Plenário do Senado.

Graduado pela Universidade Estadual de Campinas, Alexandre Gomes de Barros é mestre em Pesquisa Operacional e Transportes pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e doutor em Engenharia de Transportes pela Universidade de Calgary, no Canadá.

Fonte: Agência Brasil

Gravação mostra nervosismo de controladores em Brasília

Do início da busca do Boeing desaparecido até a confirmação da colisão com o Legacy, o nervosismo e o desespero dos controladores ficaram registrados na gravação de duas horas e meia de conversas telefônicas do Cindacta-1.

Os controladores Lucivando de Alencar e Leandro Barros trocaram ligações com o Cindacta-4 (Manaus) progressivamente tensas a partir de 17h07, sem inicialmente suspeitar do acidente.

Primeiro, chega a informação do pouso de emergência do Legacy na base da serra do Cachimbo.

Só 26 minutos depois começa a busca pelo vôo 1907. Brasília liga para os centros de Manaus e Recife, porque ambos tinham visualização no radar da região por onde o Boeing deveria estar -nenhum enxerga o avião.

Às 17h36, o controlador Lucivando de Alencar conversa com o assistente Leandro de Barros, que mostra a primeira suspeita de colisão.

"E aquele gringo lá?", pergunta Lucivando.

"O quê?", responde Leandro.

"Não tem nada a ver com esse cara não, né? O gringo lá que tava descendo em emergência?"

"Não..."

Brasília cobra de Manaus, com agressividade, o vôo:

"Meu camarada, é o seguinte, vocês me passaram um tráfego aqui, Gol 1907 (...) e até agora nada, cara. Não "tá no radar. E até agora não me chamou. Esse cara "tá voando?"

Cinco minutos depois, Manaus ainda não sabe ao certo a altitude do Legacy.

"Um lá passou perto dele, hein? Não, mas alguém "tava no 380 ou era 360, é aí que "tá minha dúvida".

Ele se refere ao plano de vôo do Legacy, mas o jato estava voando autorizado em 370 (37 mil pés), em rota de colisão com o Boeing.

Às 17h44, é confirmado o estado de "alerta" e a Gol é acionada.

Às 17h51, Manaus traz a notícia de que o Legacy informou ter colidido com algo.

Às 18h35, os controladores são avisados de que a visualização do radar e a escuta das freqüências estavam sendo feitas para desvendar o acidente.

Fonte: Folha de S.Paulo

Gol obtém financiamento de US$ 310 mi para 21 aeronaves

A companhia aérea Gol anunciou nesta segunda-feira que obteve linha de crédito de US$ 310 milhões para adiantamento do pagamento de 21 aeronaves 737-800 Next Generation (NG), que serão entregues entre 2008 e 2009.

O financiamento foi realizado por meio de um grupo composto por oito bancos e liderado pelas instituições Calyon e Citigroup, informou a Gol em comunicado.

Fonte: Reuters

FAB oculta falha de rádio em acidente da Gol

Das quatro freqüências que os pilotos do Legacy poderiam ter usado, duas estavam indisponíveis para o controlador e outra, inoperante

Procurada, a Aeronáutica informou que não pode especular sobre "hipóteses" relativas à investigação ainda em curso

Ao culpar apenas um controlador brasileiro e os pilotos norte-americanos pela falha de comunicações que contribuiu para a colisão com o vôo 1907 da Gol, a FAB (Força Aérea Brasileira) oculta deficiências no sistema de rádio no Cindacta-1 que atrapalharam as tentativas de contato entre o Legacy e o centro em Brasília no dia do acidente, há um ano.

As transcrições completas das conversas de rádio entre o controle e aviões na região do acidente, obtidas e analisadas pela Folha, provam também que o Cindacta-1 recebeu e ignorou pelo menos três chamadas do Legacy antes da batida.

O motivo está ligado às limitações de equipamentos: das quatro opções de freqüência que os pilotos americanos poderiam ter usado, conforme a carta aeronáutica brasileira, duas estavam indisponíveis para o controlador e uma nem sequer estava em operação.

Em resumo, havia apenas uma freqüência possível e os pilotos americanos nunca receberam instrução para sintonizar nela, conforme já foi divulgado. Esse erro, segundo Inquérito Policial Militar da FAB sobre o comportamento de seus integrantes no dia, é do controlador Jomarcelo dos Santos, denunciado por homicídio às Justiças Civil e Militar.

Mesmo assim, o Legacy tentou fazer chamadas nas freqüências "corretas", mas as limitações no Cindacta-1 prejudicaram suas chances.

Freqüências

A região do acidente se chama setor 7 no mapa do espaço aéreo. Na carta aeronáutica, são listadas as freqüências que devem ser usadas na região: 123,30 MHz, 128,00 MHz, 133,05 MHz e 135,90 MHz. Cada setor tem sua lista própria.

Os pilotos devem ser informados pelo Cindacta qual delas devem usar, enquanto os controladores escutam e transmitem em até seis freqüências simultaneamente em seu console (estação de trabalho). Em 29 de setembro de 2006, porém, os controladores do setor 7 só tinham à disposição a freqüência 135,90 Mhz. As outras cinco eram dos setores 8 e 9, que também vigiavam naquele dia.

As revelações não eximem os controladores de responsabilidade pelas falhas já comprovadas nas investigações: autorizar altitude em rota de colisão para o jato, negligenciar o monitoramento do Legacy e não acionar procedimentos previstos para falhas de comunicação que poderiam ter evitado o acidente.

Nem tampouco tira a responsabilidade dos pilotos Joseph Lepore e Jan Paladino por voar com o transponder (equipamento que alimenta o sistema anticolisão) desligado.

Contudo, explicita que o funcionamento do sistema de rádio da FAB -instrumento que é a base do controle aéreo- tem falhas. Na época do acidente, a cobertura de radar de parte do setor 7 não ia para Brasília, criando uma "zona cega" de transição rumo a Manaus. Esse problema já foi resolvido.

Procurada para esclarecer essas questões, a FAB informou que não pode especular sobre "hipóteses" relativas à investigação ainda em curso.

As transcrições são assinadas pelo major Fernando Siqueira, chefe do Sipacea (Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes e Incidentes) e foram cruzadas pela reportagem com laudos da Polícia Federal e com a caixa-preta do Legacy.

Após sair de São José dos Campos, o Legacy passou a ser monitorado pelo Cindacta-1, que passaria as freqüências que deveriam ser usadas em cada setor da rota. Nos dois primeiros setores, os contatos ocorreram com sucesso. Quando o jato chega ao setor 5, o controlador o orienta a alternar o rádio para 125,05 MHz para falar com o próximo setor, o 7. Ele não deu uma segunda opção, conforme a praxe. O problema é que essa freqüência é do setor 9 e seu alcance é insuficiente no setor 7. Ou seja, o piloto recebeu uma freqüência inútil após a saída da região de Brasília.

A FAB culpa o controlador Jomarcelo dos Santos por não instruir o avião em tempo a usar a freqüência 135,90 Mhz, específica do setor sob sua responsabilidade, o 7. Mas não explica por que a freqüência de outro setor era usada pelo jato.

O motivo, segundo controladores ouvidos pela Folha, está ligado à qualidade das freqüências. Eles consideram que, no setor 7, há dificuldades, por ser o início da região amazônica. A FAB nega. Segundo sargentos ouvidos, a prática era escolher freqüências que, no dia e no local, estivessem "melhores".

Os pilotos não sabiam do problema com a freqüência que usavam. A caixa-preta mostra que falas de rádio em português eram ouvidas, indicando falsa normalidade, já que eles não podiam ser ouvidos.

Ainda assim, Jan Paladino diz ter percebido que ficaram muito tempo sem falar. Daí, fez 12 chamadas para Brasília, entre as 16h48 e as 16h52. Ao menos três foram nas freqüências 123,30 MHz e 133,05 MHz pois o Cindacta-1 conseguiu degravá-las, ainda que o controlador não as tenha ouvido na hora. Tentativas feitas na freqüência 128,00 Mhz não deixariam rastro, já que não funcionava.

Às 16h53, tudo indica que o jato estava sintonizado na 135,90 Mhz, porque escuta a última chamada, "às cegas", de Brasília. Responde imediatamente, mas na transcrição o Cindacta registra: "N600XL não contesta". N600XL é o código do jato. Mesmo sem anotar direito as instruções, o piloto diz que entendeu e tentou a combinação correta para Manaus, 126,45 MHz, entre outras tentativas -sem resposta. Às 16h56, colidem com o Boeing da Gol, e 154 pessoas morrem.
Fonte: Folha de S.Paulo

Airbus entrega primeiro avião A380 em meio à crise

A Airbus entregou nesta segunda-feira em Toulouse (sul) o primeiro exemplar de seu A380, o maior avião de passageiros da história, com 18 meses de atraso e em pleno escândalo de informações privilegiadas que teria envolvido vários diretores da empresa proprietária, EADS.

Destinado a competir com o 747 da empresa americana Boeing, o A380 é o maior avião de passageiros da história da aviação civil. Pode transportar de 525 a 853 passageiros.

Esta entrega, para a companhia Singapore Airlines, é feita com 18 meses de atraso em relação ao programa inicial devido a problemas de fabricação e coordenação entre as diferentes fábricas da Airbus. O A380 é construído com peças fabricadas em quatro fábricas européias, em Espanha, Grã-Bretanha, Alemanha e França, onde é realizada a montagem final.

Estes atrasos teriam gerado um crime de informação privilegiada do qual são acusados dezenas de executivos do grupo europeu EADS, matriz da Airbus.

Thomas Enders, presidente da Airbus desde o final de agosto, agradeceu "os engenheiros, técnicos e membros da equipe", assim como os clientes e empresas terceirizadas. "Agradecemos o apoio dado à Airbus e sua fidelidade nos momentos difíceis", declarou em uma cerimônia que reuniu mais de cerca de 500 pessoas no centro de entregas da Airbus.

"Com a entrega de hoje iniciamos um novo capítulo na história da aviação civil", afirmou Chew Choon Seng, diretor da Singapore Airlines.Escondido atrás de uma grande cortina, o gigante foi levado para o edifício principal do centro de entregas para ser apresentado aos espectadores, jornalistas e funcionários da empresa e da Singapore Airlines.

A Airbus tem atualmente 189 pedidos confirmados e compromissos de compra de 16 clientes para este avião, principalmente da região do Golfo, da Ásia e da Europa.

O A380 da Singapore Airlines é uma versão particularmente luxuosa e espaçosa que pode reunir 471 passageiros, contra os 450 da versão ampliada do Boeing 747.

Na terça-feira o avião partirá de Toulouse com destino a Cingapura e fará seu primeiro vôo comercial no dia 25 de outubro para Sydney, vôo para o qual os lugares foram vendidos em leilão, cujo dinheiro será destinado a obras de caridade.

A entrega do A380 foi atrasada devido a problemas de industrialização. Estas dificuldades deixaram clara a falta de integração entre os diferentes componentes europeus da Airbus e levou à simplificação da direção franco-alemã.

O surgimento há cerca de dez dias de suspeitas relacionadas a possíveis crimes de informação privilegiada dentro da EADS que envolveriam os principais acionistas privados e dirigentes do grupo, entre eles Enders, ofuscou a celebração.

A isso se soma o plano de reestruturação Power8 da empresa aeronáutica que prevê a supressão antes de 2010 de 10.000 postos de trabalho.

Fonte: AFP