Do início da busca do Boeing desaparecido até a confirmação da colisão com o Legacy, o nervosismo e o desespero dos controladores ficaram registrados na gravação de duas horas e meia de conversas telefônicas do Cindacta-1.
Os controladores Lucivando de Alencar e Leandro Barros trocaram ligações com o Cindacta-4 (Manaus) progressivamente tensas a partir de 17h07, sem inicialmente suspeitar do acidente.
Primeiro, chega a informação do pouso de emergência do Legacy na base da serra do Cachimbo.
Só 26 minutos depois começa a busca pelo vôo 1907. Brasília liga para os centros de Manaus e Recife, porque ambos tinham visualização no radar da região por onde o Boeing deveria estar -nenhum enxerga o avião.
Às 17h36, o controlador Lucivando de Alencar conversa com o assistente Leandro de Barros, que mostra a primeira suspeita de colisão.
"E aquele gringo lá?", pergunta Lucivando.
"O quê?", responde Leandro.
"Não tem nada a ver com esse cara não, né? O gringo lá que tava descendo em emergência?"
"Não..."
Brasília cobra de Manaus, com agressividade, o vôo:
"Meu camarada, é o seguinte, vocês me passaram um tráfego aqui, Gol 1907 (...) e até agora nada, cara. Não "tá no radar. E até agora não me chamou. Esse cara "tá voando?"
Cinco minutos depois, Manaus ainda não sabe ao certo a altitude do Legacy.
"Um lá passou perto dele, hein? Não, mas alguém "tava no 380 ou era 360, é aí que "tá minha dúvida".
Ele se refere ao plano de vôo do Legacy, mas o jato estava voando autorizado em 370 (37 mil pés), em rota de colisão com o Boeing.
Às 17h44, é confirmado o estado de "alerta" e a Gol é acionada.
Às 17h51, Manaus traz a notícia de que o Legacy informou ter colidido com algo.
Às 18h35, os controladores são avisados de que a visualização do radar e a escuta das freqüências estavam sendo feitas para desvendar o acidente.
Fonte: Folha de S.Paulo
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