IATA cortou expectativa de ganho para o setor em todo o mundo para este ano.
Preço do petróleo também justificou revisão.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) revisou para baixo sua expectativa de lucro para o setor em todo o mundo para este ano. Segundo a entidade, a crise econômica nos EUA, o preço do petróleo e outros fatores justificaram a segunda redução nas projeções - a primeira ocorreu em dezembro de 2007.
Agora, a entidade espera um lucro global de US$ 4,5 bilhões no setor, resultado de um crescimento de apenas 2,6% estimado para a economia mundial e pela média anualizada de US$ 86 para o preço do barril de petróleo. Em setembro do ano passado, a Iata previa um ganho global de US$ 7,8 bilhões, expectativa que foi reduzida para US$ 5 bilhões em dezembro.
"Ainda esperamos um resultado positivo de US$ 4,5 bilhões, mas este está se configurando um ano muito difícil", disse o executivo-chefe da entidade, Giovanni Bisignani.
A disparada nos preços do petróleo entre 2004 e 2008 foram contrapostos por ganhos em eficiência e na confiança do consumidor, afirma a Iata. A crise, porém, colocou um fim abrupto a essa confiança, segundo o executivo. "A demanda está diminuindo e, depois de uma melhora de 64% na produtividade e de um corte de 18% nos custos não relacionados a combustíveis obtidos desde 2001, os ganhos de eficiência hoje são muito mais difíceis de se conseguir", alertou.
Os combustíveis, que representam 32% das despesas operacionais das empresas aéreas, podem custar neste ano um total de US$ 156 bilhões, segundo a Iata.
Mais influências
A entidade identifica outros três elementos que podem prejudicar a performance do setor neste ano, além dos preços do petróleo e a crise de crédito nos EUA. Um deles é o ciclo de entrega de aeronaves. A desaceleração na demanda está coincidindo com um momento de aumento no ritmo de entregas de aviões - de 1.041 no ano passado para uma expectativa de 1.231 neste ano. Embora parte disso seja compensado pela retirada de serviço de aeronaves mais antigas, a rentabilidade média por passageiro por quilômetro voado (yield) deve cair 4,1% neste ano (contra queda de 3,2% em 2007.
Um outro fator é o aumento na competitividade do setor, especialmente nos mercados dos EUA e da União Européia (UE) por conta do acordo de céus abertos. Segundo a Iata, o aumento no número de freqüências transatlânticas terá impacto significativo nos yields.
Por fim, a entidade espera que os ativos não essenciais das empresas, que impulsionaram os lucros consolidados nos últimos dois anos, não deverão ter impacto significativo neste ano. A crise nos mercados financeiros deve dificultar a venda de ativos e consequentemente os ganhos com atividades paralelas à operação aérea, diz a Iata.
Na avaliação da entidade, apenas uma região, a África, vai registrar prejuízo nas operações neste ano. Por outro lado, na América do Norte, Europa e Oriente Médio, os ganhos vão cair em 2008.
De acordo com a Iata, a América Latina vai atingir o ponto de equilíbrio financeiro neste ano, após prejuízo de US$ 100 milhões no ano passado. Na Ásia e Pacífico, o lucro ficará estável em relação a 2007, em US$ 900 milhões. A América do Norte terá uma redução de US$ 1 bilhão em seu ganho neste ano ante os US$ 2,8 bilhões de 2007. Já a Europa terá um lucro de US$ 1,8 bilhão, contra US$ 2,1 bilhões em 2007. Por fim, a África deve fechar o ano em situação um pouco melhor, com prejuízo de US$ 300 milhões neste ano, contra perda de US$ 400 milhões em 2007.
Fonte: José Sergio Osse (Valor Online)